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IFA DIVINATION POETRY
WANDE ABIMBOLA
PREFÁCIO
Ifá é um importante sistema de divinação encontrado em muitas
culturas do oeste da África.
Na terra Yoruba,onde Ifá é a divindade principal, este sistema
divinatório fascinante foi intimamente identificado com a
história, mitologia, religião e medicina popular do povo Yoruba.
O Yoruba tem Ifá como um repositório das suas crenças e valores
morais.
O sistema divinatório de Ifá e os extensivos cantos poéticos a ele
associados são usados pelo Yorubá para validar importantes
aspectos da sua cultura. A divinação de Ifá é, portanto, praticada
pelos Yorubas durante todos os seus importantes ritos de
passsagem, tais como cerimónia de dar o nome, casamentos,
funerais, e quando dão posse aos reis.
Para a sociedade tradicional Yoruba, a autoridade de Ifá permeia
todos os aspectos da vida porque o Yoruba cosidera Ifá como a voz
das divendades e a sabedoria dos ancestrais.
Este trabalho apresenta sessenta e quatro poemas de ifá dos
dezesseis odus principais da coleção de escritos de Ifá. O
trabalho tem duas partes. A primeira parte é a introdução que
cobre a mitologia de Ifá, seus instrumentos de divinaçõa, o
trinamento dos sacerdotes, o processo de divinação de Ifá, e uma
avalição da posição desta divindade em seu sistema elaborado de
divinção entre o povo Yoruba. A intrdução também trata da
significação do Odù como o mais importante ponto de referência
dentro dos escritos de Ifá como um todo. A última seção da
introdução, apresenta uma análise estrutural, estilística e
temática da poesia divinatória de Ifá.
A Segunda parte do trabalho é uma apresentação de material
textual. Um total de sessenta e quatro poemas de Ifá são
apesentadso em sua versão original Yorubae sua tradução para o
português.
Quatro poemas são apresentados de cada um dos dezesseis Odus
principais. Cada poema na versão portuguêsa é provido de um título
que resume o assunto focalizado. A versão para o português é
também acompanhada de notas adequadas destinadas a elucidar
detalhes linguísticos e culturais não englobados pelo texto
traduzido. Este livro é projetado para ir ao encontro dos leitores
em geral como também do especialista que deseja informar-se da
riqueza da poesia oral Africana. O leitor verá desde a introdução
como o Yoruba atentou para usar o genero poético com veículo para
presevação e desenvolvimento de sua cultura.
O sistema de divinão de Ifá e sua fantástica coleção de cantos
poéticos mostram claramente a ingenuidade das pessoas não letradas
para desenvolver, preservar, e difundir os ingredientes de sua
própria cultura, mesmo sem conhecer a arte da escrita.
3

INDIANA UNIVERSITY BLOOMINGTON

MARCH 1973

AGRADECIMENTOS
Todos os sessenta e quatro poemas que constam neste trabalho
nos foram dados por Oyedele Isola do Quarteirão de Beesin,
pààkòyi, Òyó, oeste da Nigéria. Os poemas foram colhidos em
diferentes ocasiões entre 1963 e 1970.
Algumas das gravações dos cantos de Oyedele estão guardadas
na Biblioteca da Universidade de Lagos, Lagos, Nigéria. Mas,
o grosso do extenso material, recolhido deste renomado
sacerdote de Ifá estão sob minha guarda.
Oyedele é amplamente conhcido em Òyó por sua prodigiosa
memória e pela riqueza de sua voz, para cantar Ifá.
Ele é também um médico prático. Sou agradecido a Oyedele por
tudo que aprendí com ele nos últimos dez anos. Sou agradecido
também aos seguintes sacerdotes de Ifá, qu me ajudaram na
interpretação de parte do material colhido com Oyedele e dos
quais eu gravei material de Ifá que não consta deste livro:
(a) Awótúnde Awórindé, Ilé Olóbèdú, Òsgbo, (b) Adéjàre
Kékeré-awo, Ilé Beesin, Pààkòyí, Òyó e (c)Chefe Fádáyúró,
Olúwo de akeètàn, Òyó.
Eu tenho uma grande dívida com o meu falecido pai, chefe
Abímbóla Ìrókò, o último Asipade ( chefe dos caçadores )de
Òyó, de quem, quando criança, eu primeiro aprendí sobre a
divinação de Ifá e que foi o meu pilar de apoio e fonte de
inspiração durante os meus anos de pesquisa sobre divinação
de Ifá. Chefe Abímbólá Ìrókò um famoso sacerdote de Ifá,
caçador, herbanário e veterano da Primeira Guerra Mundial,
morreu em novembro de 1971.
Sou grato também ao Instituto de Estudos Africanos,
Universidade de Ibadan, onde comecei minhas pesquisas de Ifá,
entre 1963 e 1965. Eu sou igualmente grato a Escola de
Estudos Asiáticos e Africanos, Universidade de Lagos e a
sociedade de linguística do Oeste da África pela provisão de
fundos que foi usada para coligir parte do material
encontrado neste trabalho.
Finalmente, quero expressar minha apreciação a minha mãe,
sàngódayò Àwèlé, que me ajudou na interpretação de palavras
difíceis e à quem eu sempre confiei a verificação de muitos
outros aspectos da cultura Yoruba.
4

CONTEÚDO
INTRODUÇÃO

Página

I SISTEMA DIVINATÓRIO DE IFA.........................1
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)

A
A
O
O
O

Mitologia de Ifá....................................1
Parafernálea da divinação de ifa.......................4
Processo da Divinação de Ifá..........................9
Treinamento dos sacerdotes de Ifá ................... 11
Lugar de Ifá na Religião Tradicional Yoruba. ......... 14

II O ODU OU CATEGORIA DA DIVINAÇÃO DE IFA ........................15
III OS ESSE OU POEMAS DA COLEÇÃO DOS ESCRITOS DE IFÁ...............18

(a) A Estrutura dos Ese Ifá........................................18
(b) Os Aspectos do Estilo nos Ese Ifá..............................22
(c) O conteúdo dos Ese Ifá........................................23

NOTAS
37
AS DEZESSEIS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA POESIA
DIVINATÓRIA DE IFA
41
I ÈjiOgbè......................................42
II ÒyÈkú Méjì...................................48
III Ìwòrì Méjì...................................54
IV Òdí Méjì.....................................60
V Ìrosùn Méjì..................................68
VI Òwónrin Méjì.................................76
VII Òbàrà Méjì...................................82
VIII Òkànràn Méjì.................................94
IX Ògúndá Méjì.................................100
X Òsá Méjì....................................109
XI Ìká Méjì....................................114
XII Òtúúrúpòn Méjì..............................118
XIII Òtúá Méjì...................................126
XIV Ìretè Méjì..................................134
XV Òsé Méjì....................................142
XVI Òfún Méjì...................................150
Notas.......................................154
Bibliografia................................169
5

INTRODUÇÃO
I.O SISTEMA DIVINATÓRIO DE IFÁ
(A) A Mitologia de Ifá
De acordo com as crenças Yoruba, Ifá (por outro lado
conhecido como Òrúnmìlà)foi uma das quatrocentos e uma
deidades,1
que
vieram
do
Òrun
(céu)
para
o
Ayé
(terra).Olódùmarè, o Deus Maior Yoruba, encarregou cada uma
destas deidades com uma função particular a ser realizada na
terra.2 Por exemplo, Ògún3 foi encarregado de todas as coisas
relacionadas com a guerra e a caça e o implemento do uso do
aço.Enquanto
que
Òòsàálá4
foi
encarregado
com
responsabilidade de oldar os corpos humanos com argila e
Èsù5era o policial do universo e o curador do Àse, o poder
divino com o qual OLÓDÙMARÈ criou o universo e mantém suas
leis físicas.
Ifá ficou encarregado da divinação por sua grande sabedoria,
que ele adqueiriu como resultado da sua presença ao lado de
Olódùmarè, quando este criou o universo. Ifá portanto sabia
os segredos do universo.
Por isso seu nome de louvor Akéréfinúsogbón ( o pequeno
sábio).
O Yoruba acredita que as quatrocentas e uma divindades,
mencionadas acima desceram do cèu6 na cidade de Ifè.7
Naquele temponão havia nenhuma criatura de nenhum tipo sobre
a terra. As divindades foram, portanto, os primeiros
habitantes da terra e Ifè foi o primeiro local da terra a ser
habitado por seres humanos.8
Quando as divindades chegaram à terra encontraram o planeta
totalmente coberto de água. Mas, antes de deixarem o Òrun,
Olódùmarè lhes deu uma cesta cheia de areia, uma galinha com
cinco dedos9 e um camalião.10
Antes das divindades aterrarem, elas enviaram a galinha para
baixo, para Ifè com uma parte da areia. A galinha espalhou a
areia e a terra sólida apareceu.O camalião, então , andou
sobre a terra para saber o quão sólida era. As divindades,
então desceram sobre a terra sólida e ergueram seus
acampamentos em diferentes partes de Ifè. A galinha e o
camaleão tornaram-se,então as primeiras criaturas a viver
sobre a terra primordial e as divindades foram as primeiras
criaturas a viver sobre a terra sólida.
Após a chagada das divindades, a população humana
desenvolveu-se em Ifè em dois caminhos diferentes. As
6

divindades casaram-se entre sí ( existiam divindades
masculinas e femininas) e deram à luz uma linhagem de homens
que posteriormente se tornaram os divinos governantes11 dos
Yoruba.
Posteriormente, Olódùmarè, com a ajuda de Òòsàálá criou os
seres humanos propriamente ditos, que tornaram-se os sujeitos
sobre os quais as divindades e seus descendentes governaram
dentre os descendentes das divindades os filhos de Odùduwà
tornaram-se os mais importantes politicamente e eles
finalmente formaram a parte principal da dinastia de
governantes do mais poderoso Reino Yoruba.12
O ponto culminante do poder desses governantes divinos foi
alcançado na organização imperial do antigo Império de Oyo.13
Em Ifè Òrúnmìlà mudou-se para um local conhecido como Òkè
Ìgètí14 e alí ele viveu por muitos anos.Inicialmente ele não
tinha filhos, mas depois ele teve oito filhos homens15 .Mais
tarde ele trocou Ifè por Adó, onde passou o resto de sua
vida. Daí o dito, Adó nilé Ifá ( Adó é a casa de Ifá ).16
Enquanto esteve na terra Òrúnmìlà aplicou sua sabedoria
atemporal para organizar a sociedade humana de forma ordeira.
Ele também ensinou aos discípulos os segredos da divinação.
Mas, como aconteceu com as outras divindades, Òrúnmìlà
retornou ao Òrun, após Ter completado suas tarefas na terra.
Sua volta para o Òrun foi, entretanto, causada por uma
querela entre ele e seu filho caçula. Os detalhes daquela
querela entre pai e filho são dados em Iwòrì Méjì.17
De acordo com uma história em Ìworì Méjì, um dia Òrúnmìlà
convidou seus oito filhos para celebrar um importante
festival com ele conforme cada um deles chegou, deitou-se no
chão e saudouo seu pai com as palavras Àború Boyè Bosise
(possa o sacrifício ser aceito e abençoado)como sinal de seu
respeito e obedienciaa a ele.Mas, chegou a vez de Olówò, ele
permaneceu de pé e não disse nada.Um dipalogo, então seguiuse entre pai e filho, durante o qual Òrúnmìlà ordenou a Olówò
que fizesse a saudação, já feita por seus irmãos. Mas, Olówò
recusou-se em fazê-la dizendo que como ele era cabeça
coroada, como seu pai, era degradante para ele abaixar-se
diante de qualquer pessoa. Quando Òrúnmìlà ouviu isto, ficou
magoado e decidiu voltar para o Òrun.18
Imediatamente apos a partida dele a terra foi lançada no caos
e confusão.O ciclo de fertilidade e regeneração, tanto na
natureza quanto nos seres humanos sucumbiu.
A sociedade humana mudou perigosamente para próximo da
anarquia e da desordem conforme todas as coisa eram colocadas
face a desruição.O estado confusional e de incerteza na terra
depois da partida de Òrúnmìlà é descrito no seguinte poema.
7

(As mulheres prenhes não podiam dar à luz seus filhos;
As mulheres inférteis continuaram inférteis.
Pequenos rios foram cobertos por folhas caídas.
O sémen secou no testículo dos homens
As mulheres não menstruaram mais.
O inhame formou pequenos tubérculos não desenvolvidos;
O
milho
crescia
pequeno
imaturo
com
espigas
desenvolvidas.
Gotas esparsas de chuva caíram,
As galinhas tentaram devorá-las;
Navalhas bem afiadas estavam plantadas no chão,
E os cabritos tentaram devorá-las.20)

não

Quando a terra não tinha mais paz foi decidido que os filhos
de Òrúnmìlà deveriam ir para o Òrun e persuadir seu pai a
voltar para a terra. Consequentemente os oito filhos de
Òrúnmìlà foram para o Òrun onde encontraram seu pai no pé de
“uma palmeira bem desenvolvida, muito ramificada
para lá e
para cá
e que tinha dezesseis cabeças (copas) em forma de
cabana.”
Eles tentaram convencer seu pai a voltar, mas ele não aceitou
e em vez disso deu a cada um deles dezesseis nozes de
palmeira e disse:
8

( Quando vocês chegarem em casa,
Se quizerem Ter dinheiro,
Esta é a pessoa que deve ser consultada.
Quando vocês chegarem em casa,
Se vocês quizerem espôsas,
Esta é a pessoa que deve ser consultada.
Quando vocês chegarem em casa,
E quizerem Ter crianças,
Esta é a pessoa que vocês devem consultar...
Qualquer coisa boa que vocês desejem Ter na terra,
Esta é a pessoa a quem vocês devem consultar...).

Quando os filhos de Òrúnmìlà retornaram à terra, eles
começaram a usar as dezesseis nozes de palmeira como
instrumento
de
divinação
para
saber
os
desejos
das
divindades. Òrúnmìlà repôs a sua presença na terra com as
dezesseis nozes de palmeira conhecidas como Ikin e desde
então essas dezesseis nozes de palmeira sagrada tornaram-se o
mais importante instrumento de divinação de Ifá.

(B) A PARAFERNÁLIA DA DIVINAÇÃO DE IFÁ
(i)
Ikin ( As Dezesseis Nozes de Pameira)
Ikin é considerado o mais antigo e mais importante
instrumento de divinação.
Ele consiste de dezesseis nozes de palmeira tiradas de uma
palmeira especial, conhecida como Òpè Ifá ( palmeira de Ifá).
Cada fruto desta palmeira tem quatro olhos na sua borda
9

inferior espessa. O yoruba acredita que este tipo de noz de
palmeira é sagrada para Ifá e não pode ser usada para
fabricar o dendê.
Os dezesseis Ikins são mantidos em uma tigela de madeira ou
metal decorada e com tampa. Esta tigela é mantida em uma
dependência da casa onde o sacerdote mora. As orações e
sacrifícios para Ifá naquele local, que pode ser considerado
o santuário de Ifa daquele sacerdote em particular.
As nozes de palmeira reramente são retiradas daquele local,
exceto para serem lavadas ou para purificação, o que acontece
ocasionalmente tanto para limpeza da sugeira quanto para
aumentar a sua potência divina. Mas, quando o sacerdote
morre, o Ikin pode ser removido do seu local e transferido
para um parente do morto. A trasferência sempre envolve o
oferecimento de sacrifício e uma outra cerimonia de
purificação. Algumas pessoas preferem enterrar as nozes de
palmeira com o morto para livrarem-se de Ter que fazer uma
cerimônia, certamente elaborada e cara.
As nozes de palmeira sagradas são empregadas para divinação
em raras e importantes ocasiões, tais como divinações
públicas, de grande significação ritual, como a divinação
performada quando da coroação de um novo rei. O sacerdote de
Ifá sempre usa as nozes quando está consultando Ifá em favor
próprio, ou para membros muito próximos de sua família.
Sempre que ele usa as nozes sagradas para divinação, o
sacerdote de Ifá deve usá-las juntamente com o pó sagrado de
divinação, conforme descrito abaixo.
O pó divinatório é mantido dentro de um tabuleiro entalhado
de Ifá e colocado em parte ao frente ao divinador que mantém
as dezesseis nozes dentro de uma das mãos e tenta tirá-las de
um só golpe com a outra mão.
Se duas nozes restarem na palma de sua mão, ele faz uma marca
vertical no pó divinatório, se somente uma noz restar, ele
faz duas marcas.
Se ele conseguir tirar todas as nozes de um só vez ele não
marca nada. Do mesmo modo, o sacerdote, o sacerdote de Ifátem
que fazer estas marcas quatro vêzes à direita e quatro à
esquerda. O resultado vai dar a ele a marca de um Odù
( capítulo ou categoria da coleção dos escritos de Ifá). Se
ele fizer, por exemplo, uma marca, quatro vêzes na direita e
quatro vêzes na esquerda, a marca é aquela de Èji Ogbè, cujo
padrão vai aparecer como se segue:
I
I
I
I

I
I
I
I
10

Se ele fizer duas marcas quatro vêzes à direita e quatro
vêzes à esquerda, a marca registrada é a de ÒyÈkú Méjì que
será como se segue:
II
II
II
II

II
II
II
II

Existem um total de duzentos e cinquenta e seis ( 256)
padrões do tipo descrito acima na divinação de Ifá.23
Cada padrão é conhecido como Odù ou categoria da poesia
divinatória de Ifá. acredita-se que cada Odù contenha
seiscentos (600) Ese ou poemas de Ifá. O sacerdote de Ifá
aprende o maior número possível de poemas de cada um dos 256
Odù e recita-os para os seus clientes da maneira descrita em
detalhes abaixo.
(ii)

Òpèlè ( corrente divinatória )

Um outro instrumento importante na divinação de Ifá é
conhecido como Òpèlè ( a corrente divinatória ). Esta
corrente, que tem duas terminações abertas na base é feita
tanto de metal quanto de barbante de algodão. Quatro meias
nozes do fruta Òpèlè24são presas em cada metade da corrente
( lados direito e esquerdo) cada uma destas meia nozes ( que
lembram um Obí) tem um lado externo liso e um lado interno
rugoso. Se a corrente é feita de metal, as meias nozes também
são feitas de metal de tal forma que parecem as meia nozes do
fruto do Òpèlè. O sacerdote de Ifá pega a corrente pelo meio
da sua parte superior e a joga na direção oposta ao seu
corpo, quando a corrente cai no chão, cada uma das meias
nozes em cada lado vai mostrar seu lado interno ou externo
para cima. Existem vinte e oito (28)possibilidades desta
forma de apresentação cada vez que o sacerdote joga a sua
corrente. Cada uma destas possibilidades de apresentação é
conhecida como Odù ou capítulo na coleção de escritos de Ifá.
A coleção total de escritos tem 256,(28 )capítulos.
Os capítulos têm nomes que são exatamente os mesmos que os
nomes atribuidos aos padrões marcados no pó divinatório,
quando se usa os Ikin. Por exemplo , quando todas as oito
11

nozes apresentam suas superfícies internas para cima, este
padrão é conhecido como Èjì Ogbè. E quando elas apresentam
sua superfície externa, a assinatura é a de Òyèkú Méjì.
O sacerdote de Ifá mantém a corrente divinatória dentro de
uma bolsa de couro ou pano conhecida como Àpò Ifá, que ele
carrega a tiracolo em um de seus ombros e toma parte de seu
equipamento sempre que ele sai de casa.
É devido ao hábito de usar esta bolsa no ombro qe o sacerdote
de Ifá é conhecido como Akápò ( carregador da bolsa de Ifá).
A corrente divinatória é usada mais frequentemente que as
nozes de palmeira para propósitos de divinação. O sacerdote
de Ifá usa a corrente divinatória no seu dia-a-dia, para a
maioria das civinações envolvendo os numerosos clientes e
reserva as nozes para ocasiões mais importantes. É devido a
importância das nozes sagradas como o mais antigo símbolo de
Ifá que não podem ser carregadas para cima e para baixo para
todas as ocasiões de divinação. Além de tudo a corrente é
mais fácil de manusear, de forma que o sacerdote pode obter a
marca de um Odù mais facilmente fazendo uso dela.

(iii)

Ìbò ( instrumentos para tirar a sorte)

Quando um Odù for encontrado e o cliente reconhecer o poema
que se aplica ao seu problema, o sacerdote de Ifá faz uso ,
então do Ìbò para encontrar detalhes adicionais relacionados
a interpretação do poema que foi identificado.Para quem a
mensagem de Ifá é dirigida? Para o cliente ou para um de seus
parentes? Como deve ser feito o ebó que foi indicado para o
cliente? Estes e outros problemas são resolvidos pelo uso do
Ìbò.
O instrumento básico do Ìbò é um par de búzios amarrados e um
osso. Os búzios representam uma resposta positiva, enquanto
que o osso representa uma resposta negativa das divindades em
relação a todas as questões colocadas. Mas, muitos outros
instrumentos também são usados como parte do Ìbò, para
simbolizar difetentes coisas, por exemplo, um pedaço de pedra
representa boa saúde, enquanto que a noz do castanheiro da
África representa o próprio Òrúnmìlà.
A crença do sacerdote de Ifá e de seu cliente sobre o uso dos
instrumentos do Ìbò é de que Ifá irá falar ao cliente através
dos instrumentos do Ìbò, para explicar os detalhes do poema
que foi identificado como apropriado, tendo relação direta
com seu problema.
O sacerdote pede ao cliente para colocar o osso em uma das
mãos e o para de búzios na outra mão. O cliente pode manter
12

qualquer um dos dois objetos em qualquer uma das mãos,
esquerda ou direita. O sacerdote faz uma pergunta a
divindade, como esta: Ifá você vê problemas de saúde? Quem é
a pessoa que está doente? É a esposa do cliente?
O sacerdote, então, manipula seu instrumento de divinação
duas vêzes. Se o Odù que ele vè na Segunda vez é maior ( mais
velho) do que aquele que ele viu na primeira jogada, o
sacerdaote pedirá ao cliente que mostre a mão direita, mas,
se o Odù visto na Segunda vez é mais novo que o anterior, ele
pedirá a mão esquerda. Se por exemplo, o conteúdo da mão
direita é um osso, isso significa que a resposta a pergunta
feita é negativa. Neste caso o mome de um segundo parente ou
do próprio cliente substituem o primeiro. A pergunta é
refeita e a divinação continua até a resposta positiva.
O Ìbò é , portanto usado para obter respostas para os
problemas que podem surgir na interpretação dos poemas.
Eles agem como um meio de comunicação rápido entre Ifá e o
cliente. Sem o Ìbò, seria impossível determinar as minúcias
de cada divinação. Mas, o cliente setá interessado nessas
minúcias afim de conseguir satisfação e confiança de que ele
identificou seu problema e ofereceu a solução certa.

