SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 3
Descargar para leer sin conexión
6 | debate hoje
O
suicídio constitui uma importante questão de saúde
pública no mundo inteiro. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) estima que, até 2020, mais de 1,5 milhões
de pessoas irão cometer suicídio por ano. O número de
suicídios no mundo cresceu em 60% nos últimos anos
- cerca de três mil pessoas se suicidam por dia e 60 mil tentam,
mas não conseguem. Este número representa quase 50% do total
de mortes violentas. No ano 2000, 14,5 mortes por 100 mil ha-
bitantes (uma morte a cada 40 segundos) ocorreram no mundo.
Atualmente, nos Estados Unidos, para cada homicídio há dois sui-
cídios (cerca de 18 mil e 34 mil por ano, respectivamente). Em
2001, o suicídio foi a 11ª causa de morte entre todas as idades
nos Estados Unidos, com uma taxa de 10,8 suicídios por 100 mil
habitantes. E a terceira causa de morte entre 15-24 anos e a se-
gunda entre 25-34 anos.
O Brasil ocupa a 67ª posição em uma classificação mundial em
taxa de suicídio. No entanto, em números absolutos, o Brasil está
entre os 10 países com mais suicídios. No Brasil, cerca de 25
pessoas se matam por dia, fazendo do país o 11º colocado no
ranking mundial de suicídios. No Brasil, a taxa de homicídios (25
por cem mil habitantes) supera a de suicídios (6 por cem mil
habitantes), mas a distância entre as duas taxas tem se reduzido
progressivamente. A taxa de suicídio no Brasil tem se elevado nos
últimos anos, mais ainda entre os jovens com idades entre 15 e 24
anos, passando de 4,0 por 100 mil habitantes em 2000 para 4,7
em 2005. Ha subnotificação e o difícil reconhecimento do suicídio
em nosso país em relação, por exemplo, aos acidentes (ocorrên-
cia deveria ser a correta denominação) de trânsitos e quedas.
Preconceitos de natureza religiosa, cultural e social infelizmente
impedem o correto dimensionamento do problema.
Entre 1980 e 2006, um total de 158.952 casos de suicídio foi ob-
servado no Brasil. O índice total de suicídio cresceu de 4,4 para 5,7
mortes por 100 mil habitantes (29,5%). Os índices mais altos de
suicídio foram registrados nas regiões Sul (9,3) e Centro-Oeste (6,1).
Os homens são os que têm a maior probabilidade de cometer suicídio.
Os índices mais altos de suicídio foram registrados na faixa etária de
70 anos ou mais, enquanto que os maiores aumentos aconteceram
na faixa etária dos 20 aos 59 anos. As taxas de suicídio cresceram
mais entre os indivíduos com idades entre 20 e 59 anos (30%) do que
entre aqueles com idade maior que 60 anos (19%). Para os que têm
75 anos ou mais, o índice passa dos 15/100 mil . A taxa de suicídio
mais baixa foi observada no grupo com idades entre 10-14 e 15-19,
com um crescimento de 20% e 30%, respectivamente.
DimensãodoProblemaeoqueFazer
Suicídio
Artigo
Suicídio – Dimensão do Problema e o que Fazer
No período de 2000 a 2008, houve 73.261 óbitos por suicídios
no Brasil: 57.937 homens e 15.324 mulheres, o que significa 22
mortes por dia. No mesmo período, houve 435.069 óbitos por
homicídios, 132 por dia, resultando em 5,9 pessoas mortas por
homicídios para cada uma que tenta suicídio (6,9 entre os ho-
mens e 2,3 entre as mulheres).
No Brasil, 43 crianças de 0-9 anos entre 2000 e 2008 (média
anual de cinco) morreram por suicídio, o que corresponde a 0,1%
do total de mortes por essa causa. O enforcamento foi a forma
utilizada por 80% dos meninos. As meninas utilizaram preferen-
cialmente intoxicação medicamentosa, objetos cortantes e afo-
gamento. No mesmo período, morreram 6.574 adolescentes de
10-19 anos por suicídio. Em média, anualmente, 730 adolescentes
morrem por suicídio. A taxa nos anos 2000 a 2008 foi, em média,
de 2/100 mil, 9% do total de todos os suicídios que ocorreram
no país. Entre 2000-2008 morreram 17.557 adultos jovens (20-
29 anos) e 38.449 pessoas entre 30-59 anos em decorrência de
suicídio. A taxa média encontrada entre os adolescentes (2/100
mil) salta para 6/100 mil entre adultos jovens e 6,8/100 mil en-
tre adultos com mais idade. O impacto da mortalidade se eleva
com o aumento da idade: 24% do total de mortes por suicídio
ocorreram na faixa mais jovem e 52,6% entre pessoas de 30-59
anos. O número de idosos que se suicidaram foi de 10.434 neste
período. As taxas oscilam em torno de 7/100 mil habitantes (pico
de 8,2/100 mil em 2005). Os idosos possuem as mais elevadas
taxas de mortalidade por suicídio comparando-se a outras faixas
etárias, e são responsáveis por 14,3% do total de óbitos. Em todo
o mundo, a taxa de suicídio é mais alta entre os indivíduos mais
velhos do que entre os mais jovens; contudo, esta tendência vem
se alterando em escala mundial desde os anos 90.
O suicídio é um fenômeno que não depende de uma única cau-
sa. Há uma combinação de fatores – biológicos, psicológicos e
sociais. Entre as principais causas psiquiátricas preveníeis está
a depressão, transtorno bipolar, a esquizofrenia e o alcoolismo.
Indivíduos com dois transtornos mentais têm um risco de tentar o
suicídio 3,5 vezes mais alto do que aqueles que não têm nenhum
transtorno. Embora os transtornos mentais estejam associados a
mais de 90% de todos os casos de suicídio, o suicídio pode ser
resultado de muitos fatores culturais e sociais muito complexos.
O suicídio é mais provável durante os períodos de crises socioeco-
nômicas, familiares e crises individuais, por exemplo, a perda de
relacionamento afetivo.
O suicídio afeta todo mundo, sem distinção. Acredita-se que o
meio cultural influencie as taxas de suicídio. Altos níveis de coe-
debate hoje | 7
são social e nacional reduzem as taxas de suicídio. Essas são mais
elevadas junto às pessoas aposentadas, desempregadas, divorcia-
das, sem filhos, urbanas, vivendo sozinhas. As seguintes caracte-
rísticas foram predominantes nos casos analisados (1980-2006):
homens (77,3%), idade entre 20 e 29 (34,2%), sem companheiro/
companheira (44,8%) e ter tido pouca educação formal (38,2%).
Em relação às características epidemiológicas, a própria casa foi o
lugar de suicídio mais predominante (51%), seguido pelo suicídio
em hospital (26,1%).
Os seguintes métodos foram mais usados para o suicídio no perí-
odo 1980-2006: enforcamento (47,2%), armas de fogo (18,7%),
outros métodos (14,4%) e envenenamento (14,3%). Quando o
envenenamento foi o método de suicídio utilizado, 41,5% come-
teram suicídio usando pesticidas e 18% usando medicamentos.
Em relação ao número total de mortes ocorridas em casa, 64,5%
foram causadas por enforcamento e 17,8% por armas de fogo.
Por outro lado, de todas as mortes por envenenamento, 37,1%
aconteceram no hospital e apenas 5,8% em casa. Nas ruas ou
áreas públicas, a maioria das mortes envolveu o uso de armas de
fogo (24,7%).
As regiões que apresentaram as taxas de suicídio mais baixas fo-
ram a região Nordeste, com uma média de 2,7, e a região Norte,
com uma média de 3,4. No entanto, os maiores aumentos foram
vistos na região Nordeste, que experimentou um incremento de
130%, e na região Centro-Oeste, com um aumento de 68% entre
