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ILUMINAR MENTES
“FUI PARA MEDICINA
PORQUE ME
PARECEU QUE ERA A
ÁREA QUE MELHOR
CONTRIBUÍA PARA
O ESCLARECIMENTO
ESPIRITUAL
DA HUMANIDADE”,
REVELA
24
Conquistoureputaçãocomomédico,empresárioehomemdaciênciaàfrente
da farmacêutica Bial. Agora publica um livro em que fala de temas existen-
ciaiscomoaalma,atelepatia,osextosentido,atranscomunicaçãoinstrumen-
tal, a vida além da morte ou a reencarnação, citando estudos científicos. Mais
do que dar respostas, dá que pensar. ENTREVISTA DE MAFALDA ANJOS FOTOGRAFIAS DE TIAGO MIRANDA
entrevista
“Acredito que
existimos antes
e continuamos
a existir depois”
Luís
PORTELA
25
Primeiro, vamos aos pergaminhos. Não que
Luís Portela precise de puxar pelos galões. É so-
bejamente conhecido e admirado como empre-
sário farmacêutico visionário, que tomou conta
da empresa de família Bial e apostou tudo na
investigação. Uma aposta que deu frutos em
2008, quando viu o antiepilético que a empresa
desenvolveu licenciado para os Estados Unidos
eCanadá, o primeiromedicamento 100 porcen-
to português a consegui-lo. Um homem da ciên-
cia, portanto. Mas agora, aos 62 anos, afastado
da presidência-executiva da empresa que pas-
sou ao filho, o médico que acima de tudo se diz
um livre pensador pôde finalmente dedicar-se
inteiramente àquilo quesempre o moveu: a pro-
cura das respostas para algumas questões exis-
tenciais. Afinal, o que somos? Para onde va-
mos? Somos apenas pó e cinza? No início da
adolescência, Luís Portela já fazia estudos com-
parados das Bíblias católica e protestante, aos
vinte e tal anos lia Lao-Tsé, que o marcou pela
sabedoria tremenda por trás da simplicidade.
Foi essa mesma paixão pela vida que o fez estu-
dar medicina, e que o inspirou, através da Fun-
dação Bial, a apoiar financeiramente investiga-
ções na área da parapsicologia. No livro “Ser Es-
piritual — da Evidência à Ciência” (editora Gra-
diva,à venda no próximo dia 24), a que oExpres-
so teve acesso em primeira mão , partilha final-
mente as suas convicções sobre a espiritualida-
de e fala de conceitos como a alma, vida além
da morte, reencarnação, telepatia ou sexto sen-
tido,citando investigações científicas. O livro se-
rá apresentado por conceituados cientistas, co-
mo João Lobo Antunes e Manuel Sobrinho Si-
mões. E os lucros provenientes da venda da
obra serão entregues a uma instituição de soli-
dariedade social.
Ponderou muito antes de decidir partilhar as
suas opiniões sobre estes temas? É preciso
coragem para entrar em áreas que tantas
vezes andam associadas a esoterismo, charla-
tanice e a muito desconhecimento.
Este é um tema que me apaixona desde a mi-
nha juventude. Eu tinha 13 ou 14 anos e já lia
livros sobre temas existencialistas, fazia leitura
comparada da Bíblia católica com a Bíblia pro-
testante, lia coisas orientais, obras do taoismo,
do budismo... Sempre tive curiosidade por estes
assuntos, é uma paixão de vida. E foi por isso
que escolhi ir para Medicina. Achava que assim
podia esclarecer as dúvidas que me assaltavam.
O que queria esclarecer?
O que mais me impressionava era que o ho-
mem, do ponto de vista da fé, aceitasse uma sé-
rie de fenómenos de uma forma tão fácil, e a
mesmahumanidade, sob oponto devista cientí-
fico, recusasse absolutamente estes fenómenos.
Isso era uma coisa que me intrigava! Eu partia
do princípio que, provavelmente, algumas da-
quelas coisas eram verdade, outras eram menti-
ra e exploração da ignorância das pessoas, mas
parecia-me obrigação da ciência arregaçar as
mangas e trabalhar para esclarecer a humani-
dade. Fui para Medicina porque me pareceu
que era a área que melhor contribuía para o
esclarecimento espiritual da humanidade. E
por isso, quando acabei o curso, procurei fazer
uma especialização em psicofisiologia. As duas
áreas que me chamavam a atenção eram os mi-
lhões de neurónios que existem e não se sabia
para que serviam e o que comandavam, e, além
da parte física, como é que o sistema nervoso
funcionava com uma existência espiritual. Tra-
balhei seis anos na Faculdade da Universidade
do Porto na área da psicofisiologia, até ganhar
uma bolsa para um doutoramento em Cambrid-
ge. Queria, mais tarde, fazer uma passagem pa-
ra a parapsicologia. Mas depois o meu pai, que
presidia à companhia da família, faleceu e tive
de escolher.
Optou por ficar à frente da empresa e não
prosseguir o doutoramento.
Como a vida me proporcionou fazer uma car-
reira profissional, decidi ir por aí, mas mantive-
-me sempre ligado às temáticas da parapsicolo-
gia e aos fenómenos existenciais. Decidi que
um dia, quando me pudesse libertar da minha
carreira profissional, me dedicaria mais inten-
samente à área, eventualmente até fazer algu-
ma investigação. Em paralelo criámos a Funda-
ção Bial. Quando eu deixei o doutoramento e a
minha carreira académica, prometi a mim pró-
prio que, se um dia tivesse possibilidades eco-
nómicas, ajudaria quem estivesse a investigar,
e a fazer aquilo que eu gostaria de ter feito, a ir
mais longe. E temos proporcionado apoios já
com algum significado: ao longo destes 18
anos, apoiámos 460 projetos, envolvendo 1500
investigadores de 27 países diferentes. Nem eu
tinha ideia de que as coisas podiam ser assim.
E como era presidente da companhia, sempre
achei que devia manter alguma distância em
relação aos temas e à seleção dos projetos, fei-
ta por um conselho científico. Mas depois dos
60 anos, e afastado da presidência, senti-me
na posição de poder partilhar. O que procurei
foi cruzar o conhecimento científico com o co-
nhecimento tradicional, e dar uma perspetiva
científica da vida espiritual.
Grande parte da comunidade científica mains-
tream não aceita o estudo da espiritualidade.
Porque isso rompe com os paradigmas da
lógica com que estão habituados a trabalhar?
Não sei, para mim isso não faz qualquer senti-
do. Como é que se é capaz de tomar atitudes de
adulação disto e emulação daquilo e ao mesmo
tempo negar uma série de coisas? Há inúmeros
cientistas de grande valor que seguem determi-
nadas doutrinas religiosas com fervor. As pes-
soas são as mesmas! Percebo que a humanida-
de evoluiu deixando-se envolver de uma forma
demasiado forte pela materialidade das coisas.
O século XX terá sido um século de grande de-
P
26
senvolvimento científico e tecnológico, mas ao
mesmo tempo de grande desenvolvimento da
paixão material. Para que o homem se comple-
te, faz falta perspetivar-se espiritualmente. É
preciso perceber que somos este corpo físico
[apalpa as pernas e os braços] e um ser espiri-
tual aqui de passagem pela terra, que é gestor
desse corpo.
