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Paul Ricoeur




Jorge Barbosa

                                      Paul Ricoeur
                Motivar o Conhecimento de P. Ricoeur

                                  17 de Agosto de 2010




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PAUL RICOEUR



Nascido em 1913, Paul Ricoeur é de formação protestante. Não renegará a sua fé cristã, não deixando ao
mesmo tempo de proclamar a autonomia da sua filosofia relativamente à sua religião. De qualquer modo, a
sensibilidade ao problema do mal, do pecado e do sofrimento impregna toda a sua obra. Os seus primeiros
trabalhos importantes são consagrados a Gabriel Marcel e a Karl Jaspers. Em 1949, é publicado o primeiro
tomo de Philosophie de la volonté. No segundo volume do segundo tomo, publicado em 1960, sob o título La
Symbolique du mal, Paul Ricoeur escreve que “o símbolo dá que pensar”. Esta ideia recorrente na maior parte
da sua obra decorre do seu projecto de “hermenêutica” geral, como ciência da interpretação e da
compreensão. Interessa-se também, desde o início, por Edmund Husserl e pela fenomenologia, de que é um
dos introdutores em França juntamente com Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty. Apesar do seu
interesse posterior pela linguística, mantém-se à margem da vaga estruturalista dos anos 1960 e tornar-se-á
partidário de uma nova filosofia do sujeito e da responsabilidade. Leitor incansável, tanto por gosto como por
princípio, dialoga com numerosos autores contemporâneos. Em 1965, De l’interprétation: essai sur Freud. Vê na
corrente freudiana uma “archéologie du sujet”1 explícita e uma teleologia implícita da consciência. Trava
uma polémica violenta com a corrente lacaniana, que lhe reprova a sua “teleologia do sujeito”. Le Conflit des
interprétations, primeiro volume dos Essais d’herméneutique, publicado em 1969, reúne os seus principais
artigos do decénio. Paul Ricoeur prolonga nele uma filosofia da longa viagem reflexiva pelas estruturas, pelo
mundo da cultura, pelos mitos e pela língua. O sentido já está presente no símbolo e em todas as obras
humanas. Resta-nos pensar e repensar indefinidamente. Assim é, por exemplo, com a simbologia do mal e da
culpa. Por seu turno, as “herméneutiques du soupçon”2 (Karl Marx, Friedrich Nietzsche, Sigmund Freud) – esta
expressão ficou célebre –, mostram, ao mesmo tempo, segundo ele, a sua necessidade e a sua insuficiência.
Professor na Sorbonne, depois reitor em Nanterre, em 1970 parte para os Estados Unidos, iniciando-se na
filosofia analítica e na filosofia política americana. La Métaphore vive data de 1975. Neste livro, constrói a
noção paradoxal de “verdade metafórica”. Este conceito permite-lhe aproximar a ordem do pensamento e a
ordem da poesia, sem, por isso, as confundir. Temps et Récit (1983-1985) insiste na ideia de uma profunda
unidade de estrutura entre relato de ficção e relato histórico. Nos dois casos, encontramos o que ele chama
“mise en intrigue”3 onde se combinam fins, causas e acasos, acontecimentos e personagens. Soi-même
comme un autre (1990) esforça-se em particular por repensar a noção de identidade. Paul Ricoeur distingue a
“identidade-idem”, a identidade que persiste ao longo do tempo, e a “identidade-ipse”, a identidade que só


1 “arqueologia do sujeito”
2 “hermenêuticas da desconfiança”
3 construção de uma trama
3                                                                                                        Paul Ricoeur

se mantém ao jeito de uma promessa cumprida. Esta obra testemunha a sua preocupação ética que,
juntamente com o seu compromisso político, nunca esteve ausente do campo das suas preocupações. Em
2000, publica La Mémoire, l’Histoire et l’Oubli. Toma partido “por uma política de memória justa”, preocupado
com o “espectáculo que dá o excesso de memória aqui, o excesso de esquecimento ali”.

Homem de profunda honestidade intelectual e modelo de abertura ao pensamento dos outros, Paul Ricoeur
demorou a ser reconhecido na Europa e até no seu país de origem, onde morreu em 2005.


Problemas

Que seria a consciência sem tomada de consciência?

Uma consciência sem qualquer mediação, esse é o ideal cartesiano. Pelo contrário, a reflexão hermenêutica
exige uma longa viagem pelas obras filosóficas e pelas ciências do homem. Essa é a condição de uma real
consciência de si, para Paul Ricoeur.