(iv)

Ìyèròsùn ( pó divinatório )

Quando o sacerdote de Ifá usa as nozes sagradas de palmeira,
como foi explicado acima, ele imprime as marcas simples e
duplas obtidas em cada manipulação, no pó sagrado da
divinação denominado Ìyèròsùn.
Este pó esbranquiçado ou amarelado é obtido da árvore Ìrosùn
ou do bambú seco transformado em pó por cupins.O pó é
colocado no Opón Ifá (a bandeija talhada em madeira ) e o
sacerdote imprime marcas nele a medida que manipula as nozes
de palmeira.
O pó divinatório é considerado pelos sacerdotes de Ifá como
um símbolo sagrado de Ifá. Partículas deste pó são borrifadas
nos sacrifícios para assegurar a aceitação pelas divindades.
Ao cliente, algumas vezes, é pedido que engula o pó e
esfregá-lo na cabeça para forjar um laço de união entre ele e
as divindades de forma que ele possa ficar satisfeito que as
divindades o estão auxiliando na resolução dos seus
problemas.
(v)

Iróké (objeto entalhado em madeira ou marfim usado
para evocar Ifá.)
13

Enquanto está fazendo divinação, o sacerdote de Ifá bate
repetidas vêzes no Opón Ifá com o Iróké para chamar Ifá para
estar presente na divinação.
Os praticantes ou subordinados de importantes sacerdotes de
Ifá carregam o Iróké na frente dos seus superiores quando
eles saem para realizar alguma importante cerimonia. O Iróké
é esculpido em marfim ou madeira em tamanho pequeno ou
grande. Em alguns Iróké uma figura humana ou a cabeça de um
ser humano é esculpida.
A parte sua parte superior é esculpida numa forma cónica,
longa e afilada. A parte de baixo tem um formato de boca
alargada e suporta o instrumento quando colocado em pé.
O sacerdote de Ifá segura o Iróké pela parte alargada
enquanto bate com a parte longa , superior contra o Opón Ifá
durante a divinação.
(vi)
Opón Ifá ( tábua divinatória )
Conforme mencionamos acima, o sacerdote de Ifá imprime suas
marcas nuima bandeja de madeiraquando ele usa as nozes de
palmeira sagrada para divinar. As tábuas fivinatórias são
esculpidas em diversos tamanhos e formas. As margens da tábua
são dominadas por um padrão intrincado de diversos objetos
tais como pássaros, répteis, tartarugas e animais selvagens.
O meio da parte superior é reservado para a imagem de Èsù( o
divino trapaceiro que mantém o Àse ). Desta posição a imagem
de Èsù olha para o sacerdote de Ifá como se ele estivesse
dirigindo ou assistindo a divinação. O interior da tábua em
sí pode ser tanto redondo quanto quadrado.

(C) O PROCESSO DE DIVINAÇÃO DE IFÁ
Os sacerdotes de Ifá atendem a diversos clientes, todos os
dias. Estes clientes têm diferentes tipos de problemas
estendendo-se desde um conselho sobre se ele deve ou não
fazer uma viagem até assuntos de vida e de morte envolvendo
uma pessoa doente em favor da qual um parente consulta Ifá.
Alguns clientes consultam Ifá em momentos críticos de suas
vidas envolvendo matrimonio, divórcio, mudanças de profissão
ou de residência. Quando o cliente entra na casa do sacerdote
de Ifá, ele o saúda e expressa o desejo de “falar com a
divindade”.
O sacerdote de Ifá, então, pega sua corrente
divinatória e a joga na esteira ou numa bandeja de ráfia em
frente ao cliente. O cliente sussurra seu problema numa moeda
ou num búzio e o coloca junto aos instrumentos do sacerdote.
Como alternativa o cliente pode pegar a corrente divinatória
ou o Ibò e soprar num deles diretamente.
14

Em ambos os casos acredita-se que os desejos do Orí do
cliente( Orí, Deus da predestinação que sabe o que é bom para
as pessoas.)25foram comunicados a Ifá que irá, então dar a
resposta apropriada através do primeiro Odù que o sacerdote
de Ifá irá revelar ao arremessar a corrente divinatória.
O sacerdote de Ifá pega então a corrente divinatória após
oferecer
algumas palavras de saudação de Ifá. Ele apressa
Ifá para que dê a resposta apropriada ao cliente sem demora.
O
sacerdote
de
Ifá
profere
o
Ibà
(permissão
das
autoridades)26ao Ilè (a terra)27, a Olódùmaré (Deus Onipotente)
e seus mestres na arte da divinação.

Ele atira a corrente divinatória em frente dele mesmo e
rapidamente lê e pronuncia o nome do Odù cuja assinatura ele
viu. A resposta ao problema do cliente será encontrada
somente neste Odù.
O sacerdote de Ifá começa então a cantar os versoa do Odù que
ele viu enquanto o cliente assiste e ouve.
O sacerdote canta tantos versos, quantos ele conheça daquele
Odù, até que ele cante um poema com uma história similar ao
problema do consulente. Neste estágio o consulente o detém e
pede explicações sobre aquele poema em paticular, que tem uma
história de um problema semelhante ao dele. O sacerdote
interpreta aquele poema em particular e menciona o sacrifício
que o cliente deve fazer.
Às vêzes durante o processo divinatório o cliente vai
reconhecer certos problemas similares aos problemas de certos
membros de sua família. Ele pode também reconhecer um poema
que se relaciona a outro problema pessoal dele diferente do
problema original por conta do qual ele consultou Ifá. Pode
também acontecer que o cliente não saiba qual poema escolher
dentre aqueles cantados pelo sacerdote. Em todos estes casos,
o Ìbò será usado para esclarecer e elucidar a real mensagem
de Ifá. Se, entretanto, o cliente sente que nenhum dos poemas
cantados pelo sacerdote tem nada a ver com o seu problema, o
sacerdote vai continuar cantando mais e mais poemas até que
um deles satisfaça o cliente. Mas, se o sacerdote tiver
esgotado seu estoque de poemas, ele pedirá polidamente ao
cliente para voltar no dia seguinte ou outo dia marcado para
então continuar a divinação. Enquanto isso, o sacerdote irá
aprender mais poemas do Odù original em questão e quando seu
cliente voltar, se voltar, ele irá cantar os novos poemas na
15

esperança de que desta vez o cliente se satisfaça. Na
Sociedade Tradicional Yoruba, o sacerdote de Ifá está livre
deste embaraço dado ao sistema no qual os divinadores
praticam a divinação em grupos consistindo de dois ou mais
sacerdotes. Quando os sacerdotes praticam Ifá desta forma, é
fácil satisfazer seus clientes, já que um sacerdote substitui
o outro quando seu colega já esgotou seu estoque de poemas ou
simplesmente não lembra mais nenhum poema naquela ocasião em
paticular.
Quando o cliente está totalmente satisfeito, tanto com o
poema que ele escolheu como o mais afim como o seu problema,
quanto com a interpretação feita pelo sacerdote ele passa a
fazer o sacrifício estipulado. Se o material requerido para o
sacrifício não puder ser encontrado nas vizinhanças do local
de divinação ou se o cliente não tem dinheiro para comprar o
material naquele momento, o sacrifício pode ser protelado até
a hora em que o cliente esteja com o material em mãos. Em
certos casos o cliente pode deixar uma quantia de dinheiro
suficiente para comprar o material com o sacerdote, que irá
comprar o material e fazer o sacrifício em favor de seu
cliente.
Se o cliente é uma pessoa pobre, ele pode oferecer só uma
parte do material.
Um ponto importante, entretanto é que aconteça o que
acontecer, o cliente deve ficar certo de que fez o sacrifício
prescrito. O sistema divinatório de Ifá condena veementemente
o indivíduo que evita o sacrifício prescrito para ele.
Acredita-se que estes indivíduos abrem-se para o ataque dos
Ajogun28 sem nenhuma ajuda ou proteção das divindades. O homem
não pode, portanto esperar sucesso algum, em qualquer assunto
que ele tenha cosultado Ifá, a menos que tenha feito o
sacrifício prescrito. Oferenda de sacrifício, significa que
as divindades sancionam aquilo que o cliente planeja fazer. E
o cliente, ele mesmo, sente um prazer psicológico pela
realização de que as divindades e os ancestrais estão
sustentando aquilo que ele planeja fazer. Além disso, o
sacrifício proporciona ao sacerdote o seu sustento diário, já
que lhe é permitido ficar com certa parte da oferenda feita
pelos seus clientes, para seu próprio uso mesmo que ele
esteja em dúvida sobre a parte do sacrifício que ele tem
direito, ele pode usar o Ibò para seu esclarecimento.
O sacrifício é portanto capital para a divinação de Ifá e
para a religião Yoruba como um todo. O sacrifício mantém o
elo de ligação entre o cliente, o divinador, as divindades e
os ancestrais, juntos num sistema de sevidão e recompensa.
Quando o cliente se nega a fazer sacrifício ele torna
impossível esse sistema de ação e reação. Este cliente,
16

portanto, comete uma violação do sistema de crença, uma vez
que ele explorou as divindades para identificar seu problema
e resolvê-lo, sem dar a elas a recompensa estabelecida. Logo,
as divindades não só vão deixar de ajudá-lo como também podem
até puni-lo por sua exploração descarada.

(D) O TREINAMENTO DO SACERDOTE DE IFÁ
Na sociedade tradicional Yoruba, os sacerdotes de Ifá eram os
médicos, psiquiatras, historiadores e filósofos da comunidade
à qual eles pertenciam. Portanto, não é surpresa nenhuma que
um sistema elaborado de treinamento envolvendo tanto tempo e
paciência seja a marca para aqueles que aspiram a ser
sacerdotes de Ifá. O resultado é que só uma pequena parcela
das pessoas completa o árduo e longo treinamento. A maioria
das pessoas começa seu treinamento ainda muito jovem,
geralmente entre dez e doze anos de idade e permanece com
seus mestres pelos próximos dez ou quinze anos após a
primeira parte do seu treinamento Ter sido completada.
Na maioria dos casos os aprendizes vivem com seus mestres e o
ajudam em alguns trabalhos de casa e da fazenda ou so seu
jardim.
O início do trino consiste em ensinar ao noviço como
manipular o Òpèlè e as nozes de palmeira.
O estudante aprende, nesta fase do treinamento as marcas e os
nomes dos 256 Odù. Isto leva no mínimo dois ou três anos.
Esta é a parte básica do treinamento que requer uma boa
memória e muita paciência e dedicação por parte do estudante.
Após o estudante Ter se tornado um exímio conhecedor dos
nomes dos Odùs e suas marcas, ele pasa a aprender passo-apasso os poemas que pertencem a cada Odù. O sacerdote
professor,cita algumas linhas de um poema e o estudante
repete igual papagaio. Deste modo, os poemas curtos podem ser
aprendidos a cada dia enquanto que os poemas longos podem
levar muitos dias para ser aprendidos. O estudante gasta
muitas horas por dia treinando os poemas que aprendeu com seu
17

mestre. Isto refresca a sua memória e o ajuda a saber quais
poemas já aprendeu completamente e quais esqueceu. A maior
parte do treinamento, entretanto é informal. O estudante
aprende muito enquanto sentado ao lado do seu professor
assiste como ele manipula os instrumentos de Ifá e como ele
canta os versos de Ifá para seus clientes. O estudante às
vêzes ajuda seu mestre a preparar os remédios ou procura o
material necessário para os sacrifícios. Desta maneira o
futuro sacerdote reforça seus conhecimentos a respeito das
coisas que ele já aprendeu e aprende novos poemas e novas
fórmulas medicinais.
Uma outra parte importante do treinamento do sacerdote de Ifá
consiste no aprendizado dos sacrifícios que são feitos junto
com cada poema. Aqui, o estudante deve aprender detalhes
minuciosos tais como o nome dos materiais necessários ao
sacrifício e como o material deve ser preparado para o
sacrifício e como o material deve ser preparado para o
sacrifívio;
se
deve
ser
cozido,
colocado
no
altar
(santuário), de uma divindade em particular, levado para o
rio ou para a encruzilhada. Como foi dito acima o estudante
de Ifá aprende um pouco de medicina populara com seu mestre.
Esta é uma parte muito importante do treinamento do sacerdote
de Ifá, e como será visto adiante, alguns sacerdotes escolhem
esta área para especializarem-se na sua pós-iniciação. Nenhum
sacerdote pode Ter uma prática bem sucedida se ele nada sabe
de medicina, já que muitas pessoas procuram o sacerdote para
ajuda médica para curar seus males.
Quando o sacrdote está satisfeito com o estudante e este já
aprendeu bastante sobre as várias coisas listadas acima, ele
permite que o estudante se inicie. Iniciação é o climax de
vários anos de duros estudos e é celebrada com a pompa e
dignidade próprias. O futuro sacerdote é levado à floresta
onde vários sacerdotes graduados o examinam nas diferentes
áreas nas quais ele recebe instruções. Eles também o
aconselham a aceitar sem restrições os segredos e a ética de
sua profissão. Ele volta da floresta como um sacerdote
completo e fica sendo conhecido por toda a comunidade como
babaláwo ( pai dos segredos da divinação). Ele pode
estabelecer-se sozinho ou com seus companheiros.
A iniciação, no entanto, não é o fim do treinamento do
sacerdote de Ifá; para a educação de um verdadeiro babaláwo é
preciso toda uma vida. O treinamento pós-iniciação é
altamente observado por todos os sacerdotes de Ifá. esta
parte
do
treinamento
dos
sacerdotes
de
Ifá
envolve
especialização geralmente em medicina ou no aprendizado de
poemas e áreas não cobertas pelo seu treinamento anterior.
18

Este aspecto do treinamento muitas vêzes leva o sacerdote
para longe de sua casa. Se por exemplo o mais famoso
sacerdote de Ifá na área de medicina mora a cento e cinquenta
quilómetros de distância de sua casa, o babaláwo em pósiniciação vai para lá e fica por alguns anos para aprender
os segredos daquele ramo da medicina. O treinamento da pósiniciação geralmente leva o babaláwo para longe de sua casa e
neste contexto ele aprende mais sore outras pessoas e faz
amigos em lugares distantes. Isto dá ao sacerdote um
refinamento de sua personalidade o que faz dele uma pessoa
especial entre os seus companheiros, como uma pessoa bem
inforamada, viajada e bem desciplinada.
Através dos longos e sistemáticos anos de treinamento
descritos acima, os sacerdotes de Ifá sucederam-se na
transmissão
dos
mais
importantes
ingredientes
do
seu
repertório de uma geração para a outra sem adulteração. Isto
mostra que sociedades não-letradas podem se desenvolver,
preservar, e transmitir os seus principais conhecimentos
académicos, sem saber a arte da escrita. Os sacerdotes de Ifá
podem ser considerados os intelectuais tradicionais deste
sistema oral, e seus longos anos de treinamento os coloca
fora do resto da sociedade como versado, paciente, dócil e
humilde portador da tradição Yoruba.
A sobrevivência dos ingredientes da tradição Yoruba através
dos turbulentos anos daquela cultura, dependem em grande
parte deste empedernido grupo de discípulos e bem informados
“pais dos segredos da divinação de Ifá”.
(E) UM LUGAR NA RELIGIÃO TRADICIONAL YORUBA
O treinamento dos sacerdotes de Ifá e a mitologia de Ifá
descritos acima dão a esta divindade uma posição única dentre
as incontáveis divindades da religião tradicional Yoruba. Uma
vêz que ele é denominado Obarìsà (rei das divindades) pelos
sacerdotes de Ifá. Esta posição de rei que Ifá ocupa entre as
divindades Yoruba é o resultado de diversos fatores. Em
primeiro lugar Ifá é o porta-voz das divindades e dos
ancestrais. É através da divinação de Ifá que os seres
humanos podem se comunicar com as divindades e com os
ancestrais. Sem ele e sem o sistema divinatório, os seres
humanos teriam dificuldade de alcançar os poderes divinos e
obter seu favorecimento nas horas de necessidade.
Além disso, Ifá representa um ramo especial da religião
Yoruba por causa do seu aspecto intelectual. Neste sentido
Ifá é mais que um ramo da religião Yoruba. Ifá é o meio pelo
19

qual a cultura Yoruba se reforma e se regenera e preserva
tudo que é considerado bom e memorável naquela sociedade.
Ifá é a cultura Yoruba no seu verdadeiro senso dinâmico e
tradicional. Ifá é um meio pelo qual uma sociedade não
letrada esforça-se para manter e disseminar sua própria
filosofia e valores a despeito dos lapsos e imperfeições da
memória humana na qual o sistema é baseado. Não é surpresa,
portanto qeue Ifá signifique tanto para o povo Yoruba, na
sociedade tradicional Yoruba, a vida de cada homem, do
nascimento até a morte é dominada e regulada por Ifá. Nenhum
homem toma nunhuma decisão importante sem consultar o deus da
sabedoria. Todos os importantes ritos de passagem como
cerimonia do nome, coroaçõa de reis e cerimónias fúnebres,
tem que se sancionados e autenticados por Ifá. a voz das
divindades e a sabedoria dos ancestrais. Este é o sentido dos
seguintes versos:

(Ifá é o senhor de hoje,
Ifá é o senhor do amanhã;
Ifá é o senhor de depois de amanhã;
A Ifá pertence todos os quatro dias criados pelas divindades
na terra)
Mas, Ifá é mais que um sistema Yoruba; traços deste
fascinante sistema podem ser encontrados em várias outras
culturas do Oeste da África, principalemte entre os Edo,
Igbo, Ewe, Fon, Jupe, Jukun, Borgu e outros grupos étinicos
do Oeste da África. O estudo detalhado de Ifá e dos sistemas
relacionados a divinaçõa de Ifá entre estas culturas do Oeste
da África, ainda estão para serem explorados.
O que sabemos no momento é que entre os Yoruba, Ifá foi tão
intimamente identificado com a mitologia, folclore, medicina
popular, história, religião e sistemas de valores da
cultura,que é quase sinônimo da própria cultura Yoruba.
II. OS ODÙ OU CATEGORIAS DA DIVINAÇÃO DE IFÁ
20

Como mencionamos acima, existem 256 categorias de poesia na
coleção de escritos de Ifá. Cada uma destas categorias é
chamada de Odù. Cada Odù como será visto adiante tem sua
própria assinatura e caráter. O trabalho do sacerdote de Ifá
é reconhecer a assinatura de cada um dos Odù e a inerpretação
de suas características do ponto de vista literário,
mitológico e religioso; e os Yoruba acreditam que os Odù são
divindades em sí mesmos, e que eles como outras divindades ,
desceram do Òrun na cidade de Ifè.
Acredita-se também que o Odù foi enviado por Olódùmarè (o
Deus Onipotente Yoruba) para substiuir Òrúnmìlà na terra após
o retorno deste para o Òrun . Cada Odù tem 600 (seiscentos)
Ese (poemas) que o identificame lhe dá um caráter distinto. É
parte do treinamento do sacerdote de Ifá estar apto a
distinguir entre os Ese aqueles que pertencem a cada um dos
Odù sem cometer erros ou misturá-los. Os nomes dos 256 Odù
são baseados em 16 nomes genéricos da onde os nomes dos Odù
são derivados. Cada um destes 16 nomes básicos corresponde a
um dos 16 padrões possíveis de divinação em um dos braços da
corrente divinatória ou um dos lados das marcas feitas no pó
divinatório. Desde que ambos, o pó divinatório e a corrente
divinatória são lidos da direita para a esquerda, como Árabe,
o padrão do lado direito é considerado básico e é nele que os
16 nomes genéricossão baseados. A seguir temos os 16 padrões
básicos das marcas impressas colocadas em ordem cronológica.30

(1)OGBÈ

(2)ÒYÈKÚ

(3)ÌWÒRÌ

(4) ÒDÍ

I
I
I
I

II
II
II
II

II
I
I
II

I
II
II
I

(5)ÌROSÙN
I
I
II
II

(6)ÒWÓRÍN
II
II
I
I

(7)ÒBÀRÀ
I
II
II
II

(8)ÒKÀNRÀN
II
II
II
I
21

(9)ÒGÚNDÁ
I
I
I
II

(10)ÒSÁ
II
I
I
I

(11)ÌKÁ
II
I
II
II

(12)ÒTÚRÚPÒN
II
II
I
II

(13)ÒTÚÁ
I
II
I
I

(14)ÌRETÈ
I
I
II
I

(15)ÒSÉ
I
II
I
II

(16)ÒFÚN
II
I
II
I

Os 256 Odù de derivam dos 16 padrões genéricos; estão
arranjados em dois grupos. O primeiro grupo e mais importante
é o Ojú Odù ( principal ou maior). São 16 em número e
baseados na duplicação de cada um dos 16 padrões genéricos.
Portanto a palavra èjì ou méjì (dois) acompanha cada um dos
seus nomes como prefixo ou sufixo.
Assim nós temos Èjì Ogbè (dois padrões de Ogbè) que é uma
duplicação do padrão (I) acima. Em outras palavras, quandose
vê o mesmo padrão genérico na esquerda e na direita, a
assinatura é de um Ojú Odù para o qual o nome Èjì + X ou X +
Méjì será escrito.
A lista completa dos nomes dos 16 principais Odù em ordem de
antiguidade segue-se:
Em que X é um dos padrões de 1-16 abaixo.

1 ÈJÌ OGBÈ
3 ÌWÒRÌ MÉJÌ
5 ÌROSÙN MÉJÌ
7 ÒBÀRÀ MÉJÌ
9 ÒGÚNDÁ MÉJÌ
11 ÌKÁ MÉJÌ
13 ÒTÚÁ MÉJÌ
15 ÒSÉ MÉJÌ

2 ÒYÈKÚ MÉJÌ
4 ÒDÍ MÉJÌ
6 ÒWÓNRÍN MÉJÌ
8 ÒKÀNRÀN MÉJÌ
10 ÒSÁ MÉJÌ
12 ÒTÚRÚPÒN MÉJÌ
14 ÌRETÈ MÉJÌ
16 ÒFÚN MÉJÌ

EM QUE X É UM DOS PADRÕES DE 1-16 ACIMA
22

O segundo grupo de Odù são chamados Omo Odù ( filho do Odù ou
Odù júnior) ou Àmúlù ( padrão misto). Estes são baseados na
organização com qualquer par dos 16 padrões genéricos lado a
lado desde que não sejam iguais. Assim se pegarmos o padrão
(1) como ponto de partida na direita e colocarmos qualquer um
dos outros 15 na esquerda, nós teremos a assinatura de 15 Odù
juniores diferentes. Da mesma maneira se pegar-mos o padrão
(2) como ponto de partida e arranjarmos um dos outros 15
padrões (incluindo o padrão 1) no seu lado esquerdo, isto nos
trará a assinatura de mais 15 outros Odù. Se fizermos isto em
cada um dos 16 padrões genéricos, de maneira que nenhum
padrão apareça mais que uma vez do lado direito nós
chegaremos a 240 Odù juniores.
Como no caso dos 16 Odù principais, há uma ordem cronológica
entre os Odù juniores. Os nomes dos 30 Odù mais velhos entre
os juniores são dados abaixo em ordem de senioridade.

