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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS - UFT
        CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS
    MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL




           MARCELO TORRES PINHEIRO




        A PARTICIPAÇÃO DO ESCRITÓRIO DE
     GERENCIAMENTO DE PROJETOS NA GESTÃO
      PÚBLICA ORIENTADA PARA RESULTADOS




                  PALMAS - TO
                      2011
MARCELO TORRES PINHEIRO




  A PARTICIPAÇÃO DO ESCRITÓRIO DE
GERENCIAMENTO DE PROJETOS NA GESTÃO
 PÚBLICA ORIENTADA PARA RESULTADOS



              Dissertação apresentada ao Curso de
              Desenvolvimento Regional e Agronegócios
              da Universidade Federal do Tocantins, em
              cumprimento aos requisitos para obtenção do
              título de Mestre.

              Orientadora: Profa. Dra. Mônica Aparecida
              da Rocha Silva.
              Co-orientação: Prof. Dr. Humberto Falcão
              Martins




            PALMAS - TO
                2011
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
                      Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins
                              Campus Universitário de Palmas

P654p      Pinheiro, Marcelo Torres
              A participação do escritório de gerenciamento de projetos públicos na
           gestão orientada para resultados / Marcelo Torres Pinheiro - Palmas,
           2011.
              170 fls.

             Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócios)
           – Universidade Federal do Tocantins, 2011.
              Orientadora: Mônica Aparecida da Rocha

           1. Implementação de Políticas Públicas; 2. Gerenciamento de Projetos;
               3. Escritório de Gerenciamento de Projetos Públicos. I. Título



                                                               CDD 350
                        Bibliotecário: Paulo Roberto Moreira de Almeida
                                          CRB-2 / 1118
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por
qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos
do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
MARCELO TORRES PINHEIRO




                  A PARTICIPAÇÃO DO ESCRITÓRIO DE
             GERENCIAMENTO DE PROJETOS NA GESTÃO
               PÚBLICA ORIENTADA PARA RESULTADOS



                                       Dissertação apresentada ao Curso de
                                       Desenvolvimento Regional e Agronegócios
                                       da Universidade Federal do Tocantins, em
                                       cumprimento aos requisitos para obtenção do
                                       título de Mestre.

                                       Orientadora: Profa. Dra. Mônica Aparecida
                                       da Rocha Silva.
                                       Co-orientação: Prof. Dr. Humberto Falcão
                                       Martins



Aprovada em 27 /06 / 2011


BANCA EXAMINADORA:


_______________________________
Dr. Júlio Menezes (membro externo)

_______________________________
Dr. Jean dos Santos Nascimento (membro interno)


_______________________________
Dra. Mônica Aparecida da Rocha Silva (orientadora)
Dedico este trabalho a todos que acreditam que é
possível melhorar a nossa sociedade, através de
ações que requerem a contribuição de cada um,
independentemente do que fazer, como fazer e
quanto fazer. A sociedade somos nós, está em nossas
mãos torná-la melhor para nós mesmos, para os
nossos e para todos.
AGRADECIMENTOS


Agradeço àqueles que contribuíram para a realização deste trabalho ao longo desses dois
anos, com especial atenção ao amigo José Geraldo de Mello Oliveira e à minha família.
À Silvana pelo apoio e compreensão, às minhas filhas Gabriela e Luma, que ajudaram como
tradutora e digitadoras, sempre solícitas, participaram efetivamente em muitos importantes
momentos.
A todos os professores do curso, com deferência especial aos professores Waldecy Rodrigues,
Alivínio Almeida e à minha orientadora, Profa. Mônica Aparecida da Rocha que integram
este importante programa.
Ao meu co-orientador, Prof. Humberto Falcão Martins, pela consideração e apoio.
Aos colegas do curso, que dividiram comigo o desafio e o sonho de tornarem-se mestre.
À CAPES e àqueles que estão à frente da administração do Programa, por demonstrarem
desapego, comprometimento e determinação em progredir sempre em busca do
aperfeiçoamento.
Aos amigos da hora, em ocasião do trabalho de campo. Não vou nominá-los, mas eles
certamente sabem que proporcionaram uma valiosa contribuição.
Obrigado!
RESUMO

Na área de gestão pública, observa-se a ocorrência de grandes mudanças nos últimos trinta
anos, em virtude, principalmente, das alterações nos cenários sócio e geopolíticos mundiais,
das novas tecnologias de informação e comunicação, assim como a globalização dos
mercados. Governos, mercados e sociedades buscaram se adaptar à nova dinâmica que
evidenciou a necessidade de revisões por consequência da crise do Estado. Com o propósito
de melhor atender aos clientes-cidadãos surgiu um conjunto conceitual de medidas e posturas
denominada Nova Gestão Pública (NGP). Uma das ênfases propagadas é o urgente
refinamento da capacidade dos governos em implementar com mais proficiência suas políticas
públicas. Sobre implementação de políticas públicas, alguns autores identificaram no período
pré-crise do Estado uma lacuna teórica, demandante de maiores estudos. A modernização
administrativa brasileira inicia-se com a Constituição de 1988 e segue com a promoção de
reformas estruturais pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado, em 1995. Face às
novas exigências constitucionais que impeliram as administrações ao planejamento e ao
monitoramento da gestão, alguns governantes perceberam que somente conseguiriam avançar,
em termos de realizações, se tornassem seus governos mais alinhados, mais qualificados para
não só superarem as adversidades (crises fiscais, dívida pública, desinvestimentos,
esfacelamento social, etc.), como também de promoverem investimentos assertivos. Alguns
recursos inovadores foram implantados, dentre eles a adoção da metodologia de
gerenciamento de projetos, com a instalação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos
(EGP). Mais recentemente, alguns organismos internacionais, por sua vez, vêm buscando
difundir, às administrações públicas, a ideia de geração de valor público à sociedade, um
conjunto de orientações denominada Gestão para Resultados (GpR), que visa melhorar o
alcance de objetivos e metas governamentais. Essa pesquisa se propôs a compreender a
participação do Escritório de Gerenciamento de Projetos na Gestão Orientada para Resultados
e para tal, selecionou três sujeitos: as administrações públicas estaduais dos governos de
Minas Gerais (período 2003/2010), Espírito Santo (2003/2010) e Rio de Janeiro (2007/2010).
A pesquisa utilizou do estudo de campo para coletar dados e ouvir os atores que estão nos
EGP`s. O método empregado foi o hipotético-dedutivo, baseado em Popper. As teorias que
precedem e sustentam o estudo partem da crise e reforma do Estado, dos estudos sobre
políticas públicas – mais precisamente, a gestão e a implementação, o planejamento
governamental, a Gestão para Resultados e o Gerenciamento de Projetos. A lacuna teórica
identificada, se refere principalmente à implementação de programas e projetos públicos,
visto que a academia se ateve mais à abordagem do que a implementação. Foram aplicados
questionários e realizadas entrevistas com técnicos e gestores dos órgãos públicos dos três
Estados, responsáveis pelo gerenciamento dos projetos governamentais. A análise dos dados
coletados mostraram que, apesar das especificidades de cada EGP, a hipótese postulada foi
corroborada, evidenciando que existem contribuições importantes e robustas relacionadas à
potencialização do emprego de recursos e atividades meio, que interferem sinergicamente nos
indicadores de eficiência e eficácia, contribuindo com a Gestão para Resultados, dentre eles,
os de desenvolvimento, nas administrações públicas.



Palavras Chaves: Implementação de Políticas Públicas; Gerenciamento de Projetos;
Escritório de Gerenciamento de Projetos Públicos.
ABSTRACT


In the area of public management, there is the occurrence of major changes in the last thirty
years, due mainly to changes in the socio and geopolitical world, new information and
communication technologies, as well as the globalization of the markets. Governments,
markets and societies sought to adapt to the new dynamic that has highlighted the need for
revisions as a result of the crisis of the state. In order to better serve customers, citizens came
together a conceptual steps and postures called New Public Management (NPM). One of the
urgent emphasis is propagated refining capacity of governments to implement more proficient
with their policies. About implementation of public policies, some authors have identified in
the pre-crisis state a theoretical gap, applicant for further study. The Brazilian administrative
modernization begins with the Constitution of 1988 and continues to promote structural
reforms by the Ministry of Administration and State Reform in 1995. Given the new
constitutional requirements that drove the administration to the planning and monitoring of
management, some rulers realized that they could only move forward in terms of
achievements, their governments become more aligned, more qualified to not only overcome
adversity (fiscal crises, debt public disinvestment, social corruption, etc..), but also to promote
investments assertive. Some innovative features have been implemented, including the
adoption of project management methodology, with the installation of a Project Management
Office (PMO). More recently, some international organizations, in turn, have sought to
spread, public administrations, the idea of generating public value to society, a set of
guidelines called Managing for Results (MfR), which aims to improve the achievement of
goals and targets government. This research aimed to understand the participation of the
Project Office Management in Managing for Results and for that he chose three subjects:
general government state government of Minas Gerais (2003/2010 period), the Espírito Santo
(2003/2010) and Rio de Janeiro (2007-2010). The survey used field study to collect data and
hear the actors who are in PMO `s. The method used was the hypothetical-deductive, based on
Popper. Theories preceding the study start and sustain the crisis and reform of the state of
public policy studies - more precisely, the management and implementation, government
planning, management for results and project management. The theoretical gap identified,
mainly refers to the implementation of programs and public projects, since the academy has
looked more to approach than the implementation. Questionnaires were administered and
interviews with experts and managers of public bodies of the three states, responsible for
managing government projects. The analysis of data collected showed that although the
specifics of each PMO, the hypothesis postulated was confirmed, showing that there are
robust and important contributions to the enhancement of employment related resources and
activities through which synergistically affect the indicators of efficiency and effectiveness,
contributing with the Management for Results, among them the development, public
administration.




Keywords: Public Policy Implementation; Project Management; Project Public Management
Office.
LISTA DE FIGURAS


Figura 1 - Da crise do Estado à Gestão Orientada para Resultados                                            027
Figura 2 - Esquema ilustrativo da gestão para resultados no âmbito público                                  034
Figura 3 - Arquitetura do modelo de avaliação de experiências contratuais                                   036
Figura 4 - Trajetória de evolução do Estado Moderno                                                         041
Figura 5 - Mapa cronológico de marcos das contribuições dos principais “pais”
                                                                                                            045
fundadores da área de políticas públicas
Figura 6 - Abordagens referentes à implementação de políticas públicas                                      049
Figura 7 - Ilustração esquemática da dinâmica do projeto                                                    064
Figura 8 - Ilustração do projeto: antes, durante e depois                                                   065
Figura 9 - Grupo de processos do gerenciamento de projetos. A figura da esquerda
                                                                                                            067
mostra o sequenciamento e a da direta, a interatividade
Figura 10 - Esquema gráfico do método hipotético-dedutivo segundo Popper                                    072
Figura 11 - Esquema gráfico da aplicação do Método hipotético-dedutivo proposto
                                                                                                            073
por Popper nesta pesquisa
Figura 12 - Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) e Plano Mineiro de Ação Governamental (PPAG
                                                                                                            078
2004/7)

Figura 13 - Esquema executivo do gerenciamento dos projetos estruturantes e a
                                                                                                            082
complexidade na tomada de decisão (fluxo decisório).
Figura 14 - Monitoramento intensivo de projetos – relatório do software do sistema
                                                                                                            083
Siges (Sistema de Gerenciamento Estratégico do Governo do Espírito Santo)
Figura 15 - Carteira de projetos estratégicos do governo do Estado do Rio de
                                                                                                            085
Janeiro
Figura 16 - Organização do Estudo, objeto do desenho da pesquisa                                            088
Figura 17 - Desenho esquemático do fluxo da pesquisa de campo                                               088
Figura 18 - Síntese operacional do ciclo de gestão pública com as esferas e
                                                                                                            094
componentes da GpR
Figura 19 - Sinalização ilustrativa da média da concordância e da discordância
                                                                                                            104
assinaladas na análise dos dados
Figura 20 – Ilustração da convergência de fatores aliados à eficiência que
                                                                                                            115
favorecem à eficácia dos resultados de gestão
LISTA DE TABELAS


Tabela 1 - Características básicas dos modelos organizacionais                        032
Tabela 2 - Evolução das definições sobre política pública                             046
Tabela 3 - Análise sequencial de políticas públicas segundo suas fases e abordagens   048
Tabela 4 - Comparação entre Gerente de Programa (Decreto Governo Federal) e
Gerente de Projetos (PMBOK, 2004) das competências, habilidades e                     061
responsabilidades do gerente de programas e do gerente de projetos
Tabela 5 - Enquadramento seletivo dos atributos eletivos dos três Estados
                                                                                      075
selecionados para o estudo
Tabela 6 - Quadro Comparativo dos aspectos funcionais dos Escritórios de
                                                                                      098
Gerenciamento de Projetos (EGP`s) dos estados pesquisados
Tabela 7 - Escala de intensidade numérica atribuída às opções de respostas das
                                                                                      099
questões do Questionário Principal, sendo que a faixa equivale a 15 pontos
Tabela 8 - Distribuição das respostas das questões do Questionário Principal,
                                                                                      101
considerando freqüência e peso. O intervalo varia de - 45 a + 45
Tabela 9 - Distribuição das respostas das questões do Questionário Principal,
considerando freqüência e peso com 15 pequenas colunas positivas e 15 negativas       102
(intervalo de - 15 a + 15)
Tabela 10 - Seleção das questões que tiveram alto índice de alinhamento desejado      106
Tabela 11 - Quadro comparativo das técnicas, processos e ferramentas definidas
pelo PMBOK® (2004) utilizadas nos escritórios de gerenciamento de projetos dos        111
estados pesquisados
Tabela 12 - Relação de técnicas aplicáveis em gerenciamento de projetos               143
Tabela 13 - Relação dos processos aplicáveis em gerenciamento de projetos             144
Tabela 14 - Relação das ferramentas aplicáveis em gerenciamento de projetos           145
Tabela 15 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP de Minas Gerais
                                                                                      146
referentes às questões com expectativa de alinhamento concordante
Tabela 16 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP de Minas Gerais
                                                                                      146
referentes às questões com expectativa de alinhamento discordante
Tabela 17 - Apresentação a intensidade de respostas do EGP do Espírito Santo
                                                                                       147
referentes às questões com expectativa de alinhamento concordante
Tabela 18 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP do Espírito Santo
                                                                                       147
referentes às questões com expectativa de alinhamento discordante
Tabela 19 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP do Rio de Janeiro
                                                                                       148
referentes às questões com expectativa de alinhamento concordante
Tabela 20 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP do Rio de Janeiro
                                                                                       148
referentes às questões com expectativa de alinhamento discordante
Tabela 21 - Distribuição das 35 respostas do Questionário Principal com expectativa
                                                                                       149
de alinhamento das questões em concordância, considerando freqüência e peso.
Tabela 22 - Distribuição das respostas com expectativa de alinhamento das questões
do Questionário Principal, considerando freqüência e peso. O intervalo varia de - 45   150
a + 45
Tabela 23 - Distribuição das 15 respostas falseadas do Questionário Principal,
                                                                                       156
considerando freqüência e peso
Tabela 24 - Distribuição das respostas falseadas das questões do Questionário
                                                                                       158
Principal, considerando freqüência e peso. O intervalo varia de - 45 a + 45
LISTA DE GRÁFICOS


Gráfico 1 - Distribuição das 35 respostas do Questionário Principal com expectativa
                                                                                      102
de alinhamento (concordante – positivo) das questões.
Gráfico 2 - Distribuição das 15 respostas falseadas do Questionário Principal com
                                                                                      103
expectativa de alinhamento (discordante – negativo) das questões.
LISTA DE QUADROS


Quadro 1 - Relação das questões do Questionário Principal (apêndice A) que
                                                                                    150
ficaram na faixa de concordância parcial (1 a 15 pontos)
Quadro 2 - Relação das questões do Questionário Principal (apêndice A) com
expectativa de concordância, mas que se comportaram contrariamente, mostrando       155
uma discreta discordância
Quadro 3 - Relação das questões do Questionário Principal que ficaram na faixa de
                                                                                    158
discordância parcial (1 a 15 pontos)
Quadro 4 - Questão do Questionário Principal (apêndice A) com expectativa de
discordância, mas que se comportou contrariando essa, mostrando uma discreta        159
concordância
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


AIPM: Australian Institute of Project Management
APG: Administração Pública Gerencial
APMG: Association for Project Management Group
Art.: Artigo
BID: Banco Interamericano de Desenvolvimento
BSC: Balanced Scorecard
CF: Constituição Federal
CLAD: Centro Latinoamericano de Administracion para el Desarrollo
CNJ: Conselho Nacional de Justiça
EGP: Escritório de Gerenciamento de Projetos
EGPP: Escritório de Gerenciamento de Projetos Públicos
EGP-RIO: Escritório de Gerenciamento de Projetos do Governo do Rio de Janeiro
ENAP: Escola Nacional de Administração Pública
EPE: Escritório de Prioridades Estratégicas
EpR: Estado para Resultados
ES: Estado do Espírito Santo
FNDE: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
GERAES: Gestão Estratégica de Recursos e Ações
GpR: Gestão para Resultados
GpRD: Gestão para Resultados de Desenvolvimento
IMAP: Instituto Municipal de Administração Pública
IN: Instrução Normativa
INDG: Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial
IPMA: Institute Project Management Association
IPPUC: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
ISEB: Instituto Superior de Estudos Brasileiro
ISO: International Organization for Standardization
LC: Lei Complementar
LDO: Lei de Diretrizes Orçamentária
LOA: Lei Orçamentária Anual
LRF: Lei de Responsabilidade Fiscal
MARE: Ministério da Administração e da Reforma do Estado
MBC: Movimento Brasil Competitivo
M&A: Monitoria e Avaliação
MEPCP: Metodologia Estruturada de Planejamento e Controle de Projetos
MfDR: Management for Develonpment Results
MG: Estado de Minas Gerais
MOG: Ministério do Orçamento e Gestão
NGP: Nova Gestão Pública
NPM: New Public Management
OCDE: Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
ODM: Objetivo de Desenvolvimento do Milênio
ONU: Organização das Nações Unidas
OOR: Orçamento Orientado para Resultados
OSCIP: Organização Social Civil de Interesse Público
PBQP: Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade
PDRE: Plano Diretor da Reforma do Estado
PMBOK: Project Management Body of Knowledge
PMDI: Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado
PMI: Project Management Institute
PP: Política Pública
PPA: Plano Plurianual
PPAG: Plano Plurianual de Ação Governamental
PRODEV: Programa de Estratégia e Plano de Ação para a Efetividade do
Desenvolvimento no Brasil
RJ: Estado do Rio de Janeiro
SEGEP: Secretaria Extraordinária de Gerenciamento de Projetos
SEPLAG: Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão
SIGES: Sistema de Gerenciamento Estratégico do Governo do Espírito Santo
TCE: Tribunal de Contas do Estado
TCU: Tribunal de Contas da União
TSE: Tribunal Superior Eleitoral
UAGP: Unidade de Apoio Gerencial aos Projetos Estruturadores
UNICEF: United Nations Children's Fund (Fundo das Nações Unidas para a Infância)
SUMÁRIO


1- INTRODUÇÃO                                                                        018

2- A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO                              024

A Reforma do Estado e a convergência sobre os indicadores de eficiência e eficácia   024

O Gerencialismo na Administração Pública – A Nova Gestão Pública (NGP)               031

Gestão para Resultados (GpR)                                                         033

Gestão para Resultados de Desenvolvimento                                            038

3- DESENVOLVIMENTO E A GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS                                  041

Políticas Públicas (PP)                                                              044

Formulação de Políticas Públicas                                                     046

Implementação de Políticas Públicas                                                  048