Fragilidade do Estado

São características do Estado, instituição através da qual uma comunidade histórica adquire capacidade de
decisão (Éric Weil4), o monopólio da violência legítima (Max Weber5), e a sociedade civil que ele engloba. A
fragilidade do Estado relaciona-se, em primeiro lugar, com o paradoxo de uma violência legítima, violência
terminal, que reenvia para a violência inicial das suas origens. Esta violência original pode ressurgir a cada
momento. Por outro lado, a indispensável relação de dominação e de governo só pode fazer-se aceitar na
base de uma vontade de viver juntos, vontade essa que, por si só, já contém a sua própria fragilidade.

Relato histórico e relato de ficção

Relato histórico e relato de ficção têm em comum “a construção da trama”. Nela combinam-se o aleatório
do acontecimento, a necessidade das causalidades e a dimensão intencional. A história contemporânea não
conseguiu eliminar a presença e a importância do personagem e do acontecimento. A dificuldade está
precisamente em compaginar a permanência das estruturas e a fragilidade dos acontecimentos. O relato é,
assim, uma máquina de integrar necessidade e contingência. Resta como marca específica da história, mais
do que o desejo, a vontade de veracidade.




4 Éric Weil (1904-1977) Filósofo francês influente. É o autor de numerosas obras, de entre as quais se pode salientar Logique de la
philosophie (1950) e Philosophie politique (1956).
5 Max Weber (1864-1920) Célebre sociólogo alemão, próximo da corrente “compreensivista”. É o autor de L’Éthique protestante e de

l’Esprit du capitalisme (1904-1905).
4                                                                                               Paul Ricoeur

Tempo cosmológico, tempo histórico, tempo vivido




O relato histórico evidencia uma espécie de “terceiro tempo”, entre o tempo cosmológico da natureza e o
tempo vivido do indivíduo. O tempo histórico, colectivo, partilha a cronologia com o tempo cosmológico, e os
medos, desejos e expectativas com o tempo vivido.


Obras importantes

– Karl Jaspers et la Philosophie de l’existence, Seuil, coll. « Esprit. La condition humaine », 1947 (co-autor: com
Mikel Dufrenne).

– Gabriel Marcel et Karl Jaspers, Éditions du Temps présent, 1947.

– Philosophie de la volonté, Aubier, 1949 e 1960 (tomo I, Le Volontaire et l’Involontaire ; tomo II, Finitude et
Culpabilité, 1960).

– Histoire et Vérité, Seuil, coll. “Esprit. La condition humaine”, 1955.

– De l’interprétation : essai sur Freud, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », 1965.

– Essais d’herméneutique, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique » (vol. 1), 1969 e coll. « Esprit » (vol. 2), 1986 (vol. 1,
Le Conflit des interprétations ; vol. 2, Du texte à l’action).

– La Métaphore vive, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », 1975.

– Temps et Récit, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », de 1983 à 1985 (vol 1, L’Intrigue et le Récit historique, 1983
; vol. 2, La Configuration dans le récit de fiction, 1984 ; vol. 3, Le Temps raconté, 1985).

– Soi-même comme un autre, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », 1990.

– Le Juste, Esprit, 1995.

– L’Idéologie et l’Utopie, Seuil, coll. « La couleur des idées », 1997.

– La Mémoire, l’Histoire et l’Oubli, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », 2000.


Consultas na Internet
5                                                                                            Paul Ricoeur

– http://expositions.bnf.fr/utopie/cabinets/movies/sommaire.htm : uma entrevista com o filósofo, realizada
pela equipa audiovisual da Bibliothèque Publique d’Information, aquando da exposição «Utopie ».

– http://labyrinth.iaf.ac.at/2001/Jervolino.html , http://labyrinth.iaf.ac.at/2000/raynova2.html. e
http://labyrinth.iaf.ac.at/2000/ricoeur.html no sítio da revista Labyrinth, três artigos sobre o filósofo («Paul
Ricoeur et la pensée de l’histoire », « Philosophie et Théologie: les deux voies de Paul Ricoeur» e «Quo vadis ?
Entretien avec Paul Ricoeur»).

– http://pierre.campion2.free.fr/ricoeur.htm: disponibilizado em Fevereiro de 2000 aos estudantes de l’IUFM de
Rennes para um estágio de formação de professores de Filosofia e de Letras. Este curso sobre Paul Ricoeur foi
integralmente colocado na internet pelo professor Pierre Campion.

– http://ricoeur.iaf.ac.at/FR/ : sítio universitário consagrado ao filósofo (biografia detalhada, e bibliografia
primária e secundária completa)

– www.adpf.asso.fr/adpf-publi/publication/page.php?id=26 : no sítio da Association pour la Diffusion de la
Pensée Française (ministério dos Negócios Estrangeiros francês): texto que Michaël Foessel e Olivier Mongin
consagraram a Paul Ricoeur (quatro grandes capítulo, uma introdução ao pensamento do filósofo, uma
biografia seleccionada).

– www.radiofrance.fr/chaines/france-culture2/dossiers/2005/ricoeur/emissions.php : Paul Ricoeur na rádio.

