SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
CROSS-DOKING


INTRODUÇÃO

O atual ambiente de negócios exige operações logísticas mais rápidas e de menor
custo, capazes de suportar estratégias de marketing, gerenciar redes de fornecedores
e clientes, e viabilizar práticas como Just-In-time. O cross-docking é um conceito de
operação logística interessante como resposta a essas necessidades. Ele acelera o
fluxo de mercadorias, reduz os custos por condensar cargas e, idealmente, dispensa
armazenagem. Vejamos porquê. O fundamento básico do cross-docking é o
roteamento dos produtos que vêm dos fornecedores para os consumidores sem
estocagem. Para uma melhor compreensão do que se trata, vejamos o seguinte
exemplo. Vamos considerar a operação de uma rede de mini-mercados instalados em
postos de gasolina. Suponhamos que existem cinco tipos de produtos, cada um com
seu fornecedor exclusivo: bebidas, biscoitos, chocolates, revistas e cigarros. Também
consideremos que existam 20 lojas. Assim, cinco caminhões (um de cada fornecedor)
chegam ao armazém pelo lado chamado “entrada”. Vinte caminhões entram pelo lado
“saída”. Os produtos, à medida que são retirados dos caminhões dos fornecedores,
são encaminhados (roteados) para os veículos que levarão as mercadorias para as
lojas, na quantidade certa para cada cliente. Essa operação leva poucas horas e
dispensa qualquer estocagem. Analisemos o que aconteceu nesse exemplo. O fluxo
de mercadorias foi acelerado porque os fornecedores e clientes se “encontraram”
todos no mesmo lugar, e não houve grandes esperas ou armazenagens. O custo foi
reduzido porque tanto as cargas de entrada como de saída eram condensadas, tinham
uma única origem (respectivamente fábrica e CD) e um único destino
(respectivamente CD e loja). Tudo isso foi conseguido apesar de se trabalhar com
cinco fornecedores e 20 lojas. Ou seja, verificamos através de um exemplo como o
cross-docking pode oferecer respostas aos desafios logísticos que vimos no primeiro
parágrafo. Alguns problemas, no entanto, podem acontecer. Um deles é conseguir
toda essa coordenação para reunir cinco fornecedores sem grandes atrasos. Por outro
lado, gerenciar as informações de seleção, arrumação e roteamento dos produtos com
um mínimo de estocagem pode ser crítico. Esses são os principais problemas técnicos
a      serem      solucionados       para     implementação      do      cross-docking.

DEFINIÇÃO DE CROSS-DOCKING


                            Uma definição bastante simplista de cross-docking é:
                            “cross-docking é uma operação na qual os produtos são
                            roteados aos seus destinos tão logo são recebidos em um
                            armazém ou centro de distribuição”.
                            Uma outra definição, mais elaborada, é: “cross-docking é
                            um processo onde produtos são recebidos em uma
                            dependência, ocasionalmente junto com outros produtos
                            de mesmo destino, são enviados na primeira
oportunidade, sem uma armazenagem longa. Isso requer alto conhecimento dos
produtos de entrada, seus destinos, e um sistema para roteá-los apropriadamente aos
veículos de saída”.
Independente de qual frase seja adotada como definição, existem três pontos
essenciais para que uma operação seja chamada de cross-docking.


1. O tempo total de permanência da mercadoria nas dependências onde ocorre o
cross-docking deve ser levado ao mínimo. Alguns especialistas limitam o tempo
máximo para que se considere cross-docking como um dia; alguns prestadores de
serviços logísticos, por outro lado, não cobram taxas de estocagem se o produto
permanecer até três dias. O que se deve ter em mente é que o tempo de permanência
dos produtos é um fator crítico em um cross-docking.

2. Após o recebimento, o produto deve ser enviado diretamente ao veículo de saída ou
permanecer em uma área de picking, mas nunca pode ser estocado. Estoque foi
eliminado com o cross-docking.

3. É indispensável um sistema capaz de coordenar as trocas de produtos e
informação. É fundamental coordenação entre os diferentes participantes do cross-
docking, especialmente quanto aos tempos em que os veículos chegarão ao operador
de cross-docking.