Avaliação de Políticas Públicas                                                      051
4- O PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL E O GERENCIAMENTO DE
                                                                                     055
PROJETOS PÚBLICOS
Plano Plurianual e Projetos Públicos                                                 058

Gerenciamento de Projetos                                                            062

Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP)                                        067

Gerenciamento de Projetos Públicos                                                   069

5- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS                                                       071

Caracterização do Método                                                             072

Universo e Amostra                                                                   074

Apresentação dos Sujeitos                                                            075

Seleção dos entrevistados                                                            086

Técnicas de Pesquisa                                                                 087

Desenho da Pesquisa                                                                  087

Fases e Etapas da Pesquisa                                                           089

Preparação para a Coleta de Dados                                                    089
Elaboração do Protocolo de Pesquisa                                            091

Dimensões e Variáveis da Pesquisa                                              092

Falseamento                                                                    092

Elaboração dos Instrumentos de Pesquisa                                        093

Coleta dos Dados                                                               095

Aplicação dos Questionários e Entrevistas                                      095

Coleta de Documentos e Observação Direta                                       096

6- ANÁLISES DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS                               097

Análise do Questionário Principal                                              098

Análise das Entrevistas                                                        106

Análise do Questionário de Recursos Utilizados no Gerenciamento de Projetos    110

Dedução: Consequências Observadas                                              112

7- CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES                                        116

Resposta à Pergunta de Pesquisa                                                119

Considerações sobre a Hipótese Conjecturada                                    120

Contribuições do Estudo                                                        121

8 - REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS                                                123

APÊNDICES                                                                      131
Apêndice A - Questionário Principal – Survey                                   131
Apêndice B - Formulário de Entrevista                                          139
Apêndice C - Questionário Recursos Utilizados no Gerenciamento de Projetos
                                                                               141
Públicos
Apêndice D - Tabulação das respostas do Questionário Principal separadas por
                                                                               146
Estado

Apêndice E - Análise e discussão das questões concordantes                     149

Apêndice F - Análise e discussão das questões discordantes                     156

Apêndice G – Análise complementar das entrevistas                              161
18



1 - INTRODUÇÃO




        Esta dissertação se situa na grande área denominada políticas públicas, mais
precisamente na esfera da implementação de políticas públicas e sua relação com o
desenvolvimento regional.
        A busca por resultados de desempenho tem transformado as administrações dos
setores públicos na maioria dos países democráticos. No Brasil, esta crescente busca por
resultados vem sensibilizando, nos últimos anos, algumas administrações públicas, tanto em
nível federal, quanto estadual e municipal. Algumas administrações mais alinhadas aos
preceitos da nova gestão pública estão se organizando para promoverem melhor desempenho
em suas gestões, gastando de forma mais criteriosa e responsável visando atender
precipuamente as demandas da população.
        Nas últimas duas décadas é possível notar que os governos estão se adaptando a
modelos mais gerencialistas, que prezam pelo melhor desempenho e pela adoção de formatos
que proporcionem reconhecidos resultados, ou seja, mais gerenciais na condução dos projetos
públicos - que considera os aspectos relacionados à sustentabilidade, eficiência1, eficácia2 e
efetividade3 na transformação positiva da sociedade.
        O Brasil não dispõe ainda de um sistema amplo de avaliação de políticas públicas,
apesar de novas iniciativas demonstrarem que este é um caminho que o governo federal vem
buscando trilhar. Pela legislação atual, quem deve monitorar e acompanhar a execução dos
projetos públicos é o controle interno das mesmas administrações. Quem fiscaliza
externamente o poder público são os tribunais de contas, os Estaduais (Tribunal de Contas
Estadual - TCE) e o Federal (Tribunal de Contas da União – TCU). Apesar desses tribunais
tradicionalmente avaliarem a conformidade normativa, os resultados relacionados ao
desempenho ainda são passivos de análises subjetivas e desassociadas do conjunto das
políticas públicas, face a precariedade da existência de planos estratégicos de longo prazo que

1
  O conceito de eficiência, segundo Cohen (2004, p.104), relaciona-se predominantemente ao aspecto financeiro e
“está associado à noção de ótimo”. Sendo os insumos traduzidos em unidades monetárias, a eficiência pode ser
definida como “a relação existente entre os produtos e os custos dos insumos”.
2
  Com referência a projetos, e segundo Cohen (2004, p.102) que aborda sob o contexto social, a eficácia de um
projeto está relacionado à capacidade de “produzir mudanças em alguma parcela da realidade, solucionar um
problema social ou prestar um serviço a um determinado subconjunto populacional”. A “eficácia é o grau em
que se alcançam os objetivos e metas do projeto, [...] em determinado período de tempo, independentemente dos
custos”.
3
  Efetividade, segundo Cohen (2004, p.107), é a razão entre resultados e objetivos. Pode ter duas dimensões em
função dos fins perseguidos pelo projeto: mede impacto (numa perspectiva que pode ser realizada antes, durante
ou depois) ou o grau de alcance dos objetivos, e tem o propósito de medir os efeitos líquidos do projeto.
19



deveriam balizar, via diretrizes estratégicas, o estabelecimento de objetivos estratégicos de
desenvolvimento socioeconômico local e regional.
        O presente trabalho objetiva conhecer quais são as dimensões relacionadas ao
gerenciamento de projetos públicos capazes de oferecer meios que proporcionem um melhor
ganho no desempenho da exeqüibilidade dos programas e projetos, tendo em vista que dentre
os princípios constitucionais da administração pública brasileira estão as premissas: eficiência
e eficácia. E, tem por propósito, responder à seguinte questão de pesquisa: a adoção e a
implementação do gerenciamento de projetos em administrações públicas de perfil inovador,
que instituíram escritórios de gerenciamento de projetos com metodologia aderente à
difundida pelo Project Management Institute (PMI), através do Project Management Body of
Knowledge (Guia PMBOK4), conseguem melhorar a eficiência na implementação dos
projetos e consequentemente a eficácia nos resultados de gestão governamental? Logo, o
problema de pesquisa é: em que medida o gerenciamento de projetos contribui com a gestão
orientada para resultados5?
        Ainda com o propósito de atingir o objetivo principal buscou-se compreender questões
correlatas, classificadas como objetivos específicos. Dentre as quais:
         Analisar a relação existente entre planejamento estratégico governamental e a
implementação de projetos;
         Verificar como se dá a relação entre a escolha e a definição das políticas públicas e
o uso do gerenciamento de projetos na sua implementação;
         Entender a relação entre o gerenciamento de projetos e a gestão orientada para
resultados;
         Compreender a importância e a relevância de se alcançar melhoria nos resultados
de exeqüibilidade de projetos públicos e a sua relação com o desenvolvimento regional.
        Buscou-se verificar a hipótese de que: “com a adoção e o uso do gerenciamento de
projetos difundido pelo escritório de gerenciamento de projetos públicos é possível incorrer
na melhoria dos resultados de gestão, atendendo aos princípios gerenciais aludidos pela Nova
Gestão Pública e ao preceito Constitucional da eficiência e eficácia nas administrações
públicas”.


4
  PMBOK® é a sigla de Project Management Body of Knowledge, uma publicação que pretende ser um guia de
melhores práticas referentes à gestão de projetos, editado pelo Project Management Institute (PMI®), que reune o
conjunto de conhecimentos necessários em gerenciamento de projetos, como habilidades, competências,
ferramentas, técnicas e orientações de como conduzir projetos.
5
  Nessa dissertação as expressões Gestão Orientada para Resultados e Gestão para Resultados (GpR) têm o
mesmo significado.
20



       Quanto ao enquadramento metodológico utilizado para analisar a hipótese apresentada
nessa pesquisa, o método escolhido foi o hipotético-dedutivo. É um método de abordagem
clássica para se analisar um fenômeno, conferindo ao pesquisador, através de atenciosas
observações, intuições e competentes antecipações atingir um postulado capaz de caracterizar
a governança dos fenômenos estudados.
       O método possibilita realizar análises e inferir por conseqüências após submeter o
conteúdo das observações a variadas tentativas de refutação e falseamento, proporcionando
delimitar a compreensão do fenômeno em todas as suas dimensões.
       Ainda no escopo desta pesquisa nota-se a importância política e administrativa de duas
questões executivas: a primeira diz respeito à ausência de uma metodologia reconhecida e
institucionalizada nas administrações públicas brasileiras, capaz de fornecer elementos
teóricos, ferramentais e técnicos que auxiliem os gestores na identificação, elaboração e
execução de projetos públicos, sendo que, em tese, o propósito desta metodologia seria o de
alinhar conceitos e procedimentos que sustentem a implementação dos projetos públicos,
garantindo sua exeqüibilidade e conseqüente melhoria no desempenho dos resultados de
eficácia, eficiência, efetividade, execução, excelência e economicidade; e a segunda questão
diz respeito à falta latente do monitoramento e da avaliação sistêmica que vise permitir um
controle da gestão orientado para resultados de desenvolvimento.
       Organismos internacionais - Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o
Centro Latinoamericano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD) – que
acompanham a evolução da gestão pública, observam que dentro do conceito de Gestão para
Resultados (GpR) existem alguns importantes fatores que devem ser observados, dentre eles:
o compromisso com comprometimento amplo nos níveis horizontais e verticais; a gestão do
processo de mudanças orgânicas; o apoio e o envolvimento das autoridades políticas; a
iniciativa e o comprometimento gerencial; a gestão contínua do tempo; a adaptação ao
ambiente, com atenção às especificidades; a visão global com implantação local; o
desenvolvimento equilibrado e sustentável; a análise atenciosa e uso devido da informação; a
aprendizagem organizacional e individual; e o plano de trabalho enfatizando o alcance dos
resultados (SERRA, 2008 pgs. 85-89).
       Espera-se que este trabalho proporcione contribuições no tocante à compreensão do
uso de novos instrumentos metodológicos gerenciais, como o abordado nesta pesquisa -
Gerenciamento de Projetos (PMI/PMBOK), originalmente empregados pela iniciativa privada
e que começaram a surgir nas administrações públicas a partir da crise do Estado. Tais
recursos poderão auxiliar os técnicos e os gestores que lidam com a implantação de
21



programas e projetos públicos, possibilitando assim melhor desempenho na implementação
das políticas públicas de gestão em todas as esferas de governo.
       Neste sentido, a discussão sobre o emprego dos recursos públicos torna-se
demasiadamente relevante, principalmente no Brasil, uma grande nação que precisa avançar
em inúmeros indicadores sociais. A escolha da política pública e o emprego dos recursos para
sua viabilização é um assunto cada vez mais presente nas discussões políticas e sociais.
       Por sua vez, nota-se que o debate sobre desenvolvimento está sempre presente na
agenda governamental e, segundo Goulart et al (2010, p.391) pode-se dizer que seu conceito é
complexo, pois extrapola o viés estritamente econômico e assume diversas dimensões, como
social, política, humana, cultural e ambiental. Logo, o poder público é um importante
elaborador e gerenciador de projetos de interesse público, nas várias dimensões do
desenvolvimento. Elaborar e gerenciar com primazia, dentro de preceitos elencados para o
bom desempenho é uma condição precípua e fundamental às administrações públicas.
       Os governos, independentemente da instância territorial, são grandes promotores do
desenvolvimento regional. Esta prerrogativa é inerente às funções do poder executivo, que
utiliza-se dos instrumentos legais e constitucionais para comunicar suas escolhas. O Plano
Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentária reúnem as opções elencadas pelos governos
para a promoção do desenvolvimento social, econômico, humano, cultural e ambiental de suas
sociedades. Estas escolhas aparecem na forma de programas e projetos, que para
materializarem-se precisam ser efetivamente implementados.
       O desenvolvimento regional em grande parte se alicerça em ações de iniciativa dos
poderes públicos. Como os recursos públicos são escassos por natureza, prover resultados
sustentáveis e justificáveis através da implementação exitosa das escolhas (políticas públicas)
é um dos objetos da requerida transformação social e consequentemente, do desenvolvimento.
       Martins (2004, p.51), coloca que a “implementação de uma nova Administração para o
Desenvolvimento requer uma série de ações extremamente desafiadoras”, tendo importância
singular: a gestão orientada para resultados, o desdobramento do plano de desenvolvimento
em políticas e programas e a definição de seus arranjos de implementação.
       Quanto à organização do trabalho, após a introdução (Capítulo 1), essa dissertação
apresenta o referencial teórico que divide-se em três capítulos complementares que fazem
uma revisão da literatura sobre o tema pesquisado. O Capítulo 2 aborda a Reforma do Estado
e a consequente reforma da Administração Pública até as atuais proposituras que caracterizam
a Gestão para Resultados. Este capítulo parte da crise do Estado a partir da década de 1970,
que leva à Reforma do Estado, evidenciado nas décadas seguintes (1980 e 1990). Afloram
22



discussões sobre o papel da burocracia estatal e o próprio papel do Estado na economia e na
sociedade, que suscitam reformas administrativas espelhadas nas administrações privadas –
conjunto de reposicionamentos e inovações que convencionou denominar de Nova Gestão
Pública. Nesta direção, a Gestão para Resultados surge sob uma égide que parte da
planificação das ações e das opções estratégias para identificar eminentes necessidades e
convergir políticas públicas e as próprias administrações para uma orientação centrada em
resultados, considerando entre outros pressupostos a flexibilidade gerencial, para atender às
questões que vão de encontro às demandas dos clientes-cidadãos, numa clara e nova
perspectiva de gerar valor público.
       O Capítulo 3 apresenta e discute o desenvolvimento a partir das políticas públicas
governamentais e a Gestão de Políticas Públicas. Aborda a formulação e os referenciais de
implementação, finalizando com a avaliação de políticas públicas. Neste contexto, inicia-se
abordando a mudança paradigmática dos governos que passaram da ótica de promover o
crescimento para o ideal de fomentar o desenvolvimento socioeconômico, ambiental e
humano. São discutidos também, os aspectos gerenciais inovadores da administração pública
brasileira, incorporados a partir da Constituição de 1988 e os conceitos que definem Políticas
Públicas, sua formulação e principalmente a implementação que aparentemente ficou meio
que “esquecida” ao longo da evolução da gestão das políticas públicas, sendo a avaliação,
parte inerente e fundamental ao processo.
       Os aspectos conceituais que envolvem o Planejamento Governamental e o
Gerenciamento de Projetos estão expostos no Capítulo 4 e complementa o arcabouço teórico
sustentador da pesquisa. Neste capítulo, a discussão sobre o Plano Plurianual (PPA) ganha
relevância face sua exigência constitucional aos órgãos da administração pública. Para tanto
observa-se a utilização de recursos de modelagem, que precipuamente visam organizar a
estrutura administrativa para a execução dos programas e projetos públicos do período
compreendido pelo PPA. Dentre tais instrumentos e recursos de gestão, o Gerenciamento de
Projetos ganha espaço com a criação e a instalação de Escritórios de Gerenciamentos de
Projetos (EGP) nas administrações públicas.
       O Capítulo 5 trata da metodologia empregada e descreve a caracterização do método,
o universo e a amostra, a apresentação dos sujeitos, a técnica de pesquisa e a preparação para
a coleta de dados e a própria coleta.
       O Capítulo 6 diz respeito aos dados coletados, onde os mesmos são analisados a partir
dos instrumentos de coleta utilizados. São feitas observações e considerações sobre os
principais aspectos destacados no processo da coleta e da própria coleta em si, visto a
23



condição qualitativa do método empregado. A partir das observações são realizadas
considerações com o refinamento das deduções e das consequências observadas.
       O Capítulo 7 traz as considerações finais do trabalho em tela, que inclui as
observações sobre as questões pertinentes aos objetivos pesquisados, incluindo uma análise de
cada um dos objetivos específicos intencionados pelo estudo e a resposta à pergunta da
pesquisa com considerações sobre a hipótese conjecturada.
       Por fim, o apêndice apresenta os instrumentos de coletas utilizados e análises
complementares das observações.
24



2. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO




A Reforma do Estado e a convergência sobre os indicadores de eficiência e eficácia

        Neste capítulo e no próximo buscar-se-á contextualizar o objeto da pesquisa a partir da
revisão literária. Iniciando com a discussão da Reforma do Estado no contexto amplo e da
Reforma da Administração Pública Brasileira, de forma mais específica, tomando por marco a
estabilização econômica e os movimentos transnacionais que buscaram redefinir o papel do
Estado face aos questionamentos dos modelos burocráticos e neoliberais.
        Nos anos compreendidos pelas décadas 1980 e 90 a administração pública de muitos
governos passaram por novas leituras, visando readequar o papel do Estado na economia e na
sociedade, tendo em vista que o modelo racional-legal proposto por Max Weber6 sofreu
questionamentos em virtude da necessária dinâmica empreendida por um novo
posicionamento dos governos. Abrúcio (1997) cita a necessidade de adoção de certos padrões
gerenciais na administração pública, inicialmente em países anglo-saxões (Grã-Bretanha,
Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia) e em seguida na Europa Continental e no Canadá,
que acabaram por influenciar países da América Latina, inclusive o Brasil. Este movimento
recebeu o nome de New Public Management (NPM) ou Nova Gestão Pública (NGP), ou ainda
Administração Pública Gerencial (APG), que em suma, propaga a aplicação do modelo de
gestão privada às organizações públicas, focando empreendedorismo, eficiência com eficácia,
estratégias planificadas de resultados e atenção ao cliente-cidadão.
        Este “novo modelo”, gerencial por definição, não requer, necessariamente, a
compreensão de como são formadas e definidas as políticas públicas, mas neste trabalho o
tema se apresenta como de substancial importância, principalmente a partir da Reforma da
Administração Pública no Estado Brasileiro e da crescente expectativa relacionada à busca
por melhores resultados de gestão, que estão no escopo do novo gerencialismo público. A
implementação das escolhas (políticas públicas) estratégicas torna-se fundamental para
validar a revisão dos processos e a eminente reformulação, com adoção de inovações que
sustentem a nova dinâmica requerida pela administração pública. Sendo que tais processos
remetem a uma melhor compreensão do papel exercido pelo gerenciamento de projetos


6
 Marini (2004) argumenta que “o sociólogo alemão, Max Weber, ao estudar os tipos de sociedade e as formas do
exercício da autoridade (tradicional e carismática), desenvolveu, como alternativa, o modelo racional-legal
(burocrático) a partir de suas características (impessoalidade, especialização, normatização, hierarquização,
meritocracia, etc.) e das funcionalidades decorrentes.
25



públicos no âmbito do uso de novos recursos, principalmente os metodológicos que visam
melhorar os processos, tendo em vista a sua utilização como instrumento de execução do
Plano Plurianual (PPA).
       Souza (2006) coloca que esta nova ordem nas administrações pública está guiando as
novas políticas públicas, onde o termo eficiência passa a ser visto como o principal objetivo
de qualquer política pública, aliada impreterivelmente à importância do fator credibilidade
para as instituições com “independência” política. Por sua vez, Martins (2004) observa certo
deslumbramento por parte de alguns governos com a Nova Gestão Pública, que surgiu como
portadora de modelos de gestão mais orgânicos, servindo de novo paradigma a ser seguido,
provocando – de certo modo – o mesmo fascínio que o modelo burocrático ortodoxo havia
provocado anteriormente.
       A década de 1980 trouxe grandes mudanças às administrações públicas de todo o
mundo, provocando alterações substanciais na forma de gerir a máquina estatal, remodelando
o papel do Estado perante as sociedades capitalistas. Os novos discursos abordavam a
necessária modernização administrativa, face as mudanças empreendidas pelas novas
tecnologias de comunicação e informação que causaram grandes transformações nas relações
comerciais e consequentemente econômicas, sociais e diplomáticas. Neste sentido, alguns
governos miraram a adoção (ou readequação) de novas práticas administrativas, sendo que
boa parcela delas têm por referência o setor privado - que praticamente serviu como
benchmarking para as administrações públicas dos países precursores.
       Dentre os motivos que levaram a esta reavaliação da posição do Estado perante a
sociedade estão, segundo alguns autores (AUCOIN, 1990; HOOD, 1995; POLLITT e
BOUCKAERT, 2002) questões como: crise fiscal, busca por investimentos transnacionais,
globalização dos mercados e grandes avanços das tecnologias de comunicação e informação.
Subirats e Quintana (2005) complementam a relação acima, incluindo outro importante fator,
o aumento da demanda por mão-de-obra especializada.
       No velho continente o processo de unificação dos países em torno de uma unidade
transnacional (União Européia) também contribuiu para forçar os governos a se adequarem às
novas demandas, a fim de prover respostas, repensando o papel desempenhado pelas políticas
de gestão pública (OLSEN, 2002; RADAELLI, 2005).
       Um dos alvos dos estudiosos foi o modelo burocrático tradicional, ou burocrático
werberiano. Muitos autores (BARZELAY, 1992; OSBORNE e GAEBLER, 1992; HOOD,
1995; POLLITT e BOUCKAERT, 2002), o consideraram inadequado para responder ao
contexto contemporâneo de demandas que insuflavam por necessidades de maior eficiência,
26



rapidez nas escolhas e principalmente dispor de meios e condições para prover respostas que
correspondessem aos anseios dos cidadãos.
        O clássico livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” de Max Weber,
lançado em 1904, trazia referências de uma burocracia profissional que almejava por
especialização, racionalidade e controle. Com a publicação em 1922 do livro “Economia e
Sociedade” do mesmo autor, o papel da burocracia ficou mais bem compreendido no
exercício do poder pela autoridade racional-legal. Weber descreve três características
principais do modelo burocrático: a formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo.
        Observa-se que estes princípios continuam sendo exigidos no modelo gerencial, visto
que a racionalidade e a legalidade que caracterizam a burocracia ainda é a referência que
sustenta as administrações públicas.
        A discussão sobre o “esgotamento” do modelo burocrático face às novas demandas fez
crescer movimentos pós-burocráticos que acabaram sendo alcunhados de gerencialistas. A
busca por flexibilidade e o apelo por melhor desempenho acabou ganhando consistência e as
reformas gerenciais entraram na pauta dos políticos. Sobre esta nova gestão pública, um de
seus mais consagrados pesquisadores postula que:

              A Nova Gestão Pública deverá ser construída a partir da flexibilidade gerencial, descentralização,
              autonomia e por modelos que promovam ganhos em performance. Independentemente de questões
              como controle fiscal e redução do tamanho e grau de intervencionismo do estado, é necessário que
              as administrações públicas venham a se orientar por metas de eficiência e efetividade
              (BARZELAY, 1992).