1. OGBÈYÈKÚ
4. ÌWÒRÌBOGBÈ
7. OGBÈROSÙN
10.ÒWÓNRÍNSOGBÈ
13.OGBEKÀNRÀN
16.ÒGUNDÁBÈDÉ
19.OGBÈKÁRELÉ
22.ÒTÚÚRÚPONGBÈ
25.OGBEATÈ
28.ÒSÉOGBÈ

2. ÒYÈKÚLOGBE
5. OGBÈDÍ
8. ÍROSÙNGBÈMÍ
11.OGBÈBÀRÀ
14.ÒKÀNRANSODÈ
17.OGBÈRÍKÚSÁ
20.ÌKÁGBÈMÍ
23.OGBÈALÁRÁ
26.ÌRÈNTÉGBÈ
29.OGBÈFÚN

3. OGBÈWÈYÌN
6. IDINGBÈ
9. OGBEHÚNLÉ
12.ÒBÀRÀBOGBÈ
15.OGBÈYÓNÚ
18.OSÁLOGBÈ
21.OGBÈTÓMOPÒN
24.ÒTÚÁORIKÒ
27.OGBÈSÉ
30.ÒFÚNNAGBÈ

Cada um dos 256 Odù tem uma característica específica
associada com ele. Por exemplo, Èjì Ogbè, o primeiro e mais
importante Odù, acredita-se que segnifica boa sorte, nquanto
que Ìretè Méjì o décimo quarto Odù, significa morte. O décimo
terceiro Odù Òtúá Méjì por outro lado, conta a história do
Islam e a introdução daquela religião na terra Yoruba. 31 A
maioria dos poemas em cada Odù contém histórias relacionadas
ao caráter ou tema do Odù concernente. Logo existem 256
caracteres maiores na coleção de escritos de Ifá. Mas,
existem alguns poemas em cada Odù que nada têm a ver com o
tema principal do Odù concernente. Assim, em ÈgÌ Ogbè nem
23

todos os poemas vão conter o tema de “boa sorte” e em Ótúrá
Méjì nem todos os poemas vão falar sobre o Islam.
Acredita-se que cada um dos 256 Odù contenham relação com uma
das divindades. O Odù que se relaciona a uma divindade em
particular , diz-se que pertence àquela divindade. O que isto
significa é que os mitos daquela divindade estão contidos no
seu Odù, de forma que muitos poemas naquele Odù vão conter
histórias sobre aquela divindade. Além disso, quando a
asinatura do Odù que pertence a uma divindade em particular
aparece, será dito ao cliente que ofereça sacrifícios àquela
divindade. Assim, quando a assinatura de Ògúndá Méjì, o nono
Odù, que acredita-se pertença a Ògún ( a divindade da guerra
e da caça), é encontrada, o cliente deve oferecer sacrifívios
a Ògún. A crença do sacerdote de Ifá e do seu cliente é a de
que Ògún ajudará o cliente a resolver seus problemas, desde
que o cliente realize o sacrifício prescrito.
Pode-se dizer que o Odù ajuda a dar sentido e esclarecimento
aos milhares de poemas ( 256 x 600 ) que acredita-se existir
na coleção de textos de Ifá. Sem o Odù seria difícil
categorizar os importantes temas encontrados nesses numerosos
poemas. Além disso, ligando-se cada Odù a uma divindade
paticular a coleção de escritos fica mais próxima da religião
Yoruba e do sistema de crenças de tal modo que cada divindade
do elaborado panteão da mitologia Yoruba pode então falar ao
da cliente através do Odù que lhe pertence. Isto, então,
revela um lugar para cada divindade na coleção de escritos de
Ifá, fazendo de Ifá a voz das divindades.

(III) OS POEMAS (ESE) DA COLEÇÃO DE ESCRITOS DE IFÁ
ESTRUTURA DOS ESE IFÁ32
Conforme mencionado, cada Odù contém muitos poemas conhecido
pelos Yoruba como Ese. Alguns destes poemas são longos
equanto que outros são muito curtos, mas , sendo longos ou
curtos, existe uma sequència lógica na organização, nos
elementos de cada poema de Ifá.
Este arranjo sequencial dos elementos é o que “eu” denomino
“estrutura”.
Cada poema de Ifá tem um máiximo de oito e um mínimo de
quatro partes estruturais. Os poemas que têm quatro partes
são geralmente curtos e esteriotipados. Eles são denominados
pelos sacerdotes de Ifá de “ Ifá Kéékèèkéé”( pequenos poemas
de Ifá). Eles são na realidade , formas encurtadas de pomas
mais longos. A maioria dos versos encontrados na coleção de
escritos de Ifá, entretanto, tem mais que quatro partes
(A)
24

estruturais. Entre este grande grupo de poemas, que têm mais
de quatro partes, existem alguns em cujas partes
IV-VI
foram incomumente alongadas. Este tipo de poema é cohecido
como “Ifá nláálá”33 ( poemas longos de Ifá).
Todo verso de Ifá inicia-se com uma apresentação do nome do
sacerdote de Ifá que pe tido como aquele que no passado
efetuou a divinação que forma a matéria do poema.
Estes nomes são apelidos ou nomes de louvor dos sacerdotes de
Ifá. Esta primeira parte (i) da estrutura do verso de Ifá é
muito observada pelo sacerdote, uma vez que sem evocar os
nomes destas autoridades do passado, o poema de Ifá fica
destituido de sua importância mítica. Esta parte do verso de
Ifá, portanto dá autenticidade a cada poema como um
acontecimento verdadeiro que realmente ocorreu no passado. Os
nomes mencionados na parte (i) podem ser nomes de ser humano,
podem ser nomes de animais ou plantas que são, para os
propósitos da história, no poema consernente, personificados
como se fossem capazes de narrar uma história coerente que
será compatível com a totalidade do poema de Ifá.
Então quando o sacerdote se refere aos nomes encontrados
nesta parte do poema, como nome de sacerdote do passado, nós
podemos entender seu clamor como verdadeiro, mas só no
sentido espiritual ou simbólico.
A parte (ii) da estrutura do poema, menciona o nome(s) do
cliente(s) para quem os divinadores em (i) acima fizeram
divinação. O cliente menciondado aqui pode ser um ser humano
ou uma comunidade inteira. Como na parte (i) acima, estes
nomes de clientes podem ser nomes reais ( históricos) ou
níticos; de pessoas ou lugares. Mas, uma vez que o sacerdote
de Ifá , acredita seram estes nomes de pessoas ou lugares,
nomes verdadeiros, esta parte do poemade Ifá fortifica a
autenticidade aclamada pelo sacerdote para o seu repertório.
A terceira parte (iii) do poema de Ifá menciona a razão ou
ocasião da divinação passada, em questão. Esta posição do
repertório do sacerdote trata do motivo da divinação passada
engrandecendo o valor mítico do poema de Ifá.
A Quarta parte(iv) dos poemas nos diz o que o cliente, na
divinação passada, teve que fazer . Esta seção
geralmenteinclui aluns detalhes como os sacrifícios, tabús e
conselhos que o cliente foi aconselhado a seguir. Além disso,
a lista das coisas para o sacrifício pode estar escrita. Esta
seção de poema refresca a memória do sacerdote de Ifá sobre
que tipo de sacrifício. Ele deve prescrever para o seu
cliente e que conselhos deve dar.
Ademais, esta parte justifica o sacerdote quando ele lista,
para seu cliente, os sacrifícios que ele terá que fazer, e o
reconhecimento do cliente de que estes sacrifícios foram
25

oferecidos por outras pessoas, o faz acreditar na eficácia do
sacrifício.
A parte (v) trata de esclarecer se o cliente seguiu ou não o
conselho que lhe foi dado em (iv)acima. Por exemplo, o
cliente fez o sacrifício precrito? Até que ponto ele observou
os conselhos dados pelo sacerdote. É necessário esclarecer
todos esses detalhes aqui par ajustificar o resultado da
divinação em (vi)abaixo.
A parte (vi) nos fala do resutado da divinação, por exemplo,
se o cliente fez o sacrifício e fez todas as coutras coisas
que lhe foram incicadas, o que foi que aconteceu com ele? Ele
alcançou seu propósito, como colocado em (iii) acima?
O que geralmente acontece é que se o secerdote de Ifá fez o
sacrifício e obserbou todos os outros detalhes, esta parte do
poema irá mostrar que ele conseguiu seu objetivo, mas se
falhou com o sacrifício ele não alcançará o que
originalmente ele pretendia. Esta parte do poema de Ifá,
mostra em exemplo concreto para as pessoas das consequencias
de negligenciar o sacrifício e que resposta pode esperar
aquele que fez o sacrifício.

A parte (vii) nos mostra a reação do sacerdote de Ifá ao
desfecho da divinação. Assim, se o resultado da divinação em
(vi) é favorável ao cliente, ele irá reagir com alegria, mas
de for desfavorável, sua reação será de arrependimento.
Esta parte da estrrutura do poema é importante porque nos
mostra a avaliação do cliente quanto a sua própria ação e
fortalece mossa crença na necessidade da pessoa fazer
sacrifício.
A parte (viii) é apresentada em forma de conclusão para a
história inteira. Esta parte do poema pode resaltar o tama da
história ou mencionar a importância do sacrifício. De certo
modo esta parte é a avaliação do sacerdote de Ifá daquilo que
ele considera importante ou memorável na história como um
todo.daí, a parte ( viii) ser geralmente apresentada em
termos didáticos.
O que se viu até aqui é que a poesia de Ifá é um tipo de
poesia histórica.34 Toda poesia de Ifá é uma tentativa de
narrar, através da estrutura peculiar da poesia divinatória,
coisas que o sacerdote de Ifá foi ensinado a acreditar, que
aconteceram deveras no passado.
Narrando estas histórias do passado, o sacerdote de Ifá
acredita que seu cliente pode detectarr situações semelhantes
26

as dele mesmo e advertir sua própria pessoa do melhor a ser
feito à luz da história passada que ele ouviu do sacerdote.
A poesia divinatória de Ifá é tida como um registro das
atividades das divindades e dos ancestrais na terra. Numa
cultura cuja estrutura política e social é baseada em
divindade dos reise na sabedoria dos mais velhos, tais
atividades passadas são muito valorizadas e respeitadas por
todos. Todas as partes dos versos descritas acima poderiam
ser cantadas ou recitadas pelo sacerdote durante a divinação.
A parte( viii) é invariávelmente apresentada em forma
cantada. Esta parte pode ser cantada mesmo pelo cliente ou
pelo estudante do sacerdote maior presente durante a
divinação. Enquanto cantando ou recitando qualquer poesia de
Ifá, o sacerdote tenta ficar tão perto quanto possível das
partes originais( i-iii) e da parte ( viii) como lhe foram
passadas por seu professor. Ele não está autorizado a
acrescentar suas próprias palavrasou subtrair qualquer coisa
desta parte do repertório.
Ele é, entretanto, livre para usar sua própria linguagem
enquanto vertendo as partes (iv-vii), enquanto ele estiver
consciente da principal trama, bem como das caractrísticas da
história como um todo e mantiver o tema original. Assim,
enquanto o sacerdote de Ifá não tem permissão para inovar em
certas partes do seu repertório , ele tem permissão de , até
certo ponto, criar em outras.
Os versos curtos de Ifá (Ifá Kéékèèkéé) mencionados acima ,
geralmente têm quatro partes a saber: (i),(ii),(iii) e
(viii). Todos os outros versos usam todas ou algumas das oito
partes estruturais vistas acima. Mas, praticamente todos os
versos de Ifá contém as partes (i-iii), bem como a parte
( viii). Assim, no trabalho de construção da poesia
divinatória de Ifá podemos dizer que as partes (i-iii) e
(viii) são obrigatórias enquanto que as partes (iv-vii) são
opcionais. O poema de Ifá seguinte é apresentado para mostrar
um exemplo das oito partes estruturais da poesia divinatória
de Ifá, como analisado abaixo.
27

Parte (i)
O sacerdote de Ifa chamado Gbónkólóyo
Parte (ii) Jogou Ifá para caçador.
Parte (iii) Que estava indo para caçar em sete florestas e
sete desertos.
Parte (iv) Foi dito que ele fizesse sacrifício para
segurança própria e da espedição.
Parte (v)
E ele fez sacrifício.
Parte (vi) Após Ter feito sacrifício,
Ele derrotou seus inimigos da direita,
Ele derrotou seus inimigos da esquerda.
Ele capturou escravos,
Ele reuniu muitos saques de guerra.
Parte (vii) Ele disse que aconteceu exatamente
Como seu sacerdote de Ifá usou sua voz em louvor
de Ifá.
parte (viii)Bem vindo caçador aclamado
Bem vindo caçador de louvor.
Caçador, nós te saudamos,
Nós te damos boas vindas e te aprovamos.
28

(B)

ASPECTOS DO ESTILO NO POEMA DE IFÁ

A poesia de Ifa é muito rica em linguagem e formas de estilo.
Uma relação detalhada de todas as características de estilo e
linguagem deste rico genero poético não pode ser tentada aqui
por uma questão de limitação de espaço. Aqui, será suficiente
mencionara alguns dos dispositivos poéticos e discutir um
deles. Algumas das mais características formas de estilo
encontradas no poema de Ifá são: a repetição, palavra
cantada, personificação, metáfora, paralelismo e onomatopéia.
Uma relação detalhada dos modos de ocorrência destas formas
de estilo foi tentada em outro local.36
Na vião do presente investigador a repetição é a mais
importante forma de estilo encontrada na poesia divinatória
de Ifá. uma relação detalhada desta forma de estilo segue-se
agora.
Exitem cinco tipos de repetição encontrados na poesia de Ifá,
a saber:
(i)
(ii)
(iii)
(iv)
(v)

Repetição estrutural.
Repetição temática.
Repetição linear.
Repetição léxica e silábica.
Aliteração e assonância.

Como ficará evidente nas páginas seguintes, muitas destas
formas de repetição ocorrem frequentemente juntas. Mas, para
que fique mais claro, cada um destes tipos acima será tratado
separadamente.
(i)

Repetição estrutural

Uma das instancias mais comuns de ocorrencia de repetição nos
poemas de Ifá é a repetição de partes da estrutura dos poemas
de Ifá.
29

Conforme colocado acima os versos de Ifá têm uma estrutura em
oito partes. A repetição estrutural entra no repertório do
sacerdote de Ifá, após ele Ter dito a sétima parte do seu
material. A repetição estrutural frequentemente envolve as
partes (i),(ii),(iii) e algumas vezes em parte ou a
totalidade das partes (iv),(v) e (vi) antes que o sacerdote
de Ifá finalmente cante a parte (viii). Assim, a repetição
estrutural envolve a repetição de algumas ou de todas as seis
priemeiras partes ( i.e. vii a viii). Sempre que a repetição
estrutural ocorre no poema de Ifá somente as partes (i)-(iii)
são constantes; as partes (iv)-(vi) podem ou não ser
incluidas de maneira nenhuma. Além disso, quando as partes
(iv)-(vi) são incluidas, a estrutura gramatical das sentenças
envolvidas podem ser mudadas para com o intuito de adequar-se
ao propósito de alcançar um bom canto vocal. Portanto, o
sacerdote de Ifá pode ou não repetir as partes (iv)-(vi)
palavra por palavra. Isto não é surpresa, desde que, como
dissemos antes, as partes (iv)-(vi) formam a porção dinâmica
da estrutura do poema de Ifá, onde o sacerdote de Ifá tem
licença para usar sua própria linguagem. Assim, nos exemplos
abaixo, a linha sete é excluida do material quando o
sacerdote está repetindo seu material.
O material seguinte mostra a repetição das partes (i)-(vi) em
um poema de Ifá.
30

Parte (i)

Havia vinte pessoas com kéké marcas faciais.38
Havia trinta pessoas com àbàjà marcas faciais.
Havia cinquenta pessoas com Kolo marcas faciais.

Pate (ii)

Jogaram Ifá para Odúnmbákú,39
Que era o filho de Àgbonnìrègún.

Pate (iii) Foi dito que ele deveria fazer sacrifício para
& (iv)
para prevenir morte iminente.
Foi dito para ele oferecer sacrifício com ìrànà
(galinha)40
parte(v)

Ele fez conforme lhe disseram.

Parte(vi) E ele não morreu.
Parte(vii)Ele estava dançando,
Ele estava regozijando-se,
Ele louvou seu sacerdote de Ifá
31

Enquanto que o seu sacerdote louvava Ifá
Conforme ele abriu um pouco a sua boca,
A música de Ifá nela penetrou.
Quando ele esticou suas pernas,
A dança as puxou.
................
Parte(i)

Havia vinte pessoas com Kéké marcas faciais.
Havia trinta pessoas com àbàjà marcas faciais.
Havia cinquenta pessoas com kolo marcas faciais

Parte (ii)

Jogaram Ifá para Odúnmbákú
Que era filho de Àgbonnìrègún.

Parte(iii)
&(iv)

Disseram para ele fazer sacrifício para
Prevenir morte iminente.

Parte (v)

Ele fez conforme foi dito.

Parte(vi)

E ele não morreu.

..........................
Parte(viii)No ano que eu devia Ter morrido,
A morte levou minha galinha,
Minha própria galinha.
Minha galinha ìrànà,
Que eu oferecí como sacrifício,
Foi levada pela morte.

(ii)

Repetição temática

A repetição temática envolve a constante repetição do assunto
de um poema de Ifá em diversas partes do mesmo poema como
forma de ênfase. Este tipo de repetição mostra-se de forma
destacada no “Ifá nlánlá” ( poema longo de Ifá)que é
geralmente longo e separado em partes tanto no tema como na
forma de apresentação. O valor da repetição temática neste
tipo de poesia é portanto o de identificar para nós, por
repetição constante, o ponto que aparece como mais
importante para o sacerdote de Ifá no seu material, de forma
que não reste nenhuma dúvida quanto a sua mensagem.
32

A repetição temárica geralmente ocorre nas partes (iv)-(vi)
da estrutura do poema de Ifá. conforme já mencionado, estas
são as partes criativas e dinâmicas da poesia divinatória.

(iii)

Repetição linear

É de longe o mais importante tipo de repetição encontrada na
poesia divinatória. Dois tipos de repetição linear podem ser
identificados nos poemas de Ifá: completa e parcial. A
repetição linear completa envolve a repetição de uma ou mais
linhas do poema de Ifá. Este tipo de repetição é usado tanto
para ênfase quanto para satisfazer o que este investigador
decreve em outro local,41 como elemento de ficção em poesia de
Ifá.
Conforme o sacerdote aprende os versos de Ifá durante seus
longos anos de treinamento, e também aprende ao mesmo tempo
que parte de seu repertório deve ser repetido, duas, três,
quatro ou mais vezes. Sempre que ele encontrar algum material
desse tipo, ele é obrigado a repetir o verso(s) envolvido da
maneira especificada pelos dogmas de sua crença.
Nós, achamos, portanto que a repetição linear completa sempre
envolve a repetição de um ou mais versos por um número
qualquer de vezes, de duas a dezesseis vezes. Os versos
repetidos podem seguir-se uns aos outros diretamente no texto
ou podem estar espalhados entre outros versos. Que, portanto,
os versos envolvidos podem ser repetidos a cada três, quatro,
cinco ou dezesseis linhas. O exemplo seguinte mostra a
repetição de um grupo de versos quinze vezes. No total, são
envolvidas quarenta e cinco linhas de poesias, o que forma
mais da metade do número total de linhas nesse poema de Ifá.
33

“Nígbà èkíní,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkejì,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èketa,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkerin,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkaàrún,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkefà,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkeje,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkejo,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkesàán,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkewàá,
Mo Wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkokànlá,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkejílá,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èketàlá,
Mo wolé Óníkàámògún.
Èmi ò bá Óníkàámògún

nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.
nlé.

Na primeira vez,43
Eu fui à casa deÓnikàámògún.
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na segunda vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na terceira vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na quarta vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na quinta vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na Sexta vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na sétima vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na oitava vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na nona vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
Na décima vez,
Eu fui à casa de Ónikàámògún
Eu não achei Ónikàámògún em
casa.
34

Nígbà ekerínlá,
Mo wolé Óníkàámògún.

