O documento discute o apoio farmacêutico às unidades de terapia intensiva com foco na farmacocinética clínica. Ele descreve como os farmacêuticos podem se estabelecer como membros da equipe da UTI através da dedicação, motivação e prestação de serviços de qualidade. Também discute a importância da farmacocinética clínica para identificar e resolver potenciais problemas relacionados aos medicamentos dos pacientes da UTI.
Minicurso 6 - "Apoio Farmacêutico às Unidades de Terapia Intensiva com ênfase na farmacocinética clínica."
1. “Apoio Farmacêutico às
Unidades de Terapia Intensiva
com ênfase na
farmacocinética clínica”
Profa. Dra. Elza Kimura Grimshaw
UEM – NPC-Bio
2. De Para
Produto Terapia medicamentosa
Farmácia Leito
Dispensação Cuidados aos pacientes
Sozinho Grupo
Conhecimento Informação
Como prescrito Melhor prescrição
Mudança na Filosofia Prática
e na Educação
3. Estabelecendo–se como um membro da equipe
Credibilidade deve ser construída baseada na
Dedicação
Motivação
Qualidade de serviço
Farmácia Clínica
(Apoio às Unidades de Terapia Intensiva)
4. • Se o serviço deve ser construído, então ELE DEVE SEMPRE ESTAR
LÁ (7dias/semana)
• ESTAR SEMPRE PREPARADO – chegar com tempo suficiente para
avaliar os pacientes, fazer as observações e pensar antes sobre as
suas recomendações propostas;
• Quanto maior o esforço você coloca na ORGANIZAÇÃO DA LISTA DE
PROBLEMAS DO PACIENTE, melhor você reagirá às perguntas que
surgirão durante as visitas;
• FORNECER INFORMAÇÕES PARA A EQUIPE sobre as vias de
administração, horários de administração, literatura pertinente e
evidência clínica;
Estabelecendo–se como um membro da equipe ...
5. Estabelecendo–se como um membro da equipe ...
Desenvolva habilidade para se comunicar clara e consistentemente
(VOCÊ TEM APENAS 5 MINUTOS PARA COLOCAR SUA
ARGUMENTAÇÃO)
Estude sobre as funções de cada um da sua equipe e o que você
pode ou deverá contribuir
Todos os membros devem atuar pró-ativamente para discutir um
tópico de decisão terapêutica
Responsabilidades na equipe: Foco no medicamento do paciente
- Identificar problemas potenciais
- Resolver os problemas
- Prevenir os problemas potenciais
6. Farmacocinético clínico
Identificar e resolver potenciais problemas se o paciente está:
Recebendo ou tomando a dose errada do medicamento correto;
Tendo uma alteração nos resultados laboratoriais que podem
afetar a farmacocinética de algum medicamento;
Tendo uma reação adversa do medicamento;
Tendo uma interação medicamento-medicamento ou alimento-
medicamento;
Recebendo medicamentos incompatíveis quando infundidos em
cateter em Y;
Está recebendo a reposição pós-diálise de medicamentos
dialisáveis;
11. Princípios Básicos da Farmacocinética
O estudo dos movimentos dos fármacos, dentro, e fora do organismo,
e os fatores que afetam isto, ou seja,
O que o organismo faz com o fármaco
A farmacodinâmica estuda o efeito do fármaco no organismo,
ou seja,
O que o fármaco faz com o organismo
≠
12. Integração de PK-PD
Regime de
dosagem
Conc.
vs.
Tempo no
soro
Conc. vs.
Tempo no
tecido &
fluidos
Conc. vs.
Tempo no
sítio de
infecção
Efeito
Toxicológico
Efeito
Antimicrobiano
FARMACOCINÉTICA FARMACODINÂMICA
14. Compartimento
Central (Cp, Vd)
Dose Eliminação
(Kel)
Características
1. Não há absorção;
2. Rápida distribuição;
3. Diminuição da concentração dependente do metabolismo e excreção;
Modelo Compartimental
Monocompartimento Intravascular
15. Modelo Compartimental
Monocompartimento Extravascular
Compartimento
Central (Cp, Vd)
Dose.F Eliminação
(Kel)
Características
1. Absorção de acordo com a liberação e mecanismo de absorção;
2. O fármaco administrado pode não ser totalmente absorvido;
3. Atinge concentração máxima no pico e a diminuição da
concentração dependente do metabolismo e excreção;
19. Concentração no tempo zero Constante de eliminação (h-1)
Tempo de meia-vida de eliminação (h)
20. AUC (µg.mL-1.h-1) = Co
Kel
Área sob a Curva (ASC ou AUC)
Quantidade total de fármaco no organismo
*
21. IV Oral
CLERANCE TOTAL – Depuração plasmática
Quantidade de sangue contendo o fármaco é depurado
em função do tempo
VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO
Volume hipotético em que o fármaco está diluído dentro do organismo
Vd = Dose
AUC x k
26. Estudo de Caso:
Foi administrado uma dose de ataque IV em bolus de 6mg/Kg de um
antibiótico à uma mulher de 65 anos com 50Kg e creatinina sérica de
0,9 mg/dL. Foram colhidas amostras de sangue em intervalos de
tempos conforme tabela abaixo. A concentração do fármaco foi
determinada e as concentrações obtidas foram:
Tempo (h) Cp (mg/L)
