2. “ A igreja, mas do que o Império Romano, serviu como foco de unidade frente à desintegração que seguiu à queda de Roma. [...] Mas a influência que contou no dia a dia das massas e que deu a eles um sentido de unidade estava constituído, é seguro supor pelos sacramentos, cantos, imagens, pelos ritos e cerimônias, todas tendo uma direção estética muito mais que qualquer outra coisa, Escultura, pintura, música, cartas se encontravam onde acontecia o culto. Estas obras e atos eram mais do que arte para aqueles fiéis que se encontravam no templo. Eram menos obras de arte do que são hoje para crentes e não crentes. Mas por causa da direção estética, os ensinamentos religiosos foram melhor transmitidos e seus efeitos mais duradouros. Pela arte se transformaram de doutrinas em experiências vivas.” (DEWEY, Arte e Civilização In Arte como Experiência, 2010)
3. A Idade Média se caracteriza por um esforço interpretativo do mundo que tem origem: - Na disposição para prolongar a atividade mito poética do homem clássico através de uma sensibilidade ao sobrenatural. - Na codificação secreta dos cristãos perseguidos pelos romanos que depois se converte em um sistema pedagógico e em política cultural. - Na fuga do real da condição endêmica de angustia e de insegurança. O repertório simbólico é uma reação imaginativa ao sentimento de crise. (ECO, 2010) Simbolismo aberto ao conhecimento popular
4. Peixes, mosaico encontrada na prisão Megiddo, 230 d.C Esta potencialidade marginal do pecado confesso como pecado afortunado proporciona um ancora à arte que se encontra, resplandecente, em todas as cúpulas. Ainda nos tempos mais odiosos da Inquisição, a arte proporciona aos pecadores a oportunidade de viver, abertamente e internamente o prazer da sua dissipação nos signos: pintura, música, palavras. ‘E estes signos seguirão aqueles que acreditam: em meu nome eles apartarão os demônios, falarão em novas línguas’.” (Marcos 16:17, CRISTEVA, Julia. Powers of Horror, 1980)
6. Hermenêutica: interpretação dos textos bíblicos Sentido literal – enunciado – ensina os fatos Sentido alegórico – ensina o que deves crer Sentido moral - ensina o que deves fazer Sentido anagôgico – ensina ao que deves tender Santo Agostinho funda a teoria dos signos: “ O signo é toda coisa que faz vir à mente alguma coisa além da impressão que a própria coisa causa aos nossos sentidos”
7. Símbolo de San Marco, Evangelios Echternach, 700, Anglo irlandés Aliud dicitur aliud demostratur O texto diz sempre alguma coisa diferente do que parece dizer Visão simbólico alegórica do universo: todo efeito é signo da própria causa Não se distingue símbolo de alegoria O símbolo transforma o fenômeno em idéia e a idéia em uma imagem por convenção ou regra. No símbolo não existe similaridade obvia entre o signo e o significado A alegoria transforma o fenômeno em conceito e o conceito em imagem.O particular vale como emblema universal. Dizer alguma coisa diferente do sentido literal.
8. Labirinto da Catedral de Chartres “ [...] quando a arte de outra cultura entra nas atitudes que determinam nossa experiência uma genuína continuidade se efetua. Nossa experiência não perde sua individualidade mas a toma para si e tece elementos que expandem seu significado.” (DEWEY, Arte e Civilização In Arte como Experiência, 2010) Numerologia Gematria
13. A diferença entre a arquitetura românica e a gótica é a diferença entre o idealismo de Platão com Agostinho e a importância dos sentidos de Aristóteles defendido por Tomás de Aquino e Alberto Magno, entre inteligência abstrata e empirismo, entre rigor racional e organismo vivo São Ambrogio, S. Xi – XII, Milan, Itália Interior Saint Denis, 1144
14. Catedral de Exeter 1280- 1340 Abadia de Westminster, Londres 1245 – 1517,
15.
16. Gótico: Gótico primitivo ou proto gótico Gótico pleno ou clássico Gótico tardio ou Internacional Estilos Gótico lanceolado 1200 a 1300 Gótico radiante ou rayonnant 1300 - 1400 Gótico perpendicular Inglaterra S. XIV Gótico flamigero ou flamboyant França 1400-1500
17. O mundo como uma grande conexão simbólica – simbolismo é um curto circuito intelectual: á relação não é entre causa e efeito, é entre significado e objetivo, qualquer associação com base em qualquer semelhança pode se transformar diretamente na idéia de uma conexão essencial e mística (HUIZINGA, 2010, p. 335 e 336)
18. Pomba de capitel no interior de ermita,Cimentério Revollo, Segóvia, Espanha Leaõ andrófago,Artaiz, Espanha Bestiário medieval: origem greco-romano, celta, persa e bizantino Representam virtudes ou perversões Ensinam e advertem
19. Leão, portal Catedral de Amiens Leão com asas, Catedral de São João, Países Baixos
20. O mundo como uma grande conexão simbólica – (HUIZINGA, 2010, p. 335)
26. Igrejas de Segóvia e Soria e porta dop Juizo na catedral de Tudela, Espanha
27. “ O simbolismo e a alegoria tinham para o espírito medieval um valor sentimental [...] A função das equiparações simbólicas e das figuras personificadas estava tão desenvolvida que qualquer pensamento se transformava quase automaticamente em um personagem. Qualquer idéia era considerada uma entidade, qualquer qualidade uma substância, e enquanto entidade era imediatamente personificada pela inteligência que a concebera.” (HUIZINGA, 2010, p. 343)
28. O significado das cores Azul: cor da divindade e da realeza, os azuis desbotados cor dos camponeses Amarelo: cor da luz e do entendimento, na vestimenta cor da desonra, é também cor da cobardia associado a pessoas marginalizadas Vermelho: cor da riqueza e das paixões humanas, na roupa cor na nobreza e do valor. É também cor das prostitutas e dos verdugos Verde: cor da fertilidade e da prosperidade, cor da burguesia Negro: cor real, cor dos cavaleiros misteriosos
29. Jean le Noir, Salmos e horas de Bonne de Luxemburgo, Duqesa de Normandia, 1349 Para ver o livro todo no Metropolitam Museum of Art
30. Rogier van der Weyden Frontispício da introdução às Crônicas de Hainaut, Jean Wauquelin entregando a tradução ao Duque de Borgonha, S. XV
32. Jean Fouquet, díptico de Melun, Madona e o tesoureiro Etienen Chevalier com seu patrono Saint Stephen, 1450
33. Bibliografia ECO, U. Arte e Beleza na Estética Medieval . Editora Record, 2010. ___, _. História da Beleza . Editora Record, 2005. HUIZINGA, J. O outono da Idade Média . São Paulo, Cosac Naify, 2010.