Já existem estudos verdadeiramente credí-
veis, aplicando o velho método científico, que
estudem com rigor os fenómenos da espiritua-
lidade?
Sim, sem dúvida. Hoje há muitas universidades
europeias e sobretudo norte-americanas onde
são desenvolvidos estudos sob o rigor do méto-
do científico, por gente doutorada e com gran-
de capacidade. Só que, é preciso dizê-lo, na
maioria dos casos os resultados destes estudos
não são ainda suficientemente fortes e sobretu-
do,reprodutíveis, paraserem aceites pelacomu-
nidade científica em geral como definitivos, co-
mo dados absolutos. Parece-me que, pelo lado
dos investigadores da área da parapsicologia,
não tem havido um cuidado de fazerem as coi-
sas de acordo com as regras.
De forma irrepreensível e inquestionável?
Sim, de fazerem ascoisas com persistência e pa-
ciêncianaprocura daverdade deforma a conse-
guirem dar provas inquestionáveis. Por vezes
facilitam, por vezes tomam atitudes de fé. Acho
que a atitude verdadeiramente científica é não
se partir do princípio que algo é azul ou amare-
lo. É preciso levantar o véu da ignorância e ver
o que está lá por baixo, sem partir de pressupos-
tos que diluam o rigor científico. Por outro lado,
os cientistas clássicos têm uma atitude de supe-
rioridade em relação à parapsicologia, que lhes
exigem mais rigor do que a todas as outras
áreas. É preciso não esquecer que a verdade
científica tem evoluído ao longo dos tempos.
A verdade é afinal um conceito volátil.
Aquilo que no século XV se dizia que era a ver-
dade científica última e definitiva, afinal no XVI
e no XVII provou-se que não era bem assim.
Veja a ciência médica que eu estudei há quaren-
ta e tal anos... Hoje grande parte das coisas fo-
ram postas em questão e estão ultrapassadas.
Na parapsicologia, todos querem a verdade
CRÍTICO DIZ QUE OS
INVESTIGADORES DA
PARAPSICOLOGIA
NÃO TÊM TIDO O
CUIDADO DE FAZER
AS COISAS COM
PERSISTÊNCIA E
PACIÊNCIA DE FOR-
MA A CONSEGUIREM
PROVAS INQUESTIO-
NÁVEIS. “POR VEZES
FACILITAM, POR
VEZES TOMAM ATITU-
DES DE FÉ”, AFIRMA
27
REVISTA 15/JUN/13
última e definitiva — há uma grande exigên-
cia. A meu ver os investigadores destas áreas
não têm tido a paciência, a persistência e o ri-
gor de fazerem as coisas como deve de ser. E
também não tem existido um trabalho em re-
de de conjugação de esforços — e neste campo
que a Fundação Bial pode ter dado algum con-
tributo com o seu apoio. Pôr a falar os cientis-
tas mais conservadores, da psicofisiologia e
das neurociências, e os mais atrevidos da pa-
rapsicologia. O povo diz que da discussão nas-
ce a luz, e eu penso que os conhecimentos na
área da espiritualidade não vão ser encontra-
dos por este ramo da ciência ou aquele, prova-
velmente vão ser encontrados pelo esforço
conjugado de gente da parapsicologia, das neu-
rociências, da medicina, da física, da filosofia
— dos mais diversos ramos do saber que conju-
guem esforços para levantar o véu da ignorân-
cia. Neste livro, mais do que dar uma perspeti-
va pessoal — que eu acabo por assumir —, que-
ria sobretudo fazer um levantamento do que é
que ao longo dos séculos as pessoas foram pen-
sando, e o que é que se tem estado a investigar.
É uma coisa que eu penso que em Portugal não
estava feita, e não sei se estará feita em Ingla-
terra ou nos Estados Unidos. Eu não conheço.
As referências bibliográficas que dou no final
não são referências de um ou dois anos, são
conhecimentos adquiridos de uma vida.
Teve uma educação católica? Como é que foi
moldado o seu percurso espiritual?
Sim, só que desde miúdo tive dúvidas existen-
ciais. Recordo que estava na catequese, a prepa-
rar a comunhão solene, e uma das minhas cate-
quistas era uma freira muito fechada e conser-
vadora. Ouvia aquelas coisas e aquilo fazia-me
grande confusão. Uma vez ela disse que quem
não seguisse a verdade de Jesus ficariacondena-
do às agruras do inferno. Havia uns miúdos
mais vivaços, e um deles mais atrevido — que
não seria o meu caso, sempre fui muito recata-
do — questionou-a: “Ohirmã, e entãoos chinesi-
nhos, para onde é que eles vão se não conhe-
cem Jesus?” E ela do alto da sua sabedoria, disse
prontamente:“Serão todos condenados às agru-
ras do inferno!” Aquilo era intragável para
mim! A virgindade de Maria era outra coisa in-
compreensível. Inventou-se isso para valorizar
a mãe de Jesus. Mas para ser uma mulher exce-
cional, mãe de um ser excecional, não precisa-
va nada de ser virgem. Foram pequenas coisas
que eu fui anotando, e aos 12 anos pedi licença à
minha mãe para deixar de ir à missa. E a minha
mãe lá deixou. Não me considero religioso, por-
que não estou filiado em nenhum agrupamen-
to nem sigo uma doutrina. Tenho uma enorme
satisfação em me sentir um livre pensador.
Não sente necessidade de se aliar a um grupo
de pessoas e participar num culto?
Não, nenhuma. Mas tenho a maior admiração
por grandes figuras da humanidade. Tenho
uma enorme admiração por Jesus, que não te-
nho dúvidas que foi um ser absolutamente fan-
tástico, mas também por Buda ou Lao Tsé.
Foram sobretudo grandes mestres?
Sim. Não me importo nada se me disserem que
soucristão. Mas tambémnão me importo se dis-
serem que sou budista. O que não sinto é neces-
sidade de seguir práticas e rituais, ritos e tabus
que na minha opinião não fazem falta nem fo-
ram implantados pelos mestres. O que admiro
nosmestres é as mensagens radiosas deesclare-
cimento que deixaram.
Por duas ou três vezes no livro faz uma
crítica ao materialismo dos seguidores e das
igrejas, que se aplicam na perfeição à Igreja
Católica.
Respeito profundamente todas as religiões.
Mas choca-me que esses mestres, que foram de
uma simplicidade fantástica, tenham seguido-
res que se preocupem em acumular riqueza em
tornodessas agregações religiosas. Jesus ensina-
va ao ar livre. E os seus seguidores foram criar
templos e embelezá-los, puseram ouro no tem-
plo.O que Jesus parecia abominar, os seus segui-
dores foram fazer. Não é só a Igreja Católica,
mas as dezenasque sedizem seguidoras deCris-
to. Tenho pena que não assumam a mensagem
do mestre, e se entretenham com coisas late-
rais e que afastam as pessoas do essencial.
O Papa Francisco no seu pouco tempo de
papado já fez mais pela Igreja Católica do
que anos dos papados anteriores, com a sua
mensagem e exemplo de simplicidade.
DICOTOMIA CIÊNCIA
E ESPIRITUALIDADE
NÃO TÊM DE ANDAR
AFASTADAS.