        Nesta discussão, surgiu a proposição de que a burocracia tradicional deve ceder espaço
para modelos de governança pública orientada pelo desempenho, onde se intensificam os
processos de delegação para as agências implementadoras de políticas públicas. O
accountability7 tradicional, pautado por regras, passa a ser remodelado em termos de um
accountability de resultados (REZENDE, 2009).
        A figura a seguir busca ilustrar este processo a partir da crise do Estado. Um conjunto
de fatores favorece a condução de “posturas” que prezam por uma gestão orientada para
resultados.




7
 Accountability representa nesse contexto, a prestação de contas de forma mais transparente, permeável e
alinhada a certos quesitos e finalidades pré-estabelecidos por regras de conduta.
27




Figura 1_ Da crise do Estado à Gestão Orientada para Resultados. Fonte: Silva (2007).



        Como colocado por Silva (2007), a Crise do Estado torna-se evidenciada pelas crises:
fiscal, do modo intervencionista do próprio Estado (na economia, na gestão de empresas
estatais, no protecionismo de mercado, etc.) e no seu próprio aparelho institucional e político-
administrativo. Este conjunto de fatores entra na agenda política e leva a uma Reforma do
Estado que se vê pressionado pelas forças do mercado (organizações civis, comerciais e
diplomáticas) e por demandas não atendidas ou atendidas insuficientemente pelos governos
que provocam um remodelamento nas funções do Estado, o que conduz a uma nova ordem de
orientação, pretensiosamente mais alinhada ao provimento de resultados conceitualmente
melhores.
        Pode-se enfatizar que as pressões que originaram a reforma dos estados nacionais
podem ser agrupadas pelas questões de ordem econômica (captação de recursos – impostos –
para sustentar as crescentes demandas, fora a problemática da inflação em alguns países);
orçamentária (alocações deficitárias e sob influência de baixo crivo técnico); produtiva, no
âmbito das industriais estatais (em sua maioria um fardo com baixo desempenho diante do
mercado); e aquelas originárias das inúmeras demandas dos cidadãos-usuários dos serviços
públicos (saúde, educação, previdência, segurança, etc.).
28



       Entre os anos de 1987 e 1991 o Brasil vivenciou uma profunda crise: alta inflação,
moratória da dívida pública e crise política. Segundo a leitura de um personagem central na
reforma do Estado brasileiro, houve certos equívocos:

           Na área da administração pública, as tentativas de reforma do governo Collor foram equivocadas
           ao confundir – como a direita neoliberal que então chegava ao poder o fazia – reforma do Estado
           com corte de funcionários, redução de salários reais e diminuição - a qualquer custo - do tamanho
           do Estado (BRESSER PEREIRA, 2008).


       Rezende (2009) ao analisar os pressupostos da reforma gerencial no Brasil, observa
que o diagnóstico realizado à época conferia especial atenção ao fato de que considerável
parcela do problema da ineficiência burocrática brasileira estava relacionada ao problema de
organização burocrática. O redesenho dos incentivos das relações entre formulação e
implementação de políticas públicas foi considerado passo decisivo para superar os crônicos
problemas de implementação.
       O governo Fernando Henrique Cardoso implantou o Plano Diretor da Reforma do
Estado (PDRE) formulado pelo Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado
(MARE) em 1995. Bresser Pereira (2008) coloca que a reforma proposta pelo PDRE parte de
uma nova estratégia que teve por pressuposto a conexão entre a elevação da performance e a
transformação das formas tradicionais de delegação e controle entre agências do setor público,
que em suma buscam implantar a administração pública gerencial no país.
       Bresser Pereira (2005) coloca ainda que a reforma da gestão pública não subestimou
os elementos patrimonialistas e clientelistas ainda existentes no Estado brasileiro, mais
buscou firmemente avançar em direção a uma gestão mais autônoma e mais responsabilizada
perante a sociedade, com instrumentos que visavam proporcionar mais eficiência e
modernidade ao governo.

           É preciso lutar contra a corrupção e o desperdício, mas esta luta não alcança êxito se nos
           limitarmos a travar a administração pública com controles e mais controles. Ao invés disso, é
           preciso tornar a combinar confiança com controle, dar mais autonomia ao gestor público, e fazê-lo
           mais responsabilizado pelos seus atos (BRESSER PEREIRA, 2005).


       Peter Drucker (1964) e Boyle (1989) apud Alcântara (2009) colocam a questão da
eficiência e da eficácia na administração como indicadores que podem medir a performance
do administrador, pois ambos são utilizados para medir o desempenho organizacional. No
mesmo artigo, ao discorrer sobre administração pública cita a colocação de Fernando Prestes
Motta e Bresser Pereira (1980) que os definem como a coerência dos meios em relação com
29



os fins visados, e se traduz no emprego de esforços (meios) para a obtenção de um máximo de
resultados (fins).
       Abrúcio e Gaetani (2006) ao avaliarem os avanços da reforma da gestão pública em
1995 nos estados colocam que quatro questões se destacam: 1) a realização de encontros de
secretários estaduais de administração, apoiados pelo ministro Bresser Pereira; 2) a aderência
dos estados na adoção de modelos gerenciais e na implantação de organizações sociais; 3) os
governos estaduais realizaram ajustamentos modernos e em certo grau promoveram reformas
administrativas estaduais; e 4) entre os anos de 2003 e 2006 houve uma migração de técnicos
de alto escalão - partícipes do governo de Fernando Henrique - que emprestaram seus
conhecimentos e experiências aos estados que estavam se organizando para implementar o
gerencialismo de resultados.
       A redução do papel do Estado experimentado no período de 1980 e 1990 no país, com
forte visão liberal à época, provocaram profundas mudanças no papel desempenhado pelo
Estado na economia e nas políticas sociais. Como consequência destes ajustes inúmeras
empresas foram extintas ou privatizadas. Segundo Graef (2010), em 1981 existiam 311
empresas públicas e atualmente não passam de 52.
       Graef (2010) coloca ainda que o processo de descentralização na implementação das
políticas públicas sociais é outro fator consequente das reformas que vieram a partir da
Constituição Federal de 1988, que possibilitou a transferência para os municípios de 50% das
atividades de cunho social que antes eram exercidas pelo próprio governo federal.
       Lemos e Marini (2008) também abordam a Reforma Constitucional de 1988, dizendo
que muitos avanços referentes a uma nova modelagem da administração pública brasileira
tiveram início justamente com a Nova Constituição. Segundo os autores, complementarmente
a emenda nº19 de 1998 introduziu outras importantes contribuições, tais como:

            (a) flexibilidade da estabilidade do servidor público; (b) a avaliação de desempenho periódica; (c)
            aumento do período de estágio probatório; (d) regime de emprego público; (e) fixação de tetos
            remuneratórios; (f) o princípio da eficiência; (g) a ampliação das autonomias; e (h) a
            recomendação da criação das escolas de governo nos Estados. Outra iniciativa destacada foi a
            instituição do instrumento dos contratos de gestão com a criação das agências executivas (Lei nº
            9649 de 1998) e o Programa Nacional de Publicização que criou a figura das Organizações Sociais
            (LEMOS e MARINI, 2008).


       O arcabouço institucional e legal legado principalmente pelo governo de Fernando
Henrique Cardoso, e que deram sustentação para a reforma gerencial, efetivamente se
materializou a partir da publicação do Plano Diretor de Reforma do Estado em 1995.
30



       Quanto à busca por melhores resultados de gestão, Francisco Pedraja e Javier Salinas
(2005) apud Alcântara (2009) “consideram natural a preocupação com a maior eficiência no
setor público, tendo em vista a exiguidade de recursos e os gastos crescentes neste setor”.
Sendo que a busca por maior eficiência se dará “em conseguir um maior “output” com os
mesmos recursos, ou o mesmo “output” com menos recursos. Ou tentando fazer ambos ao
mesmo tempo”.
       Por outro lado, há quem discorde sobre o princípio da eficiência na administração
pública inserido na Constituição de 1988. Moreira (2000) apud Alcântara (2009) “critica
severamente a inclusão da eficiência como princípio constitucional, considerando-a oriunda
da administração gerencial privada competitiva e expressa que sua inserção não gerará
nenhuma novidade ou benefício concreto”.
       Alcântara (2009, p.28) discorre sobre a dificuldade de se avaliar a eficiência na
administração pública:

           Além das dificuldades metodológicas de avaliação do serviço público e de sua eficiência, ressalta-
           se que não há um conceito unívoco para ela. O seu entendimento pode variar inclusive em
           diferentes áreas de conhecimento: Administração, Economia, e, mais recentemente, Direito. É
           interessante também observar, como reconhece Marianne Nassuno (1999, p. 335-361), que a
           eficiência, por si só, não permite adequada avaliação sobre que grupos sociais estão sendo
           beneficiados com as decisões do gestor público.


       Como a eficiência aparece como princípio constitucional em 1988 (Art. 37), observa-
se que no Art.74, item II, o documento prevê a avaliação de resultados a partir da eficácia e da
eficiência da gestão administrativa pública pelo órgão de Controle Interno. Sendo ambos os
indicadores, importantes e vitais recursos para o planejamento governamental, pois
relacionam as metas e os objetivos de gestão com os meios e os recursos para alcançá-los.
       Lemos e Marini (2008) lembram que a reforma gerencial teve uma grande influência
das abordagens sistêmicas e do neoinstitucionalismo, fazendo uso de técnicas de gestão
orientadas a resultados, planejamento estratégico, contratos de gestão, avaliação de programas
e desenvolvimento de competências. Para os autores, enquanto no primeiro mandato (1995-
1998) do presidente Fernando Henrique Cardoso a agenda de gestão esteve dominada pelos
temas da reforma gerencial, no segundo (1999-2002) os termos referentes ao planejamento
governamental foram os mais destacados, dentre eles o Programa Avança Brasil que utilizou
do enfoque gerencial, com definição de programas estruturantes, desdobramento de ações,
nominação e empoderamento dos gerentes, que exerciam o papel de articuladores
institucionais com vistas a buscar viabilizar a implementação das ações.
31



O Gerencialismo na Administração Pública – A Nova Gestão Pública (NGP)

        Tinoco (2010) coloca que nos estudos relacionados à análise das políticas públicas
dois modelos se destacam: o modelo sequencial-sistêmico e o modelo estratégico. Na
literatura francesa, o modelo de análise sequencial tem duas vertentes, o viés chamado de
políticas públicas (originado das ciências políticas) e o viés do management. A abordagem da
gestão (management) surgiu na França por volta dos anos de 1970, se for considerado,
segundo a autora, questões como a institucionalização de órgãos oficiais de pesquisa e o
estudo do tema nas universidades, inclusive na formação de profissionais. Sua caracterização
está na pesquisa dos instrumentos, métodos e técnicas necessários para promover a eficiência
e eficácia das organizações públicas, que incluem além da administração, contribuições do
direito e da economia.
        Tinoco (2010) esclarece que a doutrina da gestão pública (management public) na
França é originária do mundo empresarial. A autora coloca ainda que a transposição de
técnicas e métodos de gestão das empresas privadas, que, via de regra, são consideradas mais
eficazes que as públicas, expandiu-se a partir do Estado Providência8.
        Para Gilbert (1980) apud Bezés (2005), o Estado Providência exigia o
desenvolvimento de uma ciência das organizações públicas para fazer frente aos complexos
problemas de gestão dos órgãos públicos.
        Por sua vez, nos início da década de 1990 uma publicação precursora congregou toda
a vontade latente de se transformar as administrações públicas, é o livro “Reinventando o
Governo” de Osborne e Gaebler lançado em 1992. Este apresentou um novo “estilo” de
administração pública, revolucionário e até um pouco inusitado, denominado de
“administração empreendedora ou governo empreendedor”. A abordagem tem forte influência
de autores inovadores que consagraram a gestão empreendedora nas empresas, dentre eles,
Peter Drucker (com seu consagrado livro The Practice of Management de 1954) e Tom Peter
& Robert Waterman (com o livro In Search of Excellence de 1982). A publicação teve boa
repercussão nos Estados Unidos, principalmente por ter sido empregada e divulgada no
governo Clinton. Os autores prescrevem 10 mandamentos para transformar administrações
burocráticas em administrações empreendedoras. Dentre os principais tópicos abordados pela
publicação, se destacam: a importância da participação da sociedade nas discussões e nas



8
 Segundo Merrien (2007) apud Tinoco (2010) o termo Estado Providência pode ser entendido sob dois sentidos,
o de Estado Intervencionista, que se institucionalizou após a 2ª Grande Guerra e também no sentido de Estado
que intervém para assegurar as funções de solidariedade fundadas nos direitos dos cidadãos e trabalhadores.
32



escolhas; o comprometimento da iniciativa privada, através de parcerias público-privada; e o
fundamental papel exercido pela comunicação.
          A discussão sobre a necessária busca por melhores desempenhos na administração
pública tiveram naqueles mais exaltados proponentes, ou seja, os que visaram diferenciá-la da
velha administração pública, o propósito da criação de um novo serviço público, aonde o
papel primário do servidor público é o de ajudar os cidadãos no processo de articulação e
encontro de questões relativas ao atendimento de seus interesses (DENHARDT, 2000 apud
REZENDE, 2004).
          Rezende (2009) coloca que as reformas gerenciais partem do pressuposto de “fazer a
burocracia pública funcionar melhor, a um menor custo”. Este seria o papel desta nova
burocracia pública, mais administrativa, construída a partir da flexibilidade gerencial,
descentralizações e autonomias que visam proporcionar mais resultados de desempenho.
Nesta perspectiva, o que tem maior valia é a mudança paradigmática do modelo institucional,
que permite com que as organizações públicas se voltem para os resultados e não para as
questões meio, de processo.
          Segundo Pollitt & Bouckaert (2002), os países precursores das reformas da NGP nos
anos 80 e 90 (Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e EUA) demonstraram boas taxas de êxito
no processo de implantação das mudanças em comparação com outros (França, países
nórdico, países baixos e Canadá), onde o processo de modernização se deu em ritmo mais
cadenciado, com estratégias menos “agressivas” de privatizações e um menor uso de
processos de downsizing9.
          Secchi (2009) relacionou distinções e similaridades de modelos organizacionais da
administração pública. A comparação do Modelo Burocrático com o Modelo da
Administração Pública Gerencial ou New Públic Management estão representados na tabela
abaixo.


                                     MODELO              ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL
    CARACTERÍSTICAS
                                 BUROCRÁTICO                    GOVERNO EMPREENDEDOR
Relação sistêmica com o
                                      Fechado                                Aberto
ambiente
Distinção entre política e
                                     Separados               Trabalhando juntos sob comando político
administração
Funções administrativas
                               Controle e organização               Controle e planejamento
enfatizadas

9
 Downsizing nos governos pode ser entendido como um enxugamento das atividades não exclusivas do Estado,
através da privatização de empresas públicas e ações de desregulamentação que visam proporcionar uma
diminuição dos gastos que oneram o Estado.
33



Discricionariedade
                                         Baixa                                    Alta
administrativa
Cidadão                                 Usuário                                  Cliente

Tabela 1_ Características básicas dos modelos organizacionais. Fonte: Adaptado de Secchi (2009).


          Para Barzelay (2001) apud Rezende (2003), o novo gerencialismo é um largo campo
de discussão sobre questões como as intervenções políticas dentro do núcleo executivo dos
governos. As características dos instrumentos de intervenções de políticas são regras
institucionais e rotinas organizacionais que interferem no planejamento das despesas, na
gestão das finanças e em várias relações da administração pública, como compras, relações de
trabalho, organização e métodos, auditoria e avaliação.
          Pollitt & Bouckaert (2002) colocam que em teoria a NGP está totalmente ligada à
melhoria do desempenho – fazer os governos mais conscientes em relação a custos, eficiência,
eficácia e também compreensivos, voltados à satisfação do cliente, flexíveis e transparentes.
Mas ponderam dizendo que na prática é um processo lento de aprendizagem e consciência
coletiva, que demanda a revisão de vários paradigmas administrativos e comportamentais.
          Um dos pilares de sustentação da NGP é a forma de como os problemas são
analisados, compreendidos e processados a fim de proverem solução às demandas da
sociedade. Segundo Frederickson (2004), a NGP busca focar o problema de forma direta, ao
contrário da administração pública tradicional, que foca a instituição que foi criada para
procurar sanar os problemas da sociedade. O autor enfatiza que, o que importa na verdade é
prover uma resposta adequada à sociedade quanto à demanda suscitada e não em questões de
foro da estrutura burocrática.

Gestão para Resultados (GpR)

          Segundo Lemos (2009) as origens da gestão orientada para resultados remonta a
discussão sobre a importância da estratégia, do pensamento e do planejamento estratégico
para elucidar problemas futuros das organizações. A autora diz que para as organizações a
nova máxima é a responsabilização por resultados alinhados com a visão e autonomia de
gestão.
          Enquanto que, para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Centro
Latinoamericano de Administração para o desenvolvimento (CLAD) (2007), a gestão pública
orientada para resultados pode ser configurada como na figura abaixo:
34




Figura 2 - Esquema ilustrativo da gestão para resultados no âmbito público. Fonte: BID/CLAD (2007).