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Paul Ricoeur

  • 1. Paul Ricoeur Jorge Barbosa Paul Ricoeur Motivar o Conhecimento de P. Ricoeur 17 de Agosto de 2010 Hjttp://web.mac.com/jbarbo00/
  • 2. 2 Paul Ricoeur PAUL RICOEUR Nascido em 1913, Paul Ricoeur é de formação protestante. Não renegará a sua fé cristã, não deixando ao mesmo tempo de proclamar a autonomia da sua filosofia relativamente à sua religião. De qualquer modo, a sensibilidade ao problema do mal, do pecado e do sofrimento impregna toda a sua obra. Os seus primeiros trabalhos importantes são consagrados a Gabriel Marcel e a Karl Jaspers. Em 1949, é publicado o primeiro tomo de Philosophie de la volonté. No segundo volume do segundo tomo, publicado em 1960, sob o título La Symbolique du mal, Paul Ricoeur escreve que “o símbolo dá que pensar”. Esta ideia recorrente na maior parte da sua obra decorre do seu projecto de “hermenêutica” geral, como ciência da interpretação e da compreensão. Interessa-se também, desde o início, por Edmund Husserl e pela fenomenologia, de que é um dos introdutores em França juntamente com Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty. Apesar do seu interesse posterior pela linguística, mantém-se à margem da vaga estruturalista dos anos 1960 e tornar-se-á partidário de uma nova filosofia do sujeito e da responsabilidade. Leitor incansável, tanto por gosto como por princípio, dialoga com numerosos autores contemporâneos. Em 1965, De l’interprétation: essai sur Freud. Vê na corrente freudiana uma “archéologie du sujet”1 explícita e uma teleologia implícita da consciência. Trava uma polémica violenta com a corrente lacaniana, que lhe reprova a sua “teleologia do sujeito”. Le Conflit des interprétations, primeiro volume dos Essais d’herméneutique, publicado em 1969, reúne os seus principais artigos do decénio. Paul Ricoeur prolonga nele uma filosofia da longa viagem reflexiva pelas estruturas, pelo mundo da cultura, pelos mitos e pela língua. O sentido já está presente no símbolo e em todas as obras humanas. Resta-nos pensar e repensar indefinidamente. Assim é, por exemplo, com a simbologia do mal e da culpa. Por seu turno, as “herméneutiques du soupçon”2 (Karl Marx, Friedrich Nietzsche, Sigmund Freud) – esta expressão ficou célebre –, mostram, ao mesmo tempo, segundo ele, a sua necessidade e a sua insuficiência. Professor na Sorbonne, depois reitor em Nanterre, em 1970 parte para os Estados Unidos, iniciando-se na filosofia analítica e na filosofia política americana. La Métaphore vive data de 1975. Neste livro, constrói a noção paradoxal de “verdade metafórica”. Este conceito permite-lhe aproximar a ordem do pensamento e a ordem da poesia, sem, por isso, as confundir. Temps et Récit (1983-1985) insiste na ideia de uma profunda unidade de estrutura entre relato de ficção e relato histórico. Nos dois casos, encontramos o que ele chama “mise en intrigue”3 onde se combinam fins, causas e acasos, acontecimentos e personagens. Soi-même comme un autre (1990) esforça-se em particular por repensar a noção de identidade. Paul Ricoeur distingue a “identidade-idem”, a identidade que persiste ao longo do tempo, e a “identidade-ipse”, a identidade que só 1 “arqueologia do sujeito” 2 “hermenêuticas da desconfiança” 3 construção de uma trama
  • 3. 3 Paul Ricoeur se mantém ao jeito de uma promessa cumprida. Esta obra testemunha a sua preocupação ética que, juntamente com o seu compromisso político, nunca esteve ausente do campo das suas preocupações. Em 2000, publica La Mémoire, l’Histoire et l’Oubli. Toma partido “por uma política de memória justa”, preocupado com o “espectáculo que dá o excesso de memória aqui, o excesso de esquecimento ali”. Homem de profunda honestidade intelectual e modelo de abertura ao pensamento dos outros, Paul Ricoeur demorou a ser reconhecido na Europa e até no seu país de origem, onde morreu em 2005. Problemas Que seria a consciência sem tomada de consciência? Uma consciência sem qualquer mediação, esse é o ideal cartesiano. Pelo contrário, a reflexão hermenêutica exige uma longa viagem pelas obras filosóficas e pelas ciências do homem. Essa é a condição de uma real consciência de si, para Paul Ricoeur. Fragilidade do Estado São características do Estado, instituição através da qual uma comunidade histórica adquire capacidade de decisão (Éric Weil4), o monopólio da violência legítima (Max Weber5), e a sociedade civil que ele engloba. A fragilidade do Estado