Ó wáá kù dèdè
.
Mo wáá bá Oníkàámògún,
Èmi ò bá Óníkàámògún
Nígbà èkèédógún,
Èmi ò bá Óníkàámògún nlé.
Mo wolé Óníkàámògún nlé
Kí nwo káà kerìndínlógún
Ó kawó Ifá,
Ó fi lérí.
Ó faso àká bora...”42

Na décima primeira vez...
Na décima segunda vez...
Na décima terceira vez...
Na décima quarta vez...
Na décima quinta vez...
Mas,comforme eu estava indo
Para entrar no décimo sexto
apartamento do palácio.
Eu encontrei Óníkàámògín.
Ele colocou um punhado de
instrumentos de divinação na
sua cabeça.
Ele cobriu-se com roupa
àká.44
A repetição linear incompleta caracteriza-se pela
repetição de parte de uma ou mais linhas par ênfase. A
repetição pode ocorrer no começo, no meio, ou no final de uma
linha concernente. Mais ainda, a linha repetida pode estar
misturada à outras linhas de forma que teremos uma repetição
incompleta em todas as alternativas,na quarta, quinta ou
sexta linha.
No exemplo seguinte, as palavras ó ní na linha 1 saõ
repetidas na linha 4, enquanto que os itens la jo ns podem
ser encontrados nas linhas, 1,4 e 7. As duas primeiras
palavras na segunda linha, tètè móo são repetidas nas linas,
3,5,6,8 e 9.
Ó ní àwa agba la jo nsegbo.
Tètè, móo rìn,
Tètè, móo yan.
Ó ní àwaa ìjòkùn la jo nsodan.
Tètè, móo rìn,
Tètè, móo yan.
Àwaa keekéè la jo nsÒyó Àjàká.
Tètè, móo rìn,
Tètè, móo yan...45
Ele disse que ele e agba viviam na floresta.
Tètè, anda por toda parte livre.
Tètè, anda por toda parte em paz.
Ele disse que ele e Ìjòkùn viveram no pasto.
Tètè, anda por toda parte livre.
Tètè, anda por toda parte em paz.
Ele e tètè viveram em Òyó Àjàká.
Tètè, anda por toda parte livre,
Tètè, anda por toda parte em paz.
(iv) Repetição léxica e silábica
A repetição léxica nos poemas de Ifá envolve a repetição
apenas de palavras, enquanto uqe a repetição silábica envolve
a repetição somente de sílabas. Estas formas de repetição
podem ser usadas para ênfase, para embelezar o rítimo da
poesia , ou para obter jogo de palavras.
As duas formas de repetição às vezes ocorrem juntas. Os
exemplos seguintes mostram repetição léxica e silábica nos
itens marcados.
Ká fefun tólé,
Ka fosùn tólé ìlèkè.
Àkódá orí kìí gbálè ojà gbé si.
A dia fÉjì Òbàrà
Níjó ti won nlo lee sebo suru suru
Nílé Olófin.
Èjì Òbàrá ká orí,
Ó tè é móyè.
Ó ní òún le rire
Nilé Olófin báyìí?46
Pintemos a casa do dinheiro com giz,
Pintemos a casa das pedras preciosas com osun.
O primeiro orí a ser criado não está na parte dos fundos do
mercado sem sorte.
Foi divinado Ifá para Èji Òbàrá.
No dia em que eles estavam indo oferecer sacrifício
No palácio de Ólófin.
Èjí Òbàrà colocou os instrumentos de divinação na cabeça,
E imprimiu Ifá no pó divinatório.
Ele perguntou se iria tornar-se próspero
Na casa de Olófin.
A palavra ká na primeira linha do texto Yoruba acima é
repetida nas linhas 2 e 7, enquanto que a palavra tólé
ocorre nas linhas 1 e 2. A palavra orí, na linha 3 é repetida
na linha 7. a terceira pessoa do singular (ó) na linha 8
ocorre em posição idêntica na linha 9. a sílaba lè em ílèkè
(linha 2) é repetida em gbálè ( linha 3).
A sílaba lo em nlo na linha 5 ocorre também em Olófin.
Nas linhas 5 e 6 destaca-se a sílaba ní em nílé e níjó.
(v) Aliteração e assonância
Alguns tipos de repetição discutidos acima com freqüência
envolvem consoantes e vogais. Aliteração e assonância podem
entretanto, ocorrer em posições onde as outras formas de
repetição discutidas acima estão ausentes.
Estas duas formas de repetição enriquecem o rítimo da parte
do verso de Ifá onde elas ocorrem. Ainda mais, as consoantes
e vogais repetidas dão proeminência às sílabas e palavras das
quais elas tomam parte e podem, portanto, servir para
enfatizar esses itens léxicos.
Nos exemplos dados abaixo sobre repetição léxica e silábica,
a fricativa muda lábio dental (f) ocorre duas vezes na mesma
palavra fefun (linha 1)e uma vêz na palavra fosùn ( linha 2).
A mesma consoante pode ser achada no nome pessoal Olófin
(linha 6) e em fÉjì ( linha 4). Na linha 3, a consoante vocal
lábio velar (gb) ocorre em gbalé e em gbé ( linha 3).
Os exemplos seguintes mostra o uso da assonância nos versos
de Ifá.
Ìji kìí jà,
Kó gbódó.
Ìji kìí já,
Kó gbóló...47
O remoinho de vento não sopra
Mas, leva embora o pilão.
O remoinho de vento não sopra,
Mas, leva a mó.
Neste exemplo acima existe uma concentração deliberada de
sons de (i) nas linhas I e II, sons de (ó) nas linhas 2, e
(o) na linha 4.

(C) O CONTEÚDO DO VERSO DE IFÁ
Conforme já foi mencionado, o verso de Ifá é uma tentativa de
um povo não letrado, de preservar e disseminar os
ingredientes de sua própria cultura. O Yoruba tem os versos
de Ifá como um repositório de sua cultura.
Eles acreditam que os versos de Ifá contêm a sabedoria
acumulada de seus ancestrais através da história.
O verso de Ifá, portanto contém tudo que é considerado
memorável na cultura Yoruba através dos tempos.
Não é de surpreender, portanto, que o conteúdo do verso de
Ifá cubra toda a extensão da cultura Yoruba. Nas páginas
seguintes nós identificaremos e discutiremos alguns dos mais
importantes temas encontrados na poesia divinatória de Ifá.
Os Yoruba consideram o verso de Ifá como uma coleção de
poemas históricos nos quais os fatos verdadeiros da cultura
Yoruba são preservados. Uma avaliação dos versos de Ifá como
fonte de evidência histórica já foi tentada em outro local.48
Pelo presente investigador que declarou que os poemas
divinatórios de Ifá contêm importantes alusões a fatos
históricos da cultura Yoruba. O historiador deve, no entanto,
encontrar corroboração para estes fatos em outro local da
história oral da cultura Yoruba ou comparando diferentes
versões da mesma história contada por diversos divinadores.
Os versos de Ifá são especialmente importantes com parte da
informação sobre a história da cultura Yoruba que é
geralmente negligenciada pelos cultos historiadores
ocidentais da cultura Yoruba, que estão mais afeitos à
história política e econômica.
O verso de Ifá é nossa principal fonte de informação sobre
mitologia Yoruba. Como já mencionamos, existem alguns Odù,
cujas histórias contêm os mitos de algumas divindades Yoruba.
Por exemplo, Òkànrán Méjì contém os mitos de Xangô, enquanto
que Ogundá Méjì contem os mitos de Ògún. Estes Odù nos falam
sobre a vida destas divindades, quando elas estavam aqui na
terra, sua relação com as outras divindades e sua importância
para a cultura tradicional Yoruba.
As divindades são pintadas são pintadas nos versos de Ifá
como forças benevolentes, que estão sempre prontas a ajudar o
homem a resolver seus problemas. As divindades representam
ordem, autoridade, disciplina e a perpetuação dos valores da
cultura yoruba. Eles ficam, entretanto, algumas vezes,
zangados com os homens quando eles vão contra as regras dos
valores morais divinamente sancionados. Mas, geralmente a
poesia de Ifá se apresenta a nós como uma coleção de mitos
que mostra as divindades Yoruba como amigas do homem.
Os poemas divinatórios de Ifá também nos falam dos conflitos
entre as divindades e os Ajogun, um nome coletivo usado para
descrever as forças do mal. Entre estas forças estão: Ikú
( morte), Àrùn ( doença), Òfò ( perda), Èpè ( maldição),Ègbà
(paralisia), Òràn ( problema), Èwòn ( prisão), e
Ese(aflição).
Esta oito coisas que os seres humanos temem são
personificadas no poema de Ifá como poderes sobrenaturais
cuja função principal é negar os desejos das divindades e dos
ancestrais de enriquecer a vida humana. Desde que os planos
dos ajagun, sobre os seres humanos é ver sua ruína completa,
eles estão sempre em conflito com as divindades cuja função é
a proteção dos seres humanos. Muitos poemas de Ifá tratam dos
inevitáveis conflitos entre estes dois grupos de poderes
sobrenaturais sobre os interesses humanos.
Um outro importante aspecto do conflito entre os maus e os
bons poderes sobrenaturais é a luta entre as divindades e Àjé
(feiticeiras). As Àjé são também conhecidas nos versos de Ifá
como: eleye ou eníyan, estão ao lado dos ajagun neste eterno
conflito.
Um poema de Ifá diz eu foi Olódùmarè , ele mesmo, que deu a
àjé seu poder do mal. Portanto, contra as maquinações do mal
de àjé, os seres humanos têm pouca proteção, até mesmo das
divindades pois elas mesmas são muitas vezes molestadas pelas
feiticeiras.
Quando juma pessoa é atormentada por àjé é encorajada a
chamar seu próprio Orí ( Orixá pessoal que determina o
destino humano). Cada indivíduo tem o seu próprio Orí
(literalmente significa cabeça) que ele escolhe para sí mesmo
pouco antes de deixar o Òrun ( céu) par vir à terra.
As pessoas, que escolheram uma boa cabeça, se trabalharem
duro e fizerem os sacrifícios estipulados para eles, serão
bem sucedidos e não serão subjugados pelos ajagun e por àjé.
Mas, aqueles que escolheram um mau orí para sí mesmos no Òrun
estão sentenciados a falhar na vida exceto se puderem fazer
sacrifícios suficientes e trabalharem duro. O conteúdo de
muitos versos de Ifá tratam deste interessante conceito de
predestinação que forma um importante aspecto do sistema que
forma um importante aspecto do sistema de crenças Yoruba.
Ese Ifá também contém crenças Yoruba concernentes ao ebo
( sacrifício). Quase todo poema de Ifá contém na parte (iv)
da sua estrutura exortações para que o cliente faça o
sacrifício. É compulsório a todos os indivíduos fazer
sacrifívio, não obstante o Orí que ele escolheu no Orun seja
bom ou ruim. As divindades não irão auxiliar alguém que se
recusa fazer sacrifício, uma vez que este é a sua única
recompensa para o seu incessante olhar sobre a vida humana.
Para aqueles que escolheram uma cabeça ruim, o sacrifício é
particularmente importante uma vez que é o único elemento que
pode reparar sua desgraçada escolha. Assim, sacrifício é
apresentado na poesia de Ifá como o meio pelo qual o homem
faz as pazes com as divindades e melhora os defeitos
inerentes a sua própria pessoa.
Além disso, nos versos de Ifá, o sacrifício é descrito como
um meio através do qual o homem usa materiais em troca de sua
própria vida. Assim, nós vemos em muitos poemas de Ifá que
quando coisas materiais são oferecidas aos ajagun em forma de
sacrifício, eles pegam estas coisas e deixam o suplicante
intocado. Sacrifício é, portanto, um meio pelo qual o homem
pode influenciar os poderes sobrenaturais de modo que o poder
do bem pode cooperar com ele e o poder do mal irá deixá-lo
cumprir seus planos na terra.
Outro aspecto importante do conteúdo dos poemas de Ifá é o
conceito de Ìwà ( caráter ). O Yoruba acredita que não é
suficiente ter uma boa cabeça e oferecer sacrifício. Em
adição a estes dois conceitos que tratam da relação do homem
com as divindades o homem deve também ter que lutar para
melhorar sua relação com os seus companheiros e para fazer
isto ele deve melhorar o seu caráter ( ìwà ) dia após dia.
Ainda mais que a crença Yoruba de que seja qual for o
desenvolvimento de qualquer homem na terra, se ele não tiver
um bom ìwà ele não realizou nada. Muitos poemas de Ifá,
portanto, mencionam a importância do ìwà na vida do homem. na
verdade, a poesia divinatória de Ifá estabelece que uma
pessoa que não tenha um bom ìwà enquanto vivendo na terá,
será punido no Òrun após sua morte. O oferecimento de
sacrifício não absolve ninguém da obrigação de mostrar um bom
caráter para os companheiros porque isto é o desejo de
Olódùmarè e dos ancestrais; que os seres humanos devam suster
os valores morais da sociedade. Esta é a razão pela qual o
Yoruba diz: “ìwà lèsin” (o bom caráter é a essência da
religião).
Porém, como o Yoruba valoriza o ìwà como um atributo
desejável que dota a vida humana de dignidade e nobreza eles
também valorizam o dinheiro como instrumento com o qual podese conseguir as boas coisas da vida. Para o Yoruba três
coisas são mais importantes de serem realizadas na vida: owó,
ou ajé (dinheiro), Omo, e àìkú ou àlàáfíà (vida longa e
saúde).
Estas três coisas são os mais importantes ire (boas coisas da
vida). A posse de owó ajuda uma boa pessoa a ser gentil e
benevolente com os seus companheiros, assim como a perda de
dinheiro tira a pessoa de sua moderação habitual. Daí o
ditado:
Bówó bá tán lówó oníwà, á dòsónú. Quando o dinheiro de uma
boa pessoa acaba, ela se torna insociável.
Muitos poemas de Ifá falam da importância do dinheiro como um
dos mais importantes ires que toda pessoa deseja para si
mesmo na vida. Omo (filho ou filhos) também é muito citado
nos poemas de Ifá como um importante ire. Na verdade é mais
cotado que o dinheiro, como uma realização vital. Para o
Yoruba, a vida ou o casamento sem filhos é uma vida mal
sucedida. Uma vez que a sociedade Yoruba era uma sociedade
agrária, as crianças formavam uma importante força de
trabalho para quem os possuía para incrementar sua produção.
Ainda mais, numa sociedade em que aposentadoria e seguridade
social são desconhecidos. As crianças são verdadeiros seguros
de velhice e doenças. O dinheiro não é um substituto adequado
para o cuidado e o amor que os filhos podem dar a seus pais
na idade avançada.
Na verdade, o Yoruba ainda considera uma vida abençoada pelo
dinheiro, porém sem crianças, como se fosse um deserto. As
divindades, elas mesmas, defendem a fertilidade. Assim, Osun
e Òge são primariamente envolvidas com a desagradável
condição da mulher estéril, que é encorajada a cultuar estas
divindades na esperança de engravidar e ter filhos. Dos três
ires mencionados, àìkú (vida longa com saúde), é considerada
a mais importante. Se um homem tem dinheiro e crianças e
morre jovem ou vive doente, o Yoruba considera que ele não
vive uma vida ideal. Mas, se um homem perder o dinheiro e
filhos e tem boa saúde e vida longa, é possível que ele possa
recuperar aquelas coisas que perdeu. Portanto, àìkú é
considerado o mais importante atributo da vida: “Ire àìkú
pari ìwá“, a benção de uma longa vida é a maior realização da
vida.
Outra razão pela qual o Yoruba valoriza o àìkú acima de todos
os outros ires é porque no seu sistema hierárquico de
autoridade aqui na terra, velhice é uma qualificação para
assegurar bons empregos como o de baálé (caseiro). Um homem
que morre jovem perde a oportunidade de ocupar esta
importante posição. Além disso, se ele morre muito jovem ele
não poderá se transformar num ancestral, e por esta razão,
não poderá ser enterrado na casa dos ancestrais.
As divindades, elas mesmas, valorizam o àìkú como uma
importante conquista na vida e proporcionarão às pessoas que
levam uma vida boa e moral, aquele ire. Odùdúwà o grande
ancestral dos Yoruba era muito velho em vida antes de morrer.
A poesia divinatória de Ifá se refere a ele como:
Olófin orí ogbó
Olófin kaakaa wòó...
Olófin ti won lá won ó fi lédù oyè,
Tó gbó gbóó gbó,
Tó si dota mó wo lówó.49
(Olófin que foi destinado a viver vida longa.
Olófin o vigoroso...
Olófin a quem planejaram tornar rei
Que era muitíssimo velho
A tal ponto que parecia um pedaço de pedra.)
Mas, o conteúdo dos versos de Ifá não trata apenas de
história, mitologia e crença; um importante tema eu aparece
através de muitos poemas trata da visão Yoruba sobre o mundo
ao seu redor. Portanto, temos observações meticulosas nos
poemas de Ifá sobre objetos e criaturas da natureza que são
encontradas ma terra Yoruba. Muitos poemas de Ifá contam
histórias sobre montanhas, rios, floresta, animais selvagens
e domésticos, pássaros, insetos e plantas. A característica
destes objetos é nos recordada nos versos de Ifá de tal
maneira eu fica-se maravilhado com o alto senso de apreciação
da natureza que existia na sociedade tradicional Yoruba. Além
disso, cada objeto ou criatura mencionados nos poemas de Ifá
são personificados para dar ao sacerdote a oportunidade de
tratar, dentro da estruturação do poema de Ifá já discutida,
como se ele tratasse de seres humanos. Cada objeto ou
criatura personificada é feita para ser símbolo de algum tipo
de atributo do bem ou do mal que o sacerdote quer elogiar ou
condenar. Deste modo, o sacerdote de Ifá constrói uma
poderosa sátira da sociedade humana atrvés das histórias de
não humanos. O produto final da sua história sobre objetos e
criaturas da natureza éportanto destinada aos seres humanos.
Se, por exemplo o poema de Ifá quer condenar a infidelidade,
ele contará a história de àgbìgbò, um pássaro considerado
originalmente como um sacerdote de Ifá infiel. Quando o
sacerdote de Ifá quer elogiar a importância da vida longa,
ele contara a história sobre a montanha que nos versos de Ifá
simboliza poder e vida longa. Uma vez que a montanha
apelidada de “eni-apá-ò-ká” (aquele que não pode ser
subjugado ou o inexpugnável.).
Os
aspectos
o
conteúdo
do
verso
de
Ifá
discutidos
anteriormente é uma temática ampla que pode ser encontrada em
mais que um Odù. Deve-se entretanto, sublinhar que o
sacerdote de Ifá que acredita que cada Odù tem o seu próprio
tema que o identifica e o separa dos outros . Assim, muitos
poemas encontrados em Òbàrà Méjì, o sétimo Odù, conta a
história de um homem que era muito pobre, mas, subitamente
tornou-se rico e importante na sociedade. Òtúá Méjì, o décimo
terceiro Odù, conta a história da chegada do islamismo na
terra Yoruba. Esta é a razão pela qual Òtúá Méjì é chamado de
Bàbá Mòle(o velho muçulmano).50
Alguns dos temas específicos encontrados em cada um dos 256
Odù transitam pelos amplos temas já debatidos. Assim, Òsá
méjì conhecido como Òsá eleye (Òsá das feiticeiras)conta
histórias dos conflitos entre as àjé e as divindades. Nós
podemos, então concluir que o conteúdo dos versos de Ifá é
muito amplo, ele cobre, histórias, mitologia, crenças, e
sistemas de valores da sociedade Yoruba bem como a visão
Yoruba do mundo no qual eles vivem. Nós não ficamos surpresos
que os poemas divinatórios de Ifá, sejam altamente
valorizados pelos Yoruba, como os guardiões da cultura
Yoruba, a sabedoria das gerações e os ensinamentos dos
ancestrais e das divindades.
NOTAS
1. O número de divindades no panteão Yoruba varia entre 401 e
201. A maior parte destas divindades são deuses menores
cultuados nas pequenas cidades e vilarejos. Alguns mitos
dizem que as divindades vieram à terra em ondas.
2. Para detalhes sobre a função das divindades maiores, veja
Idowu, E.B., Olodùmàre, God in Yoruba Belief, Longmans, 1962.
3. Ògún é a divindade Yoruba da guerra e da caça. Seu símbolo
é o ferro, e ele é cultuado por caçadores, fazendeiros,
ferreiros e outras profissões que usam implementos em ferro.
4. Òòsàálá que também é conhecido como Obàtálá é a divindade
responsável pela criação. Porque ele pode ser encontrado em
quase todas as cidades Yoruba e por ser a sua função a
criação, Idowu no seu livro Olódùmarè, God in Yoruba Belief
dá Oxalá como a arque(principal) divindade Yoruba.
5. Èsù ou Elégbára é a divindade ardilosa, que mantém o Axé
com o qual Olódùmarè criou o universo e mantém suas leis
físicas. Além disso, Èsù atua como policial para Olòdùmarè,
para forçar consonância com os valores éticos do universo.
6. Existe um outro mito que declara que as divindades vieram
para a terra do Orun, que era parte de outro território.
Nesta época segunda a mitologia Yoruba Ayé (terra) e Òrun
( céu) faziam parte do mesmo planeta, mas o Òrun mais tarde,
distanciou-se devido aos desonestos habitantes e insultos
com que os seres humanos trataram Olórun ( outro nome de
Olódùmarè, que significa senhor do Òrun) todos os dias.
7. Ifè é uma importante cidade Yoruba. É o centro espiritual
dos Yoruba. Acredita-se que um santuário é mantido em Ifè
para todas as divindades Yoruba. Ifè foi também o centro
intelectual da sociedade tradicional Yoruba. Esta cidade
tradicional cidade primavera, que agora abriga a universidade
de Ifè, pode ser considerada a Meca dos Yoruba.
Não é, entretanto, certo se a Ifè da mitologia, onde as
divindades chegaram na terra é a Ilé-Ifè dos dias de hoje.
Existem muitas Ifè conhecidas pelos historiadores, mas aquela
na qual as divindades chegaram é conhecida como Ifè-Oòdáyé.
8. Os Yoruba acreditam que Ifè é o berço da humanidade e é,
portanto, para os Yoruba o que o jardim do Éden é para a
mitologia judaica.
9. Isto, provavelmente, explica porque a galinha é mais usada
que qualquer outra criatura como oferenda a Ifá. A galinha
foi o primeiro mensageiro das divindades e portanto pode ser
creditada como meio de enviar mensagens atrvés de
ebo(sacrifício), para as divindades. As galinhas que têm
cinco dedos são consideradas pelos Yoruba como uma criatura
única. Elas são usadas no preparo de importantes
medicamentos.
10. O camaleão é uma criatura sagrada para os Yoruba. Na
sociedade tradicional Yoruba , era proibido matar camaleões
exceto para propósitos médicos ou rituais. Os Yoruba
consideram o camalião como um ajéègùn (aquele que faz
medicamentos poderosos). O camaleão é frequentemente incluído
em importantes medicamentos para aumentar a sua potência.
11. Muitas das dinastias de governantes dos numerosos reinos
Yoruba remontam suas origens a Odùduwà, também conhecido como
Olófin por acreditar-se ser o grande ancestral do povo
Yoruba. A presente dinastia governante na importante cidade
de Òyó e descendente direta ( através de Òràáyàn, um dos
netos de Odùduwà) de Olófin.Portanto, o governo da sociedade
Yoruba tradicional, era baseado no direito divino dos reis.
12. Para uma discussão detalhada sobre a história do reino
Yoruba veja Smith, R.S., Yoruba Kingdoms Methuen, London,
1969.
13. O antigo império de Òyó era o maior e mais importante
dentre os grupos políticos Yoruba antes de sua destruição nos
anos 1930. O poder do rei era baseado em extensivas relações
comerciais com os estados Sudaneses e com os reinos selvagens
do litoral. O rei também mantinha uma grade armada, baseada
numa cavalaria de arqueiros liderados pelo Oníkòyí e kákánfò.
14. Ìgetí é o nome de um lugar em Ifè tida côo a primeira
moradia de Òrúnmìlà na terra.
15. Outros mitos relatam outros filhos de Òrúnmìlà, aparte os
outros oito filhos homens referidos neste mito.
16. Não sabemos se Adó aqui se refere a Adó-Èkìtì que é no
nordeste ou Adó-Àwáye, que é no oeste da terra Yoruba.
17. Veja Abimbola Wande, Ìjinlè Ohùn Enu Ifá,
Apákìíní,Collins, Glasgow, 1968, pp. 43-47.
18. a maior parte das divindades , acredita-se que deixaram a
terra para o Òrun com a aparência de seres humanos comuns.
19. Abimbola, Wande,Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, Apá Kejì, Collins,
Glasgow, 1969, pp. 87-98.
20. Os cabritos tentaram comer as navalhas porque pensavam
que eram comestíveis. Este exagero, mostra somente a fome
extremo que reinou na terra como resultado da partida de
Òrúnmìlà.
21. Uma palmeira similar conhecida pelos sacerdotes de Ifá
como òpè Àgùnká que tem uma copa extraordinariamente grande é
usada pelos sacerdotes de Ifá como um símbolo de Ifá.
22. Abimbola, Ìjinle Ohùn Enu Ifè, 1969,pp.142-157.
23. Para detalhes sobre Odù,ver secção III desta introdução.
24. Òpèlè é o nome da àrvore que nasce livre na natureza.
25. Para detalhes sobre Orí como termo na poesia divinatória
de Ifá, veja secção III (c) desta introdução.
26. O ibà constitui a primeira parte do canto do sacerdote de
Ifá, e do Ìjálá ( poesia de caçador)do cantor. É uma saldação
às autoridades da terra como os mais velhos e as feiticeiras
e uma evocação às divindades para estarem presentes ao canto
do repertório do artista, de forma que ele não erre.
27. O Yoruba considera Ilè (a terra) como uma divindade.
Esta divindade é cultuada pelos Ogbóni, a mais importante das
sociedades secretas Yoruba.
28. Para maiores detalhes sobre ajogun, veja a seção III (c)
da introdução.
29. Abimbola, ìmìnlè Ohún Emi Ifá, 1968,p.101.
30. Embora Ofún seja o último e, portanto o mais novo nesta
hierarquia, os sacerdotes de Ifá acreditam que ele foi
originalmente o mais importante dos Odù. Por isso, sempre que
um sacerdote de Ifá quer cantar um poema de Òfún Méjì ele
beberá um pouco de dendê saudando Òfún como o rei com as
palavras “ héèpà Odù” ( eu saúdo o rei dos Odù).
31. Veja Abimbola, Wande, “ Ifá Divination Poemas and the
Coming of Islam Into Yorubaland”, Pan-Africana Journal, New
York, 1972, pp. 440-454.
32. Para detalhes sobre a estrutura do Verso de Ifá, veja
Abimbola, Wande,” An Exposition of Ifá LiterarY Corpus”,
Ph.D. dissertation, University of Lagos, Nigéria, 1970.
33. Cf. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1969.
34. Cf. Abimbola,Wande, “ Ifá Divination Poems As a Sources
for Historical Evidence”, Lagos Notes and Records, Vol.I,
January, 1967.
35. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá 1969.
36. Abimbola, An Exposition of Literary Corpus. 1970.
37. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1968,pp.71-72.
38. Kéké é um tipo de máscara facial, que corre para a
cabeça. Àbàjà e kolo são nomes de outros tipos de máscaras
faciais.
39. Odúnmbákú. Um nome pessoal que significa “o ano em que eu
teria morrido”.
40. Ìrànà galinha. Uma galinha sacrificada na sepultura do
morto imediatamente após o enterro.
41. Abimbola, Wande, “Stylistic Repetiton in Ifá Divination
PoetrY”, Lagos Notes and Record, Vol. 3, No.I, January, 1971.
42. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1969, pp. 92-93.
43. Oníkàámògún é o nome do chefe supremo da cidade de Ìká.
44. Àká é uma roupa usada nos tempos antigos por importantes
reis.
45. Cf. Iwòrì Méjì em III (d).
46. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1968, p.82.
47. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1968, p.III.
48. Abimbola, “ Ifá Divination Poems As Sources for
Historical Evidence”, 1967.
49. Collected from Oyedele Ìsòlà, Ile Beesin PàáKòyé, Òyó.
June, 1972.
50. Abimbola, “Ifá Divination Poetry and the Coming of Islam
into Yorubaland”, 1972.
AS DEZESSEIS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA POESIA
DIVINATORIA DE IFA
I Èjì Ogbé
(a) Òrunmila, o primeiro sacerdote de Ifá, pratica
divinação.
1
Pedras de Raio, são poderosas;
2
Àrìrà, o poderoso
A montanha alta, que tem um cume cônico.
Ifá foi divinado para Òrúnmìlà,
Quando ele estava indo fazer divinação na cidade de Ìlá
Obamowó.
Òrúmìlà foi assegurado de que teria uma atividade lucrativa naquela
cidade.
Mas, ele foi também advertido de que deveria fazer ebó.
E ele o fez.
E ele teve êxito e levou seus ganhos para casa.
Ele começou a dançar,
Ele começou a regozijar-se.
Ele disse, “pedras de raio são poderosas;
o poderoso Arìrà,;
A poderosa montanha que tem um cume cônico.
Foi divinado Ifá para Òrúnmìlà
Quando ele está indo fazer divinação na cidade de Ìlá
Obamowó.
4
Adéeké, é o nome do filho de Ifá.
5
6
Èrè, é o nome do filho de Oòni.
Òrúnmìlà, deixe-me levar meus lucros para casa eternamente.”
(B) Ovo de galinha na batalha de Igbòmokò Eségi.
Tudo que meus colegas estiverem fazendo,
Eu devo fazer.
Divinação de Ifá foi feita para Ovo de galinha
Que era amigo de Kànàkànà,1
Ambos estavam indo para fazer guerra contra a cidade de
Ìgbòmokò Eségi.2
Foi lhes dito que fizessem sacrifício.
Ovo de galinha foi avisado para não ir.
Mas, ele disse que iria.
Assim que eles chegaram nos portões da cidade
Eles começaram a dançar,
Onde quer que Kànàkànà fosse, era com veemência.
Que ele fazia seu caminho.
Quando ovo de galinha tentou fazer o mesmo,
Ele caiu,
E quebrou-se em pedaços.
Foi com pezar que ele começou a louvar seu sacerdote de Ifá
Ele disse “ o que quer que meus companheiros façam
Eu tenho que fazer.”
Foi divinado Ifá para ovo de galinha
Que era amigo de KànàKànà
Ambos estavam indo para fazer guerra contra a cidade de
Ìgbòmokò Eségi.
Não é muito tempo,
Não é muito distante,
Venha e veja-nos conquistando através de sacrifício.
(c) Eu ergo meus braços em louvor
Eu elevo meus braços
Em alegre felicidade.
Foi divinado Ifá para Òrúnmìlà;
Foi dito ao pai, que ele não devia levar suas responsabilidades
Até o fim de seus dias.
Foi dito que ele deveria fazer sacrifício,
Como resultado ele tornou-se inexpugnável.
Ele disse, “eu ergo meus braços
Em alegre satisfação.
Divinação de Ifá foi feita para Orúnmìlà;
Disseram ao pai que ele não deveria carregar suas responsabilidades
Até o fim de seus dias.
Eu levarei minhas responsabilidades até o fim de minha vida.
Eu ergo meus braços.
Em alegre satisfação.”
(D) CABEÇA, PEITO E ORGÃOS GENITAIS.