1980 a 2006.
As taxas médias mais altas entre as capitais foram Boa Vista (7,6),
Porto Alegre (7,3) e Florianópolis (6,5). As capitais com as taxas
médias mais baixas foram Salvador (1,2) e Rio de Janeiro (2,4).
A Bahia tem a menor taxa de suicídio do Brasil – 1,8 para cada
100 mil habitantes. Entretanto, registra-se em torno de 100 a
120 novos casos de tentativa de suicídio por mês naquele Estado.
Embora Rio de Janeiro e Salvador tenham as mais baixas taxas de
suicídio, relatam taxas de homicídio que estão entre as mais altas
do Brasil (38,1 e 42,3 por 100 mil habitantes, respectivamente).
Os pesquisadores têm discutido a possibilidade da existência de
conexões inversamente proporcionais entre homicídio e suicídio.
A tentativa de suicídio é mais frequente entre as mulheres, no
entanto, os homens conseguem um índice maior de morte por
utilizarem métodos mais agressivos, como armas de fogo ou en-
forcamento, enquanto as mulheres utilizam de meios como remé-
dios ou veneno.
Os homens apresentaram taxas de mortalidade por suicídio mais
altas em todas as regiões, particularmente na região Sul, com
uma média de 11,7, e na região Centro- Oeste, com uma média de
7,1. A menor taxa de mortalidade por suicídio entre os homens foi
encontrada na região Nordeste, com uma média de 3,3. Contudo,
homens do Nordeste experimentaram o maior aumento (190%)
durante o período do estudo. As mulheres apresentaram as maio-
res taxas médias na região Sul, a saber, 3,2.
Na maioria das regiões, os métodos de suicídio mais comumente
utilizados foram o enforcamento, armas de fogo e envenenamen-
to, enquanto que na região Nordeste enforcamento (48,8%), en-
venenamento (18,2%) e armas de fogo (16,9%) foram os métodos
de suicídio predominantes. No Sudeste, enforcamento (39,6%),
outros métodos (24,2%) e armas de fogo (16,5%) predomina-
ram. Nos casos de suicídio por envenenamento, destacou-se o
uso de pesticidas, particularmente nas regiões Sudeste (29,7%),
Sul (28,6%) e Nordeste (19,8%). As maiores taxas de suicídio
com uso de medicamentos foram encontradas nas regiões Sudeste
(7%), Sul (4,1%) e Nordeste (3,7%). Os homens predominaram
em todos os métodos utilizados, com a exceção do uso de medi-
cação, no qual as mulheres registraram porcentagens mais altas
(48,6% x 51,4%).
Medidasaserem
tomadas
Em 1999, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou o Progra-
ma de Prevenção do Suicídio (Supre, em inglês), com o objetivo
de alertar o mundo sobre o problema do suicídio. Aqui no Brasil
ainda falta muito para um programa de prevenção de suicídio
integrado.
O treinamento de equipes especializadas em suicídio, bem como a
integração de todos os serviços – linhas de telefone, emergências,
ambulatórios especializados, Caps e outros serviços comunitários
–, deve ter a máxima urgência. Estão listadas abaixo algumas
medidas a serem tomadas.
Prevençãoprimária
1) Acesso à informação. A mídia, os serviços de saúde, a escola ,
bem como serviços comunitários, têm um papel fundamental em
qualquer programa de prevenção de suicídio. A escola pode ser
um instrumento na identificação precoce de indivíduos em risco
de suicídio.
2) Acesso a armas. Em 2005, suicídio por arma de fogo foi a
segunda causa de morte entre americanos abaixo de 40 anos.
Entre americanos de todas as idades, mais da metade de todos os
suicídios é provocada por armas de fogo. Em 2005, 46 americanos
por dia cometeram suicídio com armas de fogo. Existe uma enor-
me quantidade de evidências demonstrando que a posse de armas
de fogo aumenta substancialmente a probabilidade de suicídio.
Deste modo, métodos rígidos de controle na autorização de posse
de armas são necessários.
3) Álcool. O álcool esta intimamente correlacionado com violên-
cia hetero e auto dirigida. Devemos aumentar progressivamente o
controle sobre venda, incrementar impostos (e não como recen-
temente o Ceará fez ao reduzir o imposto cobrado para bebidas
quentes que serão exportadas para outros estados da Federação).
4) Chumbinho e pesticidas. O carbamato é uma das principais
formas de tentativa de suicídio no Brasil. Sua venda deve ser dis-
ciplinada para evitar que qualquer ponto comercial possa vendê-
lo sem qualquer controle. A Associação Brasileira de Psiquiatria
deve fazer uma campanha nacional para sensibilizar o congresso
sobre a urgência e necessidade de criar legislação a este respeito.
Fabio Souza
Professor Associado de Psiquiatria da Universidade Federal do Ceará; PhD
Universidade de Edinburgh; Coordenador do PRAVIDA (Projeto de Apoio à Vida)
8 | debate hoje
Prevençãosecundária
1) Diagnóstico precoce de transtornos psiquiátricos. Depressão,
transtorno bipolar, esquizofrenia e dependência alcoólica estão
extremamente associados ao suicídio, assim o diagnóstico e tra-
tamento precoce deverão diminuir de maneira importante a con-
sumação do suicídio.
2) Antidepressivos e suicídio. Na Finlândia, em 15.390 pacientes
acompanhados por 3,4 anos, houve uma redução do risco relativo
de mortalidade em pacientes que estavam tomando antidepres-
sivos (31% a 41%). Nos Estados Unidos, o aumento da taxa de
suicídio em jovens coincide com a redução da prescrição de anti-
depressivos nesta população. Deste modo, não devemos deixar de
tratar a depressão com todas as medidas adequadas.
3) Integração das linhas de socorro imediato com os serviços de
atendimento médico-psiquiátrico.
Prevençãoterciária
1) Tentativa anterior. Pessoas que tentaram suicídio constituem
um grupo de altíssimo risco em relação a cometerem suicídio em
uma tentativa posterior. Assim, em cada emergência médica, de-
veria haver uma equipe especializada em suicídio que faria o pri-
meiro atendimento, e em uma etapa posterior seria encaminhado
para um seguimento em um Caps ou ambulatório especializado.
Referências:■■ Lovisi GM, Santos SA, Legay L, Abelha Lucia A, Valen-
cia E Análise epidemiológica do suicídio no Brasil entre 1980
e 2006 Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(Supl II):S86-93
■■ Mann JJ, Apter A, Bertolote J, et al. Suicide prevention stra-
tegies: a systematic review. JAMA 2005;294:2064-2074
■■ Mello-Santos C, Bertolote JM, Wang Y. Epidemiology of suici-
de in Brazil (1980-2000): characterization of age and gender ra-
tes of suicide. Rev Bras Psiquiatr. 2005;27(2):131-4.
■■ Miller M, Hemenway D. The relationship between firearms and suici-
de: a review of the literature. Aggress Violent Behav 1999;4:59-75.
■■ Tiihonen J, Lönnqvist J, Wahlbeck K, Klaukka T, Tanskanen A, Haukka J Anti-
depressants and the Risk of Suicide, Attempted Suicide, and Overall Mortality
in a Nationwide Cohort Arch Gen Psychiatry. 2006 Dec;63(12):1358-67
■■ Wunderlich U, Bronisch T, Wittchen HU. Comorbidity pat-
terns in adolescents and young adults with suicide attempts.
Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 1998;95:248-87.
Artigo
Suicídio – Dimensão do Problema e o que Fazer
Fabio Souza
Professor Associado de Psiquiatria da Universidade Federal do Ceará; PhD
Universidade de Edinburgh; Coordenador do PRAVIDA (Projeto de Apoio à Vida)