        Num aspecto mais amplo, a GPR, segundo Lemos (2009), se comporta como uma
ferramenta cultural, conceitual e operativa que se posiciona buscando priorizar o resultado em
todas as ações, permitindo assim a otimização do desempenho governamental.
        Para Martins (2002) é possível pensar numa modelagem de sistemas em gestão de
recursos públicos buscando a eficiência. Nesta perspectiva o autor cita a nova economia
institucional que atribui às burocracias uma tendência estrutural à ineficiência, incorrendo-se
em custos de transação (formalidades, rituais burocráticos, pontos de controle, etc.)
desnecessários e onerosos.
        Perdicaris (2009) explica que a Gestão para Resultados é uma das ferramentas de
gestão que vem sendo implementadas como forma de promover o alinhamento dos objetivos
das organizações, com “o propósito de atingir as metas propostas pelo governo nas diferentes
secretarias, órgãos governamentais e prestadores de serviço”. O modelo de GpR se tornou
uma das partes centrais da agenda de reformas administrativas e vem sendo adotado como
uma forma de atingir melhores níveis de accountability, responsividade e qualidade (BEHN,
1998; HOOD & PETERS, 2004; BARZELAY, 2005; BOUCKAERT & HALLIGAN, 2008
apud PERDICARIS, 2009).
        Trosa (2001) ao se referir aos resultados faz uma leitura da mudança da visão do
processo de formulação, colocando que a gestão pública por resultados proporciona definir
quais resultados deverão ser buscado. Ela coloca que:
35


            Melhor do que partir de objetivos (método dedutivo que parte da vontade para chegar aos meios), a
            tendência atual é definir os resultados a alcançar (método indutivo que parte dos problemas e dos
            efeitos para chegar aos objetivos esperados) e deixar aos gerentes e ao pessoal a escolha dos meios
            e das estratégias (TROSA, 2001, p. 29).


       Uma das questões centrais da GpR é a prestação de contas. Trosa (2001) coloca que
“quando o controle era centralizado, os gerentes seguiam as normas e tinham pouca liberdade
em sua execução”. Com o advento da maior responsabilização dos gestores, a autora observa
que “agora os gerentes têm que fazer escolhas e o que eles fazem é fiscalizar de perto”. No
passado, quando se gerenciava por imputs (insumos) os gerentes se viam protegidos, pois os
objetivos e as medidas de referência ao desempenho eram raramente especificadas antes,
dificultando a responsabilização dos gestores. Dentre os fatores que ocorreram para modificar
a situação estão: a flexibilização dos salários (com possibilidade de prêmios por alcance de
metas), a orçamentação flexível sob responsabilidade de alocação dos gerentes e a pressão dos
usuários (beneficiários das políticas públicas).
       O modelo de gestão orientado para outcomes (resultados) proporcionou mudanças no
papel do gestor público, acarretando também a abertura de pactuação de objetivos, metas e
resultados de gestão.
       Para Trosa (2001), o Estado contratual é baseado em escuta, negociação, compromisso
e síntese. Quanto ao modelo hierárquico na administração pública, este foi enfraquecido
devido a fatores como: a dúvida sobre sua eficácia; as competências, habilidade e
experiências individuais questionaram o modelo; a multiplicação exagerada de normas
proporcionou empoderamento maior aos servidores de baixo do que aos de cima. O contrato
reconhece que o modelo hierárquico tradicional na administração pública está ultrapassado.
       Vilhena et al (2006) colocam que este tipo de contrato teve origem na França, oriundo
da recomendação contida no Relatório Nora de 1967 e se relacionava com as empresas
públicas estatais. Outra experiência de referência ocorreu na Grã-Bretanha a partir de 1988,
no programa denominado “Next Steps” e que deu origem às Agências Executivas com adoção
de mecanismos de responsabilização de resultados destas com o governo central. Se seguiram
outras experiências na Nova Zelândia e Austrália.
       Na América Latina, segundo Shepherd (1988) apud Vilhena et al (2006), destaca que
o Chile tomou a dianteira nas reformas alinhadas à Nova Gestão Pública, que incluíram além
do planejamento estratégico, os acordos de modernização, remuneração com base no
desempenho, indicadores de performance e a avaliação dos programas do setor público. Outra
citação importante é a de Saraiva (2005) apud Vilhena et al (2006) que destaca as
36



experiências da Bolívia a partir de 1991com os contratos de rendimento celebrados com as
empresas públicas.
        Já no Brasil, tais acordos se iniciam com empresas estatais da época (Rede Ferroviária
Federal em 1983 e a Vale do Rio Doce em 1991) e posteriormente foi regulamentado em
1991, pelo Decreto Federal nº 137 que incorporou o contrato de gestão aos instrumentos do

Programa de Gestão das Empresas Estatais. Já na esfera estadual, Vilhena et al (2006) citam a
gestão do Governo do Estado de São Paulo no período de 1992-95. Por sua vez, a Emenda
Constitucional nº 19 de 1998 (art. 3°, XIX, § 8) estabelece que poderão ser firmados contratos
entre os administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
desempenho (SARAIVA, 2005 apud VILHENA et al, 2006).
        Na perspectiva de uma gestão guiada para a governança orientada para resultados,
Martins e Marini (2010) falam sobre a contratualização, ou seja, a pactualização de resultados
mediante mecanismos de monitoramento, avaliação e incentivos. Neste contexto é importante
um alinhamento vertical entre a liderança da organização (governo – contratante) e a rede de
implementação de cada objetivo (contratado – unidades/organizações implementadoras). O
governo deve assegurar os meios necessários para o alcance das metas pactuadas, com
tratamento diferenciado na alocação dos recursos (não contingenciamento, precedência na
alocação da força de trabalho e os recursos informacionais e flexibilidades gerenciais), o que
caracteriza a concepção de orçamento voltado para resultados (MARTINS e MARINI, 2010).

      METAS
      - convergência com políticas públicas
      - ação x desempenho
      - realismo
      - desafio

      MEIOS
      - recursos financeiros
      - patrimônio & RH
      - flexibilidade conferida
      - flexibilidade utilizada                            BOAS                        DESEMPENHO =
                                                      EXPERIÊNCIAS                      ALCANCE DOS
      CONTROLE
                                                      CONTRATUAIS                       RESULTADOS
      - relação com supervisor
      - acompanhamento
      - representação junto ao contratado
      - controle interno & externo
      - transparência & controle social

      INCENTIVOS
      - punição de erros                                          FATORES INTERVENIENTES
      - premiação de acertos


Figura 3 - Arquitetura do modelo de avaliação de experiências contratuais. Fonte: Martins e Marini (2010).
37



       Martins e Marini (2010) colocam ainda que o modelo de pactuação de resultados deve
comportar os elementos: metas, meios, controles e incentivos (mostrados na Figura 3). Sendo
preciso realizar um diagnóstico das unidades e dos processos pactuados em cada organização
aderente, a fim de verificar a prontidão dos mesmos para a pactualização, visto a sua
importância na implementação dos objetivos estratégicos da organização. Este processo deve
contar com uma análise multidimensional que identifique e caracterize cada dimensão
(estratégia, processos, modelo institucional, estrutura, pessoas, sistema de informação e custos
e investimentos).
       O modelo aberto de gestão para resultados para o setor público, segundo o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Centro Latinoamericano de Administração
para o desenvolvimento (CLAD) (2007), está definido como:

              A gestão para resultados é um marco conceitual cuja função é de facilitar para as instituições
              públicas a direção efetiva e integrada do processo de criação de valor público, a fim de otimizá-lo
              assegurando a máxima eficácia, eficiência e efetividade em seu desempenho, a consecução dos
              objetivos de governo e a melhoria contínua das instituições (BID/CLAD, 2007).


       Segundo Lemos (2009), na “Segunda Mesa Redonda sobre Resultados” realizada em
Marrakech em 2004, ficaram assim definidos os princípios que norteiam a gestão para
resultados:

              1 – Em todas as fases – do planejamento estratégico até a implementação – o foco do diálogo deve
              ser nos resultados, tanto interna quanto externamente. Na gestão para resultados é importante ter
              uma aproximação coerente entre todas as fases do processo: (a) ex-ante, na fase da estratégia e
              planejamento, quando resultados esperados são definidos e a programação de custos e de impactos
              a serem alcançados são analisados; (b) durante a implementação do programa/projeto, quando o
              monitoramento é necessário para determinar o progresso e identificar a necessidade de correções
              no meio do caminho; (c) ex-post, após a finalização do programa/projeto, quando os resultados
              alcançados são comparados com os objetivos iniciais; (d) após um certo tempo da conclusão do
              programa/projeto para verificar sua sustentabilidade; 2 – Alinhar a programação, monitoramento e
              avaliação das atividades com os resultados esperados. Quando todas as instituições envolvidas
              focam suas atividades nos resultados esperados e associam indicadores de resultados às mesmas,
              elas podem alinhar melhor a programação (incluindo a financeira), o monitoramento e as
              avaliações com os objetivos a serem alcançados; 3 – Manter os sistemas informacionais sobre os
              resultados o mais simples possível, com custo/benefício efetivo e amigável aos usuários. A
              estrutura de indicadores elaborada para o acompanhamento dos resultados deve ser simples,
              integrada aos outros sistemas existentes, permitindo a aprendizagem e a accountability e, deve
              minimizar os custos transacionais e facilitar as análises comparativas; 4 – A gestão deve ser para
              resultados e não por resultados. Gestão para resultados envolve uma mudança de compreensão –
              ao invés de se começar com os inputs e ações planejados e depois seguir em direção aos produtos e
              impactos, deve-se focar nos produtos e impactos desejados e depois identificar quais são os inputs
              e ações necessárias para se chegar lá; 5 – As informações sobre os resultados devem ser utilizadas
              para enriquecer a gestão do conhecimento e para os processos de tomada de decisão, assim como
              para a prestação de contas e accountability. As informações sobre os resultados devem estar
              sempre disponíveis ao público.

       Sendo que sinteticamente é possível identificar cinco elementos centrais da Gestão
para Resultados: o planejamento estratégico; a vinculação do planejamento com o orçamento;
38



a transparência e a prestação de contas sistematizada; a gestão de programas e projetos; e o
monitoramento e a avaliação (BID/CLAD, 2007).
       Para Perdicaris (2009) os conceitos de GpR começam a ser consolidados somente em
estudos mais recentes. Por ser um campo aplicado, muito da literatura é baseada em
observações empíricas e constitui-se de policy recommendations, por isso sua característica
normativa. Suas origens remetem à administração por performance, baseados nos
movimentos de mensuração de desempenho no início do século XX, principalmente nos
Estados Unidos. Segundo Bouckaert & Halligan (2008) apud Perdicaris (2009), a gestão para
resultados não pode ser considerada de forma isolada do sistema administrativo. O conceito
de gestão para resultados deve perpassar todas as ações de governo e é implantado de forma
ampla para direcionar a estratégia governamental como um todo.
       Makón (2008) cita os requisitos gerenciais para se viabilizar a GpR, que o autor
denomina de Orçamento Orientado para Resultados (OOR), onde devem fazer parte:

            O foco nos resultados; as Políticas Públicas formuladas a partir do planejamento governamental; as
            decisões descentralizadas; a flexibilização de recursos e cobrança de responsabilidade dos
            gestores; a utilização do planejamento estratégico nas organizações públicas e otimização dos
            processos administrativos; as mudanças metodológicas no processo de formulação do orçamento
            público; os Sistemas de Informação proporcionando subsídios à tomada de decisão e que meçam
            os recursos consumidos na obtenção dos resultados (sistemas de apuração de custos); os Sistemas
            de Monitoramento da gestão, Prestação de Contas e Avaliação; e o desenvolvimento de
            indicadores de impacto da ação governamental e identificar desvios para introdução de medidas
            corretivas (MAKÓN, 2008).


Gestão para Resultados de Desenvolvimento

       Como colocado por Martins e Marini (2010), a GpR “não é só formular resultados que
satisfaçam às expectativas dos legítimos beneficiados da ação governamental de forma
realista, desafiadora e sustentável”. Uma das questões mais importantes é que a GpR significa
também “alinhar os arranjos de implementação” e viabilizar uma mudança no status quo dos
beneficiados diretos e/ou indiretos.
       Gestão para Resultados de Desenvolvimento – GpRD, que em inglês é conhecida pela
sigla MfDR (Management for Develonpment Results) é uma estratégia de gestão focada no
desenvolvimento socieconômico, onde o desempenho se concentra nas melhorias dos
resultados sustentáveis. Os objetivos do desenvolvimento descrevem os impactos pretendidos
na contribuição para a melhoria da saúde (física e mental), da renda, dos aspectos sociais e
ambientais e das instituições em geral, envolvendo uma sociedade, comunidade ou grupo de
pessoas através de uma ou mais intervenções no processo de seu desenvolvimento.
39



       No ano 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu 189 países membros
para deliberarem sobre as mazelas sociais sofridas pelas populações de muitos países pobres
ou em fase de desenvolvimento. Todos países membros se dispuseram a trabalhar para a
redução da pobreza global e do desenvolvimento sustentável. Estes objetivos globais foram
sinalizados nos oito “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)”, com metas (18) e
indicadores de desempenho (48) para seu cumprimento. Cada país assumiu seus
compromissos com as metas dos ODM: 1- Erradicar a extrema pobreza e a fome; 2- Atingir o
ensino básico universal; 3- Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
4- Reduzir a mortalidade na infância; 5- Melhorar a saúde materna; 6- Combater o HIV/Aids,
a malária e outras doenças; 7- Garantir a sustentabilidade ambiental; 8- Estabelecer uma
Parceria Mundial para o Desenvolvimento. Desde então, várias reuniões promovidas pela
ONU em países diferentes vêm ocorrendo para a discussão e promoção da Gestão para
Resultados de Desenvolvimento.
       A GpRD fornece um conjunto coerente de orientações atitudinais para a efetividade do
desenvolvimento no qual as informações de desempenho são utilizadas para melhorar a
tomada de decisão. Inclui ferramentas práticas para o planejamento estratégico, gestão de
riscos e o progresso do acompanhamento e avaliação dos resultados. Os princípios GpRD são:

       1. Focalizar o diálogo sobre os resultados em todas as fases do processo de
       desenvolvimento;
       2. Alinhar a programação, o acompanhamento e a avaliação, com os resultados;
       3. Manter o monitoramento e a comunicação simples, porém constantes;
       4. Gerenciar não por resultados, mas para resultados;
       5. Usar os resultados de aprendizagem (lições aprendidads) e informação auxiliar na
       tomada de decisões.

       Existem várias organizações não governamentais que estão trabalhando para auxiliar
os países no atendimento das melhorias sociais, econômicas e ambientais pretendidas. Estas
organizações contam com a ajuda de doadores privados que aportam recursos para auxiliar na
implementação dos projetos de mudança.
       Os trabalhos orientados pela GpRD estão ocorrendo em três grandes áreas:

           1) Reforçando a capacidade nacional dos países no emprego da gestão para resultados. A busca de
           resultados de desenvolvimento começa com os países em desenvolvimento, que deve gerir os seus
           processos de desenvolvimento para alcançar os resultados que eles querem. Eles precisam definir
           os resultados que deseja alcançar e de trabalhar em parceria com agências de desenvolvimento,
           sociedade civil e as políticas de outras partes de design e programas para atingir esses resultados.
           Os países precisam de informações para fundamentar este trabalho, e da capacidade estatística e
40


           sistemas de monitoramento e avaliação para gerar as informações. O papel das agências de
           desenvolvimento é o de apoiar os países em desenvolvimento para fortalecer sua capacidade de
           gestão para resultados de desenvolvimento; 2) Melhoria da pertinência e da eficácia da ajuda. Para
           a maioria das agências de desenvolvimento, gestão orientada para resultados de desenvolvimento
           significa ir além do seu foco tradicional na entrega de insumos e qualidade de produção para se
           concentrar na obtenção de resultados, ou seja, uma consideração mais explícita da contribuição
           que a agência faz aos resultados do país. Para este fim, as agências estão apresentando resultados a
           partir de planos estratégicos e programas de cooperação, mudando os seus incentivos internos para
           foco em resultados de sustentabilidade, com o desenvolvimento de sistemas de comunicação em
           resultados; e 3) Fomento a uma parceria global. Alguns dos maiores desafios na gestão para
           resultados de desenvolvimento podem ser melhor abordados através de uma parceria global, por
           exemplo, um esforço global é necessária para apoiar os países na geração de dados confiáveis e em
           tempo oportuno para avaliar o progresso das metas dos ODM‟s, ou para reforçar os mecanismos
           de comunicação internacional e os sistemas de acompanhamento e avaliação
           (WWW.MFDR.ORG, 2010).

       No Brasil, apesar de pouco difundida esta nova postura pró-desenvolvimento
socioeconômico entre os entes federativos, algumas iniciativas estaduais começam a aparecer
tendo em vista que os ODM fazem parte de metas regionais, no escopo de programas e
projetos já em curso.
41



3. DESENVOLVIMENTO E A GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS




         A vida em sociedade só se tornou possível pelo advento do Estado Moderno. Foram
precisos três séculos para que se consolidasse. A figura abaixo ilustra este processo:


                         ANTECEDENTES... DO ESTADO PRÉ-MODERNO AO ESTADO MODERNO (CONTEMPORÂNEO)

                         Nascimento do                     Consolidação do                 Transição para o
                         Estado moderno                    Estado moderno               Estado contemporâneo
   Estado Pré-                                   Direitos sociais; Democracia                             Ajuste fiscal,
    Moderno:                                     de massas; Gestão da ordem        Ineficiência,       revisão de direitos
       Poder               Direitos civis e         econômica, regulação,        inconfiabilidade,     sociais, qualidade      Estado
  discricionário          Direitos políticos                                         exclusão                                Contemporâ-
                                                       desenvolvimento                                     de serviços
    + confusão                                                                                                               neo: Séc. XXI
     público-
      privado            Estado de Direito                 Estado Social         Crise do Estado     Reforma do Estado


                   Séc. XVII       Séc. XVIII   Séc. XIX               Séc. XX                        Fim do Séc. XX




Figura 4_ Trajetória de evolução do Estado Moderno. Fonte: Martins e Marini (2010, p.20).