Pàkelemò,1 divinador de cabeça, 2
Divinou Ifá para cabeça,
Quando cabeça chorava porque não tinha esposa.
Pàkelemò, divinou Ifá para peito,
Quando peito chorava porque não tinha amigos.
Pàkelemò, divinador de órgãos genitais,
Divinou Ifá para Órgãos genitais,
Quando eles choravam por não ter filhos.
Foi dito a esses três que fizessem sacrifício.
Eles sacrificaram,
E tiveram todas as coisas boas que haviam pedido.
Eles disseram , “Pàkelemò, o bom pai,
Nós te agradecemos,
Peito fez sacrifício,
e fez amigos.
Pàkelemò, o bom pai,
Nós te agrdecemos,
Órgão genitais sacrificaram,
e produziram crianças.
Pàkelemò, bom pai,
Nós te agradecemos.”
II ÒYÈKÚ MÉJÌ

(a) As consequências de desdenhar o sacrifício
Você é Òyè,1
Eu também sou Òyè,
A luz do dia está aparecendo no céu.
Mas, as pessoas pensaram que já era manhã.
Foi feita divinação para peixe.
qie era uma cria do leito do rio.
Foi dito para peixe fazer sacrifício.
Eles disseram que ela teria muitos filhos,
Mas foi avisada para fazer sacrifício para prevenir ataques
dos seres humanos.
Ela não fez sacrifício.
Ela disse que não era possível para os inimigos,
Ver seus filhos na cabeceira do rio
Ela tomou seus sacerdotes de ifá como mentirosos
Ela chamou Èsù de ladrão.2
Ela olhou sem temor para o céu como
se nunca fosse morrer.
Ela fez ouvidos de mercador para os avisos sobre sacrifívio.
Quando os seres humanos subiram à cabeceira do rio,
Eles pegaram enxada, cutelo, e ògbún,3
Eles represaram o rio,
E começaram a drenar suas águas.
Quando não tinha mais água cobrindo o peixe e seus filhos,
Os seres humanos os pegaram,
E os colocaram em cima de inhame pilado,
Aquilo foi uma ordem de Èsù,
Que preveniu a aniquilação de todas as espécies
de peixes da face da terra.
(B) ROUPA VERMELHA NÃO É NUNCA USADA PARA COBRIR O MORTO

Uma pequena bengala vai na frente dele que anda patinhando
numa calçada estreita num dia de chuva.1
As duas solas dos pés,
Lutam persistentemente pela posse da estreita calçada.2
Foi divinado Ifá para cento e cinquenta e seis tipos de roupas.
Quando elas estavam vindo do céu para a terra.
Todas elas foram enviadas para fazer sacrifício.
Mas, somente roupa vermelha fez sacrifício.
Após fazer sacrifício,
Ela começou a ter honra e respeito.
Depois que o homem usou roupa vermelha por muito tempo,
No dia que o homem morre,
Roupa vermelha é removida do seu corpo.
Somente roupa branca e de outras cores,
Vão com o morto para o céu.
Roupa vermelha não deve nunca ir com ele.
Somente roupa vermelha fez sacrifício.
Somente roupa vermelha afereceu sacrifício as divindades.
Roupa vermelha não vai para o céu com o morto.
Após enganar o homem por um pequeno período (na terra),
Ela o abandona (no caminho do céu).
(C) A MORTE NÃO COME FARINHA DE INHAME
1
Um sacerdaote de Ifá chamado Àtàtà-tanìn-tanìn,
2
Jogou Ifá para Olomo, o poderoso.
3
Todos os ajogun cercaram Olomo
Para matá-lo.
Disseram para ele fazer sacrifício,
E ele fez sacrifício.
Um dia aconteceu,
A morte, doença e perdas levantaram-se
E vieram atacar a casa de Olomo.
4
E encontraram Èsù do lado de fora da casa.
Quando estavam tentando entrar na casa,
Èsù derramou farinha de inhame nas suas bocas.
5
Já que ajogun não pode provar farinha de inhame,
Alguns deles morreram e outros ficaram doentes,
Mas, nenhum deles foi capaz de entrar na casa de Olomo.
Então Olomo ficou feliz,
6
E começou a cantar a cantiga dos sacerdotes de Ifá.
Ele disse, “o sacerdote de Ifá Àtàtà-tanìn-tanìn,
Jogou Ifá para Olomo o poderoso.
Doença que se vangloriava que ia matar o sacerdote,
Não pode matá-lo.
A morte foi distanciada da cabeça do sacerdote de Ifá.
A morte não come farinha de inhame,
se a morte tentar comer farinha de inhame,
Sua boca se destruirá,
Sua boca será apertada com força.
todas as coisas ruins que

quiseram atacar

o sacerdote de Ifá,
Não o podem mais atacá-lo.
A morte não come farinha de inhame,
Sua boca de destruiria,
Sua boca seria comprimida com força.”
(d)

A MORTE TEM MISERICÓRDIA DE NÓS

A cabeça que usará uma coroa,
É escolhida após o nascimento pelas divindades.

1

O pescoço que usará uma coroa,
É escolhido antes de nascer pelas divindades.
2
O quadril que usará mósàajì,

Vestuário de reis que é muito quente,
É escolhido antes de nascer pelas divindades.
3
Foi divinado Ifá para Ikúsàánu,
4
Que era o primogénito de Alápà.
Morte tenha misericórdia de nós.
Não estamos dizendo que você não deva matar.
Doença, tenha misericórdia de nós,
Não estamos dizendo que você não ataque as pessoas.
Ajoguns, tenham piedade de nós,
Não estamos dizendo que vocês não ataquem as pessoas.
Mas, por favor, não nos ataquem,
E vão para outras terras.
III Iworì Mejì

(a) U ma p r ec e a I fá
Quando o fazendeiro olha o algodão do outro lado do rio,
Parece que ele mostra seus dentes brancos sorrindo alegremente.
1
Foi divinado Ifá para Aranha,
Descendência daqueles que fazem todas as coisas
De uma forma maravilhosa.
Ifá no seu caminho maravilhoso,
Traga todas as coisas boas para mim,
Quando o fazendeiro olha o algodão em rama do outro lado do rio,
Ele parece mostrar seus dentes brancos sorrindo alegremente.
(B) DESCARGA MENSTRUAL FRACA E SEMEM FRACO
Quando o topo de um formigueiro é destruído,
1
Ele retém água no seu tronco.
2
Orúrù, a árvore, se cobre com roupa de sangue.
Quando o giz em pó cai no chão ,
Ele se

espalha para todo lado em partículas finas.

Foi quem jogou Ifá para fluxo menstrual fraco,
Que era uma menina do céu.
Foi divinado Ifá para sémen fraco,
Que era um menino do céu.
Fluxo menstrual fraco,
Nós te procuramos em vão,
Você recusou-se a voltar
Mas, você cresceu mãos e pés,
E se tornou um neném.
Você descendência do sangue,
Nós não mais lhe vimos,
Você não mais voltou.
Mas, você cresceu pés e mãos,
E se tornou um neném.

(C) ÒRÚNMÌLÀ VAI NOS AJUDAR A CONSERTAR NOSSAS VIDAS
Súbito como o ruído de um cinto de couro;
O Cinto de couro estala.
Seu sacerdote de Ifá em Ìtóri.
Quando Àkàtànpó, perde seus elos,
Eles correm todos pelo chão.
Foi quem divinou Ifá para Òrúnmìlà,
Quando ele estava indo emendar a vida do rei de Ifè,
Como alguém que concerta uma cabaça quebrada.
Quem, então, vai nos ajudar
A consertar nossas vidas?
Òrúnmìlà nos ajudará
A emendar nossas vidas.

