1. SEXTA-FEIRA - Recife, 22 de março de 2013 www.pronto2013.wordpress.com
VERSÃO
IMPRESSA
Recife interligado de Norte a Sul por
CICLOFAIXAS
Projeto lançado pela Prefeitura vai segregar 25 quilômetros de vias para as bicicletas aos domingos e feriados.
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Luiz Filipe Freire
Preços baixos
atraem
consumidores
ao comércio
de rua e dos
mercados
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INICIATIVA TENDÊNCIA
Instituto promove a inclusão de A moda das lousas Bárbara Buril
cegos por meio das artes Pág. 1
Handerley Souza
Pinturas especiais permitem que o giz desenhe
verdadeiras obras de arte na parede. Estilo já está
presente em restaurantes e casas dos pernambucanos.
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2. 2 Recife, 22 de março de 2013 - SEXTA-FEIRA
Ciclofaixas móveis vão funcionar
nos domingos e feriados
MAYRA CAVALCANTI culturais de orquestras de fre-
vo, exposições fotográficas e
V
ocê já imaginou poder teatro. Ainda não se sabe por
deslocar-se, com segu- quanto tempo o projeto vai
rança e exclusivamente durar, mas, dependendo da
por meio de bicicleta, em uma demanda, espera-se que ele
via que liga as zonas Norte e seja prolongado pelos domin-
Sul do Recife? A partir do pró- gos e feriados que seguem.
ximo domingo, isso será pos- A ciclofaixa passará pelos
sível. É que a Prefeitura lan- bairros de Parnamirim, Casa
çou um projeto que consiste na Amarela, Casa Forte, Espi-
implantação de 25,5 quilôme- nheiro e Graças, na Zona
tros de ciclofaixas aos domin- Norte, além de São José, Ca-
gos e feriados, que funciona- banga e Recife Antigo, na área
rão das 7h às 16h. central, e Boa Viagem, na
De acordo com o secretário Quem não tiver bicicleta, poderá alugar uma por R$ 5, a hora. Zona Sul. Serão duas rotas
de Turismo e Lazer do mu- que se conectam, totalizando,
nicípio, Felipe Carreras, para rota vai passar, o qual deve terditar as ruas do Recife An- aproximadamente, 25 quilô-
as pessoas que não possuem contemplar importantes monu- tigo, na área central da cidade, metros, levando em con-
o meio de transporte próprio, mentos históricos da cidade, a fim de transformá-lo em um sideração os sete quilômetros
serão disponibilizadas bicicle- como o Teatro de Santa Isabel grande espaço de atividades já existentes na ciclovia da
tas para aluguel no valor de R$ e o Museu do Estado de Per- culturais em família. O objetivo avenida Boa Viagem. O ponto
5 a hora. O secretário comen- nambuco. é que as pessoas compareçam de convergência é o Marco
ta, ainda, que a importância do A ação ocorre em paralelo ao local para andarem de bi- Zero. Já a rota da Zona Norte
projeto também se dá pelo com o projeto Recife Antigo de cicleta ou patins, por exemplo, tem aproximadamente sete
caminho por onde a nova ciclo- Coração, o qual pretende in- e assistirem a apresentações quilômetros.
INCLUSÃO
Educação e arte para quem não pode ver
HANDERLEY SOUZA rar o direito desses indivíduos põe de atendi-
de exercerem sua cidadania. mento odontoló-
A educação é um bem im- Sendo assim, existem institui- gico e psicoló-
prescindível a qualquer indiví- ções especializadas nisso, não gico. O IAPQ fun-
duo para a aquisição de conhe- vinculadas ao Estado. ciona de segunda
cimento, possibilitando o aper- Uma dessas é o Instituto de a sexta.