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Apresentação sobre o suicídio
Apresentação   sobre o suicídioApresentação   sobre o suicídio
Apresentação sobre o suicídio
Tássia Oliveira
 
Slides semana do idoso
Slides semana do idosoSlides semana do idoso
Slides semana do idoso
Vânia Sampaio
 

La actualidad más candente (20)

As várias vertentes do suicídio
As várias vertentes do suicídioAs várias vertentes do suicídio
As várias vertentes do suicídio
 
Setembro amarelo
Setembro amareloSetembro amarelo
Setembro amarelo
 
Suicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenirSuicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenir
 
Guia prevencao suicidio
Guia prevencao suicidioGuia prevencao suicidio
Guia prevencao suicidio
 
Cartilha ENVOLVIMENTO PATERNO na gravidez, parto, amamentação
Cartilha ENVOLVIMENTO PATERNO na gravidez, parto, amamentaçãoCartilha ENVOLVIMENTO PATERNO na gravidez, parto, amamentação
Cartilha ENVOLVIMENTO PATERNO na gravidez, parto, amamentação
 
Prevenção de suicídio
Prevenção de suicídioPrevenção de suicídio
Prevenção de suicídio
 
Apresentação sobre o suicídio
Apresentação   sobre o suicídioApresentação   sobre o suicídio
Apresentação sobre o suicídio
 
Ana Pimentel
Ana PimentelAna Pimentel
Ana Pimentel
 
O que é envelhecer
O que é envelhecerO que é envelhecer
O que é envelhecer
 
Slides suicício (2)
Slides suicício (2)Slides suicício (2)
Slides suicício (2)
 
Apresentação Curso de Enfermagem
Apresentação Curso de EnfermagemApresentação Curso de Enfermagem
Apresentação Curso de Enfermagem
 
Slides semana do idoso
Slides semana do idosoSlides semana do idoso
Slides semana do idoso
 
Palestra Setembro Amarelo
Palestra Setembro AmareloPalestra Setembro Amarelo
Palestra Setembro Amarelo
 
Aula sobre aspectos psicológicos da gestação, parto e pós-parto - Giana Frizzo
Aula sobre aspectos psicológicos da gestação, parto e pós-parto - Giana FrizzoAula sobre aspectos psicológicos da gestação, parto e pós-parto - Giana Frizzo
Aula sobre aspectos psicológicos da gestação, parto e pós-parto - Giana Frizzo
 
Suicídio na Adolescência uma compreesão psicológica
Suicídio  na  Adolescência uma compreesão psicológicaSuicídio  na  Adolescência uma compreesão psicológica
Suicídio na Adolescência uma compreesão psicológica
 
Cartilha de prevencao_ao_suicidio
Cartilha de prevencao_ao_suicidioCartilha de prevencao_ao_suicidio
Cartilha de prevencao_ao_suicidio
 
CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...
CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...
CARTILHA_Precisamos_falar_sobre_o_suicidio-_orientacao_a_populacao_roraimense...
 