         Até o século XIX os estados nacionais não se envolviam com a economia, que ficava
totalmente por conta das empresas e do mercado. Os estados tinham mais atuação na
administração da justiça, diplomacia e educação. Quando o livre mercado entrou em crise, no
período compreendido entre a I e a II Grande Guerra, aí “o mercado juntamente com o Estado
passaram a promover o desenvolvimento das sociedades” (HEIDMANN e SALM, 2010,
p.23-25).
         Heidmann coloca que o mito do progresso nasceu no final do período da Renascença
(séc. XVII), com a noção de que os acontecimentos se desenvolviam num sentido mais
desejável, de forma crescente, proporcionando talvez, um futuro melhor. O conceito de
progresso atingiu o ápice no século XIX, “tornando-se bandeira do romantismo e assumindo o
caráter de necessidade”. Tanto foi assim no período, que o lema do progresso acabou
estampado na nossa bandeira nacional. Ao longo do século XX o conceito de progresso
atrelado ao romantismo foi se dissipando em virtude de acontecimentos, como as duas
grandes guerras, que abalaram esta visão, causando significativas mudanças no campo da
filosofia. A idéia de futuro melhor passou a ser encampado pelo conceito de desenvolvimento
(HEIDMANN e SALM, 2010).
         A participação do Estado no desenvolvimento nos primeiros dois terços do século XX
se deu por duas vias: a regulatória e a empresarial (criação e gestão de empresas estatais). O
42