“HÁ INÚMEROS
CIENTISTAS DE
VALOR QUE SEGUEM
DOUTRINAS RELIGIO-
SAS COM FERVOR.
AS PESSOAS SÃO
AS MESMAS!”
28
REVISTA 15/JUN/13
Não o conheço, não sei do que ele vai ser capaz.
Mas fiquei muito satisfeito quando nos primei-
ros dias do seu papado vi os seus velhos ténis
pretos por baixo das vestes. É essencial regres-
sar à simplicidade. E se todas as religiões se con-
centrassem no caminho da verdade, provavel-
mente iam encontrar-se todas num ponto co-
mum. Nessa altura não seria preciso haver reli-
giões, haveria uma só. A verdade total e definiti-
va existe, é o absoluto.
Mas na essência das várias religiões, é muito
mais o que as une do que as separa.
Exatamente. É pena que se entretenham com o
que as afasta e não com o que as une.
Diz-se um livre pensador, um espiritualista.
Mas é também um crente. Em que é que
acredita verdadeiramente?
Não, não me considero um crente. Eu acredito
na verdade científica, no rigordo método cientí-
fico. Não me sinto um homem de fé, mas um
homem de convicções. O homem de fé é aquele
que ajoelha a pedir favores a uma entidade divi-
na, e eu entendo que isso não faz falta. Entendo
que nos devemos concentrar num caminho de
aperfeiçoamento, com grande esforço pessoal e
coletivo, criando condições para que as coisas
aconteçam. Ao longo da minha vida tive conhe-
cimento de uma série de fenómenos. Negá-los
seria muito pouco inteligente. Tive oportunida-
dede conversar com padres,professores univer-
sitários, ministros, presidentes da República —
as mais diversas pessoas — que me contaram
histórias incríveis. “Comigo também aconteceu
isto e aquilo, mas você não diga nada!”
Mas, qual é a sua convicção?
Tenho uma convicção muito forte da existência
da alma, do espírito, e que a nossa passagem
pela terra é uma mera passagem. Acredito que
existimos antes e continuamos a existir depois.
E gostaria muito que essa convicção pudesse
ser confirmada por um estudo científico.
Ainda não foi até agora.
A ciência oficial ainda não aceitou. A parapsico-
logia neste momento não é considerada ainda
uma ciência, mas uma disciplina científica. To-
da esta temática encontra-se num ponto de vi-
ragem.
O pós-título do seu livro é “Da Evidência à
Ciência”. Que evidências há em relação à
existência da alma e do espírito?
Acho que a maior evidência está em cada um
de nós. Se cada pessoa conseguir desprender-
-se na materialidade das coisas, relaxar e medi-
tar, encontra-se a si própria. Percebe que é algo
que existia antes e que vai existir depois. Tam-
bém existe a metodologia científica que procu-
ra evidenciar as coisas e neste campo há um
conjunto de trabalhos feitos ao longo das últi-
mas décadas que o evidenciam. Estudos feitos
até com animais que evidenciam uma determi-
nada força que não se percebe nem está estuda-
da dentro da ciência tradicional. Como é que
um coelho esfomeado colocado num quadrado
com umrobô com uma cenouraem cima conse-
gue que aquele robô que anda aleatoriamente
não ande do outro lado do quadrado, mas ape-
nas no sítio onde está o coelho? Que força é
esta? Como é que as pessoas que fazem transco-
municação instrumental [comunicação com os
mortos] fazem gravação de vozes que não são
emitidas por seres humanos? Quem é que as
emite? Estão gravadas fidedignamente, esses es-
tudos estão feitos e publicados. Claro que algu-
mas pessoas dirão que isso não foi feito com
todo o rigor, mas alguns destes estudos já são
feitos com o mesmo rigor que são feitas as gra-
vações de vozes pelo FBI e pelas polícias de in-
vestigação europeias que são apresentadas co-
mo prova em tribunal. Se esse é o rigor que se
aceita em tribunal, porque não aceitá-lo tam-
bém em termos de investigação nesta área?
O homem não é apenas cinza, pó e nada?
As pessoas devem fazer o seu caminho e pre-
senciar-se perante ouniverso. Não estou a suge-
rir que o façam de forma mística — mas hones-
ta, simples e rigorosa. Aprender honestamente,
mas não no sentido místico — ir para aqui e
para acolá ser enganado por pessoas que se di-
zem portadores da verdade em troco de dinhei-
ros. Nunca foi o meu caminho, e sempre tive o
maior cuidado em não me misturar com essas
aventuras.
Mas vamos à essência dos vários conceitos
que aborda. No princípio está o quê? Que
entidade criadora é essa em que acredita,
que não é o tal Deus de barbas brancas com
o filho preferido sentado à sua direita?
Nisso não acredito de todo, já aos 9 ou 10 anos
me custava a entrar! (risos) Se Jesus é muito
bom, é pelo seu valor intrínseco, porque conse-
guia controlar o seu pensamento, palavras e
atos e dirigi-los em seu benefício e em benefício
de todos os outros. Acredito profundamente no
Jesus histórico, mas não no Jesus religioso. Acre-
dito profundamente na existência de uma enti-
dade criadora de todas as coisas. Uns chamam
Deus e outros chamam outras coisas — eu não
utilizo a palavra Deus porque acho que está
muito conspurcada, prefiro referir-me ao Todo,
ao Absoluto. Se o universo existe, alguém o
criou,acredito na existência dessa entidade uni-
versal. E acredito que essa entidade universal
tem características espelhadas em cada um de
nós. O macro está espelhado no micro.
E vice-versa?
Sim, acho que cada um de nós tem característi-
cas para abraçar o Todo. Andamos todos a cor-
rer para ver um jogo de futebol, para fazer di-
nheiro, para as empresas se valorizarem na bol-
sa... Se um dia pararmos e nos perguntarmos
para que é que isso serve, se calhar temos uma
desilusão muito grande.
É evidente que é uma perspetiva utópica
todos pararmos e fazermos isso, mas é boni-
to. Seria ideal.
Se pelo menos alguns começarem a parar...
(risos).
Um dos conceitos que fala é a vida além da
morte. Vai sair agora em português um best-
seller nesta matéria: “Uma Prova do Céu”
(editora Lua de Papel), de Eben Alexander.
Ele era um neurocirurgião agnóstico, um
professor universitário, investigador concei-
tuado, e que teve uma experiência de quase
morte que lhe mudou a vida. Acredita que
esteve ‘do outro lado’ e voltou.
Conheço a história, é um relato impressionante.
É mais uma! Mais cedo ou mais tarde acredito
que as pessoas começarão a ter algum respeito
por estas histórias. A primeira reação é sempre
“Ah, e tal, fantasias! Lá está mais um que so-
nhou aquilo...” Na bibliografia que eu apresento
falo de uma série de casos desses, de pessoas
que tiveram os seus momentos.
No final ele acrescenta um apêndice com
nove hipóteses neurocientíficas para tentar
explicar o que lhe sucedeu. Afastou-as a
todas, para concluir que foi algo não tratado
pela ciência tradicional.