Por último, chamaremos a empresa que de fato realiza o cross-docking, coordenando
e implementando as atividades de Operador de Cross-Docking (OCD).

BENEFÍCIOS E DESVANTAGENS DO CROSS-DOCKING


                                          Para que o cross-docking seja possível e
                                          atinja seus objetivos, alguns cuidados
                                          devem ser tomados, principalmente
                                          quanto à escolha dos produtos,
                                          fornecedores, fluxos de informação e
                                          produtos e das pessoas. Por exemplo,
                                          produtos que requerem um mínimo de
                                          manuseio, possuem        alto custo de
                                          estocagem (perecibilidade, custo de
                                          oportunidade), possuem códigos de
barras que auxiliam o processo de roteamento e possuem um padrão de demanda
conhecido e de baixa variabilidade são ideais para serem distribuídos por cross-
docking.
Os fornecedores também devem ser escolhidos com cuidado. Os fornecedores ideais
são capazes de disponibilizar a quantidade pedida do produto no tempo exato. São
também capazes de configurar seus produtos de modo eficiente quanto ao manuseio e
possuem um bom canal de comunicação com o OCD. Observe que a configuração
física do produto é crítica para determinação da complexidade do cross-docking,
porque produtos rotulados, arrumados e de fácil manuseio são trabalhados mais
rapidamente e dispensam cuidados adicionais.
O fluxo de informações ideal sincroniza os parceiros da operação, coordena o fluxo de
materiais corretamente para suprir a demanda e, preferencialmente, dispensa papéis.
O cross-docking ideal possui uma rede de transporte, equipamentos e operações para
dar suporte ao fluxo de produtos do fornecedor ao consumidor. Deve prover, sempre
que necessário, embalagem, montagem de kits, ordenação e outros serviços.
Enfim, as pessoas que trabalham no cross-docking ideal reconhecem a importância da
movimentação dos produtos ao invés da sua estocagem. Sendo capazes de perceber
pontos fortes e fracos, atualizar-se tecnologicamente e coordenar fornecedores e
consumidores.
Portanto, o cross-docking é um processo complexo, cheio de detalhes, e que por isso
mesmo exige maturidade dos clientes e dos fornecedores, no sentido de saber
especificar suas necessidades reais e suas limitações.
Podemos então pensar nos principais benefícios e dificuldades do cross-docking. Os
principais benefícios econômicos vêm da economia de trabalho (em movimentação e
armazenagem), redução de custos em estocagem, redução das perdas em estoque e
dos custos de oportunidade. As principais dificuldades ocorrem porque muitas pessoas
não sabem operar cross-docking.




Benefícios do cross-docking:

• Aumenta velocidade do fluxo de produtos e circulação do estoque.
• Reduz custo de manuseio.
• Permite consolidação eficiente de produtos.
• Dá suporte às estratégias de Just-In-Time.
• Promove melhor utilização dos recursos.
• Reduz necessidade de espaço.
• Reduz danos aos produtos por causa do menor manuseio.
• Reduz furtos e compressão dos produtos.
• Reduz obsolescência (e problemas com prazo de validade) dos produtos.
• Acelera pagamento ao fornecedor, logo melhora parcerias.
• Diminui o uso de papéis associados ao processamento de estoque.

Desvantagens do Cross-docking:
• Dificuldade de determinação dos produtos candidatos.
• Requer sincronização dos fornecedores e demanda.
• Relações imperfeitas com fornecedores; pequena ou nenhuma credibilidade nos
fornecedores; relutância dos fornecedores.
• Sindicatos temem perda de empregos.
• Dependências inadequadas ou retornos sobre investimentos insuficientes para justificar a
compra, reforma ou construção de um CD apropriado.
• Sistemas de informação inadequados.
• Gerência nem sempre possui uma visão holística e orientada da cadeia de suprimentos.
• Medo de stock-out pela ausência de estoque de segurança.


