O documento discute a nefropatia diabética, incluindo fatores de risco, métodos de detecção de microalbuminuria, importância do controle glicêmico e pressão arterial na prevenção da doença renal, e benefícios do uso de IECAs e dieta hipoproteica.
Nefropatia diabética: fatores de risco, diagnóstico e tratamento
1. Nefropatia
Extraído do Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
Bianca Lazarini Forreque
UFF
2011
2. Diabético jovem, recém-diagnosticado deve fazer
screening para nefropatia?
Pacientes diabéticos jovens, em seguimento médio de 9 anos apresentam
sinais de nefropatia diabética.
Diabetes tipo 2 apresenta risco aumentado de envolvimento renal.
Fatores de risco para o aparecimento da microalbuminúria:
Inadequado controle da hemoglobina glicosilada
Hipertensão arterial
Diabetes tipo 2
3. Microalbuminúria e Nefropatia diabética
Somente 6% dos pacientes com microalbuminúria positiva progridem para
nefropatia diabética, ao passo que 17% dos pacientes sem microalbuminúria
desenvolvem nefropatia diabética.
Valor preditivo positivo da microalbuminúria como marcador para
nefropatia diabética: 43%
Valor preditivo negativo: 77%
A microalbuminúria não é um marcador, sensível e específico, preditor de
nefropatia diabética.
4. Qual a coleta de urina mais adequada para a
pesquisa da microalbuminúria?
Dois métodos diferentes:
Análise da razão albumina/creatinina (A/C)
Excreção de albumina noturna (EUA)
Valores considerados de referência:
Amostra matinal (A/C) = 30 mg/g creatinina
Amostra noturna (EUA) = entre 20 e 200 ㎍/min
Urina estéril e ausência de atividade física são importantes para a
acurácia do exame.
5. Biópsia Renal
Glomerulopatia Diabética é a lesão renal mais comum em diabéticos tipo 2
com proteinúria.
Critérios para biópsia renal:
microhematúria
e/ou ausência de retinopatia diabética
e/ou disfunção renal atípica
e/ou anormalidades imunológicas.
GD em 74% dos casos sem retinopatia
GD em 78% dos casos com microhematúria
GD em 67% dos casos com microhematúria sem retinopatia
GD em 100% dos casos com retinopatia
6. Microalbuminúria ou macroalbuminúria em relação
à HAS, doença cardiovascular ou retinopatia:
Estudo de seguimento de 320 pacientes diabéticos tipo 2, por 5 anos, com
15% deles apresentando microalbuminúria e 4,8% apresentando
macroalbuminúria.
Os resultados deste estudo demonstraram que a macroalbuminúria está
independentemente relacionada à presença de retinopatia e doença
cardiovascular.
Sabe-se que a Excreção urinária de albumina (EUA) pode ser mais que apenas
um indicador de doença renal, mas também reflete o dano vascular
generalizado nestes pacientes.
7. O controle da glicemia tem importância na
prevenção ou na progressão da nefropatia?
A insulinoterapia intensiva reduz a ocorrência de microalbuminúria em 39%
e de albuminúria em 54% dos casos, em relação à terapia convencional.
Principal efeito adverso à insulinoterapia intensiva: hipoglicemia grave.
8. Existe benefício no uso de Inibidores da Enzima
Conversora de Angiotensina (IECA)?
O tratamento com IECA promove uma significante redução na taxa de
excreção de albumina, tanto nos diabéticos do tipo 1 quanto do tipo 2,
normotensos com microalbuminúria.
Uso de captopril, enalapril ou lisinopril.
Não está definido se esta redução retarda a evolução de doença renal inicial
para insuficiência renal.
9. A instituição de uma dieta hipoprotéica é benéfica
na prevenção de Doença renal terminal?
Em geral, uma dieta restritiva protéica (0.3 - 0.8 g/kg) parece retardar a
progressão da nefropatia diabética para falência renal.
Os estudos avaliaram apenas pacientes insulino-dependentes.
10. No paciente diabético tipo 2, o uso de medicamento no
controle da PA tem benefício na prevenção e progressão
da nefropatia diabética?
Estudo compara uso de β-bloqueador (atenolol) e IECA (captopril).
Ambos foram igualmente efetivos na redução da pressão sangüínea para uma
média de 144/83mmHg e 143/81mmHg.
Conclui-se que o benefício aos pacientes está mais relacionado à redução
obtida dos níveis pressóricos, do que ao tipo de tratamento.
Estudos comparando classes de drogas não definem a superioridade de um
agente específico.