Há muita gente que na sua vida passou por si-
tuações espetaculares, mas que não são conhe-
cidas. O cantor Charles Aznavour foi uma das
primeiraspessoas conhecidas a contar com por-
menor o que se passou com ele. Teve um aci-
dentee foi dado como morto umas horas. E con-
tou como viu tudo fora do corpo.
Uma das teses que aborda é a reencarnação.
Defende que vivemos num mundo escola.
TENHO UMA CONVICÇÃO
MUITO FORTE DA
EXISTÊNCIA DA ALMA,
DO ESPÍRITO, E QUE
A NOSSA PASSAGEM
PELA TERRA É UMA
MERA PASSAGEM
29
REVISTA 15/JUN/13
O nosso caminho é uma trajetória de aperfei-
çoamento. Acredito que possamos vir a um
mundo que nos proporciona experiências mui-
to diversas onde vimos para aprender. Para es-
tarmos em contacto com pessoas que sabem
muito e aprendermos com elas, mas também
com outras que são ainda muito ‘brutinhas’,
com quem estamos em confronto. E assim
aprendermos a tolerá-las e aprendermos, con-
tornando estas situações mais difíceis, a seguir-
mos o nosso caminho e a ensinar-lhes com o
nosso exemplo. Seria muito limitativo virmos à
terra uma vez só, e virmos uns ricos e outros
pobres, uns bonitos e outros feios... Faz muito
mais sentido cada um de nós poder escolher
como vem e aprender com a experiência.
Na essência dessa tese está um conceito de
bondade, justiça e equilíbrio que o mundo
não espelha.
Parto do princípio que estamos a fazer uma tra-
jetória ascendente, que parte do mau até aoinfi-
nitamente bom.
E que se aplica a toda a humanidade? Vamos
sendo melhores?
Não se aplica a toda a humanidade, mas sim a
todo o Universo... Não sabemos o que vem a se-
guir. São conjeturas.
São conceitos difíceis de apreender. Mais
fácil é perceber fenómenos como a telepatia.
Que evidências há acerca deste conceito?
Muitacoisa. Estar a pensar em alguém e ela apa-
recer, tocar o telefone e ser aquela pessoa…
acontece com a generalidade das pessoas. Mas
mais do que isso, há experiência dos testes fei-
tos. Há hoje saciedade de provas da existência
da transmissão de pensamento. São experiên-
cias feitas em ambiente de laboratório da forma
mais rigorosa. Pessoas que focam o seu pensa-
mento noutras e elas são capazes de dizer o que
a outra está a fazer ou a pensar... Ou que coloca-
das a fazer uma redação sobre um tema ou a
ver imagens em sítios completamente separa-
dos, escolhem o mesmo tema ou referem as
mesmas imagens. O número de vezes que isso
acontece é estatisticamente muito significativo.
Está demonstrado em literatura variada.
E o sexto sentido, a intuição?
Se há alguma transmissão, é natural que cada
um de nós seja simultaneamente um emissor
e um recetor de pensamentos. Se calhar uns
com mais capacidade para emitir ou para rece-
ber. Se temos capacidade para receber, é natu-
ral que possamos ser intuídos, positiva e nega-
tivamente. É preciso aprender a jogar com is-
so. E é preciso que cada um desenvolva o seu
próprio esforço para pensar e falar de forma
positiva, e assim criar condições positivas no
seu pensamento por forma a atrair as coisas
que são positivas. Quem pensar negativamen-
te e atuar negativamente, criará condições pa-
ra atrair aquilo que é negativo. Na espirituali-
dade, a regra é essa: os sinais iguais atraem-se,
os diferentes repelem-se.
Ao contrário do que acontece na física, no
magnetismo?
É o que alguns investigadores têm procurado
demonstrar. Mas acho que o cidadão comum,
se quiser, consegue perceber isso na sua vida.
Essa ideia do otimismo e do pessimismo, da
atitude positiva ou negativa, serem condicio-
nantes para o futuro de cada um de nós não
é um conceito novo. Mas é novo ver um
médico a falar sobre isso. E como é que um
médico e homem da ciência, que esteve toda
a vida ligado às farmacêuticas, vê as terapias
e curas alternativas? Imposição das mãos,
canalização de energias, reiki?
Admito que há determinado tipo de energias
que ainda não são conhecidas pelo ser humano.
E admito que à medida que forem conhecidas
vamos aprender a lidar melhor com elas. Não
posso negar que o reiki existe. Já assisti a situa-
ções em que houve determinada evolução pro-
vocada pela colocação das mãos. Não posso é, a
partir daí, dizer que acredito em todas as medi-
cinas alternativas. Admito que existam algu-
mascoisas boas que vale a pena cultivar, desbra-
var e perceber o que são, mas admito que há
também muita fantasia e muita coisa que sim-
plesmente não presta. Mais uma vez digo que a
ciência oficial deveria arregaçar as mangas e
demonstrar o que é verdade e o que é mentira,
estudar e tentar perceber.
Mas a ciência oficial está ligada aos interes-
ses económicos, é patrocinada por eles. E
muitas destas curas alternativas são simples,
baratas, acessíveis. Não interessaria que
fossem conhecidas.
A ciência oficial está distraída com a materiali-
dade das coisas... De facto algumas destas coisas
são muito simples, e na simplicidade está um
caminho melhor do que na complexidade.
É muito irreverente um dono de uma farma-
cêutica dizer uma coisa dessas.
Eu fiz o meu caminho como empresário, procu-
rando servir os interesses de saúde das pessoas
o melhor que aquele conjunto de técnicos e
aquela instituição onde eu trabalho há 40 anos
conseguissem. A humanidade no último século
criou condições para viver muito mais e muito
melhor graças, sobretudo, ao trabalho da inves-
tigação médica e da investigação farmacológi-
ca. Hoje em dia, a esperança média de vida na
Europa é o dobro do que era há 100 anos. É uma
área do saber que proporcionou à humanidade
uma evolução fantástica. Tenho o maior respei-
to por isso. O que não quer dizer que não tenha
respeito por outros caminhos. Acho que seria
tolice não o ter.
E quem parte dos seus pressupostos também
acredita que existe vida noutros planetas.
Percebermos que o planeta Terra é um grão de
areia ínfimo no universo e termos a petulância
de imaginar que somos os únicos seres vivos
nesse universo todo... acho que é uma coisa dis-
paratada! Admito que haja outros locais onde
existem seres espirituais em evolução. Agora se
têm um corpofísico comonós temos euma civi-
lização organizadacomo temos na Terra, prova-
velmente não. Ou se calhar há...
O que é para si a sua maior conquista? Como
gostaria de ser lembrado?
Acho que não tenho grandes conquistas. Gosta-
ria de poder ser capaz de manter o meu pensa-
mento permanentemente positivo, ligado ao
que há de mais superior e por via disso, as mi-
nhas palavras e os meus atos serem o mais po-
sitivo, construtivo possível. Mas esse é um ca-
minho de aprendizagem que eu estou a fazer,
não o consegui ainda. Gostaria de ser lembra-
do pelos meus familiares e amigos, como um
tipo que honestamente procurou fazer esse ca-
minho. Procurou aprender.
A Bial, as conquistas da empresa e o facto de
ter sido um marco histórico na indústria
farmacológica em Portugal não interessam
nada no seu percurso?