REALIZAÇÃO DE UM CROSS-DOCKING
Vistos os benefícios e as dificuldades de operação de um Cross-Docking, deve-se pensar em
uma metodologia de projeto e operação de cross-docking. A tabela a seguir mostra os
principais passos de uma dessas metodologias, proposta pelo Warehouse Education and
Research Council.

Fase 1: Negociação
• Identificar produtos e fornecedores “candidatos” ‘a operação de Cross-Docking.
• Identificar pontos fortes e fracos no atual sistema: operação atual, instalações e
equipamentos, sistemas de informação, clientes e transportes.
• Desenvolver recomendações preliminares para eliminação de fraquezas e fortalecimento.
• Comunicar recomendações com fornecedores e negociar linhas gerais do Cross-Docking.
• Determinar requisitos da Fase 2: Planejamento e Design.

Fase 2: Planejamento e Design
• Design do Cross-Docking.
• Desenvolver análises econômicas das alternativas.
• Selecionar a alternativa mais apropriada.
Fase 3: Justificativa Econômica
• Criar modelos de custos integrados e determinar retorno sobre investimento.
• Criar modelos de custos dos produtos e determinar lucratividade.
• Determinar custos e economias projetados e nível de compartilhamento ao longo da
cadeia de suprimento.
Fase 4: Implementação
• Desenvolver um plano de implementação.
• Implementar um programa-piloto.
• Implementar um sistema amplo de cross-docking.
• Desenvolver procedimentos e padrões para monitoramento periódico e expansão do
programa.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Armazenagem Estratégica de CDs
Armazenagem Estratégica de CDsArmazenagem Estratégica de CDs
Armazenagem Estratégica de CDsazevedoac
 
Guiacorporativo.com.br otimização de armazéns supply chain
Guiacorporativo.com.br otimização de armazéns  supply chainGuiacorporativo.com.br otimização de armazéns  supply chain
Guiacorporativo.com.br otimização de armazéns supply chainRodilson Silva - Green Belt
 
Cartilha logistica conceitos e aplicações 21 08_2015_final
Cartilha logistica conceitos e aplicações 21 08_2015_finalCartilha logistica conceitos e aplicações 21 08_2015_final
Cartilha logistica conceitos e aplicações 21 08_2015_finalAnderson Ananias
 
Gestão da cadeia de abastecimento versão final
Gestão da cadeia de abastecimento versão finalGestão da cadeia de abastecimento versão final
Gestão da cadeia de abastecimento versão finalcarneiro62
 
Logística Empresarial - Módulo II
Logística Empresarial - Módulo IILogística Empresarial - Módulo II
Logística Empresarial - Módulo IIRafael Marser
 
Logística de suprimentos
Logística de suprimentosLogística de suprimentos
Logística de suprimentosIgor Onofre
 
Dicionário de logística e empresarial
Dicionário de logística e empresarialDicionário de logística e empresarial
Dicionário de logística e empresarialRicardo Pereira
 
Curso Fundamentos de Logística
Curso Fundamentos de LogísticaCurso Fundamentos de Logística
Curso Fundamentos de LogísticaGrade TI
 
Os benefícios do WMS para obter vantagens competitivas
Os benefícios do WMS para obter vantagens competitivasOs benefícios do WMS para obter vantagens competitivas
Os benefícios do WMS para obter vantagens competitivasE-commerce Brasil
 
Competição entre cadeias de suprimentos
Competição entre cadeias de suprimentosCompetição entre cadeias de suprimentos
Competição entre cadeias de suprimentosRicardo Domingues
 
Fundamentos de logística slides
Fundamentos de logística slidesFundamentos de logística slides
Fundamentos de logística slidesluc_nakagawa
 
Cadeias de suprimentos
Cadeias de suprimentosCadeias de suprimentos
Cadeias de suprimentosdeividp9
 

La actualidad más candente (20)

Logistica
LogisticaLogistica
Logistica
 
Logística bloco 2
Logística   bloco 2Logística   bloco 2
Logística bloco 2
 
Logistica e cadeia de suprimentos
Logistica e cadeia de suprimentosLogistica e cadeia de suprimentos
Logistica e cadeia de suprimentos
 