0 0
0,25 8,21
0,5 7,87
1 7,23
3 5,15
6 3,09
12 1,11
27. Responda*:
1. Quais são os valores de Vd, k, t(1/2) e Cl.
2. Este agente antibacteriano não é efetivo em
concentrações inferiores a 2 mg/L. Qual a duração da
atividade deste antimicrobianos?
3. Quanto tempo levará para que este fármaco seja
eliminado 99,9%?
4. Se a dose do antimicrobiano for dobrada, qual seria o
aumento na duração da atividade?
28. ADMINISTRAÇÃO DE DOSE MÚLTIPLA
• Quando o fármaco é administrado em intervalos regulares, inferiores aos
requeridos para eliminá-lo de doses precedentes.
Características
•Intervalo de dose é menor que 10 t(1/2)
•Intervalo de dose constante = Dose de manutenção
•Alcançar o estado de equilíbrio Css (steady state)
• Fator de persistência = e-kt
•Fração eliminada à um determinado tempo t = 1 - e-kt
Css
29. Concentração no Estado de Equilíbrio ou
Steady-State = Css
Quando a velocidade de entrada (Ro) e de saída do fármaco (kel)
dentro do organismo são iguais num intervalo de tempo constante
ou seja,
A quantidade perdida dentro de um intervalo de tempo é igual à
quantidade recebida
Então
Css = S.F. (Dose/τ)
Cl
30. Relação entre DOSE DE ATAQUE e Dose de Manutenção
A utilização de modelos de entrada do fármaco no organismo depende da
relação entre a duração de entrada e do tempo de meia-vida do fármaco.
Ro mais rápido do que o t(1/2) = tempo de infusão (Ro) < 1/6 t1/2 usa-se:
modelo “bolus” = S.F. Dose
Vd
Ex: se t1/2 = 4 horas = 4h (4x60min) x 1/6 = 40 minutos.
Se a infusão for de 30 minutos, a eliminação é insignificante e ocorre
basicamente a distribuição no organismo.
Portanto,
o Volume de distribuicão (Vd) – determina a dose de ataque
Dose = Vd x Cp(Alvo)
31. Se a velocidade de infusão (Ro)
Tempo Ro > 0,5 t ½
“Modelo de infusão” = S.F.(Dose/tinfusão) x (1-e-k.tinf)
Cl
então há um equilíbrio da distribuição e também uma fração eliminada, por isso o
clearance é relevante e determina a dose de manutenção
Maintenance Dose = CL x CpSSav
Relação entre Dose de Ataque e DOSE DE MANUTENÇÃO
32. Co = S.F. Dose de Ataque
V
C1 = S.F. (Dose ataque ). ( e –k.t
1)
V
Cinf = S.F. (Dose/tinf) . (1- e –k.tinf)
Cl
C2 = S.F. (Dose/tinf) . (1- e –k.tinf).( e –k.t
2)
Cl
33. S.F.(Dose/tinf) . ( 1 – e-ktinf)
Css Max =____Cl_____
(1- e –k. )
Css min = Cssmax. e –k.t2
Administração em Infusão
S.F. (Dose)
Css max = ____Vd_____
(1- e –k. )
Administração em Bolus
Css min = S.F. (Dose) . e –k.
Vd
35. Normas Gerais para monitorização farmacocinética
1. Quando um paciente deve ser monitorado deve ser evitado
problemas de interpretação das concentrações obtidas
a. Obter a concentração no estado de equilibrio (steady-state) se
possível;
b. Assegurar que a enfermeira anotou apropriadamente a dose e o
horário administrado para obter a concentração no tempo correto;
c. Coletou o volume correto para o tubo que contém heparina ou
EDTA
36. 2. Quando a concentração é obtida
a. Verificar se a concentração está no pico ou vale;
b. Documentar o horário de recebimento da amostra e do
tempo de análise do medicamento;
c. Calcular os parâmetros farmacocinéticos e comparar com
os valores populacionais preditos;
d. Anotar de forma concisa os parâmetros farmacocinéticos e
informar se as concentrações estão na faixa terapêuticas ou
sub-terapêuticas;
e. Documentar qualquer informação, que não consta do
prontuário médico que foi usado para os cálculos ou
recomendações (peso, altura ou informação obtida
diretamente do paciente ou da enfermeira).