São momentos que a história apaga, mais cedo
ou mais tarde.
E não teme a morte, imagino.
Mas porquê temer? É um mudar de capítulo.
Ou quanto muito, de livro.
“Tenho de estar disposto de abdicar do que
sou para me tornar no que serei”, já dizia o
cientista Einstein.
Einstein era genial. Não sei sequer se é abdicar.
As coisas são mesmo nossas? O que é nosso? R
revista@expresso.impresa.pt
HÁ HOJE SACIEDADE DE
PROVAS DA EXISTÊNCIA
DA TELEPATIA. SÃO
EXPERIÊNCIAS FEITAS
EM AMBIENTE
DE LABORATÓRIO DA
FORMA MAIS RIGOROSA
30
REVISTA 15/JUN/13

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Luís Portela no Expresso

  • 1.
  • 2. ILUMINAR MENTES “FUI PARA MEDICINA PORQUE ME PARECEU QUE ERA A ÁREA QUE MELHOR CONTRIBUÍA PARA O ESCLARECIMENTO ESPIRITUAL DA HUMANIDADE”, REVELA 24
  • 3. Conquistoureputaçãocomomédico,empresárioehomemdaciênciaàfrente da farmacêutica Bial. Agora publica um livro em que fala de temas existen- ciaiscomoaalma,atelepatia,osextosentido,atranscomunicaçãoinstrumen- tal, a vida além da morte ou a reencarnação, citando estudos científicos. Mais do que dar respostas, dá que pensar. ENTREVISTA DE MAFALDA ANJOS FOTOGRAFIAS DE TIAGO MIRANDA entrevista “Acredito que existimos antes e continuamos a existir depois” Luís PORTELA 25
  • 4. Primeiro, vamos aos pergaminhos. Não que Luís Portela precise de puxar pelos galões. É so- bejamente conhecido e admirado como empre- sário farmacêutico visionário, que tomou conta da empresa de família Bial e apostou tudo na investigação. Uma aposta que deu frutos em 2008, quando viu o antiepilético que a empresa desenvolveu licenciado para os Estados Unidos eCanadá, o primeiromedicamento 100 porcen- to português a consegui-lo. Um homem da ciên- cia, portanto. Mas agora, aos 62 anos, afastado da presidência-executiva da empresa que pas- sou ao filho, o médico que acima de tudo se diz um livre pensador pôde finalmente dedicar-se inteiramente àquilo quesempre o moveu: a pro- cura das respostas para algumas questões exis- tenciais. Afinal, o que somos? Para onde va- mos? Somos apenas pó e cinza? No início da adolescência, Luís Portela já fazia estudos com- parados das Bíblias católica e protestante, aos vinte e tal anos lia Lao-Tsé, que o marcou pela sabedoria tremenda por trás da simplicidade. Foi essa mesma paixão pela vida que o fez estu- dar medicina, e que o inspirou, através da Fun- dação Bial, a apoiar financeiramente investiga- ções na área da parapsicologia. No livro “Ser Es- piritual — da Evidência à Ciência” (editora Gra- diva,à venda no próximo dia 24), a que oExpres- so teve acesso em primeira mão , partilha final- mente as suas convicções sobre a espiritualida- de e fala de conceitos como a alma, vida além da morte, reencarnação, telepatia ou sexto sen- tido,citando investigações científicas. O livro se- rá apresentado por conceituados cientistas, co- mo João Lobo Antunes e Manuel Sobrinho Si- mões. E os lucros provenientes da venda da obra serão entregues a uma instituição de soli- dariedade social. Ponderou muito antes de decidir partilhar as suas opiniões sobre estes temas? É preciso coragem para entrar em áreas que tantas vezes andam associadas a esoterismo, charla- tanice e a muito desconhecimento. Este é um tema que me apaixona desde a mi- nha juventude. Eu tinha 13 ou 14 anos e já lia livros sobre temas existencialistas, fazia leitura comparada da Bíblia católica com a Bíblia pro- testante, lia coisas orientais, obras do taoismo, do budismo... Sempre tive curiosidade por estes assuntos, é uma paixão de vida. E foi por isso que escolhi ir para Medicina. Achava que assim podia esclarecer as dúvidas que me assaltavam. O que queria esclarecer? O que mais me impressionava era que o ho- mem, do ponto de vista da fé, aceitasse uma sé- rie de fenómenos de uma forma tão fácil, e a mesmahumanidade, sob oponto devista cientí- fico, recusasse absolutamente estes fenómenos. Isso era uma coisa que me intrigava! Eu partia do princípio que, provavelmente, algumas da- quelas coisas eram verdade, outras eram menti- ra e exploração da ignorância das pessoas, mas parecia-me obrigação da ciência arregaçar as mangas e trabalhar para esclarecer a humani- dade. Fui para Medicina porque me pareceu que era a área que melhor contribuía para o esclarecimento espiritual da humanidade. E por isso, quando acabei o curso, procurei fazer uma especialização em psicofisiologia. As duas áreas que me chamavam a atenção eram os mi- lhões de neurónios que existem e não se sabia para que serviam e o que comandavam, e, além da parte física, como é que o sistema nervoso funcionava com uma existência espiritual. Tra- balhei seis anos na Faculdade da Universidade do Porto na área da psicofisiologia, até ganhar uma bolsa para um doutoramento em Cambrid- ge. Queria, mais tarde, fazer uma passagem pa- ra a parapsicologia. Mas depois o meu pai, que presidia à companhia da família, faleceu e tive de escolher. Optou por ficar à frente da empresa e não prosseguir o doutoramento. Como a vida me proporcionou fazer uma car- reira profissional, decidi ir por aí, mas mantive- -me sempre ligado às temáticas da parapsicolo- gia e aos fenómenos existenciais. Decidi que um dia, quando me pudesse libertar da minha carreira profissional, me dedicaria mais inten- samente à área, eventualmente até fazer algu- ma investigação. Em paralelo criámos a Funda- ção Bial. Quando eu deixei o doutoramento e a minha carreira académica, prometi a mim pró- prio que, se um dia tivesse possibilidades eco- nómicas, ajudaria quem estivesse a investigar, e a fazer aquilo que eu gostaria de ter feito, a ir mais longe. E temos proporcionado apoios já com algum significado: ao longo destes 18 anos, apoiámos 460 projetos, envolvendo 1500 investigadores de 27 países diferentes. Nem eu tinha ideia de que as coisas podiam ser assim. E como era presidente da companhia, sempre achei que devia manter alguma distância em relação aos temas e à seleção dos projetos, fei- ta por um conselho científico. Mas depois dos 60 anos, e afastado da presidência, senti-me na posição de poder partilhar. O que procurei foi cruzar o conhecimento científico com o co- nhecimento tradicional, e dar uma perspetiva científica da vida espiritual. Grande parte da comunidade científica mains- tream não aceita o estudo da espiritualidade. Porque isso rompe com os paradigmas da lógica com que estão habituados a trabalhar? Não sei, para mim isso não faz qualquer senti- do. Como é que se é capaz de tomar atitudes de adulação disto e emulação daquilo e ao mesmo tempo negar uma série de coisas? Há inúmeros cientistas de grande valor que seguem determi- nadas doutrinas religiosas com fervor. As pes- soas são as mesmas! Percebo que a humanida- de evoluiu deixando-se envolver de uma forma demasiado forte pela materialidade das coisas. O século XX terá sido um século de grande de- P 26