termo desenvolvimento à época tinha uma conotação bastante diferente da de hoje. Em 1955
foi criado o Instituto Superior de Estudos Brasileiro – ISEB, com o propósito de discutir a
ideologia do desenvolvimento. Os governos instituíram grandes sistemas de planejamento,
através de ministérios e comissões, com propósitos de elaborar, financiar e executar planos
ambiciosos, que em certa parte lograram êxitos, pois muitos países obtiveram grande
crescimento econômico.
       Além da gestão da ordem social, questões econômicas e administrativas, advindas de
pensadores como John Maynard Keynes, influenciaram os estados na organização de políticas
econômicas e sociais. Nestas circunstâncias os estados desenvolvimentistas avançaram sob a
tutela da burocracia clássica. Até os anos de 1970, os estados nacionais seguiram
rigorosamente a política do bem estar social. Quando os problemas de ordem econômica
global começaram a surgir, colocaram em xeque a permanência do modelo. O Estado passou
de herói a vilão, sendo visto como gerador de mais problemas do que capaz de viabilizar a
prosperidade das sociedades. A crise do Estado cedeu espaço para importantes reformas,
como o surgimento e o advento da Nova Gestão Pública.
       Com os sinais da crise do Estado, os governos locais diante das condições de escassez
de recursos, desemprego em ascensão e queda de arrecadação, decidiram reformular as
políticas públicas, com novas estratégias que visavam atrair investimentos, gerar emprego e
renovar a base produtiva, rompendo assim com práticas desenvolvimentistas do passado -
tributárias e intervencionistas (DINIZ, 1999 apud CAVALHEIRO e JUCHEM, 2009).
       A gestão pública contemporânea traz o advento da nova administração para o
desenvolvimento. Neste aspecto Martins e Marini (2010) colocam que “a velha administração
para o desenvolvimento se baseava em uma idéia nacionalista, xenófoba e autóctone”. Que
dicotomizava o desenvolvimento econômico do social a partir de um modelo de planejamento
tecnocrático e centralizado.
       Um conceito de desenvolvimento aberto caracteriza a nova administração para o
desenvolvimento, contando com integração, globalização e interdependência. Aborda o
desenvolvimento sob o prisma do social integrado ao econômico e ambiental. O Estado
assume posição de “concertador, ativador e direcionador das capacidades do mercado e da
sociedade civil” (MARTINS e MARINI, 2010).
       Guimarães (2010, p.15) coloca que a “análise do processo de desenvolvimento de um
país passa, necessariamente, pela análise de sua relação com o processo de formulação,
implementação e avaliação de políticas públicas”. E que, apesar da obviedade da relação,
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  • 1. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS - UFT CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL MARCELO TORRES PINHEIRO A PARTICIPAÇÃO DO ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS NA GESTÃO PÚBLICA ORIENTADA PARA RESULTADOS PALMAS - TO 2011
  • 2. MARCELO TORRES PINHEIRO A PARTICIPAÇÃO DO ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS NA GESTÃO PÚBLICA ORIENTADA PARA RESULTADOS Dissertação apresentada ao Curso de Desenvolvimento Regional e Agronegócios da Universidade Federal do Tocantins, em cumprimento aos requisitos para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Mônica Aparecida da Rocha Silva. Co-orientação: Prof. Dr. Humberto Falcão Martins PALMAS - TO 2011
  • 3. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Palmas P654p Pinheiro, Marcelo Torres A participação do escritório de gerenciamento de projetos públicos na gestão orientada para resultados / Marcelo Torres Pinheiro - Palmas, 2011. 170 fls. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócios) – Universidade Federal do Tocantins, 2011. Orientadora: Mônica Aparecida da Rocha 1. Implementação de Políticas Públicas; 2. Gerenciamento de Projetos; 3. Escritório de Gerenciamento de Projetos Públicos. I. Título CDD 350 Bibliotecário: Paulo Roberto Moreira de Almeida CRB-2 / 1118 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
  • 4. MARCELO TORRES PINHEIRO A PARTICIPAÇÃO DO ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS NA GESTÃO PÚBLICA ORIENTADA PARA RESULTADOS Dissertação apresentada ao Curso de Desenvolvimento Regional e Agronegócios da Universidade Federal do Tocantins, em cumprimento aos requisitos para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Mônica Aparecida da Rocha Silva. Co-orientação: Prof. Dr. Humberto Falcão Martins Aprovada em 27 /06 / 2011 BANCA EXAMINADORA: _______________________________ Dr. Júlio Menezes (membro externo) _______________________________ Dr. Jean dos Santos Nascimento (membro interno) _______________________________ Dra. Mônica Aparecida da Rocha Silva (orientadora)
  • 5. Dedico este trabalho a todos que acreditam que é possível melhorar a nossa sociedade, através de ações que requerem a contribuição de cada um, independentemente do que fazer, como fazer e quanto fazer. A sociedade somos nós, está em nossas mãos torná-la melhor para nós mesmos, para os nossos e para todos.
  • 6. AGRADECIMENTOS Agradeço àqueles que contribuíram para a realização deste trabalho ao longo desses dois anos, com especial atenção ao amigo José Geraldo de Mello Oliveira e à minha família. À Silvana pelo apoio e compreensão, às minhas filhas Gabriela e Luma, que ajudaram como tradutora e digitadoras, sempre solícitas, participaram efetivamente em muitos importantes momentos. A todos os professores do curso, com deferência especial aos professores Waldecy Rodrigues, Alivínio Almeida e à minha orientadora, Profa. Mônica Aparecida da Rocha que integram este importante programa. Ao meu co-orientador, Prof. Humberto Falcão Martins, pela consideração e apoio. Aos colegas do curso, que dividiram comigo o desafio e o sonho de tornarem-se mestre. À CAPES e àqueles que estão à frente da administração do Programa, por demonstrarem desapego, comprometimento e determinação em progredir sempre em busca do aperfeiçoamento. Aos amigos da hora, em ocasião do trabalho de campo. Não vou nominá-los, mas eles certamente sabem que proporcionaram uma valiosa contribuição. Obrigado!
  • 7. RESUMO Na área de gestão pública, observa-se a ocorrência de grandes mudanças nos últimos trinta anos, em virtude, principalmente, das alterações nos cenários sócio e geopolíticos mundiais, das novas tecnologias de informação e comunicação, assim como a globalização dos mercados. Governos, mercados e sociedades buscaram se adaptar à nova dinâmica que evidenciou a necessidade de revisões por consequência da crise do Estado. Com o propósito de melhor atender aos clientes-cidadãos surgiu um conjunto conceitual de medidas e posturas denominada Nova Gestão Pública (NGP). Uma das ênfases propagadas é o urgente refinamento da capacidade dos governos em implementar com mais proficiência suas políticas públicas. Sobre implementação de políticas públicas, alguns autores identificaram no período pré-crise do Estado uma lacuna teórica, demandante de maiores estudos. A modernização administrativa brasileira inicia-se com a Constituição de 1988 e segue com a promoção de reformas estruturais pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado, em 1995. Face às novas exigências constitucionais que impeliram as administrações ao planejamento e ao monitoramento da gestão, alguns governantes perceberam que somente conseguiriam avançar, em termos de realizações, se tornassem seus governos mais alinhados, mais qualificados para não só superarem as adversidades (crises fiscais, dívida pública, desinvestimentos, esfacelamento social, etc.), como também de promoverem investimentos assertivos. Alguns recursos inovadores foram implantados, dentre eles a adoção da metodologia de gerenciamento de projetos, com a instalação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP). Mais recentemente, alguns organismos internacionais, por sua vez, vêm buscando difundir, às administrações públicas, a ideia de geração de valor público à sociedade, um conjunto de orientações denominada Gestão para Resultados (GpR), que visa melhorar o alcance de objetivos e metas governamentais. Essa pesquisa se propôs a compreender a participação do Escritório de Gerenciamento de Projetos na Gestão Orientada para Resultados e para tal, selecionou três sujeitos: as administrações públicas estaduais dos governos de Minas Gerais (período 2003/2010), Espírito Santo (2003/2010) e Rio de Janeiro (2007/2010). A pesquisa utilizou do estudo de campo para coletar dados e ouvir os atores que estão nos EGP`s. O método empregado foi o hipotético-dedutivo, baseado em Popper. As teorias que precedem e sustentam o estudo partem da crise e reforma do Estado, dos estudos sobre políticas públicas – mais precisamente, a gestão e a implementação, o planejamento governamental, a Gestão para Resultados e o Gerenciamento de Projetos. A lacuna teórica identificada, se refere principalmente à implementação de programas e projetos públicos, visto que a academia se ateve mais à abordagem do que a implementação. Foram aplicados questionários e realizadas entrevistas com técnicos e gestores dos órgãos públicos dos três Estados, responsáveis pelo gerenciamento dos projetos governamentais. A análise dos dados coletados mostraram que, apesar das especificidades de cada EGP, a hipótese postulada foi corroborada, evidenciando que existem contribuições importantes e robustas relacionadas à potencialização do emprego de recursos e atividades meio, que interferem sinergicamente nos indicadores de eficiência e eficácia, contribuindo com a Gestão para Resultados, dentre eles, os de desenvolvimento, nas administrações públicas. Palavras Chaves: Implementação de Políticas Públicas; Gerenciamento de Projetos; Escritório de Gerenciamento de Projetos Públicos.
  • 8. ABSTRACT In the area of public management, there is the occurrence of major changes in the last thirty years, due mainly to changes in the socio and geopolitical world, new information and communication technologies, as well as the globalization of the markets. Governments, markets and societies sought to adapt to the new dynamic that has highlighted the need for revisions as a result of the crisis of the state. In order to better serve customers, citizens came together a conceptual steps and postures called New Public Management (NPM). One of the urgent emphasis is propagated refining capacity of governments to implement more proficient with their policies. About implementation of public policies, some authors have identified in the pre-crisis state a theoretical gap, applicant for further study. The Brazilian administrative modernization begins with the Constitution of 1988 and continues to promote structural reforms by the Ministry of Administration and State Reform in 1995. Given the new constitutional requirements that drove the administration to the planning and monitoring of management, some rulers realized that they could only move forward in terms of achievements, their governments become more aligned, more qualified to not only overcome adversity (fiscal crises, debt public disinvestment, social corruption, etc..), but also to promote investments assertive. Some innovative features have been implemented, including the adoption of project management methodology, with the installation of a Project Management Office (PMO). More recently, some international organizations, in turn, have sought to spread, public administrations, the idea of generating public value to society, a set of guidelines called Managing for Results (MfR), which aims to improve the achievement of goals and targets government. This research aimed to understand the participation of the Project Office Management in Managing for Results and for that he chose three subjects: general government state government of Minas Gerais (2003/2010 period), the Espírito Santo (2003/2010) and Rio de Janeiro (2007-2010). The survey used field study to collect data and hear the actors who are in PMO `s. The method used was the hypothetical-deductive, based on Popper. Theories preceding the study start and sustain the crisis and reform of the state of public policy studies - more precisely, the management and implementation, government planning, management for results and project management. The theoretical gap identified, mainly refers to the implementation of programs and public projects, since the academy has looked more to approach than the implementation. Questionnaires were administered and interviews with experts and managers of public bodies of the three states, responsible for managing government projects. The analysis of data collected showed that although the specifics of each PMO, the hypothesis postulated was confirmed, showing that there are robust and important contributions to the enhancement of employment related resources and activities through which synergistically affect the indicators of efficiency and effectiveness, contributing with the Management for Results, among them the development, public administration. Keywords: Public Policy Implementation; Project Management; Project Public Management Office.
  • 9. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Da crise do Estado à Gestão Orientada para Resultados 027 Figura 2 - Esquema ilustrativo da gestão para resultados no âmbito público 034 Figura 3 - Arquitetura do modelo de avaliação de experiências contratuais 036 Figura 4 - Trajetória de evolução do Estado Moderno 041 Figura 5 - Mapa cronológico de marcos das contribuições dos principais “pais” 045 fundadores da área de políticas públicas Figura 6 - Abordagens referentes à implementação de políticas públicas 049 Figura 7 - Ilustração esquemática da dinâmica do projeto 064 Figura 8 - Ilustração do projeto: antes, durante e depois 065 Figura 9 - Grupo de processos do gerenciamento de projetos. A figura da esquerda 067 mostra o sequenciamento e a da direta, a interatividade Figura 10 - Esquema gráfico do método hipotético-dedutivo segundo Popper 072 Figura 11 - Esquema gráfico da aplicação do Método hipotético-dedutivo proposto 073 por Popper nesta pesquisa Figura 12 - Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) e Plano Mineiro de Ação Governamental (PPAG 078 2004/7) Figura 13 - Esquema executivo do gerenciamento dos projetos estruturantes e a 082 complexidade na tomada de decisão (fluxo decisório). Figura 14 - Monitoramento intensivo de projetos – relatório do software do sistema 083 Siges (Sistema de Gerenciamento Estratégico do Governo do Espírito Santo) Figura 15 - Carteira de projetos estratégicos do governo do Estado do Rio de 085 Janeiro Figura 16 - Organização do Estudo, objeto do desenho da pesquisa 088 Figura 17 - Desenho esquemático do fluxo da pesquisa de campo 088 Figura 18 - Síntese operacional do ciclo de gestão pública com as esferas e 094 componentes da GpR Figura 19 - Sinalização ilustrativa da média da concordância e da discordância 104 assinaladas na análise dos dados Figura 20 – Ilustração da convergência de fatores aliados à eficiência que 115 favorecem à eficácia dos resultados de gestão
  • 10. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Características básicas dos modelos organizacionais 032 Tabela 2 - Evolução das definições sobre política pública 046 Tabela 3 - Análise sequencial de políticas públicas segundo suas fases e abordagens 048 Tabela 4 - Comparação entre Gerente de Programa (Decreto Governo Federal) e Gerente de Projetos (PMBOK, 2004) das competências, habilidades e 061 responsabilidades do gerente de programas e do gerente de projetos Tabela 5 - Enquadramento seletivo dos atributos eletivos dos três Estados 075 selecionados para o estudo Tabela 6 - Quadro Comparativo dos aspectos funcionais dos Escritórios de 098 Gerenciamento de Projetos (EGP`s) dos estados pesquisados Tabela 7 - Escala de intensidade numérica atribuída às opções de respostas das 099 questões do Questionário Principal, sendo que a faixa equivale a 15 pontos Tabela 8 - Distribuição das respostas das questões do Questionário Principal, 101 considerando freqüência e peso. O intervalo varia de - 45 a + 45 Tabela 9 - Distribuição das respostas das questões do Questionário Principal, considerando freqüência e peso com 15 pequenas colunas positivas e 15 negativas 102 (intervalo de - 15 a + 15) Tabela 10 - Seleção das questões que tiveram alto índice de alinhamento desejado 106 Tabela 11 - Quadro comparativo das técnicas, processos e ferramentas definidas pelo PMBOK® (2004) utilizadas nos escritórios de gerenciamento de projetos dos 111 estados pesquisados Tabela 12 - Relação de técnicas aplicáveis em gerenciamento de projetos 143 Tabela 13 - Relação dos processos aplicáveis em gerenciamento de projetos 144 Tabela 14 - Relação das ferramentas aplicáveis em gerenciamento de projetos 145 Tabela 15 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP de Minas Gerais 146 referentes às questões com expectativa de alinhamento concordante Tabela 16 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP de Minas Gerais 146 referentes às questões com expectativa de alinhamento discordante
  • 11. Tabela 17 - Apresentação a intensidade de respostas do EGP do Espírito Santo 147 referentes às questões com expectativa de alinhamento concordante Tabela 18 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP do Espírito Santo 147 referentes às questões com expectativa de alinhamento discordante Tabela 19 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP do Rio de Janeiro 148 referentes às questões com expectativa de alinhamento concordante Tabela 20 - Apresentação da intensidade de respostas do EGP do Rio de Janeiro 148 referentes às questões com expectativa de alinhamento discordante Tabela 21 - Distribuição das 35 respostas do Questionário Principal com expectativa 149 de alinhamento das questões em concordância, considerando freqüência e peso. Tabela 22 - Distribuição das respostas com expectativa de alinhamento das questões do Questionário Principal, considerando freqüência e peso. O intervalo varia de - 45 150 a + 45 Tabela 23 - Distribuição das 15 respostas falseadas do Questionário Principal, 156 considerando freqüência e peso Tabela 24 - Distribuição das respostas falseadas das questões do Questionário 158 Principal, considerando freqüência e peso. O intervalo varia de - 45 a + 45
  • 12. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Distribuição das 35 respostas do Questionário Principal com expectativa 102 de alinhamento (concordante – positivo) das questões. Gráfico 2 - Distribuição das 15 respostas falseadas do Questionário Principal com 103 expectativa de alinhamento (discordante – negativo) das questões.
  • 13. LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Relação das questões do Questionário Principal (apêndice A) que 150 ficaram na faixa de concordância parcial (1 a 15 pontos) Quadro 2 - Relação das questões do Questionário Principal (apêndice A) com expectativa de concordância, mas que se comportaram contrariamente, mostrando 155 uma discreta discordância Quadro 3 - Relação das questões do Questionário Principal que ficaram na faixa de 158 discordância parcial (1 a 15 pontos) Quadro 4 - Questão do Questionário Principal (apêndice A) com expectativa de discordância, mas que se comportou contrariando essa, mostrando uma discreta 159 concordância
  • 14. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIPM: Australian Institute of Project Management APG: Administração Pública Gerencial APMG: Association for Project Management Group Art.: Artigo BID: Banco Interamericano de Desenvolvimento BSC: Balanced Scorecard CF: Constituição Federal CLAD: Centro Latinoamericano de Administracion para el Desarrollo CNJ: Conselho Nacional de Justiça EGP: Escritório de Gerenciamento de Projetos EGPP: Escritório de Gerenciamento de Projetos Públicos EGP-RIO: Escritório de Gerenciamento de Projetos do Governo do Rio de Janeiro ENAP: Escola Nacional de Administração Pública EPE: Escritório de Prioridades Estratégicas EpR: Estado para Resultados ES: Estado do Espírito Santo FNDE: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação GERAES: Gestão Estratégica de Recursos e Ações GpR: Gestão para Resultados GpRD: Gestão para Resultados de Desenvolvimento IMAP: Instituto Municipal de Administração Pública IN: Instrução Normativa INDG: Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial IPMA: Institute Project Management Association IPPUC: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba ISEB: Instituto Superior de Estudos Brasileiro ISO: International Organization for Standardization LC: Lei Complementar
  • 15. LDO: Lei de Diretrizes Orçamentária LOA: Lei Orçamentária Anual LRF: Lei de Responsabilidade Fiscal MARE: Ministério da Administração e da Reforma do Estado MBC: Movimento Brasil Competitivo M&A: Monitoria e Avaliação MEPCP: Metodologia Estruturada de Planejamento e Controle de Projetos MfDR: Management for Develonpment Results MG: Estado de Minas Gerais MOG: Ministério do Orçamento e Gestão NGP: Nova Gestão Pública NPM: New Public Management OCDE: Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico ODM: Objetivo de Desenvolvimento do Milênio ONU: Organização das Nações Unidas OOR: Orçamento Orientado para Resultados OSCIP: Organização Social Civil de Interesse Público PBQP: Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade PDRE: Plano Diretor da Reforma do Estado PMBOK: Project Management Body of Knowledge PMDI: Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado PMI: Project Management Institute PP: Política Pública PPA: Plano Plurianual PPAG: Plano Plurianual de Ação Governamental PRODEV: Programa de Estratégia e Plano de Ação para a Efetividade do Desenvolvimento no Brasil RJ: Estado do Rio de Janeiro SEGEP: Secretaria Extraordinária de Gerenciamento de Projetos SEPLAG: Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão
  • 16. SIGES: Sistema de Gerenciamento Estratégico do Governo do Espírito Santo TCE: Tribunal de Contas do Estado TCU: Tribunal de Contas da União TSE: Tribunal Superior Eleitoral UAGP: Unidade de Apoio Gerencial aos Projetos Estruturadores UNICEF: United Nations Children's Fund (Fundo das Nações Unidas para a Infância)
  • 17. SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO 018 2- A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO 024 A Reforma do Estado e a convergência sobre os indicadores de eficiência e eficácia 024 O Gerencialismo na Administração Pública – A Nova Gestão Pública (NGP) 031 Gestão para Resultados (GpR) 033 Gestão para Resultados de Desenvolvimento 038 3- DESENVOLVIMENTO E A GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 041 Políticas Públicas (PP) 044 Formulação de Políticas Públicas 046 Implementação de Políticas Públicas 048 Avaliação de Políticas Públicas 051 4- O PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL E O GERENCIAMENTO DE 055 PROJETOS PÚBLICOS Plano Plurianual e Projetos Públicos 058 Gerenciamento de Projetos 062 Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP) 067 Gerenciamento de Projetos Públicos 069 5- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 071 Caracterização do Método 072 Universo e Amostra 074 Apresentação dos Sujeitos 075 Seleção dos entrevistados 086 Técnicas de Pesquisa 087 Desenho da Pesquisa 087 Fases e Etapas da Pesquisa 089 Preparação para a Coleta de Dados 089
  • 18. Elaboração do Protocolo de Pesquisa 091 Dimensões e Variáveis da Pesquisa 092 Falseamento 092 Elaboração dos Instrumentos de Pesquisa 093 Coleta dos Dados 095 Aplicação dos Questionários e Entrevistas 095 Coleta de Documentos e Observação Direta 096 6- ANÁLISES DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 097 Análise do Questionário Principal 098 Análise das Entrevistas 106 Análise do Questionário de Recursos Utilizados no Gerenciamento de Projetos 110 Dedução: Consequências Observadas 112 7- CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 116 Resposta à Pergunta de Pesquisa 119 Considerações sobre a Hipótese Conjecturada 120 Contribuições do Estudo 121 8 - REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS 123 APÊNDICES 131 Apêndice A - Questionário Principal – Survey 131 Apêndice B - Formulário de Entrevista 139 Apêndice C - Questionário Recursos Utilizados no Gerenciamento de Projetos 141 Públicos Apêndice D - Tabulação das respostas do Questionário Principal separadas por 146 Estado Apêndice E - Análise e discussão das questões concordantes 149 Apêndice F - Análise e discussão das questões discordantes 156 Apêndice G – Análise complementar das entrevistas 161
  • 19. 18 1 - INTRODUÇÃO Esta dissertação se situa na grande área denominada políticas públicas, mais precisamente na esfera da implementação de políticas públicas e sua relação com o desenvolvimento regional. A busca por resultados de desempenho tem transformado as administrações dos setores públicos na maioria dos países democráticos. No Brasil, esta crescente busca por resultados vem sensibilizando, nos últimos anos, algumas administrações públicas, tanto em nível federal, quanto estadual e municipal. Algumas administrações mais alinhadas aos preceitos da nova gestão pública estão se organizando para promoverem melhor desempenho em suas gestões, gastando de forma mais criteriosa e responsável visando atender precipuamente as demandas da população. Nas últimas duas décadas é possível notar que os governos estão se adaptando a modelos mais gerencialistas, que prezam pelo melhor desempenho e pela adoção de formatos que proporcionem reconhecidos resultados, ou seja, mais gerenciais na condução dos projetos públicos - que considera os aspectos relacionados à sustentabilidade, eficiência1, eficácia2 e efetividade3 na transformação positiva da sociedade. O Brasil não dispõe ainda de um sistema amplo de avaliação de políticas públicas, apesar de novas iniciativas demonstrarem que este é um caminho que o governo federal vem buscando trilhar. Pela legislação atual, quem deve monitorar e acompanhar a execução dos projetos públicos é o controle interno das mesmas administrações. Quem fiscaliza externamente o poder público são os tribunais de contas, os Estaduais (Tribunal de Contas Estadual - TCE) e o Federal (Tribunal de Contas da União – TCU). Apesar desses tribunais tradicionalmente avaliarem a conformidade normativa, os resultados relacionados ao desempenho ainda são passivos de análises subjetivas e desassociadas do conjunto das políticas públicas, face a precariedade da existência de planos estratégicos de longo prazo que 1 O conceito de eficiência, segundo Cohen (2004, p.104), relaciona-se predominantemente ao aspecto financeiro e “está associado à noção de ótimo”. Sendo os insumos traduzidos em unidades monetárias, a eficiência pode ser definida como “a relação existente entre os produtos e os custos dos insumos”. 2 Com referência a projetos, e segundo Cohen (2004, p.102) que aborda sob o contexto social, a eficácia de um projeto está relacionado à capacidade de “produzir mudanças em alguma parcela da realidade, solucionar um problema social ou prestar um serviço a um determinado subconjunto populacional”. A “eficácia é o grau em que se alcançam os objetivos e metas do projeto, [...] em determinado período de tempo, independentemente dos custos”. 3 Efetividade, segundo Cohen (2004, p.107), é a razão entre resultados e objetivos. Pode ter duas dimensões em função dos fins perseguidos pelo projeto: mede impacto (numa perspectiva que pode ser realizada antes, durante ou depois) ou o grau de alcance dos objetivos, e tem o propósito de medir os efeitos líquidos do projeto.
  • 20. 19 deveriam balizar, via diretrizes estratégicas, o estabelecimento de objetivos estratégicos de desenvolvimento socioeconômico local e regional. O presente trabalho objetiva conhecer quais são as dimensões relacionadas ao gerenciamento de projetos públicos capazes de oferecer meios que proporcionem um melhor ganho no desempenho da exeqüibilidade dos programas e projetos, tendo em vista que dentre os princípios constitucionais da administração pública brasileira estão as premissas: eficiência e eficácia. E, tem por propósito, responder à seguinte questão de pesquisa: a adoção e a implementação do gerenciamento de projetos em administrações públicas de perfil inovador, que instituíram escritórios de gerenciamento de projetos com metodologia aderente à difundida pelo Project Management Institute (PMI), através do Project Management Body of Knowledge (Guia PMBOK4), conseguem melhorar a eficiência na implementação dos projetos e consequentemente a eficácia nos resultados de gestão governamental? Logo, o problema de pesquisa é: em que medida o gerenciamento de projetos contribui com a gestão orientada para resultados5? Ainda com o propósito de atingir o objetivo principal buscou-se compreender questões correlatas, classificadas como objetivos específicos. Dentre as quais:  Analisar a relação existente entre planejamento estratégico governamental e a implementação de projetos;  Verificar como se dá a relação entre a escolha e a definição das políticas públicas e o uso do gerenciamento de projetos na sua implementação;  Entender a relação entre o gerenciamento de projetos e a gestão orientada para resultados;  Compreender a importância e a relevância de se alcançar melhoria nos resultados de exeqüibilidade de projetos públicos e a sua relação com o desenvolvimento regional. Buscou-se verificar a hipótese de que: “com a adoção e o uso do gerenciamento de projetos difundido pelo escritório de gerenciamento de projetos públicos é possível incorrer na melhoria dos resultados de gestão, atendendo aos princípios gerenciais aludidos pela Nova Gestão Pública e ao preceito Constitucional da eficiência e eficácia nas administrações públicas”. 4 PMBOK® é a sigla de Project Management Body of Knowledge, uma publicação que pretende ser um guia de melhores práticas referentes à gestão de projetos, editado pelo Project Management Institute (PMI®), que reune o conjunto de conhecimentos necessários em gerenciamento de projetos, como habilidades, competências, ferramentas, técnicas e orientações de como conduzir projetos. 5 Nessa dissertação as expressões Gestão Orientada para Resultados e Gestão para Resultados (GpR) têm o mesmo significado.