37. PK/PD de antimicrobianos baseado na MIC
Paul Beringer, Pharm.D.,
Univ. Southern California (USC)
38. Pattern of Activity Antibiotics
PK/PD
Parameter
Type I
Concentration-dependent killing
and
Moderate-Prolonged persistent
effects
Aminoglycosides
Daptomycin
Fluoroquinolones
Ketolides
Metronidazole
Amphotericin B
24h-AUC/MIC
Peak/MIC
Type II
Time-dependent killing and
Minimal persistent effects
b-lactams
Macrolides
Oxazolidinones
Flucytosine
T>MIC
Type III
Time-dependent killing and
Moderate-Prolonged persistent
effects.
Azithromycin
Clindamycin
Streptogramins
Tetracyclines
Vancomycin
24h-AUC/MIC
Paul Beringer, Pharm.D.,
Univ. Southern California (USC)
39.
40.
41. Dosagem de Meropenem
Nome do paciente: XXXXXXXX Data: xxxxx
Idade: 42 anos Peso: 70 Kg Dose: 1g / 12h
Resultado de Análise de Meropenem:
Amostra 1 colhida as 9:30h do dia 21/02/2013 = 8,0 mg/L ou µg/mL (vale)
Amostra 2 colhida as 12:00h do dia 21/02/2013, 60 minutos após o término da infusão
de 1 hora = 33,94 mg/L (pico)
Bactérias com MIC < 2 mg/L= 100% de cobertura - adequado
Bactérias com MIC < 4 mg/L = 46,7% de cobertura – adequado
Se MIC > 8 = bactéria resistente ao Meropenem, não utilizar este antibiótico
(*): Recomenda-se manter a concentração plasmática 40 ~50 % do tempo acima de 4 -
5x MIC da bactéria (40% T = 4 x MIC).
Parâmetros Farmacocinéticos
t(1/2) eliminação = 4,56 horas
Clearance total = 58,83ml/min
Vd = 23,25 L/Kg
Cltotal = 58,83 ml/min
Recomendações:
1. Neste esquema posológico, a dose e intervalo de dose para bactérias Acinetobacter
e Pseudomonas apresentam eficácia contra bactérias com sensibilidade
intermediária, ou seja, MIC< 4. Acima deste valor, indica que a bactéria é
resistente e deve-se substituir o antibiótico.
2. Se não tiver cultura positiva, manter o esquema terapêutico e observar evolução do
paciente.
*
44. Peso Ideal (homens) = 50 Kg 2,3x (altura em polegadas >60)
Peso Ideal (mulheres) = 45 Kg 2,3 (altura em polegadas >60)
Clinicamente obesos : [(Peso total/Peso ideal) x 100] > 120
Peso ajustado = Peso ideal + 0,4 (Peso total – Peso ideal)
Fármacos polares = baixa distribuição
Fármacos apolares = distribuição maior ou igual dose baseada no
peso corporal total.
Perigo! Intoxicação iminente com fármacos apolares !!!
PESO
45. Kearns, G. L. et al. N Engl
J Med 2003;349:1157-1167
Developmental
Changes in
Physiologic Factors
That Influence Drug
Disposition in
Infants, Children,
and Adolescents
46. IDOSOS
• Massa corporal diminuída e aumento de gordura;
• Aumento da força ácida no estomago, aumento de HCl; e
diminuição da secreção gástrica;
• Diminuição da perfusão do mesentério;
• Diminuição do peristaltismo e aumento do tempo de
esvaziamento gástrico;
• Diminuição da síntese de albumina;
• Aumento de 1-glicoproteina ácida;
• Débito cardíaco = 30 a 40%
• Redução da função renal e hepática;
Metabolismo oxidativo = ligeiramente reduzido
Metabolismo por conjugação = independe da idade
• Aumento do t(½) e diminuição do Clt
47. idoso jovem
Clearance renal 53 83
Clearance creatinina 56 122
% de gordura idoso adulto
homens 36 18
mulheres 48 33
• Filtração glomerular = declínio de aproximado 1
ml/min/1,73 m2 por ano depois dos 20 anos ;
• Diminuição da secreção tubular ativa
• Clearance total está diminuído