  • 5. senvolvimento científico e tecnológico, mas ao mesmo tempo de grande desenvolvimento da paixão material. Para que o homem se comple- te, faz falta perspetivar-se espiritualmente. É preciso perceber que somos este corpo físico [apalpa as pernas e os braços] e um ser espiri- tual aqui de passagem pela terra, que é gestor desse corpo. Já existem estudos verdadeiramente credí- veis, aplicando o velho método científico, que estudem com rigor os fenómenos da espiritua- lidade? Sim, sem dúvida. Hoje há muitas universidades europeias e sobretudo norte-americanas onde são desenvolvidos estudos sob o rigor do méto- do científico, por gente doutorada e com gran- de capacidade. Só que, é preciso dizê-lo, na maioria dos casos os resultados destes estudos não são ainda suficientemente fortes e sobretu- do,reprodutíveis, paraserem aceites pelacomu- nidade científica em geral como definitivos, co- mo dados absolutos. Parece-me que, pelo lado dos investigadores da área da parapsicologia, não tem havido um cuidado de fazerem as coi- sas de acordo com as regras. De forma irrepreensível e inquestionável? Sim, de fazerem ascoisas com persistência e pa- ciêncianaprocura daverdade deforma a conse- guirem dar provas inquestionáveis. Por vezes facilitam, por vezes tomam atitudes de fé. Acho que a atitude verdadeiramente científica é não se partir do princípio que algo é azul ou amare- lo. É preciso levantar o véu da ignorância e ver o que está lá por baixo, sem partir de pressupos- tos que diluam o rigor científico. Por outro lado, os cientistas clássicos têm uma atitude de supe- rioridade em relação à parapsicologia, que lhes exigem mais rigor do que a todas as outras áreas. É preciso não esquecer que a verdade científica tem evoluído ao longo dos tempos. A verdade é afinal um conceito volátil. Aquilo que no século XV se dizia que era a ver- dade científica última e definitiva, afinal no XVI e no XVII provou-se que não era bem assim. Veja a ciência médica que eu estudei há quaren- ta e tal anos... Hoje grande parte das coisas fo- ram postas em questão e estão ultrapassadas. Na parapsicologia, todos querem a verdade CRÍTICO DIZ QUE OS INVESTIGADORES DA PARAPSICOLOGIA NÃO TÊM TIDO O CUIDADO DE FAZER AS COISAS COM PERSISTÊNCIA E PACIÊNCIA DE FOR- MA A CONSEGUIREM PROVAS INQUESTIO- NÁVEIS. “POR VEZES FACILITAM, POR VEZES TOMAM ATITU- DES DE FÉ”, AFIRMA 27 REVISTA 15/JUN/13
  • 6. última e definitiva — há uma grande exigên- cia. A meu ver os investigadores destas áreas não têm tido a paciência, a persistência e o ri- gor de fazerem as coisas como deve de ser. E também não tem existido um trabalho em re- de de conjugação de esforços — e neste campo que a Fundação Bial pode ter dado algum con- tributo com o seu apoio. Pôr a falar os cientis- tas mais conservadores, da psicofisiologia e das neurociências, e os mais atrevidos da pa- rapsicologia. O povo diz que da discussão nas- ce a luz, e eu penso que os conhecimentos na área da espiritualidade não vão ser encontra- dos por este ramo da ciência ou aquele, prova- velmente vão ser encontrados pelo esforço conjugado de gente da parapsicologia, das neu- rociências, da medicina, da física, da filosofia — dos mais diversos ramos do saber que conju- guem esforços para levantar o véu da ignorân- cia. Neste livro, mais do que dar uma perspeti- va pessoal — que eu acabo por assumir —, que- ria sobretudo fazer um levantamento do que é que ao longo dos séculos as pessoas foram pen- sando, e o que é que se tem estado a investigar. É uma coisa que eu penso que em Portugal não estava feita, e não sei se estará feita em Ingla- terra ou nos Estados Unidos. Eu não conheço. As referências bibliográficas que dou no final não são referências de um ou dois anos, são conhecimentos adquiridos de uma vida. Teve uma educação católica? Como é que foi moldado o seu percurso espiritual? Sim, só que desde miúdo tive dúvidas existen- ciais. Recordo que estava na catequese, a prepa- rar a comunhão solene, e uma das minhas cate- quistas era uma freira muito fechada e conser- vadora. Ouvia aquelas coisas e aquilo fazia-me grande confusão. Uma vez ela disse que quem não seguisse a verdade de Jesus ficariacondena- do às agruras do inferno. Havia uns miúdos mais vivaços, e um deles mais atrevido — que não seria o meu caso, sempre fui muito recata- do — questionou-a: “Ohirmã, e entãoos chinesi- nhos, para onde é que eles vão se não conhe- cem Jesus?” E ela do alto da sua sabedoria, disse prontamente:“Serão todos condenados às agru- ras do inferno!” Aquilo era intragável para mim! A virgindade de Maria era outra coisa in- compreensível. Inventou-se isso para valorizar a mãe de Jesus. Mas para ser uma mulher exce- cional, mãe de um ser excecional, não precisa- va nada de ser virgem. Foram pequenas coisas que eu fui anotando, e aos 12 anos pedi licença à minha mãe para deixar de ir à missa. E a minha mãe lá deixou. Não me considero religioso, por- que não estou filiado em nenhum agrupamen- to nem sigo uma doutrina. Tenho uma enorme satisfação em me sentir um livre pensador. Não sente necessidade de se aliar a um grupo de pessoas e participar num culto? Não, nenhuma. Mas tenho a maior admiração por grandes figuras da humanidade. Tenho uma enorme admiração por Jesus, que não te- nho dúvidas que foi um ser absolutamente fan- tástico, mas também por Buda ou Lao Tsé. Foram sobretudo grandes mestres? Sim. Não me importo nada se me disserem que soucristão. Mas tambémnão me importo se dis- serem que sou budista. O que não sinto é neces- sidade de seguir práticas e rituais, ritos e tabus que na minha opinião não fazem falta nem fo- ram implantados pelos mestres. O que admiro nosmestres é as mensagens radiosas deesclare- cimento que deixaram. Por duas ou três vezes no livro faz uma crítica ao materialismo dos seguidores e das igrejas, que se aplicam na perfeição à Igreja Católica. Respeito profundamente todas as religiões. Mas choca-me que esses mestres, que foram de uma simplicidade fantástica, tenham seguido- res que se preocupem em acumular riqueza em tornodessas agregações religiosas. Jesus ensina- va ao ar livre. E os seus seguidores foram criar templos e embelezá-los, puseram ouro no tem- plo.O que Jesus parecia abominar, os seus segui- dores foram fazer. Não é só a Igreja Católica, mas as dezenasque sedizem seguidoras deCris- to. Tenho pena que não assumam a mensagem do mestre, e se entretenham com coisas late- rais e que afastam as pessoas do essencial. O Papa Francisco no seu pouco tempo de papado já fez mais pela Igreja Católica do que anos dos papados anteriores, com a sua mensagem e exemplo de simplicidade. DICOTOMIA CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE NÃO TÊM DE ANDAR AFASTADAS. “HÁ INÚMEROS CIENTISTAS DE VALOR QUE SEGUEM DOUTRINAS RELIGIO- SAS COM FERVOR. AS PESSOAS SÃO AS MESMAS!” 28 REVISTA 15/JUN/13