feiçoamento das ideias, o de- Cegos Antônio Pessôa de Dos 104 cegos
senvolvimento das relações in- Queiroz (IAPQ), localizado no que fazem ativi-
terpessoais e o preparo para o bairro das Graças, no Recife. dades regulares,
exercício da cidadania. Edu- O espaço é mantido pela Santa 62 participam do Espaço promove
car significa passar o conteú- Casa de Misericórdia e se ca- curso de Música, inclusão de cegos.
do de forma abrangente para a racteriza como uma entidade que é ministrado
assimilação de todos os alu- filantrópica cujo objetivo é pelo professor ratifica. “Já que a gente não
nos, por mais diferentes que prestar serviços gratuitos de Carlos Magal, o qual se espe- usa tanto a visão, tem que
eles sejam. Para isso, é im- reabilitação para pessoas com cializou em Musicografia em explorar a audição”, explica.
portante que haja o acesso de deficiência visual. Dentre eles, Braille. As aulas têm duração Para facilitar na aprendiza-
pessoas com deficiência à são oferecidos cursos de de dois anos e nelas os alunos gem dos estudantes de tecla-
educação de maneira eficaz, Braille, Estimulação visual e tá- aprendem instrumentos como do, Magal utiliza emborracha-
como uma forma de promover til, Artes Musicais, Teatro e violão, teclado, bateria e acor- dos para sinalizar as teclas de
a inclusão social e de assegu- Dança. Além disso, o lugar dis- deom, além de participarem da Dó e, enquanto toca uma mú-
banda do instituto, chamada sica, anuncia as notas poste-
EXPEDIENTE Mistura Visual. Segundo o pro- riores. “Mas que eles não se
fessor, “a audição das pessoas enganem, que isso não vai
Fundado em 1º de março de 2013
Um veículo do Grupo Pronto de Comunicação com deficiência visual é agu- durar muito tempo. Nas pró-
Endereço: Av. Jorn. Aníbal Fernandes, Cid. Universitária - CEP 50740-560 - Recife-PE çada. Por isso dizem que elas ximas aulas, vão tocar sem ne-
Reportagem: Bárbara Buril, Handerley Souza, Luiz Filipe Freire, têm ouvido de 'tuberculoso'”. O nhuma ajuda”, brinca o pro-
Mayra Cavalcanti e Renatta Gorga estudante Melquizedeke, que fessor.
Editoração e edição: Luiz Filipe Freire
frequenta as aulas há um ano,
3. Recife, 22 de março de 2013 - SEXTA-FEIRA 3
Lousa A NOVA
TENDÊNCIA ANTIGA
Quadros e pinturas que remetem ao equipamento escolar
passaram a ser usados em casas e escritórios
BÁRBARA BURIL estéticas de jovens, que buscam estilos modernos,
criativos e antenados quando decoram os seus quar-
C
om a chegada dos assépticos quadros bran- tos. Já os pequenos podem, finalmente, riscar as pa-
cos nas salas de aulas, o giz tinha tudo para se redes quantas vezes quiserem, dando espaço à ima-
aposentar e desaparecer de vez, mas, pelo ginação e sem enfurecer as mães.
contrário, migrou do ambiente escolar para dentro
das casas e dos estabelecimentos comerciais. As lou- Uma bagatela
sas, que antes atendiam a necessidades puramente
funcionais, se ressignificaram e ganharam uma iden- Além de deixar o ambiente mais descontraído, as
tidade estética própria. De uns tempos para cá, pas- paredes-lousas também dão um ar chique ao espaço,
saram a ser utilizadas em lares, escritórios, brinque- pois mostram rapidamente que o bom gosto está pre-
dotecas e até restaurantes para dar um toque des- sente. Quem pensa, no entanto, que a ideia exige um
colado ao ambiente. alto investimento financeiro está muito enganado: as
Na contramão da era tecnológica, em que pratica- tintas não custam caro, podem ser encontradas em
mente todos os textos são digitados, ter uma parede- qualquer loja de casa e construção e não exigem o tra-
lousa em casa é voltar-se às criações manuais, cada balho especializado de um pintor na hora do aplique.