relaciona-se, em primeiro lugar, com o paradoxo de uma violência legítima, violência terminal, que reenvia para a violência inicial das suas origens. Esta violência original pode ressurgir a cada momento. Por outro lado, a indispensável relação de dominação e de governo só pode fazer-se aceitar na base de uma vontade de viver juntos, vontade essa que, por si só, já contém a sua própria fragilidade. Relato histórico e relato de ficção Relato histórico e relato de ficção têm em comum “a construção da trama”. Nela combinam-se o aleatório do acontecimento, a necessidade das causalidades e a dimensão intencional. A história contemporânea não conseguiu eliminar a presença e a importância do personagem e do acontecimento. A dificuldade está precisamente em compaginar a permanência das estruturas e a fragilidade dos acontecimentos. O relato é, assim, uma máquina de integrar necessidade e contingência. Resta como marca específica da história, mais do que o desejo, a vontade de veracidade. 4 Éric Weil (1904-1977) Filósofo francês influente. É o autor de numerosas obras, de entre as quais se pode salientar Logique de la philosophie (1950) e Philosophie politique (1956). 5 Max Weber (1864-1920) Célebre sociólogo alemão, próximo da corrente “compreensivista”. É o autor de L’Éthique protestante e de l’Esprit du capitalisme (1904-1905).
  • 4. 4 Paul Ricoeur Tempo cosmológico, tempo histórico, tempo vivido O relato histórico evidencia uma espécie de “terceiro tempo”, entre o tempo cosmológico da natureza e o tempo vivido do indivíduo. O tempo histórico, colectivo, partilha a cronologia com o tempo cosmológico, e os medos, desejos e expectativas com o tempo vivido. Obras importantes – Karl Jaspers et la Philosophie de l’existence, Seuil, coll. « Esprit. La condition humaine », 1947 (co-autor: com Mikel Dufrenne). – Gabriel Marcel et Karl Jaspers, Éditions du Temps présent, 1947. – Philosophie de la volonté, Aubier, 1949 e 1960 (tomo I, Le Volontaire et l’Involontaire ; tomo II, Finitude et Culpabilité, 1960). – Histoire et Vérité, Seuil, coll. “Esprit. La condition humaine”, 1955. – De l’interprétation : essai sur Freud, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », 1965. – Essais d’herméneutique, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique » (vol. 1), 1969 e coll. « Esprit » (vol. 2), 1986 (vol. 1, Le Conflit des interprétations ; vol. 2, Du texte à l’action). – La Métaphore vive, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », 1975. – Temps et Récit, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », de 1983 à 1985 (vol 1, L’Intrigue et le Récit historique, 1983 ; vol. 2, La Configuration dans le récit de fiction, 1984 ; vol. 3, Le Temps raconté, 1985). – Soi-même comme un autre, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », 1990. – Le Juste, Esprit, 1995. – L’Idéologie et l’Utopie, Seuil, coll. « La couleur des idées », 1997. – La Mémoire, l’Histoire et l’Oubli, Seuil, coll. « L’Ordre philosophique », 2000. Consultas na Internet
  • 5. 5 Paul Ricoeur – http://expositions.bnf.fr/utopie/cabinets/movies/sommaire.htm : uma entrevista com o filósofo, realizada pela equipa audiovisual da Bibliothèque Publique d’Information, aquando da exposição «Utopie ». – http://labyrinth.iaf.ac.at/2001/Jervolino.html , http://labyrinth.iaf.ac.at/2000/raynova2.html. e http://labyrinth.iaf.ac.at/2000/ricoeur.html no sítio da revista Labyrinth, três artigos sobre o filósofo («Paul Ricoeur et la pensée de l’histoire », « Philosophie et Théologie: les deux voies de Paul Ricoeur» e «Quo vadis ? Entretien avec Paul Ricoeur»). – http://pierre.campion2.free.fr/ricoeur.htm: disponibilizado em Fevereiro de 2000 aos estudantes de l’IUFM de Rennes para um estágio de formação de professores de Filosofia e de Letras. Este curso sobre Paul Ricoeur foi integralmente colocado na internet pelo professor Pierre Campion. – http://ricoeur.iaf.ac.at/FR/ : sítio universitário consagrado ao filósofo (biografia detalhada, e bibliografia primária e secundária completa) – www.adpf.asso.fr/adpf-publi/publication/page.php?id=26 : no sítio da Association pour la Diffusion de la Pensée Française (ministério dos Negócios Estrangeiros francês): texto que Michaël Foessel e Olivier Mongin consagraram a Paul Ricoeur (quatro grandes capítulo, uma introdução ao pensamento do filósofo, uma biografia seleccionada). – www.radiofrance.fr/chaines/france-culture2/dossiers/2005/ricoeur/emissions.php : Paul Ricoeur na rádio.