  • 7. Não o conheço, não sei do que ele vai ser capaz. Mas fiquei muito satisfeito quando nos primei- ros dias do seu papado vi os seus velhos ténis pretos por baixo das vestes. É essencial regres- sar à simplicidade. E se todas as religiões se con- centrassem no caminho da verdade, provavel- mente iam encontrar-se todas num ponto co- mum. Nessa altura não seria preciso haver reli- giões, haveria uma só. A verdade total e definiti- va existe, é o absoluto. Mas na essência das várias religiões, é muito mais o que as une do que as separa. Exatamente. É pena que se entretenham com o que as afasta e não com o que as une. Diz-se um livre pensador, um espiritualista. Mas é também um crente. Em que é que acredita verdadeiramente? Não, não me considero um crente. Eu acredito na verdade científica, no rigordo método cientí- fico. Não me sinto um homem de fé, mas um homem de convicções. O homem de fé é aquele que ajoelha a pedir favores a uma entidade divi- na, e eu entendo que isso não faz falta. Entendo que nos devemos concentrar num caminho de aperfeiçoamento, com grande esforço pessoal e coletivo, criando condições para que as coisas aconteçam. Ao longo da minha vida tive conhe- cimento de uma série de fenómenos. Negá-los seria muito pouco inteligente. Tive oportunida- dede conversar com padres,professores univer- sitários, ministros, presidentes da República — as mais diversas pessoas — que me contaram histórias incríveis. “Comigo também aconteceu isto e aquilo, mas você não diga nada!” Mas, qual é a sua convicção? Tenho uma convicção muito forte da existência da alma, do espírito, e que a nossa passagem pela terra é uma mera passagem. Acredito que existimos antes e continuamos a existir depois. E gostaria muito que essa convicção pudesse ser confirmada por um estudo científico. Ainda não foi até agora. A ciência oficial ainda não aceitou. A parapsico- logia neste momento não é considerada ainda uma ciência, mas uma disciplina científica. To- da esta temática encontra-se num ponto de vi- ragem. O pós-título do seu livro é “Da Evidência à Ciência”. Que evidências há em relação à existência da alma e do espírito? Acho que a maior evidência está em cada um de nós. Se cada pessoa conseguir desprender- -se na materialidade das coisas, relaxar e medi- tar, encontra-se a si própria. Percebe que é algo que existia antes e que vai existir depois. Tam- bém existe a metodologia científica que procu- ra evidenciar as coisas e neste campo há um conjunto de trabalhos feitos ao longo das últi- mas décadas que o evidenciam. Estudos feitos até com animais que evidenciam uma determi- nada força que não se percebe nem está estuda- da dentro da ciência tradicional. Como é que um coelho esfomeado colocado num quadrado com umrobô com uma cenouraem cima conse- gue que aquele robô que anda aleatoriamente não ande do outro lado do quadrado, mas ape- nas no sítio onde está o coelho? Que força é esta? Como é que as pessoas que fazem transco- municação instrumental [comunicação com os mortos] fazem gravação de vozes que não são emitidas por seres humanos? Quem é que as emite? Estão gravadas fidedignamente, esses es- tudos estão feitos e publicados. Claro que algu- mas pessoas dirão que isso não foi feito com todo o rigor, mas alguns destes estudos já são feitos com o mesmo rigor que são feitas as gra- vações de vozes pelo FBI e pelas polícias de in- vestigação europeias que são apresentadas co- mo prova em tribunal. Se esse é o rigor que se aceita em tribunal, porque não aceitá-lo tam- bém em termos de investigação nesta área? O homem não é apenas cinza, pó e nada? As pessoas devem fazer o seu caminho e pre- senciar-se perante ouniverso. Não estou a suge- rir que o façam de forma mística — mas hones- ta, simples e rigorosa. Aprender honestamente, mas não no sentido místico — ir para aqui e para acolá ser enganado por pessoas que se di- zem portadores da verdade em troco de dinhei- ros. Nunca foi o meu caminho, e sempre tive o maior cuidado em não me misturar com essas aventuras. Mas vamos à essência dos vários conceitos que aborda. No princípio está o quê? Que entidade criadora é essa em que acredita, que não é o tal Deus de barbas brancas com o filho preferido sentado à sua direita? Nisso não acredito de todo, já aos 9 ou 10 anos me custava a entrar! (risos) Se Jesus é muito bom, é pelo seu valor intrínseco, porque conse- guia controlar o seu pensamento, palavras e atos e dirigi-los em seu benefício e em benefício de todos os outros. Acredito profundamente no Jesus histórico, mas não no Jesus religioso. Acre- dito profundamente na existência de uma enti- dade criadora de todas as coisas. Uns chamam Deus e outros chamam outras coisas — eu não utilizo a palavra Deus porque acho que está muito conspurcada, prefiro referir-me ao Todo, ao Absoluto. Se o universo existe, alguém o criou,acredito na existência dessa entidade uni- versal. E acredito que essa entidade universal tem características espelhadas em cada um de nós. O macro está espelhado no micro. E vice-versa? Sim, acho que cada um de nós tem característi- cas para abraçar o Todo. Andamos todos a cor- rer para ver um jogo de futebol, para fazer di- nheiro, para as empresas se valorizarem na bol- sa... Se um dia pararmos e nos perguntarmos para que é que isso serve, se calhar temos uma desilusão muito grande. É evidente que é uma perspetiva utópica todos pararmos e fazermos isso, mas é boni- to. Seria ideal. Se pelo menos alguns começarem a parar... (risos). Um dos conceitos que fala é a vida além da morte. Vai sair agora em português um best- seller nesta matéria: “Uma Prova do Céu” (editora Lua de Papel), de Eben Alexander. Ele era um neurocirurgião agnóstico, um professor universitário, investigador concei- tuado, e que teve uma experiência de quase morte que lhe mudou a vida. Acredita que esteve ‘do outro lado’ e voltou. Conheço a história, é um relato impressionante. É mais uma! Mais cedo ou mais tarde acredito que as pessoas começarão a ter algum respeito por estas histórias. A primeira reação é sempre “Ah, e tal, fantasias! Lá está mais um que so- nhou aquilo...” Na bibliografia que eu apresento falo de uma série de casos desses, de pessoas que tiveram os seus momentos. No final ele acrescenta um apêndice com nove hipóteses neurocientíficas para tentar explicar o que lhe sucedeu. Afastou-as a todas, para concluir que foi algo não tratado pela ciência tradicional. Há muita gente que na sua vida passou por si- tuações espetaculares, mas que não são conhe- cidas. O cantor Charles Aznavour foi uma das primeiraspessoas conhecidas a contar com por- menor o que se passou com ele. Teve um aci- dentee foi dado como morto umas horas. E con- tou como viu tudo fora do corpo. Uma das teses que aborda é a reencarnação. Defende que vivemos num mundo escola. TENHO UMA CONVICÇÃO MUITO FORTE DA EXISTÊNCIA DA ALMA, DO ESPÍRITO, E QUE A NOSSA PASSAGEM PELA TERRA É UMA MERA PASSAGEM 29 REVISTA 15/JUN/13