Armazenagem Estratégica de CDs
Armazenagem Estratégica de CDsArmazenagem Estratégica de CDs
Armazenagem Estratégica de CDs
 
Guiacorporativo.com.br otimização de armazéns supply chain
Guiacorporativo.com.br otimização de armazéns  supply chainGuiacorporativo.com.br otimização de armazéns  supply chain
Guiacorporativo.com.br otimização de armazéns supply chain
 
Cartilha logistica conceitos e aplicações 21 08_2015_final
Cartilha logistica conceitos e aplicações 21 08_2015_finalCartilha logistica conceitos e aplicações 21 08_2015_final
Cartilha logistica conceitos e aplicações 21 08_2015_final
 
Gestão da cadeia de abastecimento versão final
Gestão da cadeia de abastecimento versão finalGestão da cadeia de abastecimento versão final
Gestão da cadeia de abastecimento versão final
 
Logística Empresarial - Módulo II
Logística Empresarial - Módulo IILogística Empresarial - Módulo II
Logística Empresarial - Módulo II
 
Logística de suprimentos
Logística de suprimentosLogística de suprimentos
Logística de suprimentos
 
Lean Supply Chain Management
Lean Supply Chain ManagementLean Supply Chain Management
Lean Supply Chain Management
 
Dicionário de logística e empresarial
Dicionário de logística e empresarialDicionário de logística e empresarial
Dicionário de logística e empresarial
 
A História da Logística.
A História da Logística.A História da Logística.
A História da Logística.
 
Logistica Milk Run e Mizu
Logistica Milk Run e MizuLogistica Milk Run e Mizu
Logistica Milk Run e Mizu
 
Curso Fundamentos de Logística
Curso Fundamentos de LogísticaCurso Fundamentos de Logística
Curso Fundamentos de Logística
 
Os benefícios do WMS para obter vantagens competitivas
Os benefícios do WMS para obter vantagens competitivasOs benefícios do WMS para obter vantagens competitivas
Os benefícios do WMS para obter vantagens competitivas
 
Caso testo lean
Caso testo leanCaso testo lean
Caso testo lean
 
Competição entre cadeias de suprimentos
Competição entre cadeias de suprimentosCompetição entre cadeias de suprimentos
Competição entre cadeias de suprimentos
 
Fundamentos de logística slides
Fundamentos de logística slidesFundamentos de logística slides
Fundamentos de logística slides
 
Cadeias de suprimentos
Cadeias de suprimentosCadeias de suprimentos
Cadeias de suprimentos
 
Adm. mat. patrimoniais slide 5
Adm. mat. patrimoniais   slide 5Adm. mat. patrimoniais   slide 5
Adm. mat. patrimoniais slide 5
 

Destacado

Get more followers free keek
Get more followers free keekGet more followers free keek
Get more followers free keekkarron562
 
[Challenge:Future] A different kind of Advertising
[Challenge:Future] A different kind of Advertising[Challenge:Future] A different kind of Advertising
[Challenge:Future] A different kind of AdvertisingChallenge:Future
 
Revista Livre Acesso
Revista Livre AcessoRevista Livre Acesso
Revista Livre AcessoRikcborges
 
Fotos e p.
Fotos e p. Fotos e p.
Fotos e p. Asas121
 
Portafolio evelyn salazar
Portafolio evelyn salazarPortafolio evelyn salazar
Portafolio evelyn salazarevesg05
 
Ativ1 4 anamariamoraes
Ativ1 4 anamariamoraesAtiv1 4 anamariamoraes
Ativ1 4 anamariamoraesanam7609
 
No início dos anos 90
No início dos anos 90No início dos anos 90
No início dos anos 90182423
 

Destacado (10)

Artículo Pedro Salinas
Artículo Pedro SalinasArtículo Pedro Salinas
Artículo Pedro Salinas
 
Get more followers free keek
Get more followers free keekGet more followers free keek
Get more followers free keek
 
[Challenge:Future] A different kind of Advertising
[Challenge:Future] A different kind of Advertising[Challenge:Future] A different kind of Advertising
[Challenge:Future] A different kind of Advertising
 
Revista Livre Acesso
Revista Livre AcessoRevista Livre Acesso
Revista Livre Acesso
 
Fotos e p.
Fotos e p. Fotos e p.
Fotos e p.
 