(d) Ìwòrì Méjì o terceiro Odù a aparecer na terra
O feio, o grosseiro e o perverso
A cabeça do abutre lembra o cabo de um machado,
Mas, não pode ser usada para cortar uma árvore.
1
Foi quem jogou Ifá para Èjì Ìwòrì,
Que foi o terceiro Odù a chegar na terra.
Perguntaram onde ele planejava ficar
Ele respondeu que tinha feito
Sacrifício com um pilão.
Perguntaram onde ele planejava pisar a terra,
2
Ele repondeu que foi ele que derramou a folha tètè por toda a
terra.
Disseram que ele nunca se pusesse em frente a casa de outro
homem.
Ele disse que foi na presença do dono da terra que
3
tèntènpòlá cobriu a terra.
4
Ele disse que ele e agba viveram juntos na floresta.
Tètè, passeia livremente;
Tètè,passeia em paz.
5
Ele disse que ele e ìjòkùn viveram juntos na floresta.
Tètè, passeia livremente;
Tètè, passeia em paz.
6
7
Ele disse que ele e keekéè viveram juntos em Òyó Àjàká.
Tètè, passeia livremente;
Tètè, passeia em paz.
Não existe dono de terra que possa prevenir tètè de florescer
na sua terra.
Tètè passeia livremente;
Tètè passeia em paz.
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  • 1. 1 2 IFA DIVINATION POETRY WANDE ABIMBOLA PREFÁCIO Ifá é um importante sistema de divinação encontrado em muitas culturas do oeste da África. Na terra Yoruba,onde Ifá é a divindade principal, este sistema divinatório fascinante foi intimamente identificado com a história, mitologia, religião e medicina popular do povo Yoruba. O Yoruba tem Ifá como um repositório das suas crenças e valores morais. O sistema divinatório de Ifá e os extensivos cantos poéticos a ele associados são usados pelo Yorubá para validar importantes aspectos da sua cultura. A divinação de Ifá é, portanto, praticada pelos Yorubas durante todos os seus importantes ritos de passsagem, tais como cerimónia de dar o nome, casamentos, funerais, e quando dão posse aos reis. Para a sociedade tradicional Yoruba, a autoridade de Ifá permeia todos os aspectos da vida porque o Yoruba cosidera Ifá como a voz das divendades e a sabedoria dos ancestrais. Este trabalho apresenta sessenta e quatro poemas de ifá dos dezesseis odus principais da coleção de escritos de Ifá. O trabalho tem duas partes. A primeira parte é a introdução que cobre a mitologia de Ifá, seus instrumentos de divinaçõa, o trinamento dos sacerdotes, o processo de divinação de Ifá, e uma avalição da posição desta divindade em seu sistema elaborado de divinção entre o povo Yoruba. A intrdução também trata da significação do Odù como o mais importante ponto de referência dentro dos escritos de Ifá como um todo. A última seção da introdução, apresenta uma análise estrutural, estilística e temática da poesia divinatória de Ifá. A Segunda parte do trabalho é uma apresentação de material textual. Um total de sessenta e quatro poemas de Ifá são apesentadso em sua versão original Yorubae sua tradução para o português. Quatro poemas são apresentados de cada um dos dezesseis Odus principais. Cada poema na versão portuguêsa é provido de um título que resume o assunto focalizado. A versão para o português é também acompanhada de notas adequadas destinadas a elucidar detalhes linguísticos e culturais não englobados pelo texto traduzido. Este livro é projetado para ir ao encontro dos leitores em geral como também do especialista que deseja informar-se da riqueza da poesia oral Africana. O leitor verá desde a introdução como o Yoruba atentou para usar o genero poético com veículo para presevação e desenvolvimento de sua cultura. O sistema de divinão de Ifá e sua fantástica coleção de cantos poéticos mostram claramente a ingenuidade das pessoas não letradas para desenvolver, preservar, e difundir os ingredientes de sua própria cultura, mesmo sem conhecer a arte da escrita.
  • 2. 3 INDIANA UNIVERSITY BLOOMINGTON MARCH 1973 AGRADECIMENTOS Todos os sessenta e quatro poemas que constam neste trabalho nos foram dados por Oyedele Isola do Quarteirão de Beesin, pààkòyi, Òyó, oeste da Nigéria. Os poemas foram colhidos em diferentes ocasiões entre 1963 e 1970. Algumas das gravações dos cantos de Oyedele estão guardadas na Biblioteca da Universidade de Lagos, Lagos, Nigéria. Mas, o grosso do extenso material, recolhido deste renomado sacerdote de Ifá estão sob minha guarda. Oyedele é amplamente conhcido em Òyó por sua prodigiosa memória e pela riqueza de sua voz, para cantar Ifá. Ele é também um médico prático. Sou agradecido a Oyedele por tudo que aprendí com ele nos últimos dez anos. Sou agradecido também aos seguintes sacerdotes de Ifá, qu me ajudaram na interpretação de parte do material colhido com Oyedele e dos quais eu gravei material de Ifá que não consta deste livro: (a) Awótúnde Awórindé, Ilé Olóbèdú, Òsgbo, (b) Adéjàre Kékeré-awo, Ilé Beesin, Pààkòyí, Òyó e (c)Chefe Fádáyúró, Olúwo de akeètàn, Òyó. Eu tenho uma grande dívida com o meu falecido pai, chefe Abímbóla Ìrókò, o último Asipade ( chefe dos caçadores )de Òyó, de quem, quando criança, eu primeiro aprendí sobre a divinação de Ifá e que foi o meu pilar de apoio e fonte de inspiração durante os meus anos de pesquisa sobre divinação de Ifá. Chefe Abímbólá Ìrókò um famoso sacerdote de Ifá, caçador, herbanário e veterano da Primeira Guerra Mundial, morreu em novembro de 1971. Sou grato também ao Instituto de Estudos Africanos, Universidade de Ibadan, onde comecei minhas pesquisas de Ifá, entre 1963 e 1965. Eu sou igualmente grato a Escola de Estudos Asiáticos e Africanos, Universidade de Lagos e a sociedade de linguística do Oeste da África pela provisão de fundos que foi usada para coligir parte do material encontrado neste trabalho. Finalmente, quero expressar minha apreciação a minha mãe, sàngódayò Àwèlé, que me ajudou na interpretação de palavras difíceis e à quem eu sempre confiei a verificação de muitos outros aspectos da cultura Yoruba.
  • 3. 4 CONTEÚDO INTRODUÇÃO Página I SISTEMA DIVINATÓRIO DE IFA.........................1 (a) (b) (c) (d) (e) A A O O O Mitologia de Ifá....................................1 Parafernálea da divinação de ifa.......................4 Processo da Divinação de Ifá..........................9 Treinamento dos sacerdotes de Ifá ................... 11 Lugar de Ifá na Religião Tradicional Yoruba. ......... 14 II O ODU OU CATEGORIA DA DIVINAÇÃO DE IFA ........................15 III OS ESSE OU POEMAS DA COLEÇÃO DOS ESCRITOS DE IFÁ...............18 (a) A Estrutura dos Ese Ifá........................................18 (b) Os Aspectos do Estilo nos Ese Ifá..............................22 (c) O conteúdo dos Ese Ifá........................................23 NOTAS 37 AS DEZESSEIS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA POESIA DIVINATÓRIA DE IFA 41 I ÈjiOgbè......................................42 II ÒyÈkú Méjì...................................48 III Ìwòrì Méjì...................................54 IV Òdí Méjì.....................................60 V Ìrosùn Méjì..................................68 VI Òwónrin Méjì.................................76 VII Òbàrà Méjì...................................82 VIII Òkànràn Méjì.................................94 IX Ògúndá Méjì.................................100 X Òsá Méjì....................................109 XI Ìká Méjì....................................114 XII Òtúúrúpòn Méjì..............................118 XIII Òtúá Méjì...................................126 XIV Ìretè Méjì..................................134 XV Òsé Méjì....................................142 XVI Òfún Méjì...................................150 Notas.......................................154 Bibliografia................................169
  • 4. 5 INTRODUÇÃO I.O SISTEMA DIVINATÓRIO DE IFÁ (A) A Mitologia de Ifá De acordo com as crenças Yoruba, Ifá (por outro lado conhecido como Òrúnmìlà)foi uma das quatrocentos e uma deidades,1 que vieram do Òrun (céu) para o Ayé (terra).Olódùmarè, o Deus Maior Yoruba, encarregou cada uma destas deidades com uma função particular a ser realizada na terra.2 Por exemplo, Ògún3 foi encarregado de todas as coisas relacionadas com a guerra e a caça e o implemento do uso do aço.Enquanto que Òòsàálá4 foi encarregado com responsabilidade de oldar os corpos humanos com argila e Èsù5era o policial do universo e o curador do Àse, o poder divino com o qual OLÓDÙMARÈ criou o universo e mantém suas leis físicas. Ifá ficou encarregado da divinação por sua grande sabedoria, que ele adqueiriu como resultado da sua presença ao lado de Olódùmarè, quando este criou o universo. Ifá portanto sabia os segredos do universo. Por isso seu nome de louvor Akéréfinúsogbón ( o pequeno sábio). O Yoruba acredita que as quatrocentas e uma divindades, mencionadas acima desceram do cèu6 na cidade de Ifè.7 Naquele temponão havia nenhuma criatura de nenhum tipo sobre a terra. As divindades foram, portanto, os primeiros habitantes da terra e Ifè foi o primeiro local da terra a ser habitado por seres humanos.8 Quando as divindades chegaram à terra encontraram o planeta totalmente coberto de água. Mas, antes de deixarem o Òrun, Olódùmarè lhes deu uma cesta cheia de areia, uma galinha com cinco dedos9 e um camalião.10 Antes das divindades aterrarem, elas enviaram a galinha para baixo, para Ifè com uma parte da areia. A galinha espalhou a areia e a terra sólida apareceu.O camalião, então , andou sobre a terra para saber o quão sólida era. As divindades, então desceram sobre a terra sólida e ergueram seus acampamentos em diferentes partes de Ifè. A galinha e o camaleão tornaram-se,então as primeiras criaturas a viver sobre a terra primordial e as divindades foram as primeiras criaturas a viver sobre a terra sólida. Após a chagada das divindades, a população humana desenvolveu-se em Ifè em dois caminhos diferentes. As
  • 5. 6 divindades casaram-se entre sí ( existiam divindades masculinas e femininas) e deram à luz uma linhagem de homens que posteriormente se tornaram os divinos governantes11 dos Yoruba. Posteriormente, Olódùmarè, com a ajuda de Òòsàálá criou os seres humanos propriamente ditos, que tornaram-se os sujeitos sobre os quais as divindades e seus descendentes governaram dentre os descendentes das divindades os filhos de Odùduwà tornaram-se os mais importantes politicamente e eles finalmente formaram a parte principal da dinastia de governantes do mais poderoso Reino Yoruba.12 O ponto culminante do poder desses governantes divinos foi alcançado na organização imperial do antigo Império de Oyo.13 Em Ifè Òrúnmìlà mudou-se para um local conhecido como Òkè Ìgètí14 e alí ele viveu por muitos anos.Inicialmente ele não tinha filhos, mas depois ele teve oito filhos homens15 .Mais tarde ele trocou Ifè por Adó, onde passou o resto de sua vida. Daí o dito, Adó nilé Ifá ( Adó é a casa de Ifá ).16 Enquanto esteve na terra Òrúnmìlà aplicou sua sabedoria atemporal para organizar a sociedade humana de forma ordeira. Ele também ensinou aos discípulos os segredos da divinação. Mas, como aconteceu com as outras divindades, Òrúnmìlà retornou ao Òrun, após Ter completado suas tarefas na terra. Sua volta para o Òrun foi, entretanto, causada por uma querela entre ele e seu filho caçula. Os detalhes daquela querela entre pai e filho são dados em Iwòrì Méjì.17 De acordo com uma história em Ìworì Méjì, um dia Òrúnmìlà convidou seus oito filhos para celebrar um importante festival com ele conforme cada um deles chegou, deitou-se no chão e saudouo seu pai com as palavras Àború Boyè Bosise (possa o sacrifício ser aceito e abençoado)como sinal de seu respeito e obedienciaa a ele.Mas, chegou a vez de Olówò, ele permaneceu de pé e não disse nada.Um dipalogo, então seguiuse entre pai e filho, durante o qual Òrúnmìlà ordenou a Olówò que fizesse a saudação, já feita por seus irmãos. Mas, Olówò recusou-se em fazê-la dizendo que como ele era cabeça coroada, como seu pai, era degradante para ele abaixar-se diante de qualquer pessoa. Quando Òrúnmìlà ouviu isto, ficou magoado e decidiu voltar para o Òrun.18 Imediatamente apos a partida dele a terra foi lançada no caos e confusão.O ciclo de fertilidade e regeneração, tanto na natureza quanto nos seres humanos sucumbiu. A sociedade humana mudou perigosamente para próximo da anarquia e da desordem conforme todas as coisa eram colocadas face a desruição.O estado confusional e de incerteza na terra depois da partida de Òrúnmìlà é descrito no seguinte poema.
  • 6. 7 (As mulheres prenhes não podiam dar à luz seus filhos; As mulheres inférteis continuaram inférteis. Pequenos rios foram cobertos por folhas caídas. O sémen secou no testículo dos homens As mulheres não menstruaram mais. O inhame formou pequenos tubérculos não desenvolvidos; O milho crescia pequeno imaturo com espigas desenvolvidas. Gotas esparsas de chuva caíram, As galinhas tentaram devorá-las; Navalhas bem afiadas estavam plantadas no chão, E os cabritos tentaram devorá-las.20) não Quando a terra não tinha mais paz foi decidido que os filhos de Òrúnmìlà deveriam ir para o Òrun e persuadir seu pai a voltar para a terra. Consequentemente os oito filhos de Òrúnmìlà foram para o Òrun onde encontraram seu pai no pé de “uma palmeira bem desenvolvida, muito ramificada para lá e para cá e que tinha dezesseis cabeças (copas) em forma de cabana.” Eles tentaram convencer seu pai a voltar, mas ele não aceitou e em vez disso deu a cada um deles dezesseis nozes de palmeira e disse:
  • 7. 8 ( Quando vocês chegarem em casa, Se quizerem Ter dinheiro, Esta é a pessoa que deve ser consultada. Quando vocês chegarem em casa, Se vocês quizerem espôsas, Esta é a pessoa que deve ser consultada. Quando vocês chegarem em casa, E quizerem Ter crianças, Esta é a pessoa que vocês devem consultar... Qualquer coisa boa que vocês desejem Ter na terra, Esta é a pessoa a quem vocês devem consultar...). Quando os filhos de Òrúnmìlà retornaram à terra, eles começaram a usar as dezesseis nozes de palmeira como instrumento de divinação para saber os desejos das divindades. Òrúnmìlà repôs a sua presença na terra com as dezesseis nozes de palmeira conhecidas como Ikin e desde então essas dezesseis nozes de palmeira sagrada tornaram-se o mais importante instrumento de divinação de Ifá. (B) A PARAFERNÁLIA DA DIVINAÇÃO DE IFÁ (i) Ikin ( As Dezesseis Nozes de Pameira) Ikin é considerado o mais antigo e mais importante instrumento de divinação. Ele consiste de dezesseis nozes de palmeira tiradas de uma palmeira especial, conhecida como Òpè Ifá ( palmeira de Ifá). Cada fruto desta palmeira tem quatro olhos na sua borda
  • 8. 9 inferior espessa. O yoruba acredita que este tipo de noz de palmeira é sagrada para Ifá e não pode ser usada para fabricar o dendê. Os dezesseis Ikins são mantidos em uma tigela de madeira ou metal decorada e com tampa. Esta tigela é mantida em uma dependência da casa onde o sacerdote mora. As orações e sacrifícios para Ifá naquele local, que pode ser considerado o santuário de Ifa daquele sacerdote em particular. As nozes de palmeira reramente são retiradas daquele local, exceto para serem lavadas ou para purificação, o que acontece ocasionalmente tanto para limpeza da sugeira quanto para aumentar a sua potência divina. Mas, quando o sacerdote morre, o Ikin pode ser removido do seu local e transferido para um parente do morto. A trasferência sempre envolve o oferecimento de sacrifício e uma outra cerimonia de purificação. Algumas pessoas preferem enterrar as nozes de palmeira com o morto para livrarem-se de Ter que fazer uma cerimônia, certamente elaborada e cara. As nozes de palmeira sagradas são empregadas para divinação em raras e importantes ocasiões, tais como divinações públicas, de grande significação ritual, como a divinação performada quando da coroação de um novo rei. O sacerdote de Ifá sempre usa as nozes quando está consultando Ifá em favor próprio, ou para membros muito próximos de sua família. Sempre que ele usa as nozes sagradas para divinação, o sacerdote de Ifá deve usá-las juntamente com o pó sagrado de divinação, conforme descrito abaixo. O pó divinatório é mantido dentro de um tabuleiro entalhado de Ifá e colocado em parte ao frente ao divinador que mantém as dezesseis nozes dentro de uma das mãos e tenta tirá-las de um só golpe com a outra mão. Se duas nozes restarem na palma de sua mão, ele faz uma marca vertical no pó divinatório, se somente uma noz restar, ele faz duas marcas. Se ele conseguir tirar todas as nozes de um só vez ele não marca nada. Do mesmo modo, o sacerdote, o sacerdote de Ifátem que fazer estas marcas quatro vêzes à direita e quatro à esquerda. O resultado vai dar a ele a marca de um Odù ( capítulo ou categoria da coleção dos escritos de Ifá). Se ele fizer, por exemplo, uma marca, quatro vêzes na direita e quatro vêzes na esquerda, a marca é aquela de Èji Ogbè, cujo padrão vai aparecer como se segue: I I I I I I I I
  • 9. 10 Se ele fizer duas marcas quatro vêzes à direita e quatro vêzes à esquerda, a marca registrada é a de ÒyÈkú Méjì que será como se segue: II II II II II II II II Existem um total de duzentos e cinquenta e seis ( 256) padrões do tipo descrito acima na divinação de Ifá.23 Cada padrão é conhecido como Odù ou categoria da poesia divinatória de Ifá. acredita-se que cada Odù contenha seiscentos (600) Ese ou poemas de Ifá. O sacerdote de Ifá aprende o maior número possível de poemas de cada um dos 256 Odù e recita-os para os seus clientes da maneira descrita em detalhes abaixo. (ii) Òpèlè ( corrente divinatória ) Um outro instrumento importante na divinação de Ifá é conhecido como Òpèlè ( a corrente divinatória ). Esta corrente, que tem duas terminações abertas na base é feita tanto de metal quanto de barbante de algodão. Quatro meias nozes do fruta Òpèlè24são presas em cada metade da corrente ( lados direito e esquerdo) cada uma destas meia nozes ( que lembram um Obí) tem um lado externo liso e um lado interno rugoso. Se a corrente é feita de metal, as meias nozes também são feitas de metal de tal forma que parecem as meia nozes do fruto do Òpèlè. O sacerdote de Ifá pega a corrente pelo meio da sua parte superior e a joga na direção oposta ao seu corpo, quando a corrente cai no chão, cada uma das meias nozes em cada lado vai mostrar seu lado interno ou externo para cima. Existem vinte e oito (28)possibilidades desta forma de apresentação cada vez que o sacerdote joga a sua corrente. Cada uma destas possibilidades de apresentação é conhecida como Odù ou capítulo na coleção de escritos de Ifá. A coleção total de escritos tem 256,(28 )capítulos. Os capítulos têm nomes que são exatamente os mesmos que os nomes atribuidos aos padrões marcados no pó divinatório, quando se usa os Ikin. Por exemplo , quando todas as oito
  • 10. 11 nozes apresentam suas superfícies internas para cima, este padrão é conhecido como Èjì Ogbè. E quando elas apresentam sua superfície externa, a assinatura é a de Òyèkú Méjì. O sacerdote de Ifá mantém a corrente divinatória dentro de uma bolsa de couro ou pano conhecida como Àpò Ifá, que ele carrega a tiracolo em um de seus ombros e toma parte de seu equipamento sempre que ele sai de casa. É devido ao hábito de usar esta bolsa no ombro qe o sacerdote de Ifá é conhecido como Akápò ( carregador da bolsa de Ifá). A corrente divinatória é usada mais frequentemente que as nozes de palmeira para propósitos de divinação. O sacerdote de Ifá usa a corrente divinatória no seu dia-a-dia, para a maioria das civinações envolvendo os numerosos clientes e reserva as nozes para ocasiões mais importantes. É devido a importância das nozes sagradas como o mais antigo símbolo de Ifá que não podem ser carregadas para cima e para baixo para todas as ocasiões de divinação. Além de tudo a corrente é mais fácil de manusear, de forma que o sacerdote pode obter a marca de um Odù mais facilmente fazendo uso dela. (iii) Ìbò ( instrumentos para tirar a sorte) Quando um Odù for encontrado e o cliente reconhecer o poema que se aplica ao seu problema, o sacerdote de Ifá faz uso , então do Ìbò para encontrar detalhes adicionais relacionados a interpretação do poema que foi identificado.Para quem a mensagem de Ifá é dirigida? Para o cliente ou para um de seus parentes? Como deve ser feito o ebó que foi indicado para o cliente? Estes e outros problemas são resolvidos pelo uso do Ìbò. O instrumento básico do Ìbò é um par de búzios amarrados e um osso. Os búzios representam uma resposta positiva, enquanto que o osso representa uma resposta negativa das divindades em relação a todas as questões colocadas. Mas, muitos outros instrumentos também são usados como parte do Ìbò, para simbolizar difetentes coisas, por exemplo, um pedaço de pedra representa boa saúde, enquanto que a noz do castanheiro da África representa o próprio Òrúnmìlà. A crença do sacerdote de Ifá e de seu cliente sobre o uso dos instrumentos do Ìbò é de que Ifá irá falar ao cliente através dos instrumentos do Ìbò, para explicar os detalhes do poema que foi identificado como apropriado, tendo relação direta com seu problema. O sacerdote pede ao cliente para colocar o osso em uma das mãos e o para de búzios na outra mão. O cliente pode manter
  • 11. 12 qualquer um dos dois objetos em qualquer uma das mãos, esquerda ou direita. O sacerdote faz uma pergunta a divindade, como esta: Ifá você vê problemas de saúde? Quem é a pessoa que está doente? É a esposa do cliente? O sacerdote, então, manipula seu instrumento de divinação duas vêzes. Se o Odù que ele vè na Segunda vez é maior ( mais velho) do que aquele que ele viu na primeira jogada, o sacerdaote pedirá ao cliente que mostre a mão direita, mas, se o Odù visto na Segunda vez é mais novo que o anterior, ele pedirá a mão esquerda. Se por exemplo, o conteúdo da mão direita é um osso, isso significa que a resposta a pergunta feita é negativa. Neste caso o mome de um segundo parente ou do próprio cliente substituem o primeiro. A pergunta é refeita e a divinação continua até a resposta positiva. O Ìbò é , portanto usado para obter respostas para os problemas que podem surgir na interpretação dos poemas. Eles agem como um meio de comunicação rápido entre Ifá e o cliente. Sem o Ìbò, seria impossível determinar as minúcias de cada divinação. Mas, o cliente setá interessado nessas minúcias afim de conseguir satisfação e confiança de que ele identificou seu problema e ofereceu a solução certa. (iv) Ìyèròsùn ( pó divinatório ) Quando o sacerdote de Ifá usa as nozes sagradas de palmeira, como foi explicado acima, ele imprime as marcas simples e duplas obtidas em cada manipulação, no pó sagrado da divinação denominado Ìyèròsùn. Este pó esbranquiçado ou amarelado é obtido da árvore Ìrosùn ou do bambú seco transformado em pó por cupins.O pó é colocado no Opón Ifá (a bandeija talhada em madeira ) e o sacerdote imprime marcas nele a medida que manipula as nozes de palmeira. O pó divinatório é considerado pelos sacerdotes de Ifá como um símbolo sagrado de Ifá. Partículas deste pó são borrifadas nos sacrifícios para assegurar a aceitação pelas divindades. Ao cliente, algumas vezes, é pedido que engula o pó e esfregá-lo na cabeça para forjar um laço de união entre ele e as divindades de forma que ele possa ficar satisfeito que as divindades o estão auxiliando na resolução dos seus problemas. (v) Iróké (objeto entalhado em madeira ou marfim usado para evocar Ifá.)