Palestra o suicidio
Palestra o suicidioPalestra o suicidio
Palestra o suicidio
 
Suicídio palestra cefa 7 dez 12
Suicídio   palestra cefa 7 dez 12Suicídio   palestra cefa 7 dez 12
Suicídio palestra cefa 7 dez 12
 
Qualidade De Vida Na Maturidade
Qualidade De Vida Na MaturidadeQualidade De Vida Na Maturidade
Qualidade De Vida Na Maturidade
 

Destacado

Pawayangan windu krama 1 ru partasuwanda
Pawayangan windu krama 1 ru partasuwandaPawayangan windu krama 1 ru partasuwanda
Pawayangan windu krama 1 ru partasuwanda
Pranowo Budi Sulistyo
 
Telophase poster
Telophase posterTelophase poster
Telophase poster
sbrakken
 
SECA2012-CE-BR-docsoficiais
SECA2012-CE-BR-docsoficiaisSECA2012-CE-BR-docsoficiais
SECA2012-CE-BR-docsoficiais
Francisco Luz
 
Bemara7em el rab oghany
Bemara7em el rab oghanyBemara7em el rab oghany
Bemara7em el rab oghany
At Minacenter
 
.تحويل العضلات إلى لحم
.تحويل العضلات إلى لحم.تحويل العضلات إلى لحم
.تحويل العضلات إلى لحم
Univ. of Tripoli
 
Informazioaren kudeaketa eduki sindikazioaren bidez
Informazioaren kudeaketa eduki sindikazioaren bidezInformazioaren kudeaketa eduki sindikazioaren bidez
Informazioaren kudeaketa eduki sindikazioaren bidez
Elurnet Informatika Zerbituzak
 
المصارف السويسرية تعيد حساباتها من جديد
المصارف السويسرية تعيد حساباتها من جديدالمصارف السويسرية تعيد حساباتها من جديد
المصارف السويسرية تعيد حساباتها من جديد
Zoulfikar Kobeissi
 
Pengurusan kurikulum pwer
Pengurusan kurikulum pwerPengurusan kurikulum pwer
Pengurusan kurikulum pwer
fazzz_liana
 
كيف تكتب تجربة
كيف تكتب تجربةكيف تكتب تجربة
كيف تكتب تجربة
myoon
 

Destacado (20)

قطار التقدم لعبد الكريم بكار
قطار التقدم لعبد الكريم بكارقطار التقدم لعبد الكريم بكار
قطار التقدم لعبد الكريم بكار
 
Pawayangan windu krama 1 ru partasuwanda
Pawayangan windu krama 1 ru partasuwandaPawayangan windu krama 1 ru partasuwanda
Pawayangan windu krama 1 ru partasuwanda
 
75
7575
75
 
Forlonge services
Forlonge servicesForlonge services
Forlonge services
 
عرض المجموعة الشمسية
عرض المجموعة الشمسيةعرض المجموعة الشمسية
عرض المجموعة الشمسية
 
Tnhp daniel garber
Tnhp daniel garberTnhp daniel garber
Tnhp daniel garber
 
الجَامِعُ الصَّحِيح الأَلبَانِي
الجَامِعُ الصَّحِيح  الأَلبَانِيالجَامِعُ الصَّحِيح  الأَلبَانِي
الجَامِعُ الصَّحِيح الأَلبَانِي
 
Games people play in organizations
Games people play in organizationsGames people play in organizations
Games people play in organizations
 
Web 2 0
Web 2 0Web 2 0
Web 2 0
 
Telophase poster
Telophase posterTelophase poster
Telophase poster
 
Session 40 Roger Nilsson
Session 40 Roger NilssonSession 40 Roger Nilsson
Session 40 Roger Nilsson
 
Webbutveckling Modell
Webbutveckling   ModellWebbutveckling   Modell
Webbutveckling Modell
 
SECA2012-CE-BR-docsoficiais
SECA2012-CE-BR-docsoficiaisSECA2012-CE-BR-docsoficiais
SECA2012-CE-BR-docsoficiais
 
Bemara7em el rab oghany
Bemara7em el rab oghanyBemara7em el rab oghany
Bemara7em el rab oghany
 
.تحويل العضلات إلى لحم
.تحويل العضلات إلى لحم.تحويل العضلات إلى لحم
.تحويل العضلات إلى لحم
 
Informazioaren kudeaketa eduki sindikazioaren bidez
Informazioaren kudeaketa eduki sindikazioaren bidezInformazioaren kudeaketa eduki sindikazioaren bidez
Informazioaren kudeaketa eduki sindikazioaren bidez
 
المصارف السويسرية تعيد حساباتها من جديد
المصارف السويسرية تعيد حساباتها من جديدالمصارف السويسرية تعيد حساباتها من جديد
المصارف السويسرية تعيد حساباتها من جديد
 
Pengurusan kurikulum pwer
Pengurusan kurikulum pwerPengurusan kurikulum pwer
Pengurusan kurikulum pwer
 
Involucrar en cambios
Involucrar en cambiosInvolucrar en cambios
Involucrar en cambios
 
كيف تكتب تجربة
كيف تكتب تجربةكيف تكتب تجربة
كيف تكتب تجربة
 

Similar a Suicídio - Dimensão do problema e o que fazer

Similar a Suicídio - Dimensão do problema e o que fazer (20)