  • 21. 20 Quanto ao enquadramento metodológico utilizado para analisar a hipótese apresentada nessa pesquisa, o método escolhido foi o hipotético-dedutivo. É um método de abordagem clássica para se analisar um fenômeno, conferindo ao pesquisador, através de atenciosas observações, intuições e competentes antecipações atingir um postulado capaz de caracterizar a governança dos fenômenos estudados. O método possibilita realizar análises e inferir por conseqüências após submeter o conteúdo das observações a variadas tentativas de refutação e falseamento, proporcionando delimitar a compreensão do fenômeno em todas as suas dimensões. Ainda no escopo desta pesquisa nota-se a importância política e administrativa de duas questões executivas: a primeira diz respeito à ausência de uma metodologia reconhecida e institucionalizada nas administrações públicas brasileiras, capaz de fornecer elementos teóricos, ferramentais e técnicos que auxiliem os gestores na identificação, elaboração e execução de projetos públicos, sendo que, em tese, o propósito desta metodologia seria o de alinhar conceitos e procedimentos que sustentem a implementação dos projetos públicos, garantindo sua exeqüibilidade e conseqüente melhoria no desempenho dos resultados de eficácia, eficiência, efetividade, execução, excelência e economicidade; e a segunda questão diz respeito à falta latente do monitoramento e da avaliação sistêmica que vise permitir um controle da gestão orientado para resultados de desenvolvimento. Organismos internacionais - Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Centro Latinoamericano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD) – que acompanham a evolução da gestão pública, observam que dentro do conceito de Gestão para Resultados (GpR) existem alguns importantes fatores que devem ser observados, dentre eles: o compromisso com comprometimento amplo nos níveis horizontais e verticais; a gestão do processo de mudanças orgânicas; o apoio e o envolvimento das autoridades políticas; a iniciativa e o comprometimento gerencial; a gestão contínua do tempo; a adaptação ao ambiente, com atenção às especificidades; a visão global com implantação local; o desenvolvimento equilibrado e sustentável; a análise atenciosa e uso devido da informação; a aprendizagem organizacional e individual; e o plano de trabalho enfatizando o alcance dos resultados (SERRA, 2008 pgs. 85-89). Espera-se que este trabalho proporcione contribuições no tocante à compreensão do uso de novos instrumentos metodológicos gerenciais, como o abordado nesta pesquisa - Gerenciamento de Projetos (PMI/PMBOK), originalmente empregados pela iniciativa privada e que começaram a surgir nas administrações públicas a partir da crise do Estado. Tais recursos poderão auxiliar os técnicos e os gestores que lidam com a implantação de
  • 22. 21 programas e projetos públicos, possibilitando assim melhor desempenho na implementação das políticas públicas de gestão em todas as esferas de governo. Neste sentido, a discussão sobre o emprego dos recursos públicos torna-se demasiadamente relevante, principalmente no Brasil, uma grande nação que precisa avançar em inúmeros indicadores sociais. A escolha da política pública e o emprego dos recursos para sua viabilização é um assunto cada vez mais presente nas discussões políticas e sociais. Por sua vez, nota-se que o debate sobre desenvolvimento está sempre presente na agenda governamental e, segundo Goulart et al (2010, p.391) pode-se dizer que seu conceito é complexo, pois extrapola o viés estritamente econômico e assume diversas dimensões, como social, política, humana, cultural e ambiental. Logo, o poder público é um importante elaborador e gerenciador de projetos de interesse público, nas várias dimensões do desenvolvimento. Elaborar e gerenciar com primazia, dentro de preceitos elencados para o bom desempenho é uma condição precípua e fundamental às administrações públicas. Os governos, independentemente da instância territorial, são grandes promotores do desenvolvimento regional. Esta prerrogativa é inerente às funções do poder executivo, que utiliza-se dos instrumentos legais e constitucionais para comunicar suas escolhas. O Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentária reúnem as opções elencadas pelos governos para a promoção do desenvolvimento social, econômico, humano, cultural e ambiental de suas sociedades. Estas escolhas aparecem na forma de programas e projetos, que para materializarem-se precisam ser efetivamente implementados. O desenvolvimento regional em grande parte se alicerça em ações de iniciativa dos poderes públicos. Como os recursos públicos são escassos por natureza, prover resultados sustentáveis e justificáveis através da implementação exitosa das escolhas (políticas públicas) é um dos objetos da requerida transformação social e consequentemente, do desenvolvimento. Martins (2004, p.51), coloca que a “implementação de uma nova Administração para o Desenvolvimento requer uma série de ações extremamente desafiadoras”, tendo importância singular: a gestão orientada para resultados, o desdobramento do plano de desenvolvimento em políticas e programas e a definição de seus arranjos de implementação. Quanto à organização do trabalho, após a introdução (Capítulo 1), essa dissertação apresenta o referencial teórico que divide-se em três capítulos complementares que fazem uma revisão da literatura sobre o tema pesquisado. O Capítulo 2 aborda a Reforma do Estado e a consequente reforma da Administração Pública até as atuais proposituras que caracterizam a Gestão para Resultados. Este capítulo parte da crise do Estado a partir da década de 1970, que leva à Reforma do Estado, evidenciado nas décadas seguintes (1980 e 1990). Afloram
  • 23. 22 discussões sobre o papel da burocracia estatal e o próprio papel do Estado na economia e na sociedade, que suscitam reformas administrativas espelhadas nas administrações privadas – conjunto de reposicionamentos e inovações que convencionou denominar de Nova Gestão Pública. Nesta direção, a Gestão para Resultados surge sob uma égide que parte da planificação das ações e das opções estratégias para identificar eminentes necessidades e convergir políticas públicas e as próprias administrações para uma orientação centrada em resultados, considerando entre outros pressupostos a flexibilidade gerencial, para atender às questões que vão de encontro às demandas dos clientes-cidadãos, numa clara e nova perspectiva de gerar valor público. O Capítulo 3 apresenta e discute o desenvolvimento a partir das políticas públicas governamentais e a Gestão de Políticas Públicas. Aborda a formulação e os referenciais de implementação, finalizando com a avaliação de políticas públicas. Neste contexto, inicia-se abordando a mudança paradigmática dos governos que passaram da ótica de promover o crescimento para o ideal de fomentar o desenvolvimento socioeconômico, ambiental e humano. São discutidos também, os aspectos gerenciais inovadores da administração pública brasileira, incorporados a partir da Constituição de 1988 e os conceitos que definem Políticas Públicas, sua formulação e principalmente a implementação que aparentemente ficou meio que “esquecida” ao longo da evolução da gestão das políticas públicas, sendo a avaliação, parte inerente e fundamental ao processo. Os aspectos conceituais que envolvem o Planejamento Governamental e o Gerenciamento de Projetos estão expostos no Capítulo 4 e complementa o arcabouço teórico sustentador da pesquisa. Neste capítulo, a discussão sobre o Plano Plurianual (PPA) ganha relevância face sua exigência constitucional aos órgãos da administração pública. Para tanto observa-se a utilização de recursos de modelagem, que precipuamente visam organizar a estrutura administrativa para a execução dos programas e projetos públicos do período compreendido pelo PPA. Dentre tais instrumentos e recursos de gestão, o Gerenciamento de Projetos ganha espaço com a criação e a instalação de Escritórios de Gerenciamentos de Projetos (EGP) nas administrações públicas. O Capítulo 5 trata da metodologia empregada e descreve a caracterização do método, o universo e a amostra, a apresentação dos sujeitos, a técnica de pesquisa e a preparação para a coleta de dados e a própria coleta. O Capítulo 6 diz respeito aos dados coletados, onde os mesmos são analisados a partir dos instrumentos de coleta utilizados. São feitas observações e considerações sobre os principais aspectos destacados no processo da coleta e da própria coleta em si, visto a
  • 24. 23 condição qualitativa do método empregado. A partir das observações são realizadas considerações com o refinamento das deduções e das consequências observadas. O Capítulo 7 traz as considerações finais do trabalho em tela, que inclui as observações sobre as questões pertinentes aos objetivos pesquisados, incluindo uma análise de cada um dos objetivos específicos intencionados pelo estudo e a resposta à pergunta da pesquisa com considerações sobre a hipótese conjecturada. Por fim, o apêndice apresenta os instrumentos de coletas utilizados e análises complementares das observações.
  • 25. 24 2. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO A Reforma do Estado e a convergência sobre os indicadores de eficiência e eficácia Neste capítulo e no próximo buscar-se-á contextualizar o objeto da pesquisa a partir da revisão literária. Iniciando com a discussão da Reforma do Estado no contexto amplo e da Reforma da Administração Pública Brasileira, de forma mais específica, tomando por marco a estabilização econômica e os movimentos transnacionais que buscaram redefinir o papel do Estado face aos questionamentos dos modelos burocráticos e neoliberais. Nos anos compreendidos pelas décadas 1980 e 90 a administração pública de muitos governos passaram por novas leituras, visando readequar o papel do Estado na economia e na sociedade, tendo em vista que o modelo racional-legal proposto por Max Weber6 sofreu questionamentos em virtude da necessária dinâmica empreendida por um novo posicionamento dos governos. Abrúcio (1997) cita a necessidade de adoção de certos padrões gerenciais na administração pública, inicialmente em países anglo-saxões (Grã-Bretanha, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia) e em seguida na Europa Continental e no Canadá, que acabaram por influenciar países da América Latina, inclusive o Brasil. Este movimento recebeu o nome de New Public Management (NPM) ou Nova Gestão Pública (NGP), ou ainda Administração Pública Gerencial (APG), que em suma, propaga a aplicação do modelo de gestão privada às organizações públicas, focando empreendedorismo, eficiência com eficácia, estratégias planificadas de resultados e atenção ao cliente-cidadão. Este “novo modelo”, gerencial por definição, não requer, necessariamente, a compreensão de como são formadas e definidas as políticas públicas, mas neste trabalho o tema se apresenta como de substancial importância, principalmente a partir da Reforma da Administração Pública no Estado Brasileiro e da crescente expectativa relacionada à busca por melhores resultados de gestão, que estão no escopo do novo gerencialismo público. A implementação das escolhas (políticas públicas) estratégicas torna-se fundamental para validar a revisão dos processos e a eminente reformulação, com adoção de inovações que sustentem a nova dinâmica requerida pela administração pública. Sendo que tais processos remetem a uma melhor compreensão do papel exercido pelo gerenciamento de projetos 6 Marini (2004) argumenta que “o sociólogo alemão, Max Weber, ao estudar os tipos de sociedade e as formas do exercício da autoridade (tradicional e carismática), desenvolveu, como alternativa, o modelo racional-legal (burocrático) a partir de suas características (impessoalidade, especialização, normatização, hierarquização, meritocracia, etc.) e das funcionalidades decorrentes.
  • 26. 25 públicos no âmbito do uso de novos recursos, principalmente os metodológicos que visam melhorar os processos, tendo em vista a sua utilização como instrumento de execução do Plano Plurianual (PPA). Souza (2006) coloca que esta nova ordem nas administrações pública está guiando as novas políticas públicas, onde o termo eficiência passa a ser visto como o principal objetivo de qualquer política pública, aliada impreterivelmente à importância do fator credibilidade para as instituições com “independência” política. Por sua vez, Martins (2004) observa certo deslumbramento por parte de alguns governos com a Nova Gestão Pública, que surgiu como portadora de modelos de gestão mais orgânicos, servindo de novo paradigma a ser seguido, provocando – de certo modo – o mesmo fascínio que o modelo burocrático ortodoxo havia provocado anteriormente. A década de 1980 trouxe grandes mudanças às administrações públicas de todo o mundo, provocando alterações substanciais na forma de gerir a máquina estatal, remodelando o papel do Estado perante as sociedades capitalistas. Os novos discursos abordavam a necessária modernização administrativa, face as mudanças empreendidas pelas novas tecnologias de comunicação e informação que causaram grandes transformações nas relações comerciais e consequentemente econômicas, sociais e diplomáticas. Neste sentido, alguns governos miraram a adoção (ou readequação) de novas práticas administrativas, sendo que boa parcela delas têm por referência o setor privado - que praticamente serviu como benchmarking para as administrações públicas dos países precursores. Dentre os motivos que levaram a esta reavaliação da posição do Estado perante a sociedade estão, segundo alguns autores (AUCOIN, 1990; HOOD, 1995; POLLITT e BOUCKAERT, 2002) questões como: crise fiscal, busca por investimentos transnacionais, globalização dos mercados e grandes avanços das tecnologias de comunicação e informação. Subirats e Quintana (2005) complementam a relação acima, incluindo outro importante fator, o aumento da demanda por mão-de-obra especializada. No velho continente o processo de unificação dos países em torno de uma unidade transnacional (União Européia) também contribuiu para forçar os governos a se adequarem às novas demandas, a fim de prover respostas, repensando o papel desempenhado pelas políticas de gestão pública (OLSEN, 2002; RADAELLI, 2005). Um dos alvos dos estudiosos foi o modelo burocrático tradicional, ou burocrático werberiano. Muitos autores (BARZELAY, 1992; OSBORNE e GAEBLER, 1992; HOOD, 1995; POLLITT e BOUCKAERT, 2002), o consideraram inadequado para responder ao contexto contemporâneo de demandas que insuflavam por necessidades de maior eficiência,
  • 27. 26 rapidez nas escolhas e principalmente dispor de meios e condições para prover respostas que correspondessem aos anseios dos cidadãos. O clássico livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” de Max Weber, lançado em 1904, trazia referências de uma burocracia profissional que almejava por especialização, racionalidade e controle. Com a publicação em 1922 do livro “Economia e Sociedade” do mesmo autor, o papel da burocracia ficou mais bem compreendido no exercício do poder pela autoridade racional-legal. Weber descreve três características principais do modelo burocrático: a formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo. Observa-se que estes princípios continuam sendo exigidos no modelo gerencial, visto que a racionalidade e a legalidade que caracterizam a burocracia ainda é a referência que sustenta as administrações públicas. A discussão sobre o “esgotamento” do modelo burocrático face às novas demandas fez crescer movimentos pós-burocráticos que acabaram sendo alcunhados de gerencialistas. A busca por flexibilidade e o apelo por melhor desempenho acabou ganhando consistência e as reformas gerenciais entraram na pauta dos políticos. Sobre esta nova gestão pública, um de seus mais consagrados pesquisadores postula que: A Nova Gestão Pública deverá ser construída a partir da flexibilidade gerencial, descentralização, autonomia e por modelos que promovam ganhos em performance. Independentemente de questões como controle fiscal e redução do tamanho e grau de intervencionismo do estado, é necessário que as administrações públicas venham a se orientar por metas de eficiência e efetividade (BARZELAY, 1992). Nesta discussão, surgiu a proposição de que a burocracia tradicional deve ceder espaço para modelos de governança pública orientada pelo desempenho, onde se intensificam os processos de delegação para as agências implementadoras de políticas públicas. O accountability7 tradicional, pautado por regras, passa a ser remodelado em termos de um accountability de resultados (REZENDE, 2009). A figura a seguir busca ilustrar este processo a partir da crise do Estado. Um conjunto de fatores favorece a condução de “posturas” que prezam por uma gestão orientada para resultados. 7 Accountability representa nesse contexto, a prestação de contas de forma mais transparente, permeável e alinhada a certos quesitos e finalidades pré-estabelecidos por regras de conduta.
  • 28. 27 Figura 1_ Da crise do Estado à Gestão Orientada para Resultados. Fonte: Silva (2007). Como colocado por Silva (2007), a Crise do Estado torna-se evidenciada pelas crises: fiscal, do modo intervencionista do próprio Estado (na economia, na gestão de empresas estatais, no protecionismo de mercado, etc.) e no seu próprio aparelho institucional e político- administrativo. Este conjunto de fatores entra na agenda política e leva a uma Reforma do Estado que se vê pressionado pelas forças do mercado (organizações civis, comerciais e diplomáticas) e por demandas não atendidas ou atendidas insuficientemente pelos governos que provocam um remodelamento nas funções do Estado, o que conduz a uma nova ordem de orientação, pretensiosamente mais alinhada ao provimento de resultados conceitualmente melhores. Pode-se enfatizar que as pressões que originaram a reforma dos estados nacionais podem ser agrupadas pelas questões de ordem econômica (captação de recursos – impostos – para sustentar as crescentes demandas, fora a problemática da inflação em alguns países); orçamentária (alocações deficitárias e sob influência de baixo crivo técnico); produtiva, no âmbito das industriais estatais (em sua maioria um fardo com baixo desempenho diante do mercado); e aquelas originárias das inúmeras demandas dos cidadãos-usuários dos serviços públicos (saúde, educação, previdência, segurança, etc.).
  • 29. 28 Entre os anos de 1987 e 1991 o Brasil vivenciou uma profunda crise: alta inflação, moratória da dívida pública e crise política. Segundo a leitura de um personagem central na reforma do Estado brasileiro, houve certos equívocos: Na área da administração pública, as tentativas de reforma do governo Collor foram equivocadas ao confundir – como a direita neoliberal que então chegava ao poder o fazia – reforma do Estado com corte de funcionários, redução de salários reais e diminuição - a qualquer custo - do tamanho do Estado (BRESSER PEREIRA, 2008). Rezende (2009) ao analisar os pressupostos da reforma gerencial no Brasil, observa que o diagnóstico realizado à época conferia especial atenção ao fato de que considerável parcela do problema da ineficiência burocrática brasileira estava relacionada ao problema de organização burocrática. O redesenho dos incentivos das relações entre formulação e implementação de políticas públicas foi considerado passo decisivo para superar os crônicos problemas de implementação. O governo Fernando Henrique Cardoso implantou o Plano Diretor da Reforma do Estado (PDRE) formulado pelo Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado (MARE) em 1995. Bresser Pereira (2008) coloca que a reforma proposta pelo PDRE parte de uma nova estratégia que teve por pressuposto a conexão entre a elevação da performance e a transformação das formas tradicionais de delegação e controle entre agências do setor público, que em suma buscam implantar a administração pública gerencial no país. Bresser Pereira (2005) coloca ainda que a reforma da gestão pública não subestimou os elementos patrimonialistas e clientelistas ainda existentes no Estado brasileiro, mais buscou firmemente avançar em direção a uma gestão mais autônoma e mais responsabilizada perante a sociedade, com instrumentos que visavam proporcionar mais eficiência e modernidade ao governo. É preciso lutar contra a corrupção e o desperdício, mas esta luta não alcança êxito se nos limitarmos a travar a administração pública com controles e mais controles. Ao invés disso, é preciso tornar a combinar confiança com controle, dar mais autonomia ao gestor público, e fazê-lo mais responsabilizado pelos seus atos (BRESSER PEREIRA, 2005). Peter Drucker (1964) e Boyle (1989) apud Alcântara (2009) colocam a questão da eficiência e da eficácia na administração como indicadores que podem medir a performance do administrador, pois ambos são utilizados para medir o desempenho organizacional. No mesmo artigo, ao discorrer sobre administração pública cita a colocação de Fernando Prestes Motta e Bresser Pereira (1980) que os definem como a coerência dos meios em relação com
  • 30. 29 os fins visados, e se traduz no emprego de esforços (meios) para a obtenção de um máximo de resultados (fins). Abrúcio e Gaetani (2006) ao avaliarem os avanços da reforma da gestão pública em 1995 nos estados colocam que quatro questões se destacam: 1) a realização de encontros de secretários estaduais de administração, apoiados pelo ministro Bresser Pereira; 2) a aderência dos estados na adoção de modelos gerenciais e na implantação de organizações sociais; 3) os governos estaduais realizaram ajustamentos modernos e em certo grau promoveram reformas administrativas estaduais; e 4) entre os anos de 2003 e 2006 houve uma migração de técnicos de alto escalão - partícipes do governo de Fernando Henrique - que emprestaram seus conhecimentos e experiências aos estados que estavam se organizando para implementar o gerencialismo de resultados. A redução do papel do Estado experimentado no período de 1980 e 1990 no país, com forte visão liberal à época, provocaram profundas mudanças no papel desempenhado pelo Estado na economia e nas políticas sociais. Como consequência destes ajustes inúmeras empresas foram extintas ou privatizadas. Segundo Graef (2010), em 1981 existiam 311 empresas públicas e atualmente não passam de 52. Graef (2010) coloca ainda que o processo de descentralização na implementação das políticas públicas sociais é outro fator consequente das reformas que vieram a partir da Constituição Federal de 1988, que possibilitou a transferência para os municípios de 50% das atividades de cunho social que antes eram exercidas pelo próprio governo federal. Lemos e Marini (2008) também abordam a Reforma Constitucional de 1988, dizendo que muitos avanços referentes a uma nova modelagem da administração pública brasileira tiveram início justamente com a Nova Constituição. Segundo os autores, complementarmente a emenda nº19 de 1998 introduziu outras importantes contribuições, tais como: (a) flexibilidade da estabilidade do servidor público; (b) a avaliação de desempenho periódica; (c) aumento do período de estágio probatório; (d) regime de emprego público; (e) fixação de tetos remuneratórios; (f) o princípio da eficiência; (g) a ampliação das autonomias; e (h) a recomendação da criação das escolas de governo nos Estados. Outra iniciativa destacada foi a instituição do instrumento dos contratos de gestão com a criação das agências executivas (Lei nº 9649 de 1998) e o Programa Nacional de Publicização que criou a figura das Organizações Sociais (LEMOS e MARINI, 2008). O arcabouço institucional e legal legado principalmente pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, e que deram sustentação para a reforma gerencial, efetivamente se materializou a partir da publicação do Plano Diretor de Reforma do Estado em 1995.
  • 31. 30 Quanto à busca por melhores resultados de gestão, Francisco Pedraja e Javier Salinas (2005) apud Alcântara (2009) “consideram natural a preocupação com a maior eficiência no setor público, tendo em vista a exiguidade de recursos e os gastos crescentes neste setor”. Sendo que a busca por maior eficiência se dará “em conseguir um maior “output” com os mesmos recursos, ou o mesmo “output” com menos recursos. Ou tentando fazer ambos ao mesmo tempo”. Por outro lado, há quem discorde sobre o princípio da eficiência na administração pública inserido na Constituição de 1988. Moreira (2000) apud Alcântara (2009) “critica severamente a inclusão da eficiência como princípio constitucional, considerando-a oriunda da administração gerencial privada competitiva e expressa que sua inserção não gerará nenhuma novidade ou benefício concreto”. Alcântara (2009, p.28) discorre sobre a dificuldade de se avaliar a eficiência na administração pública: Além das dificuldades metodológicas de avaliação do serviço público e de sua eficiência, ressalta- se que não há um conceito unívoco para ela. O seu entendimento pode variar inclusive em diferentes áreas de conhecimento: Administração, Economia, e, mais recentemente, Direito. É interessante também observar, como reconhece Marianne Nassuno (1999, p. 335-361), que a eficiência, por si só, não permite adequada avaliação sobre que grupos sociais estão sendo beneficiados com as decisões do gestor público. Como a eficiência aparece como princípio constitucional em 1988 (Art. 37), observa- se que no Art.74, item II, o documento prevê a avaliação de resultados a partir da eficácia e da eficiência da gestão administrativa pública pelo órgão de Controle Interno. Sendo ambos os indicadores, importantes e vitais recursos para o planejamento governamental, pois relacionam as metas e os objetivos de gestão com os meios e os recursos para alcançá-los. Lemos e Marini (2008) lembram que a reforma gerencial teve uma grande influência das abordagens sistêmicas e do neoinstitucionalismo, fazendo uso de técnicas de gestão orientadas a resultados, planejamento estratégico, contratos de gestão, avaliação de programas e desenvolvimento de competências. Para os autores, enquanto no primeiro mandato (1995- 1998) do presidente Fernando Henrique Cardoso a agenda de gestão esteve dominada pelos temas da reforma gerencial, no segundo (1999-2002) os termos referentes ao planejamento governamental foram os mais destacados, dentre eles o Programa Avança Brasil que utilizou do enfoque gerencial, com definição de programas estruturantes, desdobramento de ações, nominação e empoderamento dos gerentes, que exerciam o papel de articuladores institucionais com vistas a buscar viabilizar a implementação das ações.