  • 12. 13 Enquanto está fazendo divinação, o sacerdote de Ifá bate repetidas vêzes no Opón Ifá com o Iróké para chamar Ifá para estar presente na divinação. Os praticantes ou subordinados de importantes sacerdotes de Ifá carregam o Iróké na frente dos seus superiores quando eles saem para realizar alguma importante cerimonia. O Iróké é esculpido em marfim ou madeira em tamanho pequeno ou grande. Em alguns Iróké uma figura humana ou a cabeça de um ser humano é esculpida. A parte sua parte superior é esculpida numa forma cónica, longa e afilada. A parte de baixo tem um formato de boca alargada e suporta o instrumento quando colocado em pé. O sacerdote de Ifá segura o Iróké pela parte alargada enquanto bate com a parte longa , superior contra o Opón Ifá durante a divinação. (vi) Opón Ifá ( tábua divinatória ) Conforme mencionamos acima, o sacerdote de Ifá imprime suas marcas nuima bandeja de madeiraquando ele usa as nozes de palmeira sagrada para divinar. As tábuas fivinatórias são esculpidas em diversos tamanhos e formas. As margens da tábua são dominadas por um padrão intrincado de diversos objetos tais como pássaros, répteis, tartarugas e animais selvagens. O meio da parte superior é reservado para a imagem de Èsù( o divino trapaceiro que mantém o Àse ). Desta posição a imagem de Èsù olha para o sacerdote de Ifá como se ele estivesse dirigindo ou assistindo a divinação. O interior da tábua em sí pode ser tanto redondo quanto quadrado. (C) O PROCESSO DE DIVINAÇÃO DE IFÁ Os sacerdotes de Ifá atendem a diversos clientes, todos os dias. Estes clientes têm diferentes tipos de problemas estendendo-se desde um conselho sobre se ele deve ou não fazer uma viagem até assuntos de vida e de morte envolvendo uma pessoa doente em favor da qual um parente consulta Ifá. Alguns clientes consultam Ifá em momentos críticos de suas vidas envolvendo matrimonio, divórcio, mudanças de profissão ou de residência. Quando o cliente entra na casa do sacerdote de Ifá, ele o saúda e expressa o desejo de “falar com a divindade”. O sacerdote de Ifá, então, pega sua corrente divinatória e a joga na esteira ou numa bandeja de ráfia em frente ao cliente. O cliente sussurra seu problema numa moeda ou num búzio e o coloca junto aos instrumentos do sacerdote. Como alternativa o cliente pode pegar a corrente divinatória ou o Ibò e soprar num deles diretamente.
  • 13. 14 Em ambos os casos acredita-se que os desejos do Orí do cliente( Orí, Deus da predestinação que sabe o que é bom para as pessoas.)25foram comunicados a Ifá que irá, então dar a resposta apropriada através do primeiro Odù que o sacerdote de Ifá irá revelar ao arremessar a corrente divinatória. O sacerdote de Ifá pega então a corrente divinatória após oferecer algumas palavras de saudação de Ifá. Ele apressa Ifá para que dê a resposta apropriada ao cliente sem demora. O sacerdote de Ifá profere o Ibà (permissão das autoridades)26ao Ilè (a terra)27, a Olódùmaré (Deus Onipotente) e seus mestres na arte da divinação. Ele atira a corrente divinatória em frente dele mesmo e rapidamente lê e pronuncia o nome do Odù cuja assinatura ele viu. A resposta ao problema do cliente será encontrada somente neste Odù. O sacerdote de Ifá começa então a cantar os versoa do Odù que ele viu enquanto o cliente assiste e ouve. O sacerdote canta tantos versos, quantos ele conheça daquele Odù, até que ele cante um poema com uma história similar ao problema do consulente. Neste estágio o consulente o detém e pede explicações sobre aquele poema em paticular, que tem uma história de um problema semelhante ao dele. O sacerdote interpreta aquele poema em particular e menciona o sacrifício que o cliente deve fazer. Às vêzes durante o processo divinatório o cliente vai reconhecer certos problemas similares aos problemas de certos membros de sua família. Ele pode também reconhecer um poema que se relaciona a outro problema pessoal dele diferente do problema original por conta do qual ele consultou Ifá. Pode também acontecer que o cliente não saiba qual poema escolher dentre aqueles cantados pelo sacerdote. Em todos estes casos, o Ìbò será usado para esclarecer e elucidar a real mensagem de Ifá. Se, entretanto, o cliente sente que nenhum dos poemas cantados pelo sacerdote tem nada a ver com o seu problema, o sacerdote vai continuar cantando mais e mais poemas até que um deles satisfaça o cliente. Mas, se o sacerdote tiver esgotado seu estoque de poemas, ele pedirá polidamente ao cliente para voltar no dia seguinte ou outo dia marcado para então continuar a divinação. Enquanto isso, o sacerdote irá aprender mais poemas do Odù original em questão e quando seu cliente voltar, se voltar, ele irá cantar os novos poemas na
  • 14. 15 esperança de que desta vez o cliente se satisfaça. Na Sociedade Tradicional Yoruba, o sacerdote de Ifá está livre deste embaraço dado ao sistema no qual os divinadores praticam a divinação em grupos consistindo de dois ou mais sacerdotes. Quando os sacerdotes praticam Ifá desta forma, é fácil satisfazer seus clientes, já que um sacerdote substitui o outro quando seu colega já esgotou seu estoque de poemas ou simplesmente não lembra mais nenhum poema naquela ocasião em paticular. Quando o cliente está totalmente satisfeito, tanto com o poema que ele escolheu como o mais afim como o seu problema, quanto com a interpretação feita pelo sacerdote ele passa a fazer o sacrifício estipulado. Se o material requerido para o sacrifício não puder ser encontrado nas vizinhanças do local de divinação ou se o cliente não tem dinheiro para comprar o material naquele momento, o sacrifício pode ser protelado até a hora em que o cliente esteja com o material em mãos. Em certos casos o cliente pode deixar uma quantia de dinheiro suficiente para comprar o material com o sacerdote, que irá comprar o material e fazer o sacrifício em favor de seu cliente. Se o cliente é uma pessoa pobre, ele pode oferecer só uma parte do material. Um ponto importante, entretanto é que aconteça o que acontecer, o cliente deve ficar certo de que fez o sacrifício prescrito. O sistema divinatório de Ifá condena veementemente o indivíduo que evita o sacrifício prescrito para ele. Acredita-se que estes indivíduos abrem-se para o ataque dos Ajogun28 sem nenhuma ajuda ou proteção das divindades. O homem não pode, portanto esperar sucesso algum, em qualquer assunto que ele tenha cosultado Ifá, a menos que tenha feito o sacrifício prescrito. Oferenda de sacrifício, significa que as divindades sancionam aquilo que o cliente planeja fazer. E o cliente, ele mesmo, sente um prazer psicológico pela realização de que as divindades e os ancestrais estão sustentando aquilo que ele planeja fazer. Além disso, o sacrifício proporciona ao sacerdote o seu sustento diário, já que lhe é permitido ficar com certa parte da oferenda feita pelos seus clientes, para seu próprio uso mesmo que ele esteja em dúvida sobre a parte do sacrifício que ele tem direito, ele pode usar o Ibò para seu esclarecimento. O sacrifício é portanto capital para a divinação de Ifá e para a religião Yoruba como um todo. O sacrifício mantém o elo de ligação entre o cliente, o divinador, as divindades e os ancestrais, juntos num sistema de sevidão e recompensa. Quando o cliente se nega a fazer sacrifício ele torna impossível esse sistema de ação e reação. Este cliente,
  • 15. 16 portanto, comete uma violação do sistema de crença, uma vez que ele explorou as divindades para identificar seu problema e resolvê-lo, sem dar a elas a recompensa estabelecida. Logo, as divindades não só vão deixar de ajudá-lo como também podem até puni-lo por sua exploração descarada. (D) O TREINAMENTO DO SACERDOTE DE IFÁ Na sociedade tradicional Yoruba, os sacerdotes de Ifá eram os médicos, psiquiatras, historiadores e filósofos da comunidade à qual eles pertenciam. Portanto, não é surpresa nenhuma que um sistema elaborado de treinamento envolvendo tanto tempo e paciência seja a marca para aqueles que aspiram a ser sacerdotes de Ifá. O resultado é que só uma pequena parcela das pessoas completa o árduo e longo treinamento. A maioria das pessoas começa seu treinamento ainda muito jovem, geralmente entre dez e doze anos de idade e permanece com seus mestres pelos próximos dez ou quinze anos após a primeira parte do seu treinamento Ter sido completada. Na maioria dos casos os aprendizes vivem com seus mestres e o ajudam em alguns trabalhos de casa e da fazenda ou so seu jardim. O início do trino consiste em ensinar ao noviço como manipular o Òpèlè e as nozes de palmeira. O estudante aprende, nesta fase do treinamento as marcas e os nomes dos 256 Odù. Isto leva no mínimo dois ou três anos. Esta é a parte básica do treinamento que requer uma boa memória e muita paciência e dedicação por parte do estudante. Após o estudante Ter se tornado um exímio conhecedor dos nomes dos Odùs e suas marcas, ele pasa a aprender passo-apasso os poemas que pertencem a cada Odù. O sacerdote professor,cita algumas linhas de um poema e o estudante repete igual papagaio. Deste modo, os poemas curtos podem ser aprendidos a cada dia enquanto que os poemas longos podem levar muitos dias para ser aprendidos. O estudante gasta muitas horas por dia treinando os poemas que aprendeu com seu
  • 16. 17 mestre. Isto refresca a sua memória e o ajuda a saber quais poemas já aprendeu completamente e quais esqueceu. A maior parte do treinamento, entretanto é informal. O estudante aprende muito enquanto sentado ao lado do seu professor assiste como ele manipula os instrumentos de Ifá e como ele canta os versos de Ifá para seus clientes. O estudante às vêzes ajuda seu mestre a preparar os remédios ou procura o material necessário para os sacrifícios. Desta maneira o futuro sacerdote reforça seus conhecimentos a respeito das coisas que ele já aprendeu e aprende novos poemas e novas fórmulas medicinais. Uma outra parte importante do treinamento do sacerdote de Ifá consiste no aprendizado dos sacrifícios que são feitos junto com cada poema. Aqui, o estudante deve aprender detalhes minuciosos tais como o nome dos materiais necessários ao sacrifício e como o material deve ser preparado para o sacrifício e como o material deve ser preparado para o sacrifívio; se deve ser cozido, colocado no altar (santuário), de uma divindade em particular, levado para o rio ou para a encruzilhada. Como foi dito acima o estudante de Ifá aprende um pouco de medicina populara com seu mestre. Esta é uma parte muito importante do treinamento do sacerdote de Ifá, e como será visto adiante, alguns sacerdotes escolhem esta área para especializarem-se na sua pós-iniciação. Nenhum sacerdote pode Ter uma prática bem sucedida se ele nada sabe de medicina, já que muitas pessoas procuram o sacerdote para ajuda médica para curar seus males. Quando o sacrdote está satisfeito com o estudante e este já aprendeu bastante sobre as várias coisas listadas acima, ele permite que o estudante se inicie. Iniciação é o climax de vários anos de duros estudos e é celebrada com a pompa e dignidade próprias. O futuro sacerdote é levado à floresta onde vários sacerdotes graduados o examinam nas diferentes áreas nas quais ele recebe instruções. Eles também o aconselham a aceitar sem restrições os segredos e a ética de sua profissão. Ele volta da floresta como um sacerdote completo e fica sendo conhecido por toda a comunidade como babaláwo ( pai dos segredos da divinação). Ele pode estabelecer-se sozinho ou com seus companheiros. A iniciação, no entanto, não é o fim do treinamento do sacerdote de Ifá; para a educação de um verdadeiro babaláwo é preciso toda uma vida. O treinamento pós-iniciação é altamente observado por todos os sacerdotes de Ifá. esta parte do treinamento dos sacerdotes de Ifá envolve especialização geralmente em medicina ou no aprendizado de poemas e áreas não cobertas pelo seu treinamento anterior.
  • 17. 18 Este aspecto do treinamento muitas vêzes leva o sacerdote para longe de sua casa. Se por exemplo o mais famoso sacerdote de Ifá na área de medicina mora a cento e cinquenta quilómetros de distância de sua casa, o babaláwo em pósiniciação vai para lá e fica por alguns anos para aprender os segredos daquele ramo da medicina. O treinamento da pósiniciação geralmente leva o babaláwo para longe de sua casa e neste contexto ele aprende mais sore outras pessoas e faz amigos em lugares distantes. Isto dá ao sacerdote um refinamento de sua personalidade o que faz dele uma pessoa especial entre os seus companheiros, como uma pessoa bem inforamada, viajada e bem desciplinada. Através dos longos e sistemáticos anos de treinamento descritos acima, os sacerdotes de Ifá sucederam-se na transmissão dos mais importantes ingredientes do seu repertório de uma geração para a outra sem adulteração. Isto mostra que sociedades não-letradas podem se desenvolver, preservar, e transmitir os seus principais conhecimentos académicos, sem saber a arte da escrita. Os sacerdotes de Ifá podem ser considerados os intelectuais tradicionais deste sistema oral, e seus longos anos de treinamento os coloca fora do resto da sociedade como versado, paciente, dócil e humilde portador da tradição Yoruba. A sobrevivência dos ingredientes da tradição Yoruba através dos turbulentos anos daquela cultura, dependem em grande parte deste empedernido grupo de discípulos e bem informados “pais dos segredos da divinação de Ifá”. (E) UM LUGAR NA RELIGIÃO TRADICIONAL YORUBA O treinamento dos sacerdotes de Ifá e a mitologia de Ifá descritos acima dão a esta divindade uma posição única dentre as incontáveis divindades da religião tradicional Yoruba. Uma vêz que ele é denominado Obarìsà (rei das divindades) pelos sacerdotes de Ifá. Esta posição de rei que Ifá ocupa entre as divindades Yoruba é o resultado de diversos fatores. Em primeiro lugar Ifá é o porta-voz das divindades e dos ancestrais. É através da divinação de Ifá que os seres humanos podem se comunicar com as divindades e com os ancestrais. Sem ele e sem o sistema divinatório, os seres humanos teriam dificuldade de alcançar os poderes divinos e obter seu favorecimento nas horas de necessidade. Além disso, Ifá representa um ramo especial da religião Yoruba por causa do seu aspecto intelectual. Neste sentido Ifá é mais que um ramo da religião Yoruba. Ifá é o meio pelo
  • 18. 19 qual a cultura Yoruba se reforma e se regenera e preserva tudo que é considerado bom e memorável naquela sociedade. Ifá é a cultura Yoruba no seu verdadeiro senso dinâmico e tradicional. Ifá é um meio pelo qual uma sociedade não letrada esforça-se para manter e disseminar sua própria filosofia e valores a despeito dos lapsos e imperfeições da memória humana na qual o sistema é baseado. Não é surpresa, portanto qeue Ifá signifique tanto para o povo Yoruba, na sociedade tradicional Yoruba, a vida de cada homem, do nascimento até a morte é dominada e regulada por Ifá. Nenhum homem toma nunhuma decisão importante sem consultar o deus da sabedoria. Todos os importantes ritos de passagem como cerimonia do nome, coroaçõa de reis e cerimónias fúnebres, tem que se sancionados e autenticados por Ifá. a voz das divindades e a sabedoria dos ancestrais. Este é o sentido dos seguintes versos: (Ifá é o senhor de hoje, Ifá é o senhor do amanhã; Ifá é o senhor de depois de amanhã; A Ifá pertence todos os quatro dias criados pelas divindades na terra) Mas, Ifá é mais que um sistema Yoruba; traços deste fascinante sistema podem ser encontrados em várias outras culturas do Oeste da África, principalemte entre os Edo, Igbo, Ewe, Fon, Jupe, Jukun, Borgu e outros grupos étinicos do Oeste da África. O estudo detalhado de Ifá e dos sistemas relacionados a divinaçõa de Ifá entre estas culturas do Oeste da África, ainda estão para serem explorados. O que sabemos no momento é que entre os Yoruba, Ifá foi tão intimamente identificado com a mitologia, folclore, medicina popular, história, religião e sistemas de valores da cultura,que é quase sinônimo da própria cultura Yoruba. II. OS ODÙ OU CATEGORIAS DA DIVINAÇÃO DE IFÁ
  • 19. 20 Como mencionamos acima, existem 256 categorias de poesia na coleção de escritos de Ifá. Cada uma destas categorias é chamada de Odù. Cada Odù como será visto adiante tem sua própria assinatura e caráter. O trabalho do sacerdote de Ifá é reconhecer a assinatura de cada um dos Odù e a inerpretação de suas características do ponto de vista literário, mitológico e religioso; e os Yoruba acreditam que os Odù são divindades em sí mesmos, e que eles como outras divindades , desceram do Òrun na cidade de Ifè. Acredita-se também que o Odù foi enviado por Olódùmarè (o Deus Onipotente Yoruba) para substiuir Òrúnmìlà na terra após o retorno deste para o Òrun . Cada Odù tem 600 (seiscentos) Ese (poemas) que o identificame lhe dá um caráter distinto. É parte do treinamento do sacerdote de Ifá estar apto a distinguir entre os Ese aqueles que pertencem a cada um dos Odù sem cometer erros ou misturá-los. Os nomes dos 256 Odù são baseados em 16 nomes genéricos da onde os nomes dos Odù são derivados. Cada um destes 16 nomes básicos corresponde a um dos 16 padrões possíveis de divinação em um dos braços da corrente divinatória ou um dos lados das marcas feitas no pó divinatório. Desde que ambos, o pó divinatório e a corrente divinatória são lidos da direita para a esquerda, como Árabe, o padrão do lado direito é considerado básico e é nele que os 16 nomes genéricossão baseados. A seguir temos os 16 padrões básicos das marcas impressas colocadas em ordem cronológica.30 (1)OGBÈ (2)ÒYÈKÚ (3)ÌWÒRÌ (4) ÒDÍ I I I I II II II II II I I II I II II I (5)ÌROSÙN I I II II (6)ÒWÓRÍN II II I I (7)ÒBÀRÀ I II II II (8)ÒKÀNRÀN II II II I
  • 20. 21 (9)ÒGÚNDÁ I I I II (10)ÒSÁ II I I I (11)ÌKÁ II I II II (12)ÒTÚRÚPÒN II II I II (13)ÒTÚÁ I II I I (14)ÌRETÈ I I II I (15)ÒSÉ I II I II (16)ÒFÚN II I II I Os 256 Odù de derivam dos 16 padrões genéricos; estão arranjados em dois grupos. O primeiro grupo e mais importante é o Ojú Odù ( principal ou maior). São 16 em número e baseados na duplicação de cada um dos 16 padrões genéricos. Portanto a palavra èjì ou méjì (dois) acompanha cada um dos seus nomes como prefixo ou sufixo. Assim nós temos Èjì Ogbè (dois padrões de Ogbè) que é uma duplicação do padrão (I) acima. Em outras palavras, quandose vê o mesmo padrão genérico na esquerda e na direita, a assinatura é de um Ojú Odù para o qual o nome Èjì + X ou X + Méjì será escrito. A lista completa dos nomes dos 16 principais Odù em ordem de antiguidade segue-se: Em que X é um dos padrões de 1-16 abaixo. 1 ÈJÌ OGBÈ 3 ÌWÒRÌ MÉJÌ 5 ÌROSÙN MÉJÌ 7 ÒBÀRÀ MÉJÌ 9 ÒGÚNDÁ MÉJÌ 11 ÌKÁ MÉJÌ 13 ÒTÚÁ MÉJÌ 15 ÒSÉ MÉJÌ 2 ÒYÈKÚ MÉJÌ 4 ÒDÍ MÉJÌ 6 ÒWÓNRÍN MÉJÌ 8 ÒKÀNRÀN MÉJÌ 10 ÒSÁ MÉJÌ 12 ÒTÚRÚPÒN MÉJÌ 14 ÌRETÈ MÉJÌ 16 ÒFÚN MÉJÌ EM QUE X É UM DOS PADRÕES DE 1-16 ACIMA
  • 21. 22 O segundo grupo de Odù são chamados Omo Odù ( filho do Odù ou Odù júnior) ou Àmúlù ( padrão misto). Estes são baseados na organização com qualquer par dos 16 padrões genéricos lado a lado desde que não sejam iguais. Assim se pegarmos o padrão (1) como ponto de partida na direita e colocarmos qualquer um dos outros 15 na esquerda, nós teremos a assinatura de 15 Odù juniores diferentes. Da mesma maneira se pegar-mos o padrão (2) como ponto de partida e arranjarmos um dos outros 15 padrões (incluindo o padrão 1) no seu lado esquerdo, isto nos trará a assinatura de mais 15 outros Odù. Se fizermos isto em cada um dos 16 padrões genéricos, de maneira que nenhum padrão apareça mais que uma vez do lado direito nós chegaremos a 240 Odù juniores. Como no caso dos 16 Odù principais, há uma ordem cronológica entre os Odù juniores. Os nomes dos 30 Odù mais velhos entre os juniores são dados abaixo em ordem de senioridade. 1. OGBÈYÈKÚ 4. ÌWÒRÌBOGBÈ 7. OGBÈROSÙN 10.ÒWÓNRÍNSOGBÈ 13.OGBEKÀNRÀN 16.ÒGUNDÁBÈDÉ 19.OGBÈKÁRELÉ 22.ÒTÚÚRÚPONGBÈ 25.OGBEATÈ 28.ÒSÉOGBÈ 2. ÒYÈKÚLOGBE 5. OGBÈDÍ 8. ÍROSÙNGBÈMÍ 11.OGBÈBÀRÀ 14.ÒKÀNRANSODÈ 17.OGBÈRÍKÚSÁ 20.ÌKÁGBÈMÍ 23.OGBÈALÁRÁ 26.ÌRÈNTÉGBÈ 29.OGBÈFÚN 3. OGBÈWÈYÌN 6. IDINGBÈ 9. OGBEHÚNLÉ 12.ÒBÀRÀBOGBÈ 15.OGBÈYÓNÚ 18.OSÁLOGBÈ 21.OGBÈTÓMOPÒN 24.ÒTÚÁORIKÒ 27.OGBÈSÉ 30.ÒFÚNNAGBÈ Cada um dos 256 Odù tem uma característica específica associada com ele. Por exemplo, Èjì Ogbè, o primeiro e mais importante Odù, acredita-se que segnifica boa sorte, nquanto que Ìretè Méjì o décimo quarto Odù, significa morte. O décimo terceiro Odù Òtúá Méjì por outro lado, conta a história do Islam e a introdução daquela religião na terra Yoruba. 31 A maioria dos poemas em cada Odù contém histórias relacionadas ao caráter ou tema do Odù concernente. Logo existem 256 caracteres maiores na coleção de escritos de Ifá. Mas, existem alguns poemas em cada Odù que nada têm a ver com o tema principal do Odù concernente. Assim, em ÈgÌ Ogbè nem
  • 22. 23 todos os poemas vão conter o tema de “boa sorte” e em Ótúrá Méjì nem todos os poemas vão falar sobre o Islam. Acredita-se que cada um dos 256 Odù contenham relação com uma das divindades. O Odù que se relaciona a uma divindade em particular , diz-se que pertence àquela divindade. O que isto significa é que os mitos daquela divindade estão contidos no seu Odù, de forma que muitos poemas naquele Odù vão conter histórias sobre aquela divindade. Além disso, quando a asinatura do Odù que pertence a uma divindade em particular aparece, será dito ao cliente que ofereça sacrifícios àquela divindade. Assim, quando a assinatura de Ògúndá Méjì, o nono Odù, que acredita-se pertença a Ògún ( a divindade da guerra e da caça), é encontrada, o cliente deve oferecer sacrifívios a Ògún. A crença do sacerdote de Ifá e do seu cliente é a de que Ògún ajudará o cliente a resolver seus problemas, desde que o cliente realize o sacrifício prescrito. Pode-se dizer que o Odù ajuda a dar sentido e esclarecimento aos milhares de poemas ( 256 x 600 ) que acredita-se existir na coleção de textos de Ifá. Sem o Odù seria difícil categorizar os importantes temas encontrados nesses numerosos poemas. Além disso, ligando-se cada Odù a uma divindade paticular a coleção de escritos fica mais próxima da religião Yoruba e do sistema de crenças de tal modo que cada divindade do elaborado panteão da mitologia Yoruba pode então falar ao da cliente através do Odù que lhe pertence. Isto, então, revela um lugar para cada divindade na coleção de escritos de Ifá, fazendo de Ifá a voz das divindades. (III) OS POEMAS (ESE) DA COLEÇÃO DE ESCRITOS DE IFÁ ESTRUTURA DOS ESE IFÁ32 Conforme mencionado, cada Odù contém muitos poemas conhecido pelos Yoruba como Ese. Alguns destes poemas são longos equanto que outros são muito curtos, mas , sendo longos ou curtos, existe uma sequència lógica na organização, nos elementos de cada poema de Ifá. Este arranjo sequencial dos elementos é o que “eu” denomino “estrutura”. Cada poema de Ifá tem um máiximo de oito e um mínimo de quatro partes estruturais. Os poemas que têm quatro partes são geralmente curtos e esteriotipados. Eles são denominados pelos sacerdotes de Ifá de “ Ifá Kéékèèkéé”( pequenos poemas de Ifá). Eles são na realidade , formas encurtadas de pomas mais longos. A maioria dos versos encontrados na coleção de escritos de Ifá, entretanto, tem mais que quatro partes (A)
  • 23. 24 estruturais. Entre este grande grupo de poemas, que têm mais de quatro partes, existem alguns em cujas partes IV-VI foram incomumente alongadas. Este tipo de poema é cohecido como “Ifá nláálá”33 ( poemas longos de Ifá). Todo verso de Ifá inicia-se com uma apresentação do nome do sacerdote de Ifá que pe tido como aquele que no passado efetuou a divinação que forma a matéria do poema. Estes nomes são apelidos ou nomes de louvor dos sacerdotes de Ifá. Esta primeira parte (i) da estrutura do verso de Ifá é muito observada pelo sacerdote, uma vez que sem evocar os nomes destas autoridades do passado, o poema de Ifá fica destituido de sua importância mítica. Esta parte do verso de Ifá, portanto dá autenticidade a cada poema como um acontecimento verdadeiro que realmente ocorreu no passado. Os nomes mencionados na parte (i) podem ser nomes de ser humano, podem ser nomes de animais ou plantas que são, para os propósitos da história, no poema consernente, personificados como se fossem capazes de narrar uma história coerente que será compatível com a totalidade do poema de Ifá. Então quando o sacerdote se refere aos nomes encontrados nesta parte do poema, como nome de sacerdote do passado, nós podemos entender seu clamor como verdadeiro, mas só no sentido espiritual ou simbólico. A parte (ii) da estrutura do poema, menciona o nome(s) do cliente(s) para quem os divinadores em (i) acima fizeram divinação. O cliente menciondado aqui pode ser um ser humano ou uma comunidade inteira. Como na parte (i) acima, estes nomes de clientes podem ser nomes reais ( históricos) ou níticos; de pessoas ou lugares. Mas, uma vez que o sacerdote de Ifá , acredita seram estes nomes de pessoas ou lugares, nomes verdadeiros, esta parte do poemade Ifá fortifica a autenticidade aclamada pelo sacerdote para o seu repertório. A terceira parte (iii) do poema de Ifá menciona a razão ou ocasião da divinação passada, em questão. Esta posição do repertório do sacerdote trata do motivo da divinação passada engrandecendo o valor mítico do poema de Ifá. A Quarta parte(iv) dos poemas nos diz o que o cliente, na divinação passada, teve que fazer . Esta seção geralmenteinclui aluns detalhes como os sacrifícios, tabús e conselhos que o cliente foi aconselhado a seguir. Além disso, a lista das coisas para o sacrifício pode estar escrita. Esta seção de poema refresca a memória do sacerdote de Ifá sobre que tipo de sacrifício. Ele deve prescrever para o seu cliente e que conselhos deve dar. Ademais, esta parte justifica o sacerdote quando ele lista, para seu cliente, os sacrifícios que ele terá que fazer, e o reconhecimento do cliente de que estes sacrifícios foram