  • 8. O nosso caminho é uma trajetória de aperfei- çoamento. Acredito que possamos vir a um mundo que nos proporciona experiências mui- to diversas onde vimos para aprender. Para es- tarmos em contacto com pessoas que sabem muito e aprendermos com elas, mas também com outras que são ainda muito ‘brutinhas’, com quem estamos em confronto. E assim aprendermos a tolerá-las e aprendermos, con- tornando estas situações mais difíceis, a seguir- mos o nosso caminho e a ensinar-lhes com o nosso exemplo. Seria muito limitativo virmos à terra uma vez só, e virmos uns ricos e outros pobres, uns bonitos e outros feios... Faz muito mais sentido cada um de nós poder escolher como vem e aprender com a experiência. Na essência dessa tese está um conceito de bondade, justiça e equilíbrio que o mundo não espelha. Parto do princípio que estamos a fazer uma tra- jetória ascendente, que parte do mau até aoinfi- nitamente bom. E que se aplica a toda a humanidade? Vamos sendo melhores? Não se aplica a toda a humanidade, mas sim a todo o Universo... Não sabemos o que vem a se- guir. São conjeturas. São conceitos difíceis de apreender. Mais fácil é perceber fenómenos como a telepatia. Que evidências há acerca deste conceito? Muitacoisa. Estar a pensar em alguém e ela apa- recer, tocar o telefone e ser aquela pessoa… acontece com a generalidade das pessoas. Mas mais do que isso, há experiência dos testes fei- tos. Há hoje saciedade de provas da existência da transmissão de pensamento. São experiên- cias feitas em ambiente de laboratório da forma mais rigorosa. Pessoas que focam o seu pensa- mento noutras e elas são capazes de dizer o que a outra está a fazer ou a pensar... Ou que coloca- das a fazer uma redação sobre um tema ou a ver imagens em sítios completamente separa- dos, escolhem o mesmo tema ou referem as mesmas imagens. O número de vezes que isso acontece é estatisticamente muito significativo. Está demonstrado em literatura variada. E o sexto sentido, a intuição? Se há alguma transmissão, é natural que cada um de nós seja simultaneamente um emissor e um recetor de pensamentos. Se calhar uns com mais capacidade para emitir ou para rece- ber. Se temos capacidade para receber, é natu- ral que possamos ser intuídos, positiva e nega- tivamente. É preciso aprender a jogar com is- so. E é preciso que cada um desenvolva o seu próprio esforço para pensar e falar de forma positiva, e assim criar condições positivas no seu pensamento por forma a atrair as coisas que são positivas. Quem pensar negativamen- te e atuar negativamente, criará condições pa- ra atrair aquilo que é negativo. Na espirituali- dade, a regra é essa: os sinais iguais atraem-se, os diferentes repelem-se. Ao contrário do que acontece na física, no magnetismo? É o que alguns investigadores têm procurado demonstrar. Mas acho que o cidadão comum, se quiser, consegue perceber isso na sua vida. Essa ideia do otimismo e do pessimismo, da atitude positiva ou negativa, serem condicio- nantes para o futuro de cada um de nós não é um conceito novo. Mas é novo ver um médico a falar sobre isso. E como é que um médico e homem da ciência, que esteve toda a vida ligado às farmacêuticas, vê as terapias e curas alternativas? Imposição das mãos, canalização de energias, reiki? Admito que há determinado tipo de energias que ainda não são conhecidas pelo ser humano. E admito que à medida que forem conhecidas vamos aprender a lidar melhor com elas. Não posso negar que o reiki existe. Já assisti a situa- ções em que houve determinada evolução pro- vocada pela colocação das mãos. Não posso é, a partir daí, dizer que acredito em todas as medi- cinas alternativas. Admito que existam algu- mascoisas boas que vale a pena cultivar, desbra- var e perceber o que são, mas admito que há também muita fantasia e muita coisa que sim- plesmente não presta. Mais uma vez digo que a ciência oficial deveria arregaçar as mangas e demonstrar o que é verdade e o que é mentira, estudar e tentar perceber. Mas a ciência oficial está ligada aos interes- ses económicos, é patrocinada por eles. E muitas destas curas alternativas são simples, baratas, acessíveis. Não interessaria que fossem conhecidas. A ciência oficial está distraída com a materiali- dade das coisas... De facto algumas destas coisas são muito simples, e na simplicidade está um caminho melhor do que na complexidade. É muito irreverente um dono de uma farma- cêutica dizer uma coisa dessas. Eu fiz o meu caminho como empresário, procu- rando servir os interesses de saúde das pessoas o melhor que aquele conjunto de técnicos e aquela instituição onde eu trabalho há 40 anos conseguissem. A humanidade no último século criou condições para viver muito mais e muito melhor graças, sobretudo, ao trabalho da inves- tigação médica e da investigação farmacológi- ca. Hoje em dia, a esperança média de vida na Europa é o dobro do que era há 100 anos. É uma área do saber que proporcionou à humanidade uma evolução fantástica. Tenho o maior respei- to por isso. O que não quer dizer que não tenha respeito por outros caminhos. Acho que seria tolice não o ter. E quem parte dos seus pressupostos também acredita que existe vida noutros planetas. Percebermos que o planeta Terra é um grão de areia ínfimo no universo e termos a petulância de imaginar que somos os únicos seres vivos nesse universo todo... acho que é uma coisa dis- paratada! Admito que haja outros locais onde existem seres espirituais em evolução. Agora se têm um corpofísico comonós temos euma civi- lização organizadacomo temos na Terra, prova- velmente não. Ou se calhar há... O que é para si a sua maior conquista? Como gostaria de ser lembrado? Acho que não tenho grandes conquistas. Gosta- ria de poder ser capaz de manter o meu pensa- mento permanentemente positivo, ligado ao que há de mais superior e por via disso, as mi- nhas palavras e os meus atos serem o mais po- sitivo, construtivo possível. Mas esse é um ca- minho de aprendizagem que eu estou a fazer, não o consegui ainda. Gostaria de ser lembra- do pelos meus familiares e amigos, como um tipo que honestamente procurou fazer esse ca- minho. Procurou aprender. A Bial, as conquistas da empresa e o facto de ter sido um marco histórico na indústria farmacológica em Portugal não interessam nada no seu percurso? São momentos que a história apaga, mais cedo ou mais tarde. E não teme a morte, imagino. Mas porquê temer? É um mudar de capítulo. Ou quanto muito, de livro. “Tenho de estar disposto de abdicar do que sou para me tornar no que serei”, já dizia o cientista Einstein. Einstein era genial. Não sei sequer se é abdicar. As coisas são mesmo nossas? O que é nosso? R revista@expresso.impresa.pt HÁ HOJE SACIEDADE DE PROVAS DA EXISTÊNCIA DA TELEPATIA. SÃO EXPERIÊNCIAS FEITAS EM AMBIENTE DE LABORATÓRIO DA FORMA MAIS RIGOROSA 30 REVISTA 15/JUN/13