NOVAS TECNOLOGIAS NO AGRONEGÓCIO - Brasil Econômico
Entrevista Portal Do Agronegócio
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O grande interesse do produtor e dos mercados interno e externo faz com que o setor produtivo volte os
olhos para a cultura. Mas o crescimento da ovinocultura no país, no entanto, está emperrada por conta de
uma série de entraves, que começam pelo grande déficit na produção. A demanda é muito maior do que a
oferta. O que pode ser visto como um atrativo para os investidores, uma vez que há clientela para o produto.
“O setor apresenta alguns gargalos que precisam ser sanados. O Uruguai hoje consegue, por exemplo,
colocar um produto no mercado mais barato do que o brasileiro. O produtor brasileiro tem um custo de
produção alto, por conta do pouco know how, a pouca escala de produção e a inexistência de plantas
industriais (frigoríficos de abate exclusivo para a ovinocultura)”,destaca o diretor executivo da empresa Nova
Alimentos, José Domingos Caetano Júnior.
Hoje, em todo o país, existem somente dois ou três frigoríficos específicos para o abate de cordeiros, o
resto funciona em plantas adaptadas. As distâncias e o alto custo do frete também encarecem o produto
final. “Não há escala de produção. Não temos frigoríficos porque não tem produto para abater”, completa.
A falta de frigorífico se reflete em um grande problema. O Brasil não pode exportar hoje porque não tem
nenhum frigorífico habilitado para exportar. “Tem se criado um círculo vicioso quando se fala em
ovinocultura no Brasil. O pecuarista só quer produzir se tiver certeza de lucro, de venda, o criador não está
vendo a cadeia produtiva formada e está esperando por ela. Por outro lado, o empresário só quer investir na
implantação de um frigorífico se tiver certeza que vai produto para abater. Então é preciso quebrar esse
circulo vicioso. Alguém tem que tomar a iniciativa”, provoca José Domingos. Essa briga resulta em
desabastecimento do mercado, o que afasta o consumidor.
Outros dois pontos são colocados como empecilho para o desenvolvimento dessa cadeia produtiva. O alto
custo e a venda prejudicada pelos produtos exportados (que chegam ao mercado mais baratos do que os
nacionais) e a questão do abate clandestino – ainda feito em grande escala no país.
A cadeia produtiva precisa se articular para tentar, junto ao Governo Federal e aos governos estaduais,
estímulos para a ovinocultura. Neste ano, o Governo Federal criou a Câmara Setorial de Ovinocultura, que é
um passo importante. Mas é preciso estimular o debate para a implantação de projetos junto aos ministérios
da Agricultura e do Desenvolvimento afim de estimular o consumo, o que poderia acelerar o
desenvolvimento da cadeia. “Podemos comparar a ovinocultura brasileira hoje como a suinocultura e a
avicultura eram a 30, 40 atrás – quando haviam várias iniciativas localizadas, um grande rebanho, com
pequenas produções e sem articulação. Nosso trabalho (da ovinocultura) é para ser feito a médio prazo.
Coisa de 10 anos. Precisamos desse tempo par ter uma cadeia organizada”, prevê o empresário.
A Nova Alimentos é o braço comercial de dois grandes projetos de ovinocultura no Brasil. O primeiro está
instalado em Araxá (MG) há 12 anos. Foi trabalhado como projeto piloto, inicialmente na área de genética e
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vem sendo ampliado para a produção comercial. O segundo nasceu em 2002, no município de Nova Mutum
(MT). O Projeto Amazon, no Mato Grosso fez seu primeiro abate em julho de 2005. A Nova Alimentos é
responsável por fazer a comercialização dos produtos, tanto no mercado interno, quanto externo (que ainda
não acontece).
Os dois projetos trabalham com um produto denominado “premium”, de alto valor agregado. “Nosso produto
é super precoce. Abatido com 100 dias, o que lhe dá a característica de um carne tenra, sem muita gordura.
Todo o processo e padronizado”, explica José Domingos.
A empresa comercializa os produtos para cadeias de food-service (alimentação fora do lar), composta
basicamente por restaurantes, churrascarias e hotéis. O abate é feito em frigoríficos adaptados, o que, por
enquanto,impede a exportação.
Mercado consumidor - Em relação ao mercado, o diretor da Nova Alimentos aposta que o mercado
brasileiro tem muito a ser explorado. Os países do Oriente Médio, por exemplo, consomem uma média de
15 kg/ano. No Brasil essa média não ultrapassa os 700 gr/ano.
Mesmo com os entraves que não permitem o desenvolvimento da cadeia produtiva, o empresário, no
entanto, afirma que há um grande interesse em se produzir e que as perspectivas são muito boas.“Vamos
colher frutos mais para frente, por que hoje faltam a cadeia produtiva, temos baixo consumo e falta aos
criadores produzirem para ter maior escala. Só assim poderemos brigar por um espaço no mercado. A
perspectiva é boa, mas temos um processo a ser cumprido”, reforça.
José Domingos elenca alguns pontos positivos que servem como atrativo para futuros investidores no setor.
“O produto tem um ciclo rápido. Onze meses entre a monta e o abate. Onde se coloca uma vaca, pode-se
colocar 30 matrizes, em uma área de 30 hectares, por exemplo. Em Mato Grosso, há ainda outras
vantagens, o milheto (sub produto do milho) é usado na ração, assim como o custo baixo para a compra de
grãos de soja e milho (já que o Estado é grande produtor dos dois grãos). O preço final conseguido pelo
produto é, pelo menos, o dobro do valor do boi (média de R$ 90,00 a arroba e R$ 6, 00 o quilo da carcaça).
O interesse de produtores e empresários coloca a ovinocultura em evidência. E o setor terá destaque na
quarta edição Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (ENIPEC). Durante o evento serão
realizadas três grandes palestras sobre o tema. Uma delas, terá como foco a comercialização da carne
ovina e será proferida pelo diretor executivo da Nova Alimento. O evento acontece de sete a 12 de maio em
Cuiabá (MT) e debaterá as 11 principais cadeias produtivas - bovinocultura, avicultura, ovinocultura,
estrutiocultura, entre outras.
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