Feminicidio.pptx
Feminicidio.pptxFeminicidio.pptx
Feminicidio.pptx
 
Causas para explicar a Violência Urbana
Causas para explicar a Violência UrbanaCausas para explicar a Violência Urbana
Causas para explicar a Violência Urbana
 
Mulher E Homem
Mulher E HomemMulher E Homem
Mulher E Homem
 
Dados da Violência Contra a Mulher (1)
Dados da Violência Contra a Mulher (1)Dados da Violência Contra a Mulher (1)
Dados da Violência Contra a Mulher (1)
 
Violência mundial
Violência mundialViolência mundial
Violência mundial
 
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdf
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdfSETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdf
SETEMBRO AMARELO - Prevenção ao suicídio.pdf
 
homicidios - saúde
homicidios - saúdehomicidios - saúde
homicidios - saúde
 
Risco de morrer INE
Risco de morrer INERisco de morrer INE
Risco de morrer INE
 
Suicídios
SuicídiosSuicídios
Suicídios
 
Juventude em marcha contra a violência dados oficiais
Juventude em marcha contra a violência   dados oficiaisJuventude em marcha contra a violência   dados oficiais
Juventude em marcha contra a violência dados oficiais
 
Estatísticas estupro e aborto
Estatísticas estupro e abortoEstatísticas estupro e aborto
Estatísticas estupro e aborto
 
Factos e mitos associados ao suicídio
Factos e mitos associados ao suicídioFactos e mitos associados ao suicídio
Factos e mitos associados ao suicídio
 
Violencia urbana
Violencia urbanaViolencia urbana
Violencia urbana
 
Violência contra crianças e adolescentes
Violência contra crianças e adolescentesViolência contra crianças e adolescentes
Violência contra crianças e adolescentes
 
Epidemiologia descritiva
Epidemiologia descritivaEpidemiologia descritiva
Epidemiologia descritiva
 
EM DEFESA DAS MULHERES CONTRA O FEMINICIDIO NO BRASIL E NO MUNDO
EM DEFESA DAS MULHERES CONTRA O FEMINICIDIO NO BRASIL E NO MUNDO   EM DEFESA DAS MULHERES CONTRA O FEMINICIDIO NO BRASIL E NO MUNDO
EM DEFESA DAS MULHERES CONTRA O FEMINICIDIO NO BRASIL E NO MUNDO
 
AULA 1 - PSICOLOGIA E RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS.pdf
AULA 1 - PSICOLOGIA E RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS.pdfAULA 1 - PSICOLOGIA E RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS.pdf
AULA 1 - PSICOLOGIA E RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS.pdf
 
Violencia
ViolenciaViolencia
Violencia
 
Violencia
ViolenciaViolencia
Violencia
 
Crise e Suicídio
Crise e SuicídioCrise e Suicídio
Crise e Suicídio
 

Más de Francisco Luz

Más de Francisco Luz (20)

03x-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, trans...
03x-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, trans...03x-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, trans...
03x-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, trans...
 
02-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, transi...
02-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, transi...02-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, transi...
02-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, transi...
 
01-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, transi...
01-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, transi...01-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, transi...
01-Gestores públicos do Ceará-BR com processos de contas desaprovadas, transi...
 
Normas de acessibilidade para observância em projetos financiados pela união
Normas de acessibilidade para observância em projetos financiados pela uniãoNormas de acessibilidade para observância em projetos financiados pela união
Normas de acessibilidade para observância em projetos financiados pela união
 
Mandado de segurança coletivo da Federação dos Trabalhadores no Serviço Públi...
Mandado de segurança coletivo da Federação dos Trabalhadores no Serviço Públi...Mandado de segurança coletivo da Federação dos Trabalhadores no Serviço Públi...
Mandado de segurança coletivo da Federação dos Trabalhadores no Serviço Públi...
 
Mandado de segurança do sindicato dos profissionais de Educação e Cultura de ...
Mandado de segurança do sindicato dos profissionais de Educação e Cultura de ...Mandado de segurança do sindicato dos profissionais de Educação e Cultura de ...
Mandado de segurança do sindicato dos profissionais de Educação e Cultura de ...
 
BR-Ceará, Paracuru--Justiça cassa mandato e diploma do vereador-presidente da...
BR-Ceará, Paracuru--Justiça cassa mandato e diploma do vereador-presidente da...BR-Ceará, Paracuru--Justiça cassa mandato e diploma do vereador-presidente da...
BR-Ceará, Paracuru--Justiça cassa mandato e diploma do vereador-presidente da...
 
Protocolo para viabilização e construção de empreendimento turístico em Parac...
Protocolo para viabilização e construção de empreendimento turístico em Parac...Protocolo para viabilização e construção de empreendimento turístico em Parac...
Protocolo para viabilização e construção de empreendimento turístico em Parac...
 
JUSTIÇA ELEITORAL CASSA VEREADORA ELEITA EM FORTALEZA QUE PRATICOU CRIMES DEN...
JUSTIÇA ELEITORAL CASSA VEREADORA ELEITA EM FORTALEZA QUE PRATICOU CRIMES DEN...JUSTIÇA ELEITORAL CASSA VEREADORA ELEITA EM FORTALEZA QUE PRATICOU CRIMES DEN...
JUSTIÇA ELEITORAL CASSA VEREADORA ELEITA EM FORTALEZA QUE PRATICOU CRIMES DEN...
 
ADI sobre Emenda à Constituição do Ceará 87, que extinguiu o TCM
ADI sobre Emenda à Constituição do Ceará 87, que extinguiu o TCMADI sobre Emenda à Constituição do Ceará 87, que extinguiu o TCM
ADI sobre Emenda à Constituição do Ceará 87, que extinguiu o TCM
 
EMENDA À CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ 87, de 21/12/2016
EMENDA À CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ 87, de 21/12/2016EMENDA À CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ 87, de 21/12/2016
EMENDA À CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ 87, de 21/12/2016
 
01 10-2016 TRE-CE indefere recurso de impugnação contra candidatos a prefeito...
01 10-2016 TRE-CE indefere recurso de impugnação contra candidatos a prefeito...01 10-2016 TRE-CE indefere recurso de impugnação contra candidatos a prefeito...
01 10-2016 TRE-CE indefere recurso de impugnação contra candidatos a prefeito...
 