Portafolio evelyn salazar
Portafolio evelyn salazarPortafolio evelyn salazar
Portafolio evelyn salazar
 
Ativ1 4 anamariamoraes
Ativ1 4 anamariamoraesAtiv1 4 anamariamoraes
Ativ1 4 anamariamoraes
 
A força da menta nas organizações
A força da menta nas organizaçõesA força da menta nas organizações
A força da menta nas organizações
 
No início dos anos 90
No início dos anos 90No início dos anos 90
No início dos anos 90
 
Mandos o actuadores hidraulicos
Mandos o actuadores hidraulicosMandos o actuadores hidraulicos
Mandos o actuadores hidraulicos
 

Similar a O que é cross-docking e seus benefícios

Estudo de Caso LOGÍSTICA A Logistica Enxuta
Estudo de Caso LOGÍSTICA  A Logistica EnxutaEstudo de Caso LOGÍSTICA  A Logistica Enxuta
Estudo de Caso LOGÍSTICA A Logistica EnxutaProfessor Sérgio Duarte
 
Estudo de Caso LOGÍSTICA kleber a log+¡stica enxuta
Estudo de Caso LOGÍSTICA  kleber a log+¡stica enxutaEstudo de Caso LOGÍSTICA  kleber a log+¡stica enxuta
Estudo de Caso LOGÍSTICA kleber a log+¡stica enxutaProfessor Sérgio Duarte
 
Logística Empresarial - Aspectos Teóricos e Tributários
Logística Empresarial - Aspectos Teóricos e TributáriosLogística Empresarial - Aspectos Teóricos e Tributários
Logística Empresarial - Aspectos Teóricos e TributáriosIOB News
 
Unidade ii.3 estrategias e terceirização
Unidade ii.3 estrategias e terceirizaçãoUnidade ii.3 estrategias e terceirização
Unidade ii.3 estrategias e terceirizaçãoDaniel Moura
 
Aula de logística empresarial
Aula de logística empresarialAula de logística empresarial
Aula de logística empresarialRanieri Araújo
 
Respostas Exercício LIVRO TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO.pdf
Respostas Exercício LIVRO TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO.pdfRespostas Exercício LIVRO TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO.pdf
Respostas Exercício LIVRO TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO.pdfLuizFelipe925640
 
Aulas LE Finais 2022 Apontamentos.pptx
Aulas LE Finais 2022 Apontamentos.pptxAulas LE Finais 2022 Apontamentos.pptx
Aulas LE Finais 2022 Apontamentos.pptxTeixeiraJulio
 
Lean Operations durante o tsunami financeiro na indústria siderúrgica
Lean Operations durante o tsunami financeiro na indústria siderúrgicaLean Operations durante o tsunami financeiro na indústria siderúrgica
Lean Operations durante o tsunami financeiro na indústria siderúrgicaMarcio Junior
 
Aula 7 si_log_W
Aula 7 si_log_WAula 7 si_log_W
Aula 7 si_log_Wmifarias
 
Gestão dos canais de distribuição (9)
Gestão dos canais de distribuição (9)Gestão dos canais de distribuição (9)
Gestão dos canais de distribuição (9)Adeildo Caboclo
 

Similar a O que é cross-docking e seus benefícios (20)

Aula FUNDAMENTOS DA LOGISTICA
Aula FUNDAMENTOS DA LOGISTICAAula FUNDAMENTOS DA LOGISTICA
Aula FUNDAMENTOS DA LOGISTICA
 
Bis Alimentos.pptx
Bis Alimentos.pptxBis Alimentos.pptx
Bis Alimentos.pptx
 
Estudo de Caso LOGÍSTICA A Logistica Enxuta
Estudo de Caso LOGÍSTICA  A Logistica EnxutaEstudo de Caso LOGÍSTICA  A Logistica Enxuta
Estudo de Caso LOGÍSTICA A Logistica Enxuta
 