vez mais raras hoje em dia. "Resolvi pintar uma parte A escolha da tinta é mais simples do que parece. Há
da minha parede para deixar o quarto mais vivo. Ele as opções de cores da Coralit, caso do Esmalte Sin-
era muito sóbrio, com uma parede branca e os móveis tético Coralit Fosco, em cores preta e verde-escolar, e
amarronzados. Pensei em fazer um quadro negro pa- da Suvinil, com a linha Esmalte Fosco, na cor verde-
ra poder desenhar nele. Quase sempre, apago tudo e escolar.
faço desenhos novos. É sempre divertido chamar Além da tinta, são necessárias água para diluir com
amigos para desenhar na parede", diz a estudante de a tinta fosca, uma bandeja para misturar as duas solu-
gastronomia Mayara Marques. ções, um rolo de espuma e fita crepe para impedir que
Rafael Chamie, proprietário do restaurante Capitão a tinta se espalhe por outras áreas indesejadas da pa-
Lima, no bairro de Santo Amaro, área central do Re- rede. Todos os materiais podem ser encontrados por
cife, explica que a opção por utilizar o giz como utili- uma bagatela em casas de construção. Para ficar bo-
dade e decoração vai além da linguagem. Segundo nito, basta um pouco de bom gosto (e ousadia) na ho-
ele, no início, o cardápio dos bares, cafés e restauran- ra de rabiscar, ilustrar e anotar a giz os pensamentos
tes eram decorados pelos garçons. Como começa- e imagens do dia.
ram a ficar muito extensos, passou a ficar difícil me-
morizar todos os itens e os donos dos esta-
belecimentos escreviam em pequenas lou- Lousas
sas e penduravam de cabeça para baixo no deixam o
ambiente
pescoço dos funcionários.
mais
Ocorreu que os próprios clientes consul- “descolado”
tavam o cardápio no pescoço do garçom e, e transmitem
então, ele foi ampliado e instalado nas en- bom gosto.
tradas e paredes dos lugares. “Minha espo-
sa é arquiteta e chegou com essa ideia de
explorarmos o visual dos botecos antigos,
que é útil também porque permite uma inte-
ração com o cliente”, diz Rafael. “Queremos
expandir isso. A divulgação de sorteios e
promoções de última hora, por exemplo,
passará a ser feita através dos quadros-lou-
sa no Capitão Lima em breve”, conclui.
O Bogart Café, também localizado no
Centro do Recife, aposta na nova e antiga
tendência da lousa por questão estética mesmo. Lá,
algumas paredes são cobertas pelas sugestões do
dia, desenhos e frases deixadas pelos clientes.
A solução também cai bem em quartos de crianças
e adolescentes. Além de tornar os ambientes mais co-
loridos, devido à possibilidade de usar diversos tons
de giz, as lousas também atendem às necessidades
4. 4 Recife, 22 de março de 2013 - SEXTA-FEIRA
Mercado de São José:
garantia de preço baixo
Com vendedores antigos, o mercado de São José possui mais de 500 boxes, além de ambulantes pelos arredores
Maurício dos Passos (esq.)
vende, por R$ 2, produtos
que custam R$ 6 em
grandes mercados. Já o
comerciante Miguel da Silva
se destaca na venda de
refrigerantes e bebidas
alcoólicas. Preços mais em
conta atraem a costureira
Alba Pereira.