Concurso Público IFCE 2016 para a carreira técnico-administrativa
Concurso Público IFCE 2016 para a carreira técnico-administrativaConcurso Público IFCE 2016 para a carreira técnico-administrativa
Concurso Público IFCE 2016 para a carreira técnico-administrativa
 
Dilma Rousseff no STF: negada cautelar em mandado de segurança
Dilma Rousseff no STF: negada cautelar em mandado de segurançaDilma Rousseff no STF: negada cautelar em mandado de segurança
Dilma Rousseff no STF: negada cautelar em mandado de segurança
 
EDITAL IFCE 01/2016 CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA-2016.2
EDITAL IFCE  01/2016 CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA-2016.2EDITAL IFCE  01/2016 CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA-2016.2
EDITAL IFCE 01/2016 CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA-2016.2
 
Resultado edital de seleção 01.2016 IFCE Paracuru-CE
Resultado edital de seleção 01.2016   IFCE Paracuru-CEResultado edital de seleção 01.2016   IFCE Paracuru-CE
Resultado edital de seleção 01.2016 IFCE Paracuru-CE
 
Nota pública em defesa da lei da ficha limpa
Nota pública em defesa da lei da ficha limpaNota pública em defesa da lei da ficha limpa
Nota pública em defesa da lei da ficha limpa
 
Leilão da Prefeitura Municipal de Paracuru, Ceará-BR
Leilão da Prefeitura Municipal de Paracuru, Ceará-BRLeilão da Prefeitura Municipal de Paracuru, Ceará-BR
Leilão da Prefeitura Municipal de Paracuru, Ceará-BR
 
Lotes do leilão de bens inservíveis da Prefeitura Municipal de Paracuru-CE pa...
Lotes do leilão de bens inservíveis da Prefeitura Municipal de Paracuru-CE pa...Lotes do leilão de bens inservíveis da Prefeitura Municipal de Paracuru-CE pa...
Lotes do leilão de bens inservíveis da Prefeitura Municipal de Paracuru-CE pa...
 
2016 03-22 Decisão judicial que determina centralização no STF de investigaçõ...
2016 03-22 Decisão judicial que determina centralização no STF de investigaçõ...2016 03-22 Decisão judicial que determina centralização no STF de investigaçõ...
2016 03-22 Decisão judicial que determina centralização no STF de investigaçõ...
 

Último

8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
Leila Fortes
 

Último (10)

Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
 
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
 
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
 
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
ENFERMAGEM - MÓDULO I -  HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdfENFERMAGEM - MÓDULO I -  HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
 