Estudo de Caso LOGÍSTICA kleber a log+¡stica enxuta
Estudo de Caso LOGÍSTICA  kleber a log+¡stica enxutaEstudo de Caso LOGÍSTICA  kleber a log+¡stica enxuta
Estudo de Caso LOGÍSTICA kleber a log+¡stica enxuta
 
Logística Empresarial - Aspectos Teóricos e Tributários
Logística Empresarial - Aspectos Teóricos e TributáriosLogística Empresarial - Aspectos Teóricos e Tributários
Logística Empresarial - Aspectos Teóricos e Tributários
 
Unidade ii.3 estrategias e terceirização
Unidade ii.3 estrategias e terceirizaçãoUnidade ii.3 estrategias e terceirização
Unidade ii.3 estrategias e terceirização
 
Aula 2 - SCM.pdf
Aula 2 - SCM.pdfAula 2 - SCM.pdf
Aula 2 - SCM.pdf
 
Trabalho wms
Trabalho wmsTrabalho wms
Trabalho wms
 
Aula de logística empresarial
Aula de logística empresarialAula de logística empresarial
Aula de logística empresarial
 
Revisão
RevisãoRevisão
Revisão
 
Last Mile Logistics
Last Mile LogisticsLast Mile Logistics
Last Mile Logistics
 
Respostas Exercício LIVRO TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO.pdf
Respostas Exercício LIVRO TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO.pdfRespostas Exercício LIVRO TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO.pdf
Respostas Exercício LIVRO TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO.pdf
 
Aulas LE Finais 2022 Apontamentos.pptx
Aulas LE Finais 2022 Apontamentos.pptxAulas LE Finais 2022 Apontamentos.pptx
Aulas LE Finais 2022 Apontamentos.pptx
 
Lean Operations durante o tsunami financeiro na indústria siderúrgica
Lean Operations durante o tsunami financeiro na indústria siderúrgicaLean Operations durante o tsunami financeiro na indústria siderúrgica
Lean Operations durante o tsunami financeiro na indústria siderúrgica
 
Caso de estudo parfois
Caso de estudo parfoisCaso de estudo parfois
Caso de estudo parfois
 
almoxarife.pptx
almoxarife.pptxalmoxarife.pptx
almoxarife.pptx
 
Aula 7 si_log_W
Aula 7 si_log_WAula 7 si_log_W
Aula 7 si_log_W
 
Gestão dos canais de distribuição (9)
Gestão dos canais de distribuição (9)Gestão dos canais de distribuição (9)
Gestão dos canais de distribuição (9)
 
Pitchdeck Flexsas_WEME
Pitchdeck Flexsas_WEMEPitchdeck Flexsas_WEME
Pitchdeck Flexsas_WEME
 
02 aula cadeia de fornecimento
02 aula cadeia de fornecimento02 aula cadeia de fornecimento
02 aula cadeia de fornecimento
 