RENATTA GORGA cro dele nunca foi fixo. Afinal, têm variedade. Além disso, são do comerciante Miguel da Sil-
ele depende de a freguesia mais baratas do que nos su- va, de 49 anos. Há oito anos,
O
Recife é conhecido comparecer ao local e, dentre permercados", atesta. Um qui- ele possui um ponto que fica
pela beleza das pon- a concorrência de outros 545 lo de goiaba, em grandes mer- próximo ao Cais de Santa Rita,
tes, o ritmo do frevo e a boxes, escolhê-lo. No entanto, cados, custa em torno de R$ 6. onde há um complexo de ba-
simpatia dos nativos. Mas uma ele garante que, com o valor Já no ponto de Seu Maurício, res. "Geralmente, vendo a do-
das características é a presen- arrecadado, "dá para sobrevi- qualquer produto é R$ 2. "E se nos de estabelecimentos, que
ça de 24 mercados públicos ver". "Eu herdei esse ponto do o cliente pechinchar, até posso compram em grande quantida-
espalhados pelo território de meu pai. Já é uma tradição es- dar um desconto", comenta. de. Mas também vendo a uni-
218 quilômetros quadrados. tar aqui e não gostaria de me O mesmo pensamento é dade para aqueles fregueses
Um dos mais populares é o de mudar para outro canto", diz. compartilhado pela costureira que querem tomar em casa,
São José, situado no Centro. O Diariamente, Seu Maurício Alba Pereira, de 47 anos. Mes- junto aos amigos, ou sozinhos
espaço é visitado, diariamente, acorda às quatro horas da ma- mo vivendo no bairro de Dois mesmo, enquanto assistem à
por mais de duas mil pessoas. nhã, vai à Ceasa e chega ao Unidos, Zona Norte do Recife, televisão", conta.
Os baixos preços dos produ- mercado por volta das 6h. A ela prefere se dirigir ao Merca- Dentre a bebida alcoólica
tos chamam a atenção. clientela, por sua vez, aprova a do de São José toda semana. mais procurada está a cerveja.
O comerciante Maurício José qualidade das frutas e verdu- "Aqui, é 20% mais barato. Vale Contudo, desde que a Lei Seca
dos Passos, de 50 anos, é um ras que ele vende. A profes- a pena me deslocar", afirma. ficou mais rígida, Miguel teve
dos vendedores mais antigos sora Cláudia de Aguiar, de 42 Ainda há quem consiga ven- prejuízo. "Posso dizer que as
dos arredores do mercado. anos, já é freguesa há uma dé- der refrigerantes e bebidas al- vendas caíram 50%. Se o fei-
Instalado há 35 anos no mes- cada. "As frutas dele são as coólicas, seguindo a mesma rante comprava 20 caixas, ele
mo ponto, ele revela que o lu- melhores daqui do mercado e lógica da economia. É o caso só compra dez agora", pontua.
Na UFPE, comerciantes faturam
em meio à rotina dos alunos
LUIZ FILIPE FREIRE O vendedor João Oliveira, de cêdo, 21, se
69 anos, enxergou a UFPE co- abastece ao
Nos arredores da Universida- mo ponto de trabalho há mais longo de
de Federal de Pernambuco de duas décadas. Ele aposta suas jorna-
(UFPE), muitos vendedores na venda de doces e refrescos das diárias.
perceberam que oferecer ser- para atrair quem passa pelo O consumo
viços essenciais à rotina cor- Centro de Artes e Comunica- de água sem-
rida de alunos e professores ção (CAC). “O bom é que a ren- pre é feito lá, João Oliveira vende refresco e doces há 20 anos.
era uma boa saída para ala- da aqui é certinha. Cada unida- mas também
vancar a renda da família. Não de sai por R$ 1 e, por dia, con- há espaço pa-
ços de fora, porque dentro dos
é à toa que dezenas de comer- sigo vender umas 80. Dá para ra compras nem tão necessá-
centros eles são mais caros. É
ciantes negociam desde pro- tirar um dinheirinho”, atesta. rias assim. “Às vezes, peço do-
algo bem prático mesmo”, opi-
dutos alimentícios a serviços É no ponto de dele que a es- ces. A gente passa o dia aqui e
na a aluna de Design.
de cópia e impressão. tudante Maria Eduarda Ma- precisa mesmo desses servi-