Suicídio - Dimensão do problema e o que fazer

  • 1. 6 | debate hoje O suicídio constitui uma importante questão de saúde pública no mundo inteiro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2020, mais de 1,5 milhões de pessoas irão cometer suicídio por ano. O número de suicídios no mundo cresceu em 60% nos últimos anos - cerca de três mil pessoas se suicidam por dia e 60 mil tentam, mas não conseguem. Este número representa quase 50% do total de mortes violentas. No ano 2000, 14,5 mortes por 100 mil ha- bitantes (uma morte a cada 40 segundos) ocorreram no mundo. Atualmente, nos Estados Unidos, para cada homicídio há dois sui- cídios (cerca de 18 mil e 34 mil por ano, respectivamente). Em 2001, o suicídio foi a 11ª causa de morte entre todas as idades nos Estados Unidos, com uma taxa de 10,8 suicídios por 100 mil habitantes. E a terceira causa de morte entre 15-24 anos e a se- gunda entre 25-34 anos. O Brasil ocupa a 67ª posição em uma classificação mundial em taxa de suicídio. No entanto, em números absolutos, o Brasil está entre os 10 países com mais suicídios. No Brasil, cerca de 25 pessoas se matam por dia, fazendo do país o 11º colocado no ranking mundial de suicídios. No Brasil, a taxa de homicídios (25 por cem mil habitantes) supera a de suicídios (6 por cem mil habitantes), mas a distância entre as duas taxas tem se reduzido progressivamente. A taxa de suicídio no Brasil tem se elevado nos últimos anos, mais ainda entre os jovens com idades entre 15 e 24 anos, passando de 4,0 por 100 mil habitantes em 2000 para 4,7 em 2005. Ha subnotificação e o difícil reconhecimento do suicídio em nosso país em relação, por exemplo, aos acidentes (ocorrên- cia deveria ser a correta denominação) de trânsitos e quedas. Preconceitos de natureza religiosa, cultural e social infelizmente impedem o correto dimensionamento do problema. Entre 1980 e 2006, um total de 158.952 casos de suicídio foi ob- servado no Brasil. O índice total de suicídio cresceu de 4,4 para 5,7 mortes por 100 mil habitantes (29,5%). Os índices mais altos de suicídio foram registrados nas regiões Sul (9,3) e Centro-Oeste (6,1). Os homens são os que têm a maior probabilidade de cometer suicídio. Os índices mais altos de suicídio foram registrados na faixa etária de 70 anos ou mais, enquanto que os maiores aumentos aconteceram na faixa etária dos 20 aos 59 anos. As taxas de suicídio cresceram mais entre os indivíduos com idades entre 20 e 59 anos (30%) do que entre aqueles com idade maior que 60 anos (19%). Para os que têm 75 anos ou mais, o índice passa dos 15/100 mil . A taxa de suicídio mais baixa foi observada no grupo com idades entre 10-14 e 15-19, com um crescimento de 20% e 30%, respectivamente. DimensãodoProblemaeoqueFazer Suicídio Artigo Suicídio – Dimensão do Problema e o que Fazer No período de 2000 a 2008, houve 73.261 óbitos por suicídios no Brasil: 57.937 homens e 15.324 mulheres, o que significa 22 mortes por dia. No mesmo período, houve 435.069 óbitos por homicídios, 132 por dia, resultando em 5,9 pessoas mortas por homicídios para cada uma que tenta suicídio (6,9 entre os ho- mens e 2,3 entre as mulheres). No Brasil, 43 crianças de 0-9 anos entre 2000 e 2008 (média anual de cinco) morreram por suicídio, o que corresponde a 0,1% do total de mortes por essa causa. O enforcamento foi a forma utilizada por 80% dos meninos. As meninas utilizaram preferen- cialmente intoxicação medicamentosa, objetos cortantes e afo- gamento. No mesmo período, morreram 6.574 adolescentes de 10-19 anos por suicídio. Em média, anualmente, 730 adolescentes morrem por suicídio. A taxa nos anos 2000 a 2008 foi, em média, de 2/100 mil, 9% do total de todos os suicídios que ocorreram no país. Entre 2000-2008 morreram 17.557 adultos jovens (20- 29 anos) e 38.449 pessoas entre 30-59 anos em decorrência de suicídio. A taxa média encontrada entre os adolescentes (2/100 mil) salta para 6/100 mil entre adultos jovens e 6,8/100 mil en- tre adultos com mais idade. O impacto da mortalidade se eleva com o aumento da idade: 24% do total de mortes por suicídio ocorreram na faixa mais jovem e 52,6% entre pessoas de 30-59 anos. O número de idosos que se suicidaram foi de 10.434 neste período. As taxas oscilam em torno de 7/100 mil habitantes (pico de 8,2/100 mil em 2005). Os idosos possuem as mais elevadas taxas de mortalidade por suicídio comparando-se a outras faixas etárias, e são responsáveis por 14,3% do total de óbitos. Em todo o mundo, a taxa de suicídio é mais alta entre os indivíduos mais velhos do que entre os mais jovens; contudo, esta tendência vem se alterando em escala mundial desde os anos 90. O suicídio é um fenômeno que não depende de uma única cau- sa. Há uma combinação de fatores – biológicos, psicológicos e sociais. Entre as principais causas psiquiátricas preveníeis está a depressão, transtorno bipolar, a esquizofrenia e o alcoolismo. Indivíduos com dois transtornos mentais têm um risco de tentar o suicídio 3,5 vezes mais alto do que aqueles que não têm nenhum transtorno. Embora os transtornos mentais estejam associados a mais de 90% de todos os casos de suicídio, o suicídio pode ser resultado de muitos fatores culturais e sociais muito complexos. O suicídio é mais provável durante os períodos de crises socioeco- nômicas, familiares e crises individuais, por exemplo, a perda de relacionamento afetivo. O suicídio afeta todo mundo, sem distinção. Acredita-se que o meio cultural influencie as taxas de suicídio. Altos níveis de coe-
  • 2. debate hoje | 7 são social e nacional reduzem as taxas de suicídio. Essas são mais elevadas junto às pessoas aposentadas, desempregadas, divorcia- das, sem filhos, urbanas, vivendo sozinhas. As seguintes caracte- rísticas foram predominantes nos casos analisados (1980-2006): homens (77,3%), idade entre 20 e 29 (34,2%), sem companheiro/ companheira (44,8%) e ter tido pouca educação formal (38,2%). Em relação às características epidemiológicas, a própria casa foi o lugar de suicídio mais predominante (51%), seguido pelo suicídio em hospital (26,1%). Os seguintes métodos foram mais usados para o suicídio no perí- odo 1980-2006: enforcamento (47,2%), armas de fogo (18,7%), outros métodos (14,4%) e envenenamento (14,3%). Quando o envenenamento foi o método de suicídio utilizado, 41,5% come- teram suicídio usando pesticidas e 18% usando medicamentos. Em relação ao número total de mortes ocorridas em casa, 64,5% foram causadas por enforcamento e 17,8% por armas de fogo. Por outro lado, de todas as mortes por envenenamento, 37,1% aconteceram no hospital e apenas 5,8% em casa. Nas ruas ou áreas públicas, a maioria das mortes envolveu o uso de armas de fogo (24,7%). As regiões que apresentaram as taxas de suicídio mais baixas fo- ram a região Nordeste, com uma média de 2,7, e a região Norte, com uma média de 3,4. No entanto, os maiores aumentos foram vistos na região Nordeste, que experimentou um incremento de 130%, e na região Centro-Oeste, com um aumento de 68% entre 1980 a 2006. As taxas médias mais