O que é cross-docking e seus benefícios

  • 1. CROSS-DOKING INTRODUÇÃO O atual ambiente de negócios exige operações logísticas mais rápidas e de menor custo, capazes de suportar estratégias de marketing, gerenciar redes de fornecedores e clientes, e viabilizar práticas como Just-In-time. O cross-docking é um conceito de operação logística interessante como resposta a essas necessidades. Ele acelera o fluxo de mercadorias, reduz os custos por condensar cargas e, idealmente, dispensa armazenagem. Vejamos porquê. O fundamento básico do cross-docking é o roteamento dos produtos que vêm dos fornecedores para os consumidores sem estocagem. Para uma melhor compreensão do que se trata, vejamos o seguinte exemplo. Vamos considerar a operação de uma rede de mini-mercados instalados em postos de gasolina. Suponhamos que existem cinco tipos de produtos, cada um com seu fornecedor exclusivo: bebidas, biscoitos, chocolates, revistas e cigarros. Também consideremos que existam 20 lojas. Assim, cinco caminhões (um de cada fornecedor) chegam ao armazém pelo lado chamado “entrada”. Vinte caminhões entram pelo lado “saída”. Os produtos, à medida que são retirados dos caminhões dos fornecedores, são encaminhados (roteados) para os veículos que levarão as mercadorias para as lojas, na quantidade certa para cada cliente. Essa operação leva poucas horas e dispensa qualquer estocagem. Analisemos o que aconteceu nesse exemplo. O fluxo de mercadorias foi acelerado porque os fornecedores e clientes se “encontraram” todos no mesmo lugar, e não houve grandes esperas ou armazenagens. O custo foi reduzido porque tanto as cargas de entrada como de saída eram condensadas, tinham uma única origem (respectivamente fábrica e CD) e um único destino (respectivamente CD e loja). Tudo isso foi conseguido apesar de se trabalhar com cinco fornecedores e 20 lojas. Ou seja, verificamos através de um exemplo como o cross-docking pode oferecer respostas aos desafios logísticos que vimos no primeiro parágrafo. Alguns problemas, no entanto, podem acontecer. Um deles é conseguir toda essa coordenação para reunir cinco fornecedores sem grandes atrasos. Por outro lado, gerenciar as informações de seleção, arrumação e roteamento dos produtos com um mínimo de estocagem pode ser crítico. Esses são os principais problemas técnicos a serem solucionados para implementação do cross-docking. DEFINIÇÃO DE CROSS-DOCKING Uma definição bastante simplista de cross-docking é: “cross-docking é uma operação na qual os produtos são roteados aos seus destinos tão logo são recebidos em um armazém ou centro de distribuição”. Uma outra definição, mais elaborada, é: “cross-docking é um processo onde produtos são recebidos em uma dependência, ocasionalmente junto com outros produtos de mesmo destino, são enviados na primeira
  • 2. oportunidade, sem uma armazenagem longa. Isso requer alto conhecimento dos produtos de entrada, seus destinos, e um sistema para roteá-los apropriadamente aos veículos de saída”. Independente de qual frase seja adotada como definição, existem três pontos essenciais para que uma operação seja chamada de cross-docking. 1. O tempo total de permanência da mercadoria nas dependências onde ocorre o cross-docking deve ser levado ao mínimo. Alguns especialistas limitam o tempo máximo para que se considere cross-docking como um dia; alguns prestadores de serviços logísticos, por outro lado, não cobram taxas de estocagem se o produto permanecer até três dias. O que se deve ter em mente é que o tempo de permanência dos produtos é um fator crítico em um cross-docking. 2. Após o recebimento, o produto deve ser enviado diretamente ao veículo de saída ou permanecer em uma área de picking, mas nunca pode ser estocado. Estoque foi eliminado com o cross-docking. 3. É indispensável um sistema capaz de coordenar as trocas de produtos e informação. É fundamental coordenação entre os diferentes participantes do cross- docking, especialmente quanto aos tempos em que os veículos chegarão ao operador de cross-docking. Por último, chamaremos a empresa que de fato realiza o cross-docking, coordenando e implementando as atividades de Operador de Cross-Docking (OCD). BENEFÍCIOS E DESVANTAGENS DO CROSS-DOCKING Para que o cross-docking seja possível e atinja seus objetivos, alguns cuidados devem ser tomados, principalmente quanto à escolha dos produtos, fornecedores, fluxos de informação e produtos e das pessoas. Por exemplo, produtos que requerem um mínimo de manuseio, possuem alto custo de estocagem (perecibilidade, custo de oportunidade), possuem códigos de barras que