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A contribuição da Antropologia para os estudos sociais
1. A contribuição da Antropologia
para os estudos da sociedade
Roberto Mosca Junior
2. Sociologia
• Estudo da sociedade europeia.
• Descoberta de leis gerais que
regulamentam o
comportamento social e as
transformações da sociedade.
• Análises qualitativas e estudos
estatísticos.
• Possibilidade de um modelo
teórico único que explicasse os
diversos aspectos da
sociedade capitalista (urbano x
rural/ agrário x industrial).
• Não perceberam a diversidade
que marcaria o séc. XX.
3. Antropologia
• Estudo dos povos
colonizados na
África, Ásia e América.
• Método empiricista e
qualitativo, voltado para
descoberta das
particularidades.
• Identificar de forma
precisa o não europeu.
• Falsa imagem da cultura
europeia: homogênea e
integrada.
4. Antropologia
• Ciência da alteridade, isto
é, que busca investigar o
outro, aquele que é
diferente de mim.
• Baseada na descrição dos
exóticos costumes dos
povos.
• A aparência fisíca, culturas
milenares, línguas e um rico
legado cultural da
antiguidade, geravam uma
amplitude de temas que
precisava ser delimitada em
subáreas.
5. Subáreas da antropologia
• Arqueologia: estuda a evolução
da espécie humana, da chamada
pré-história e do passado das
civilizações já desaparecidas da
antiguidade. (Egípcios e Hebreus)
• Etnologia: estuda a diversidade
da espécie humana, ou seja, a
identificação das diversas etnias
existentes e sua herança
genética.
• Antropologia cultural: estuda as
sociedades não europeias e
povos sem escrita, para que
fossem desvelados seus modelos
de organização social e dinâmica.
6. O evolucionismo
• Séc. XIX: Europa se organiza
num modelo econômico e
político único, que julgava
universal:
capitalista, industrial e
nacionalista.
• Base teórica para os
interesses econômicos e a
expansão do capitalismo.
• Desenvolvimento uniforme
numa escala evolutiva, indo
da mais atrasada para as
mais complexas.
7. Edward Tylor (1832-1917)
• Etnólogo e evolucionista inglês, defendeu a
existência de uma natureza humana universal
• Demonstrou que a cultura é um conjunto de
traços comportamentais e psicológicos
adquiridos e não herdados biologicamente.
• Cultura: um conjunto “complexo de
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costum
es ou qualquer outra capacidade ou hábitos
adquiridos pelo homem como membro de uma
sociedade” (Cultura Primitiva, 1871)
8. Franz Boas (1858-1942)
• Antropólogo norte-americano, criticou o
evolucionismo.
• Não estava interessado nas leis, mas nos processos e
na história do desenvolvimento de costumes e crenças.
• Recusou-se a comparar culturas diferentes como parte
de um mesmo processo histórico
• Pretendia estudar determinado fenômeno em relação
às complexas relações de cada cultura em particular
• “Particularismo histórico”: cada cultura segue os seus
próprios caminhos em função dos diferentes eventos
históricos que enfrentou.
9. A escola funcionalista
• No séc. XX surgiu o
funcionalismo tentando
responder as críticas que se
faziam ao evolucionismo.
• eurocentrismo: tendência
de julgar as sociedades não-
europeias a partir dos
valores europeus.
• Etnocentrismo: o princípio
de considerar o seu grupo
étnico, nação ou
nacionalidade como padrão
e modelo.
10. Escola funcionalista
• Sociedades não devem ser comparadas, mas estudadas em
si mesmas de forma particular e isolada.
• Cada sociedade constitui uma totalidade integrada e tem
por função satisfazer as necessidades essenciais dos seus
integrantes.
• Um traço cultural só pode ser entendido no contexto da
cultural à qual pertence e não em relação a outra qualquer.
• A função que o traço ou costume desempenha é que
justifica sua existência e sua permanência.
• Sua alteração vai depender não de um processo evolutivo,
mas da perda de sua função, razão de sua existência.
11. Bronislaw Malinowski (1884-1942)
• Definiu o conceito de função
como resposta de uma cultura
às necessidades básicas:
alimentação, proteção e
reprodução.
• A função social de
determinados costumes e
instituições deveriam
responder a necessidades
sociais do grupo.
• “A função das relações
conjugais e da paternidade é
obviamente o processo de
reprodução culturalmente
definido”.
12. Bronislaw Malinowski (1884-1942)
• Estudou os nativos das ilhas Trobriand (Nova
Guiné).
• Foi o primeiro a organizar e sintetizar uma visão
integrada e totalizante do modo de vida não-
europeu.
• Analisar as culturas em seu estado atual e na sua
especificidade, sem preocupações com as
origens.
• Observar cada detalhe da vida social - mesmo os
sem importância e incoerentes, tentando
descobrir seu significados e inter-relações.
13. Observação participante
• Método de pesquisa caracterizado pelo longo
processo de investigação e convivência do
antropólogo com o grupo estudado.
• Substitui as informações superficiais e
questionários inadequados pelo estudo
sistemático das sociedades.
• O investigador “mergulha” na vida nativa,
penetra na cultura, desvenda significados, guiado
por suas informações e não por teorias externas à
realidade estudada.
15. Conceitos funcionalistas
• Aculturação: processo pelo qual sociedades
diferentes, entrando em contato, tendem a
intercambiar traços culturais e costumes.
• Sistemas: relações constantes e repetitivas que o
investigador é capaz de observar. Essas relações
não se apresentam em forma de sistema, mas é a
interpretação do cientista que o constrói.
• Estrutura: relações básicas a partir das quais uma
sociedade se organiza. A partir da estrutura as
demais relações sociais se organizam e se tornam
inteligíveis.
16. Polêmicas do funcionalismo
• relativismo cultural - postura de tolerância e
respeito em relação aos costumes e traços
culturais diferentes do nosso.
• Método etnográfico
• Crítica pela ênfase nas forças de integração,
não dando destaque aos conflitos sociais
17. ESTRUTURALISMO
• Séc. XX: estudo de aspectos subjetivos e
ligados à linguagem e ao imaginário dos
indivíduos
• Análise das manifestações simbólicas
• Estrutura social: o que não pode ser
observado, mas apreendido pela
interpretação científica
18. Lévi-Strauss (1908-2009)
• A estrutura é a
elaboração teórica capaz
de dar sentido aos dados
observados em uma
realidade
• Organizando de forma
sistemática a sociedade e
tendo por objetivo a sua
preservação, a estrutura
assemelha-se a uma
“máquina” que “funciona
indefinidamente”
19. ESTRUTURALISMO
• Desloca a ênfase da observação para a construção teórica e
abstrata de um conceito
• Supervalorização do movimento sincrônico da sociedade e
das forças que o mantêm
• Estudo de processos não-histórico, diferenciando a
estrutura (elementos permanentes) da conjuntura
(elementos variáveis)
• A história perde sua importância como elemento de
compreensão e o indivíduo deixa de ser o protagonista da
vida social
• Os problemas vividos pelos homens decorrem de relações
estruturais que estão acima e aquém da decisão individual
20. CRÍTICAS AO ESTRUTURALISMO
• À semelhança dos evolucionistas, expressam
uma visão naturalista da sociedade na medida
em que a realidade social passava a ser
dependente de estruturas pré-
existentes, sobre as quais os seres humanos
não tinham consciência nem responsabilidade
• Ênfase aos aspectos sincrônicos em
detrimento dos aspectos diacrônicos e de
mudança social.