altas entre as capitais foram Boa Vista (7,6), Porto Alegre (7,3) e Florianópolis (6,5). As capitais com as taxas médias mais baixas foram Salvador (1,2) e Rio de Janeiro (2,4). A Bahia tem a menor taxa de suicídio do Brasil – 1,8 para cada 100 mil habitantes. Entretanto, registra-se em torno de 100 a 120 novos casos de tentativa de suicídio por mês naquele Estado. Embora Rio de Janeiro e Salvador tenham as mais baixas taxas de suicídio, relatam taxas de homicídio que estão entre as mais altas do Brasil (38,1 e 42,3 por 100 mil habitantes, respectivamente). Os pesquisadores têm discutido a possibilidade da existência de conexões inversamente proporcionais entre homicídio e suicídio. A tentativa de suicídio é mais frequente entre as mulheres, no entanto, os homens conseguem um índice maior de morte por utilizarem métodos mais agressivos, como armas de fogo ou en- forcamento, enquanto as mulheres utilizam de meios como remé- dios ou veneno. Os homens apresentaram taxas de mortalidade por suicídio mais altas em todas as regiões, particularmente na região Sul, com uma média de 11,7, e na região Centro- Oeste, com uma média de 7,1. A menor taxa de mortalidade por suicídio entre os homens foi encontrada na região Nordeste, com uma média de 3,3. Contudo, homens do Nordeste experimentaram o maior aumento (190%) durante o período do estudo. As mulheres apresentaram as maio- res taxas médias na região Sul, a saber, 3,2. Na maioria das regiões, os métodos de suicídio mais comumente utilizados foram o enforcamento, armas de fogo e envenenamen- to, enquanto que na região Nordeste enforcamento (48,8%), en- venenamento (18,2%) e armas de fogo (16,9%) foram os métodos de suicídio predominantes. No Sudeste, enforcamento (39,6%), outros métodos (24,2%) e armas de fogo (16,5%) predomina- ram. Nos casos de suicídio por envenenamento, destacou-se o uso de pesticidas, particularmente nas regiões Sudeste (29,7%), Sul (28,6%) e Nordeste (19,8%). As maiores taxas de suicídio com uso de medicamentos foram encontradas nas regiões Sudeste (7%), Sul (4,1%) e Nordeste (3,7%). Os homens predominaram em todos os métodos utilizados, com a exceção do uso de medi- cação, no qual as mulheres registraram porcentagens mais altas (48,6% x 51,4%). Medidasaserem tomadas Em 1999, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou o Progra- ma de Prevenção do Suicídio (Supre, em inglês), com o objetivo de alertar o mundo sobre o problema do suicídio. Aqui no Brasil ainda falta muito para um programa de prevenção de suicídio integrado. O treinamento de equipes especializadas em suicídio, bem como a integração de todos os serviços – linhas de telefone, emergências, ambulatórios especializados, Caps e outros serviços comunitários –, deve ter a máxima urgência. Estão listadas abaixo algumas medidas a serem tomadas. Prevençãoprimária 1) Acesso à informação. A mídia, os serviços de saúde, a escola , bem como serviços comunitários, têm um papel fundamental em qualquer programa de prevenção de suicídio. A escola pode ser um instrumento na identificação precoce de indivíduos em risco de suicídio. 2) Acesso a armas. Em 2005, suicídio por arma de fogo foi a segunda causa de morte entre americanos abaixo de 40 anos. Entre americanos de todas as idades, mais da metade de todos os suicídios é provocada por armas de fogo. Em 2005, 46 americanos por dia cometeram suicídio com armas de fogo. Existe uma enor- me quantidade de evidências demonstrando que a posse de armas de fogo aumenta substancialmente a probabilidade de suicídio. Deste modo, métodos rígidos de controle na autorização de posse de armas são necessários. 3) Álcool. O álcool esta intimamente correlacionado com violên- cia hetero e auto dirigida. Devemos aumentar progressivamente o controle sobre venda, incrementar impostos (e não como recen- temente o Ceará fez ao reduzir o imposto cobrado para bebidas quentes que serão exportadas para outros estados da Federação). 4) Chumbinho e pesticidas. O carbamato é uma das principais formas de tentativa de suicídio no Brasil. Sua venda deve ser dis- ciplinada para evitar que qualquer ponto comercial possa vendê- lo sem qualquer controle. A Associação Brasileira de Psiquiatria deve fazer uma campanha nacional para sensibilizar o congresso sobre a urgência e necessidade de criar legislação a este respeito. Fabio Souza Professor Associado de Psiquiatria da Universidade Federal do Ceará; PhD Universidade de Edinburgh; Coordenador do PRAVIDA (Projeto de Apoio à Vida)
  • 3. 8 | debate hoje Prevençãosecundária 1) Diagnóstico precoce de transtornos psiquiátricos. Depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e dependência alcoólica estão extremamente associados ao suicídio, assim o diagnóstico e tra- tamento precoce deverão diminuir de maneira importante a con- sumação do suicídio. 2) Antidepressivos e suicídio. Na Finlândia, em 15.390 pacientes acompanhados por 3,4 anos, houve uma redução do risco relativo de mortalidade em pacientes que estavam tomando antidepres- sivos (31% a 41%). Nos Estados Unidos, o aumento da taxa de suicídio em jovens coincide com a redução da prescrição de anti- depressivos nesta população. Deste modo, não devemos deixar de tratar a depressão com todas as medidas adequadas. 3) Integração das linhas de socorro imediato com os serviços de atendimento médico-psiquiátrico. Prevençãoterciária 1) Tentativa anterior. Pessoas que tentaram suicídio constituem um grupo de altíssimo risco em relação a cometerem suicídio em uma tentativa posterior. Assim, em cada emergência médica, de- veria haver uma equipe especializada em suicídio que faria o pri- meiro atendimento, e em uma etapa posterior seria encaminhado para um seguimento em um Caps ou ambulatório especializado. Referências:■■ Lovisi GM, Santos SA, Legay L, Abelha Lucia A, Valen- cia E Análise epidemiológica do suicídio no Brasil entre 1980 e 2006 Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(Supl II):S86-93 ■■ Mann JJ, Apter A, Bertolote J, et al. Suicide prevention stra- tegies: a systematic review. JAMA 2005;294:2064-2074 ■■ Mello-Santos C, Bertolote JM, Wang Y. Epidemiology of suici- de in Brazil (1980-2000): characterization of age and gender ra- tes of suicide. Rev Bras Psiquiatr. 2005;27(2):131-4. ■■ Miller M, Hemenway D. The relationship between firearms and suici- de: a review of the literature. Aggress Violent Behav 1999;4:59-75. ■■ Tiihonen J, Lönnqvist J, Wahlbeck K, Klaukka T, Tanskanen A, Haukka J Anti- depressants and the Risk of Suicide, Attempted Suicide, and Overall Mortality in a Nationwide Cohort Arch Gen Psychiatry. 2006 Dec;63(12):1358-67 ■■ Wunderlich U, Bronisch T, Wittchen HU. Comorbidity pat- terns in adolescents and young adults with suicide attempts. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 1998;95:248-87. Artigo Suicídio – Dimensão do Problema e o que Fazer Fabio Souza Professor Associado de Psiquiatria da Universidade Federal do Ceará; PhD Universidade de Edinburgh; Coordenador do PRAVIDA (Projeto de Apoio à Vida)