auxiliam o processo de roteamento e possuem um padrão de demanda conhecido e de baixa variabilidade são ideais para serem distribuídos por cross- docking. Os fornecedores também devem ser escolhidos com cuidado. Os fornecedores ideais são capazes de disponibilizar a quantidade pedida do produto no tempo exato. São também capazes de configurar seus produtos de modo eficiente quanto ao manuseio e possuem um bom canal de comunicação com o OCD. Observe que a configuração física do produto é crítica para determinação da complexidade do cross-docking, porque produtos rotulados, arrumados e de fácil manuseio são trabalhados mais rapidamente e dispensam cuidados adicionais. O fluxo de informações ideal sincroniza os parceiros da operação, coordena o fluxo de materiais corretamente para suprir a demanda e, preferencialmente, dispensa papéis. O cross-docking ideal possui uma rede de transporte, equipamentos e operações para
  • 3. dar suporte ao fluxo de produtos do fornecedor ao consumidor. Deve prover, sempre que necessário, embalagem, montagem de kits, ordenação e outros serviços. Enfim, as pessoas que trabalham no cross-docking ideal reconhecem a importância da movimentação dos produtos ao invés da sua estocagem. Sendo capazes de perceber pontos fortes e fracos, atualizar-se tecnologicamente e coordenar fornecedores e consumidores. Portanto, o cross-docking é um processo complexo, cheio de detalhes, e que por isso mesmo exige maturidade dos clientes e dos fornecedores, no sentido de saber especificar suas necessidades reais e suas limitações. Podemos então pensar nos principais benefícios e dificuldades do cross-docking. Os principais benefícios econômicos vêm da economia de trabalho (em movimentação e armazenagem), redução de custos em estocagem, redução das perdas em estoque e dos custos de oportunidade. As principais dificuldades ocorrem porque muitas pessoas não sabem operar cross-docking. Benefícios do cross-docking: • Aumenta velocidade do fluxo de produtos e circulação do estoque. • Reduz custo de manuseio. • Permite consolidação eficiente de produtos. • Dá suporte às estratégias de Just-In-Time. • Promove melhor utilização dos recursos. • Reduz necessidade de espaço. • Reduz danos aos produtos por causa do menor manuseio. • Reduz furtos e compressão dos produtos. • Reduz obsolescência (e problemas com prazo de validade) dos produtos. • Acelera pagamento ao fornecedor, logo melhora parcerias. • Diminui o uso de papéis associados ao processamento de estoque. Desvantagens do Cross-docking: • Dificuldade de determinação dos produtos candidatos. • Requer sincronização dos fornecedores e demanda. • Relações imperfeitas com fornecedores; pequena ou nenhuma credibilidade nos fornecedores; relutância dos fornecedores. • Sindicatos temem perda de empregos. • Dependências inadequadas ou retornos sobre investimentos insuficientes para justificar a compra, reforma ou construção de um CD apropriado. • Sistemas de informação inadequados. • Gerência nem sempre possui uma visão holística e orientada da cadeia de suprimentos. • Medo de stock-out pela ausência de estoque de segurança. REALIZAÇÃO DE UM CROSS-DOCKING
  • 4. Vistos os benefícios e as dificuldades de operação de um Cross-Docking, deve-se pensar em uma metodologia de projeto e operação de cross-docking. A tabela a seguir mostra os principais passos de uma dessas metodologias, proposta pelo Warehouse Education and Research Council. Fase 1: Negociação • Identificar produtos e fornecedores “candidatos” ‘a operação de Cross-Docking. • Identificar pontos fortes e fracos no atual sistema: operação atual, instalações e equipamentos, sistemas de informação, clientes e transportes. • Desenvolver recomendações preliminares para eliminação de fraquezas e fortalecimento. • Comunicar recomendações com fornecedores e negociar linhas gerais do Cross-Docking. • Determinar requisitos da Fase 2: Planejamento e Design. Fase 2: Planejamento e Design • Design do Cross-Docking. • Desenvolver análises econômicas das alternativas. • Selecionar a alternativa mais apropriada. Fase 3: Justificativa Econômica • Criar modelos de custos integrados e determinar retorno sobre investimento. • Criar modelos de custos dos produtos e determinar lucratividade. • Determinar custos e economias projetados e nível de compartilhamento ao longo da cadeia de suprimento. Fase 4: Implementação • Desenvolver um plano de implementação. • Implementar um programa-piloto. • Implementar um sistema amplo de cross-docking. • Desenvolver procedimentos e padrões para monitoramento periódico e expansão do programa.