  • 32. 31 O Gerencialismo na Administração Pública – A Nova Gestão Pública (NGP) Tinoco (2010) coloca que nos estudos relacionados à análise das políticas públicas dois modelos se destacam: o modelo sequencial-sistêmico e o modelo estratégico. Na literatura francesa, o modelo de análise sequencial tem duas vertentes, o viés chamado de políticas públicas (originado das ciências políticas) e o viés do management. A abordagem da gestão (management) surgiu na França por volta dos anos de 1970, se for considerado, segundo a autora, questões como a institucionalização de órgãos oficiais de pesquisa e o estudo do tema nas universidades, inclusive na formação de profissionais. Sua caracterização está na pesquisa dos instrumentos, métodos e técnicas necessários para promover a eficiência e eficácia das organizações públicas, que incluem além da administração, contribuições do direito e da economia. Tinoco (2010) esclarece que a doutrina da gestão pública (management public) na França é originária do mundo empresarial. A autora coloca ainda que a transposição de técnicas e métodos de gestão das empresas privadas, que, via de regra, são consideradas mais eficazes que as públicas, expandiu-se a partir do Estado Providência8. Para Gilbert (1980) apud Bezés (2005), o Estado Providência exigia o desenvolvimento de uma ciência das organizações públicas para fazer frente aos complexos problemas de gestão dos órgãos públicos. Por sua vez, nos início da década de 1990 uma publicação precursora congregou toda a vontade latente de se transformar as administrações públicas, é o livro “Reinventando o Governo” de Osborne e Gaebler lançado em 1992. Este apresentou um novo “estilo” de administração pública, revolucionário e até um pouco inusitado, denominado de “administração empreendedora ou governo empreendedor”. A abordagem tem forte influência de autores inovadores que consagraram a gestão empreendedora nas empresas, dentre eles, Peter Drucker (com seu consagrado livro The Practice of Management de 1954) e Tom Peter & Robert Waterman (com o livro In Search of Excellence de 1982). A publicação teve boa repercussão nos Estados Unidos, principalmente por ter sido empregada e divulgada no governo Clinton. Os autores prescrevem 10 mandamentos para transformar administrações burocráticas em administrações empreendedoras. Dentre os principais tópicos abordados pela publicação, se destacam: a importância da participação da sociedade nas discussões e nas 8 Segundo Merrien (2007) apud Tinoco (2010) o termo Estado Providência pode ser entendido sob dois sentidos, o de Estado Intervencionista, que se institucionalizou após a 2ª Grande Guerra e também no sentido de Estado que intervém para assegurar as funções de solidariedade fundadas nos direitos dos cidadãos e trabalhadores.
  • 33. 32 escolhas; o comprometimento da iniciativa privada, através de parcerias público-privada; e o fundamental papel exercido pela comunicação. A discussão sobre a necessária busca por melhores desempenhos na administração pública tiveram naqueles mais exaltados proponentes, ou seja, os que visaram diferenciá-la da velha administração pública, o propósito da criação de um novo serviço público, aonde o papel primário do servidor público é o de ajudar os cidadãos no processo de articulação e encontro de questões relativas ao atendimento de seus interesses (DENHARDT, 2000 apud REZENDE, 2004). Rezende (2009) coloca que as reformas gerenciais partem do pressuposto de “fazer a burocracia pública funcionar melhor, a um menor custo”. Este seria o papel desta nova burocracia pública, mais administrativa, construída a partir da flexibilidade gerencial, descentralizações e autonomias que visam proporcionar mais resultados de desempenho. Nesta perspectiva, o que tem maior valia é a mudança paradigmática do modelo institucional, que permite com que as organizações públicas se voltem para os resultados e não para as questões meio, de processo. Segundo Pollitt & Bouckaert (2002), os países precursores das reformas da NGP nos anos 80 e 90 (Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e EUA) demonstraram boas taxas de êxito no processo de implantação das mudanças em comparação com outros (França, países nórdico, países baixos e Canadá), onde o processo de modernização se deu em ritmo mais cadenciado, com estratégias menos “agressivas” de privatizações e um menor uso de processos de downsizing9. Secchi (2009) relacionou distinções e similaridades de modelos organizacionais da administração pública. A comparação do Modelo Burocrático com o Modelo da Administração Pública Gerencial ou New Públic Management estão representados na tabela abaixo. MODELO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL CARACTERÍSTICAS BUROCRÁTICO GOVERNO EMPREENDEDOR Relação sistêmica com o Fechado Aberto ambiente Distinção entre política e Separados Trabalhando juntos sob comando político administração Funções administrativas Controle e organização Controle e planejamento enfatizadas 9 Downsizing nos governos pode ser entendido como um enxugamento das atividades não exclusivas do Estado, através da privatização de empresas públicas e ações de desregulamentação que visam proporcionar uma diminuição dos gastos que oneram o Estado.
  • 34. 33 Discricionariedade Baixa Alta administrativa Cidadão Usuário Cliente Tabela 1_ Características básicas dos modelos organizacionais. Fonte: Adaptado de Secchi (2009). Para Barzelay (2001) apud Rezende (2003), o novo gerencialismo é um largo campo de discussão sobre questões como as intervenções políticas dentro do núcleo executivo dos governos. As características dos instrumentos de intervenções de políticas são regras institucionais e rotinas organizacionais que interferem no planejamento das despesas, na gestão das finanças e em várias relações da administração pública, como compras, relações de trabalho, organização e métodos, auditoria e avaliação. Pollitt & Bouckaert (2002) colocam que em teoria a NGP está totalmente ligada à melhoria do desempenho – fazer os governos mais conscientes em relação a custos, eficiência, eficácia e também compreensivos, voltados à satisfação do cliente, flexíveis e transparentes. Mas ponderam dizendo que na prática é um processo lento de aprendizagem e consciência coletiva, que demanda a revisão de vários paradigmas administrativos e comportamentais. Um dos pilares de sustentação da NGP é a forma de como os problemas são analisados, compreendidos e processados a fim de proverem solução às demandas da sociedade. Segundo Frederickson (2004), a NGP busca focar o problema de forma direta, ao contrário da administração pública tradicional, que foca a instituição que foi criada para procurar sanar os problemas da sociedade. O autor enfatiza que, o que importa na verdade é prover uma resposta adequada à sociedade quanto à demanda suscitada e não em questões de foro da estrutura burocrática. Gestão para Resultados (GpR) Segundo Lemos (2009) as origens da gestão orientada para resultados remonta a discussão sobre a importância da estratégia, do pensamento e do planejamento estratégico para elucidar problemas futuros das organizações. A autora diz que para as organizações a nova máxima é a responsabilização por resultados alinhados com a visão e autonomia de gestão. Enquanto que, para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Centro Latinoamericano de Administração para o desenvolvimento (CLAD) (2007), a gestão pública orientada para resultados pode ser configurada como na figura abaixo:
  • 35. 34 Figura 2 - Esquema ilustrativo da gestão para resultados no âmbito público. Fonte: BID/CLAD (2007). Num aspecto mais amplo, a GPR, segundo Lemos (2009), se comporta como uma ferramenta cultural, conceitual e operativa que se posiciona buscando priorizar o resultado em todas as ações, permitindo assim a otimização do desempenho governamental. Para Martins (2002) é possível pensar numa modelagem de sistemas em gestão de recursos públicos buscando a eficiência. Nesta perspectiva o autor cita a nova economia institucional que atribui às burocracias uma tendência estrutural à ineficiência, incorrendo-se em custos de transação (formalidades, rituais burocráticos, pontos de controle, etc.) desnecessários e onerosos. Perdicaris (2009) explica que a Gestão para Resultados é uma das ferramentas de gestão que vem sendo implementadas como forma de promover o alinhamento dos objetivos das organizações, com “o propósito de atingir as metas propostas pelo governo nas diferentes secretarias, órgãos governamentais e prestadores de serviço”. O modelo de GpR se tornou uma das partes centrais da agenda de reformas administrativas e vem sendo adotado como uma forma de atingir melhores níveis de accountability, responsividade e qualidade (BEHN, 1998; HOOD & PETERS, 2004; BARZELAY, 2005; BOUCKAERT & HALLIGAN, 2008 apud PERDICARIS, 2009). Trosa (2001) ao se referir aos resultados faz uma leitura da mudança da visão do processo de formulação, colocando que a gestão pública por resultados proporciona definir quais resultados deverão ser buscado. Ela coloca que:
  • 36. 35 Melhor do que partir de objetivos (método dedutivo que parte da vontade para chegar aos meios), a tendência atual é definir os resultados a alcançar (método indutivo que parte dos problemas e dos efeitos para chegar aos objetivos esperados) e deixar aos gerentes e ao pessoal a escolha dos meios e das estratégias (TROSA, 2001, p. 29). Uma das questões centrais da GpR é a prestação de contas. Trosa (2001) coloca que “quando o controle era centralizado, os gerentes seguiam as normas e tinham pouca liberdade em sua execução”. Com o advento da maior responsabilização dos gestores, a autora observa que “agora os gerentes têm que fazer escolhas e o que eles fazem é fiscalizar de perto”. No passado, quando se gerenciava por imputs (insumos) os gerentes se viam protegidos, pois os objetivos e as medidas de referência ao desempenho eram raramente especificadas antes, dificultando a responsabilização dos gestores. Dentre os fatores que ocorreram para modificar a situação estão: a flexibilização dos salários (com possibilidade de prêmios por alcance de metas), a orçamentação flexível sob responsabilidade de alocação dos gerentes e a pressão dos usuários (beneficiários das políticas públicas). O modelo de gestão orientado para outcomes (resultados) proporcionou mudanças no papel do gestor público, acarretando também a abertura de pactuação de objetivos, metas e resultados de gestão. Para Trosa (2001), o Estado contratual é baseado em escuta, negociação, compromisso e síntese. Quanto ao modelo hierárquico na administração pública, este foi enfraquecido devido a fatores como: a dúvida sobre sua eficácia; as competências, habilidade e experiências individuais questionaram o modelo; a multiplicação exagerada de normas proporcionou empoderamento maior aos servidores de baixo do que aos de cima. O contrato reconhece que o modelo hierárquico tradicional na administração pública está ultrapassado. Vilhena et al (2006) colocam que este tipo de contrato teve origem na França, oriundo da recomendação contida no Relatório Nora de 1967 e se relacionava com as empresas públicas estatais. Outra experiência de referência ocorreu na Grã-Bretanha a partir de 1988, no programa denominado “Next Steps” e que deu origem às Agências Executivas com adoção de mecanismos de responsabilização de resultados destas com o governo central. Se seguiram outras experiências na Nova Zelândia e Austrália. Na América Latina, segundo Shepherd (1988) apud Vilhena et al (2006), destaca que o Chile tomou a dianteira nas reformas alinhadas à Nova Gestão Pública, que incluíram além do planejamento estratégico, os acordos de modernização, remuneração com base no desempenho, indicadores de performance e a avaliação dos programas do setor público. Outra citação importante é a de Saraiva (2005) apud Vilhena et al (2006) que destaca as
  • 37. 36 experiências da Bolívia a partir de 1991com os contratos de rendimento celebrados com as empresas públicas. Já no Brasil, tais acordos se iniciam com empresas estatais da época (Rede Ferroviária Federal em 1983 e a Vale do Rio Doce em 1991) e posteriormente foi regulamentado em 1991, pelo Decreto Federal nº 137 que incorporou o contrato de gestão aos instrumentos do Programa de Gestão das Empresas Estatais. Já na esfera estadual, Vilhena et al (2006) citam a gestão do Governo do Estado de São Paulo no período de 1992-95. Por sua vez, a Emenda Constitucional nº 19 de 1998 (art. 3°, XIX, § 8) estabelece que poderão ser firmados contratos entre os administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho (SARAIVA, 2005 apud VILHENA et al, 2006). Na perspectiva de uma gestão guiada para a governança orientada para resultados, Martins e Marini (2010) falam sobre a contratualização, ou seja, a pactualização de resultados mediante mecanismos de monitoramento, avaliação e incentivos. Neste contexto é importante um alinhamento vertical entre a liderança da organização (governo – contratante) e a rede de implementação de cada objetivo (contratado – unidades/organizações implementadoras). O governo deve assegurar os meios necessários para o alcance das metas pactuadas, com tratamento diferenciado na alocação dos recursos (não contingenciamento, precedência na alocação da força de trabalho e os recursos informacionais e flexibilidades gerenciais), o que caracteriza a concepção de orçamento voltado para resultados (MARTINS e MARINI, 2010). METAS - convergência com políticas públicas - ação x desempenho - realismo - desafio MEIOS - recursos financeiros - patrimônio & RH - flexibilidade conferida - flexibilidade utilizada BOAS DESEMPENHO = EXPERIÊNCIAS ALCANCE DOS CONTROLE CONTRATUAIS RESULTADOS - relação com supervisor - acompanhamento - representação junto ao contratado - controle interno & externo - transparência & controle social INCENTIVOS - punição de erros FATORES INTERVENIENTES - premiação de acertos Figura 3 - Arquitetura do modelo de avaliação de experiências contratuais. Fonte: Martins e Marini (2010).
  • 38. 37 Martins e Marini (2010) colocam ainda que o modelo de pactuação de resultados deve comportar os elementos: metas, meios, controles e incentivos (mostrados na Figura 3). Sendo preciso realizar um diagnóstico das unidades e dos processos pactuados em cada organização aderente, a fim de verificar a prontidão dos mesmos para a pactualização, visto a sua importância na implementação dos objetivos estratégicos da organização. Este processo deve contar com uma análise multidimensional que identifique e caracterize cada dimensão (estratégia, processos, modelo institucional, estrutura, pessoas, sistema de informação e custos e investimentos). O modelo aberto de gestão para resultados para o setor público, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Centro Latinoamericano de Administração para o desenvolvimento (CLAD) (2007), está definido como: A gestão para resultados é um marco conceitual cuja função é de facilitar para as instituições públicas a direção efetiva e integrada do processo de criação de valor público, a fim de otimizá-lo assegurando a máxima eficácia, eficiência e efetividade em seu desempenho, a consecução dos objetivos de governo e a melhoria contínua das instituições (BID/CLAD, 2007). Segundo Lemos (2009), na “Segunda Mesa Redonda sobre Resultados” realizada em Marrakech em 2004, ficaram assim definidos os princípios que norteiam a gestão para resultados: 1 – Em todas as fases – do planejamento estratégico até a implementação – o foco do diálogo deve ser nos resultados, tanto interna quanto externamente. Na gestão para resultados é importante ter uma aproximação coerente entre todas as fases do processo: (a) ex-ante, na fase da estratégia e planejamento, quando resultados esperados são definidos e a programação de custos e de impactos a serem alcançados são analisados; (b) durante a implementação do programa/projeto, quando o monitoramento é necessário para determinar o progresso e identificar a necessidade de correções no meio do caminho; (c) ex-post, após a finalização do programa/projeto, quando os resultados alcançados são comparados com os objetivos iniciais; (d) após um certo tempo da conclusão do programa/projeto para verificar sua sustentabilidade; 2 – Alinhar a programação, monitoramento e avaliação das atividades com os resultados esperados. Quando todas as instituições envolvidas focam suas atividades nos resultados esperados e associam indicadores de resultados às mesmas, elas podem alinhar melhor a programação (incluindo a financeira), o monitoramento e as avaliações com os objetivos a serem alcançados; 3 – Manter os sistemas informacionais sobre os resultados o mais simples possível, com custo/benefício efetivo e amigável aos usuários. A estrutura de indicadores elaborada para o acompanhamento dos resultados deve ser simples, integrada aos outros sistemas existentes, permitindo a aprendizagem e a accountability e, deve minimizar os custos transacionais e facilitar as análises comparativas; 4 – A gestão deve ser para resultados e não por resultados. Gestão para resultados envolve uma mudança de compreensão – ao invés de se começar com os inputs e ações planejados e depois seguir em direção aos produtos e impactos, deve-se focar nos produtos e impactos desejados e depois identificar quais são os inputs e ações necessárias para se chegar lá; 5 – As informações sobre os resultados devem ser utilizadas para enriquecer a gestão do conhecimento e para os processos de tomada de decisão, assim como para a prestação de contas e accountability. As informações sobre os resultados devem estar sempre disponíveis ao público. Sendo que sinteticamente é possível identificar cinco elementos centrais da Gestão para Resultados: o planejamento estratégico; a vinculação do planejamento com o orçamento;
  • 39. 38 a transparência e a prestação de contas sistematizada; a gestão de programas e projetos; e o monitoramento e a avaliação (BID/CLAD, 2007). Para Perdicaris (2009) os conceitos de GpR começam a ser consolidados somente em estudos mais recentes. Por ser um campo aplicado, muito da literatura é baseada em observações empíricas e constitui-se de policy recommendations, por isso sua característica normativa. Suas origens remetem à administração por performance, baseados nos movimentos de mensuração de desempenho no início do século XX, principalmente nos Estados Unidos. Segundo Bouckaert & Halligan (2008) apud Perdicaris (2009), a gestão para resultados não pode ser considerada de forma isolada do sistema administrativo. O conceito de gestão para resultados deve perpassar todas as ações de governo e é implantado de forma ampla para direcionar a estratégia governamental como um todo. Makón (2008) cita os requisitos gerenciais para se viabilizar a GpR, que o autor denomina de Orçamento Orientado para Resultados (OOR), onde devem fazer parte: O foco nos resultados; as Políticas Públicas formuladas a partir do planejamento governamental; as decisões descentralizadas; a flexibilização de recursos e cobrança de responsabilidade dos gestores; a utilização do planejamento estratégico nas organizações públicas e otimização dos processos administrativos; as mudanças metodológicas no processo de formulação do orçamento público; os Sistemas de Informação proporcionando subsídios à tomada de decisão e que meçam os recursos consumidos na obtenção dos resultados (sistemas de apuração de custos); os Sistemas de Monitoramento da gestão, Prestação de Contas e Avaliação; e o desenvolvimento de indicadores de impacto da ação governamental e identificar desvios para introdução de medidas corretivas (MAKÓN, 2008). Gestão para Resultados de Desenvolvimento Como colocado por Martins e Marini (2010), a GpR “não é só formular resultados que satisfaçam às expectativas dos legítimos beneficiados da ação governamental de forma realista, desafiadora e sustentável”. Uma das questões mais importantes é que a GpR significa também “alinhar os arranjos de implementação” e viabilizar uma mudança no status quo dos beneficiados diretos e/ou indiretos. Gestão para Resultados de Desenvolvimento – GpRD, que em inglês é conhecida pela sigla MfDR (Management for Develonpment Results) é uma estratégia de gestão focada no desenvolvimento socieconômico, onde o desempenho se concentra nas melhorias dos resultados sustentáveis. Os objetivos do desenvolvimento descrevem os impactos pretendidos na contribuição para a melhoria da saúde (física e mental), da renda, dos aspectos sociais e ambientais e das instituições em geral, envolvendo uma sociedade, comunidade ou grupo de pessoas através de uma ou mais intervenções no processo de seu desenvolvimento.
  • 40. 39 No ano 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu 189 países membros para deliberarem sobre as mazelas sociais sofridas pelas populações de muitos países pobres ou em fase de desenvolvimento. Todos países membros se dispuseram a trabalhar para a redução da pobreza global e do desenvolvimento sustentável. Estes objetivos globais foram sinalizados nos oito “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)”, com metas (18) e indicadores de desempenho (48) para seu cumprimento. Cada país assumiu seus compromissos com as metas dos ODM: 1- Erradicar a extrema pobreza e a fome; 2- Atingir o ensino básico universal; 3- Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; 4- Reduzir a mortalidade na infância; 5- Melhorar a saúde materna; 6- Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças; 7- Garantir a sustentabilidade ambiental; 8- Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento. Desde então, várias reuniões promovidas pela ONU em países diferentes vêm ocorrendo para a discussão e promoção da Gestão para Resultados de Desenvolvimento. A GpRD fornece um conjunto coerente de orientações atitudinais para a efetividade do desenvolvimento no qual as informações de desempenho são utilizadas para melhorar a tomada de decisão. Inclui ferramentas práticas para o planejamento estratégico, gestão de riscos e o progresso do acompanhamento e avaliação dos resultados. Os princípios GpRD são: 1. Focalizar o diálogo sobre os resultados em todas as fases do processo de desenvolvimento; 2. Alinhar a programação, o acompanhamento e a avaliação, com os resultados; 3. Manter o monitoramento e a comunicação simples, porém constantes; 4. Gerenciar não por resultados, mas para resultados; 5. Usar os resultados de aprendizagem (lições aprendidads) e informação auxiliar na tomada de decisões. Existem várias organizações não governamentais que estão trabalhando para auxiliar os países no atendimento das melhorias sociais, econômicas e ambientais pretendidas. Estas organizações contam com a ajuda de doadores privados que aportam recursos para auxiliar na implementação dos projetos de mudança. Os trabalhos orientados pela GpRD estão ocorrendo em três grandes áreas: 1) Reforçando a capacidade nacional dos países no emprego da gestão para resultados. A busca de resultados de desenvolvimento começa com os países em desenvolvimento, que deve gerir os seus processos de desenvolvimento para alcançar os resultados que eles querem. Eles precisam definir os resultados que deseja alcançar e de trabalhar em parceria com agências de desenvolvimento, sociedade civil e as políticas de outras partes de design e programas para atingir esses resultados. Os países precisam de informações para fundamentar este trabalho, e da capacidade estatística e
  • 41. 40 sistemas de monitoramento e avaliação para gerar as informações. O papel das agências de desenvolvimento é o de apoiar os países em desenvolvimento para fortalecer sua capacidade de gestão para resultados de desenvolvimento; 2) Melhoria da pertinência e da eficácia da ajuda. Para a maioria das agências de desenvolvimento, gestão orientada para resultados de desenvolvimento significa ir além do seu foco tradicional na entrega de insumos e qualidade de produção para se concentrar na obtenção de resultados, ou seja, uma consideração mais explícita da contribuição que a agência faz aos resultados do país. Para este fim, as agências estão apresentando resultados a partir de planos estratégicos e programas de cooperação, mudando os seus incentivos internos para foco em resultados de sustentabilidade, com o desenvolvimento de sistemas de comunicação em resultados; e 3) Fomento a uma parceria global. Alguns dos maiores desafios na gestão para resultados de desenvolvimento podem ser melhor abordados através de uma parceria global, por exemplo, um esforço global é necessária para apoiar os países na geração de dados confiáveis e em tempo oportuno para avaliar o progresso das metas dos ODM‟s, ou para reforçar os mecanismos de comunicação internacional e os sistemas de acompanhamento e avaliação (WWW.MFDR.ORG, 2010). No Brasil, apesar de pouco difundida esta nova postura pró-desenvolvimento socioeconômico entre os entes federativos, algumas iniciativas estaduais começam a aparecer tendo em vista que os ODM fazem parte de metas regionais, no escopo de programas e projetos já em curso.
  • 42. 41 3. DESENVOLVIMENTO E A GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS A vida em sociedade só se tornou possível pelo advento do Estado Moderno. Foram precisos três séculos para que se consolidasse. A figura abaixo ilustra este processo: ANTECEDENTES... DO ESTADO PRÉ-MODERNO AO ESTADO MODERNO (CONTEMPORÂNEO) Nascimento do Consolidação do Transição para o Estado moderno Estado moderno Estado contemporâneo Estado Pré- Direitos sociais; Democracia Ajuste fiscal, Moderno: de massas; Gestão da ordem Ineficiência, revisão de direitos Poder Direitos civis e econômica, regulação, inconfiabilidade, sociais, qualidade Estado discricionário Direitos políticos exclusão Contemporâ- desenvolvimento de serviços + confusão neo: Séc. XXI público- privado Estado de Direito Estado Social Crise do Estado Reforma do Estado Séc. XVII Séc. XVIII Séc. XIX Séc. XX Fim do Séc. XX Figura 4_ Trajetória de evolução do Estado Moderno. Fonte: Martins e Marini (2010, p.20). Até o século XIX os estados nacionais não se envolviam com a economia, que ficava totalmente por conta das empresas e do mercado. Os estados tinham mais atuação na administração da justiça, diplomacia e educação. Quando o livre mercado entrou em crise, no período compreendido entre a I e a II Grande Guerra, aí “o mercado juntamente com o Estado passaram a promover o desenvolvimento das sociedades” (HEIDMANN e SALM, 2010, p.23-25). Heidmann coloca que o mito do progresso nasceu no final do período da Renascença (séc. XVII), com a noção de que os acontecimentos se desenvolviam num sentido mais desejável, de forma crescente, proporcionando talvez, um futuro melhor. O conceito de progresso atingiu o ápice no século XIX, “tornando-se bandeira do romantismo e assumindo o caráter de necessidade”. Tanto foi assim no período, que o lema do progresso acabou estampado na nossa bandeira nacional. Ao longo do século XX o conceito de progresso atrelado ao romantismo foi se dissipando em virtude de acontecimentos, como as duas grandes guerras, que abalaram esta visão, causando significativas mudanças no campo da filosofia. A idéia de futuro melhor passou a ser encampado pelo conceito de desenvolvimento (HEIDMANN e SALM, 2010). A participação do Estado no desenvolvimento nos primeiros dois terços do século XX se deu por duas vias: a regulatória e a empresarial (criação e gestão de empresas estatais). O
  • 43. 42 termo desenvolvimento à época tinha uma conotação bastante diferente da de hoje. Em 1955 foi criado o Instituto Superior de Estudos Brasileiro – ISEB, com o propósito de discutir a ideologia do desenvolvimento. Os governos instituíram grandes sistemas de planejamento, através de ministérios e comissões, com propósitos de elaborar, financiar e executar planos ambiciosos, que em certa parte lograram êxitos, pois muitos países obtiveram grande crescimento econômico. Além da gestão da ordem social, questões econômicas e administrativas, advindas de pensadores como John Maynard Keynes, influenciaram os estados na organização de políticas econômicas e sociais. Nestas circunstâncias os estados desenvolvimentistas avançaram sob a tutela da burocracia clássica. Até os anos de 1970, os estados nacionais seguiram rigorosamente a política do bem estar social. Quando os problemas de ordem econômica global começaram a surgir, colocaram em xeque a permanência do modelo. O Estado passou de herói a vilão, sendo visto como gerador de mais problemas do que capaz de viabilizar a prosperidade das sociedades. A crise do Estado cedeu espaço para importantes reformas, como o surgimento e o advento da Nova Gestão Pública. Com os sinais da crise do Estado, os governos locais diante das condições de escassez de recursos, desemprego em ascensão e queda de arrecadação, decidiram reformular as políticas públicas, com novas estratégias que visavam atrair investimentos, gerar emprego e renovar a base produtiva, rompendo assim com práticas desenvolvimentistas do passado - tributárias e intervencionistas (DINIZ, 1999 apud CAVALHEIRO e JUCHEM, 2009). A gestão pública contemporânea traz o advento da nova administração para o desenvolvimento. Neste aspecto Martins e Marini (2010) colocam que “a velha administração para o desenvolvimento se baseava em uma idéia nacionalista, xenófoba e autóctone”. Que dicotomizava o desenvolvimento econômico do social a partir de um modelo de planejamento tecnocrático e centralizado. Um conceito de desenvolvimento aberto caracteriza a nova administração para o desenvolvimento, contando com integração, globalização e interdependência. Aborda o desenvolvimento sob o prisma do social integrado ao econômico e ambiental. O Estado assume posição de “concertador, ativador e direcionador das capacidades do mercado e da sociedade civil” (MARTINS e MARINI, 2010). Guimarães (2010, p.15) coloca que a “análise do processo de desenvolvimento de um país passa, necessariamente, pela análise de sua relação com o processo de formulação, implementação e avaliação de políticas públicas”. E que, apesar da obviedade da relação,