  • 24. 25 oferecidos por outras pessoas, o faz acreditar na eficácia do sacrifício. A parte (v) trata de esclarecer se o cliente seguiu ou não o conselho que lhe foi dado em (iv)acima. Por exemplo, o cliente fez o sacrifício precrito? Até que ponto ele observou os conselhos dados pelo sacerdote. É necessário esclarecer todos esses detalhes aqui par ajustificar o resultado da divinação em (vi)abaixo. A parte (vi) nos fala do resutado da divinação, por exemplo, se o cliente fez o sacrifício e fez todas as coutras coisas que lhe foram incicadas, o que foi que aconteceu com ele? Ele alcançou seu propósito, como colocado em (iii) acima? O que geralmente acontece é que se o secerdote de Ifá fez o sacrifício e obserbou todos os outros detalhes, esta parte do poema irá mostrar que ele conseguiu seu objetivo, mas se falhou com o sacrifício ele não alcançará o que originalmente ele pretendia. Esta parte do poema de Ifá, mostra em exemplo concreto para as pessoas das consequencias de negligenciar o sacrifício e que resposta pode esperar aquele que fez o sacrifício. A parte (vii) nos mostra a reação do sacerdote de Ifá ao desfecho da divinação. Assim, se o resultado da divinação em (vi) é favorável ao cliente, ele irá reagir com alegria, mas de for desfavorável, sua reação será de arrependimento. Esta parte da estrrutura do poema é importante porque nos mostra a avaliação do cliente quanto a sua própria ação e fortalece mossa crença na necessidade da pessoa fazer sacrifício. A parte (viii) é apresentada em forma de conclusão para a história inteira. Esta parte do poema pode resaltar o tama da história ou mencionar a importância do sacrifício. De certo modo esta parte é a avaliação do sacerdote de Ifá daquilo que ele considera importante ou memorável na história como um todo.daí, a parte ( viii) ser geralmente apresentada em termos didáticos. O que se viu até aqui é que a poesia de Ifá é um tipo de poesia histórica.34 Toda poesia de Ifá é uma tentativa de narrar, através da estrutura peculiar da poesia divinatória, coisas que o sacerdote de Ifá foi ensinado a acreditar, que aconteceram deveras no passado. Narrando estas histórias do passado, o sacerdote de Ifá acredita que seu cliente pode detectarr situações semelhantes
  • 25. 26 as dele mesmo e advertir sua própria pessoa do melhor a ser feito à luz da história passada que ele ouviu do sacerdote. A poesia divinatória de Ifá é tida como um registro das atividades das divindades e dos ancestrais na terra. Numa cultura cuja estrutura política e social é baseada em divindade dos reise na sabedoria dos mais velhos, tais atividades passadas são muito valorizadas e respeitadas por todos. Todas as partes dos versos descritas acima poderiam ser cantadas ou recitadas pelo sacerdote durante a divinação. A parte( viii) é invariávelmente apresentada em forma cantada. Esta parte pode ser cantada mesmo pelo cliente ou pelo estudante do sacerdote maior presente durante a divinação. Enquanto cantando ou recitando qualquer poesia de Ifá, o sacerdote tenta ficar tão perto quanto possível das partes originais( i-iii) e da parte ( viii) como lhe foram passadas por seu professor. Ele não está autorizado a acrescentar suas próprias palavrasou subtrair qualquer coisa desta parte do repertório. Ele é, entretanto, livre para usar sua própria linguagem enquanto vertendo as partes (iv-vii), enquanto ele estiver consciente da principal trama, bem como das caractrísticas da história como um todo e mantiver o tema original. Assim, enquanto o sacerdote de Ifá não tem permissão para inovar em certas partes do seu repertório , ele tem permissão de , até certo ponto, criar em outras. Os versos curtos de Ifá (Ifá Kéékèèkéé) mencionados acima , geralmente têm quatro partes a saber: (i),(ii),(iii) e (viii). Todos os outros versos usam todas ou algumas das oito partes estruturais vistas acima. Mas, praticamente todos os versos de Ifá contém as partes (i-iii), bem como a parte ( viii). Assim, no trabalho de construção da poesia divinatória de Ifá podemos dizer que as partes (i-iii) e (viii) são obrigatórias enquanto que as partes (iv-vii) são opcionais. O poema de Ifá seguinte é apresentado para mostrar um exemplo das oito partes estruturais da poesia divinatória de Ifá, como analisado abaixo.
  • 26. 27 Parte (i) O sacerdote de Ifa chamado Gbónkólóyo Parte (ii) Jogou Ifá para caçador. Parte (iii) Que estava indo para caçar em sete florestas e sete desertos. Parte (iv) Foi dito que ele fizesse sacrifício para segurança própria e da espedição. Parte (v) E ele fez sacrifício. Parte (vi) Após Ter feito sacrifício, Ele derrotou seus inimigos da direita, Ele derrotou seus inimigos da esquerda. Ele capturou escravos, Ele reuniu muitos saques de guerra. Parte (vii) Ele disse que aconteceu exatamente Como seu sacerdote de Ifá usou sua voz em louvor de Ifá. parte (viii)Bem vindo caçador aclamado Bem vindo caçador de louvor. Caçador, nós te saudamos, Nós te damos boas vindas e te aprovamos.
  • 27. 28 (B) ASPECTOS DO ESTILO NO POEMA DE IFÁ A poesia de Ifa é muito rica em linguagem e formas de estilo. Uma relação detalhada de todas as características de estilo e linguagem deste rico genero poético não pode ser tentada aqui por uma questão de limitação de espaço. Aqui, será suficiente mencionara alguns dos dispositivos poéticos e discutir um deles. Algumas das mais características formas de estilo encontradas no poema de Ifá são: a repetição, palavra cantada, personificação, metáfora, paralelismo e onomatopéia. Uma relação detalhada dos modos de ocorrência destas formas de estilo foi tentada em outro local.36 Na vião do presente investigador a repetição é a mais importante forma de estilo encontrada na poesia divinatória de Ifá. uma relação detalhada desta forma de estilo segue-se agora. Exitem cinco tipos de repetição encontrados na poesia de Ifá, a saber: (i) (ii) (iii) (iv) (v) Repetição estrutural. Repetição temática. Repetição linear. Repetição léxica e silábica. Aliteração e assonância. Como ficará evidente nas páginas seguintes, muitas destas formas de repetição ocorrem frequentemente juntas. Mas, para que fique mais claro, cada um destes tipos acima será tratado separadamente. (i) Repetição estrutural Uma das instancias mais comuns de ocorrencia de repetição nos poemas de Ifá é a repetição de partes da estrutura dos poemas de Ifá.
  • 28. 29 Conforme colocado acima os versos de Ifá têm uma estrutura em oito partes. A repetição estrutural entra no repertório do sacerdote de Ifá, após ele Ter dito a sétima parte do seu material. A repetição estrutural frequentemente envolve as partes (i),(ii),(iii) e algumas vezes em parte ou a totalidade das partes (iv),(v) e (vi) antes que o sacerdote de Ifá finalmente cante a parte (viii). Assim, a repetição estrutural envolve a repetição de algumas ou de todas as seis priemeiras partes ( i.e. vii a viii). Sempre que a repetição estrutural ocorre no poema de Ifá somente as partes (i)-(iii) são constantes; as partes (iv)-(vi) podem ou não ser incluidas de maneira nenhuma. Além disso, quando as partes (iv)-(vi) são incluidas, a estrutura gramatical das sentenças envolvidas podem ser mudadas para com o intuito de adequar-se ao propósito de alcançar um bom canto vocal. Portanto, o sacerdote de Ifá pode ou não repetir as partes (iv)-(vi) palavra por palavra. Isto não é surpresa, desde que, como dissemos antes, as partes (iv)-(vi) formam a porção dinâmica da estrutura do poema de Ifá, onde o sacerdote de Ifá tem licença para usar sua própria linguagem. Assim, nos exemplos abaixo, a linha sete é excluida do material quando o sacerdote está repetindo seu material. O material seguinte mostra a repetição das partes (i)-(vi) em um poema de Ifá.
  • 29. 30 Parte (i) Havia vinte pessoas com kéké marcas faciais.38 Havia trinta pessoas com àbàjà marcas faciais. Havia cinquenta pessoas com Kolo marcas faciais. Pate (ii) Jogaram Ifá para Odúnmbákú,39 Que era o filho de Àgbonnìrègún. Pate (iii) Foi dito que ele deveria fazer sacrifício para & (iv) para prevenir morte iminente. Foi dito para ele oferecer sacrifício com ìrànà (galinha)40 parte(v) Ele fez conforme lhe disseram. Parte(vi) E ele não morreu. Parte(vii)Ele estava dançando, Ele estava regozijando-se, Ele louvou seu sacerdote de Ifá
  • 30. 31 Enquanto que o seu sacerdote louvava Ifá Conforme ele abriu um pouco a sua boca, A música de Ifá nela penetrou. Quando ele esticou suas pernas, A dança as puxou. ................ Parte(i) Havia vinte pessoas com Kéké marcas faciais. Havia trinta pessoas com àbàjà marcas faciais. Havia cinquenta pessoas com kolo marcas faciais Parte (ii) Jogaram Ifá para Odúnmbákú Que era filho de Àgbonnìrègún. Parte(iii) &(iv) Disseram para ele fazer sacrifício para Prevenir morte iminente. Parte (v) Ele fez conforme foi dito. Parte(vi) E ele não morreu. .......................... Parte(viii)No ano que eu devia Ter morrido, A morte levou minha galinha, Minha própria galinha. Minha galinha ìrànà, Que eu oferecí como sacrifício, Foi levada pela morte. (ii) Repetição temática A repetição temática envolve a constante repetição do assunto de um poema de Ifá em diversas partes do mesmo poema como forma de ênfase. Este tipo de repetição mostra-se de forma destacada no “Ifá nlánlá” ( poema longo de Ifá)que é geralmente longo e separado em partes tanto no tema como na forma de apresentação. O valor da repetição temática neste tipo de poesia é portanto o de identificar para nós, por repetição constante, o ponto que aparece como mais importante para o sacerdote de Ifá no seu material, de forma que não reste nenhuma dúvida quanto a sua mensagem.
  • 31. 32 A repetição temárica geralmente ocorre nas partes (iv)-(vi) da estrutura do poema de Ifá. conforme já mencionado, estas são as partes criativas e dinâmicas da poesia divinatória. (iii) Repetição linear É de longe o mais importante tipo de repetição encontrada na poesia divinatória. Dois tipos de repetição linear podem ser identificados nos poemas de Ifá: completa e parcial. A repetição linear completa envolve a repetição de uma ou mais linhas do poema de Ifá. Este tipo de repetição é usado tanto para ênfase quanto para satisfazer o que este investigador decreve em outro local,41 como elemento de ficção em poesia de Ifá. Conforme o sacerdote aprende os versos de Ifá durante seus longos anos de treinamento, e também aprende ao mesmo tempo que parte de seu repertório deve ser repetido, duas, três, quatro ou mais vezes. Sempre que ele encontrar algum material desse tipo, ele é obrigado a repetir o verso(s) envolvido da maneira especificada pelos dogmas de sua crença. Nós, achamos, portanto que a repetição linear completa sempre envolve a repetição de um ou mais versos por um número qualquer de vezes, de duas a dezesseis vezes. Os versos repetidos podem seguir-se uns aos outros diretamente no texto ou podem estar espalhados entre outros versos. Que, portanto, os versos envolvidos podem ser repetidos a cada três, quatro, cinco ou dezesseis linhas. O exemplo seguinte mostra a repetição de um grupo de versos quinze vezes. No total, são envolvidas quarenta e cinco linhas de poesias, o que forma mais da metade do número total de linhas nesse poema de Ifá.
  • 32. 33 “Nígbà èkíní, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkejì, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èketa, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkerin, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkaàrún, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkefà, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkeje, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkejo, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkesàán, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkewàá, Mo Wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkokànlá, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkejílá, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èketàlá, Mo wolé Óníkàámògún. Èmi ò bá Óníkàámògún nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. nlé. Na primeira vez,43 Eu fui à casa deÓnikàámògún. Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na segunda vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na terceira vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na quarta vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na quinta vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na Sexta vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na sétima vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na oitava vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na nona vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa. Na décima vez, Eu fui à casa de Ónikàámògún Eu não achei Ónikàámògún em casa.
  • 33. 34 Nígbà ekerínlá, Mo wolé Óníkàámògún. Ó wáá kù dèdè . Mo wáá bá Oníkàámògún, Èmi ò bá Óníkàámògún Nígbà èkèédógún, Èmi ò bá Óníkàámògún nlé. Mo wolé Óníkàámògún nlé Kí nwo káà kerìndínlógún Ó kawó Ifá, Ó fi lérí. Ó faso àká bora...”42 Na décima primeira vez... Na décima segunda vez... Na décima terceira vez... Na décima quarta vez... Na décima quinta vez... Mas,comforme eu estava indo Para entrar no décimo sexto apartamento do palácio. Eu encontrei Óníkàámògín. Ele colocou um punhado de instrumentos de divinação na sua cabeça. Ele cobriu-se com roupa àká.44
  • 34. A repetição linear incompleta caracteriza-se pela repetição de parte de uma ou mais linhas par ênfase. A repetição pode ocorrer no começo, no meio, ou no final de uma linha concernente. Mais ainda, a linha repetida pode estar misturada à outras linhas de forma que teremos uma repetição incompleta em todas as alternativas,na quarta, quinta ou sexta linha. No exemplo seguinte, as palavras ó ní na linha 1 saõ repetidas na linha 4, enquanto que os itens la jo ns podem ser encontrados nas linhas, 1,4 e 7. As duas primeiras palavras na segunda linha, tètè móo são repetidas nas linas, 3,5,6,8 e 9. Ó ní àwa agba la jo nsegbo. Tètè, móo rìn, Tètè, móo yan. Ó ní àwaa ìjòkùn la jo nsodan. Tètè, móo rìn, Tètè, móo yan. Àwaa keekéè la jo nsÒyó Àjàká. Tètè, móo rìn, Tètè, móo yan...45 Ele disse que ele e agba viviam na floresta. Tètè, anda por toda parte livre. Tètè, anda por toda parte em paz. Ele disse que ele e Ìjòkùn viveram no pasto. Tètè, anda por toda parte livre. Tètè, anda por toda parte em paz. Ele e tètè viveram em Òyó Àjàká. Tètè, anda por toda parte livre, Tètè, anda por toda parte em paz. (iv) Repetição léxica e silábica A repetição léxica nos poemas de Ifá envolve a repetição apenas de palavras, enquanto uqe a repetição silábica envolve a repetição somente de sílabas. Estas formas de repetição podem ser usadas para ênfase, para embelezar o rítimo da poesia , ou para obter jogo de palavras. As duas formas de repetição às vezes ocorrem juntas. Os exemplos seguintes mostram repetição léxica e silábica nos itens marcados.
  • 35. Ká fefun tólé, Ka fosùn tólé ìlèkè. Àkódá orí kìí gbálè ojà gbé si. A dia fÉjì Òbàrà Níjó ti won nlo lee sebo suru suru Nílé Olófin. Èjì Òbàrá ká orí, Ó tè é móyè. Ó ní òún le rire Nilé Olófin báyìí?46 Pintemos a casa do dinheiro com giz, Pintemos a casa das pedras preciosas com osun. O primeiro orí a ser criado não está na parte dos fundos do mercado sem sorte. Foi divinado Ifá para Èji Òbàrá. No dia em que eles estavam indo oferecer sacrifício No palácio de Ólófin. Èjí Òbàrà colocou os instrumentos de divinação na cabeça, E imprimiu Ifá no pó divinatório. Ele perguntou se iria tornar-se próspero Na casa de Olófin. A palavra ká na primeira linha do texto Yoruba acima é repetida nas linhas 2 e 7, enquanto que a palavra tólé ocorre nas linhas 1 e 2. A palavra orí, na linha 3 é repetida na linha 7. a terceira pessoa do singular (ó) na linha 8 ocorre em posição idêntica na linha 9. a sílaba lè em ílèkè (linha 2) é repetida em gbálè ( linha 3). A sílaba lo em nlo na linha 5 ocorre também em Olófin. Nas linhas 5 e 6 destaca-se a sílaba ní em nílé e níjó. (v) Aliteração e assonância Alguns tipos de repetição discutidos acima com freqüência envolvem consoantes e vogais. Aliteração e assonância podem entretanto, ocorrer em posições onde as outras formas de repetição discutidas acima estão ausentes. Estas duas formas de repetição enriquecem o rítimo da parte do verso de Ifá onde elas ocorrem. Ainda mais, as consoantes e vogais repetidas dão proeminência às sílabas e palavras das quais elas tomam parte e podem, portanto, servir para enfatizar esses itens léxicos.
  • 36. Nos exemplos dados abaixo sobre repetição léxica e silábica, a fricativa muda lábio dental (f) ocorre duas vezes na mesma palavra fefun (linha 1)e uma vêz na palavra fosùn ( linha 2). A mesma consoante pode ser achada no nome pessoal Olófin (linha 6) e em fÉjì ( linha 4). Na linha 3, a consoante vocal lábio velar (gb) ocorre em gbalé e em gbé ( linha 3). Os exemplos seguintes mostra o uso da assonância nos versos de Ifá. Ìji kìí jà, Kó gbódó. Ìji kìí já, Kó gbóló...47 O remoinho de vento não sopra Mas, leva embora o pilão. O remoinho de vento não sopra, Mas, leva a mó. Neste exemplo acima existe uma concentração deliberada de sons de (i) nas linhas I e II, sons de (ó) nas linhas 2, e (o) na linha 4. (C) O CONTEÚDO DO VERSO DE IFÁ
  • 37. Conforme já foi mencionado, o verso de Ifá é uma tentativa de um povo não letrado, de preservar e disseminar os ingredientes de sua própria cultura. O Yoruba tem os versos de Ifá como um repositório de sua cultura. Eles acreditam que os versos de Ifá contêm a sabedoria acumulada de seus ancestrais através da história. O verso de Ifá, portanto contém tudo que é considerado memorável na cultura Yoruba através dos tempos. Não é de surpreender, portanto, que o conteúdo do verso de Ifá cubra toda a extensão da cultura Yoruba. Nas páginas seguintes nós identificaremos e discutiremos alguns dos mais importantes temas encontrados na poesia divinatória de Ifá. Os Yoruba consideram o verso de Ifá como uma coleção de poemas históricos nos quais os fatos verdadeiros da cultura Yoruba são preservados. Uma avaliação dos versos de Ifá como fonte de evidência histórica já foi tentada em outro local.48 Pelo presente investigador que declarou que os poemas divinatórios de Ifá contêm importantes alusões a fatos históricos da cultura Yoruba. O historiador deve, no entanto, encontrar corroboração para estes fatos em outro local da história oral da cultura Yoruba ou comparando diferentes versões da mesma história contada por diversos divinadores. Os versos de Ifá são especialmente importantes com parte da informação sobre a história da cultura Yoruba que é geralmente negligenciada pelos cultos historiadores ocidentais da cultura Yoruba, que estão mais afeitos à história política e econômica. O verso de Ifá é nossa principal fonte de informação sobre mitologia Yoruba. Como já mencionamos, existem alguns Odù, cujas histórias contêm os mitos de algumas divindades Yoruba. Por exemplo, Òkànrán Méjì contém os mitos de Xangô, enquanto que Ogundá Méjì contem os mitos de Ògún. Estes Odù nos falam sobre a vida destas divindades, quando elas estavam aqui na terra, sua relação com as outras divindades e sua importância para a cultura tradicional Yoruba. As divindades são pintadas são pintadas nos versos de Ifá como forças benevolentes, que estão sempre prontas a ajudar o homem a resolver seus problemas. As divindades representam ordem, autoridade, disciplina e a perpetuação dos valores da cultura yoruba. Eles ficam, entretanto, algumas vezes, zangados com os homens quando eles vão contra as regras dos valores morais divinamente sancionados. Mas, geralmente a poesia de Ifá se apresenta a nós como uma coleção de mitos que mostra as divindades Yoruba como amigas do homem. Os poemas divinatórios de Ifá também nos falam dos conflitos entre as divindades e os Ajogun, um nome coletivo usado para
  • 38. descrever as forças do mal. Entre estas forças estão: Ikú ( morte), Àrùn ( doença), Òfò ( perda), Èpè ( maldição),Ègbà (paralisia), Òràn ( problema), Èwòn ( prisão), e Ese(aflição). Esta oito coisas que os seres humanos temem são personificadas no poema de Ifá como poderes sobrenaturais cuja função principal é negar os desejos das divindades e dos ancestrais de enriquecer a vida humana. Desde que os planos dos ajagun, sobre os seres humanos é ver sua ruína completa, eles estão sempre em conflito com as divindades cuja função é a proteção dos seres humanos. Muitos poemas de Ifá tratam dos inevitáveis conflitos entre estes dois grupos de poderes sobrenaturais sobre os interesses humanos. Um outro importante aspecto do conflito entre os maus e os bons poderes sobrenaturais é a luta entre as divindades e Àjé (feiticeiras). As Àjé são também conhecidas nos versos de Ifá como: eleye ou eníyan, estão ao lado dos ajagun neste eterno conflito. Um poema de Ifá diz eu foi Olódùmarè , ele mesmo, que deu a àjé seu poder do mal. Portanto, contra as maquinações do mal de àjé, os seres humanos têm pouca proteção, até mesmo das divindades pois elas mesmas são muitas vezes molestadas pelas feiticeiras. Quando juma pessoa é atormentada por àjé é encorajada a chamar seu próprio Orí ( Orixá pessoal que determina o destino humano). Cada indivíduo tem o seu próprio Orí (literalmente significa cabeça) que ele escolhe para sí mesmo pouco antes de deixar o Òrun ( céu) par vir à terra. As pessoas, que escolheram uma boa cabeça, se trabalharem duro e fizerem os sacrifícios estipulados para eles, serão bem sucedidos e não serão subjugados pelos ajagun e por àjé. Mas, aqueles que escolheram um mau orí para sí mesmos no Òrun estão sentenciados a falhar na vida exceto se puderem fazer sacrifícios suficientes e trabalharem duro. O conteúdo de muitos versos de Ifá tratam deste interessante conceito de predestinação que forma um importante aspecto do sistema que forma um importante aspecto do sistema de crenças Yoruba. Ese Ifá também contém crenças Yoruba concernentes ao ebo ( sacrifício). Quase todo poema de Ifá contém na parte (iv) da sua estrutura exortações para que o cliente faça o sacrifício. É compulsório a todos os indivíduos fazer sacrifívio, não obstante o Orí que ele escolheu no Orun seja bom ou ruim. As divindades não irão auxiliar alguém que se recusa fazer sacrifício, uma vez que este é a sua única recompensa para o seu incessante olhar sobre a vida humana. Para aqueles que escolheram uma cabeça ruim, o sacrifício é particularmente importante uma vez que é o único elemento que
  • 39. pode reparar sua desgraçada escolha. Assim, sacrifício é apresentado na poesia de Ifá como o meio pelo qual o homem faz as pazes com as divindades e melhora os defeitos inerentes a sua própria pessoa. Além disso, nos versos de Ifá, o sacrifício é descrito como um meio através do qual o homem usa materiais em troca de sua própria vida. Assim, nós vemos em muitos poemas de Ifá que quando coisas materiais são oferecidas aos ajagun em forma de sacrifício, eles pegam estas coisas e deixam o suplicante intocado. Sacrifício é, portanto, um meio pelo qual o homem pode influenciar os poderes sobrenaturais de modo que o poder do bem pode cooperar com ele e o poder do mal irá deixá-lo cumprir seus planos na terra. Outro aspecto importante do conteúdo dos poemas de Ifá é o conceito de Ìwà ( caráter ). O Yoruba acredita que não é suficiente ter uma boa cabeça e oferecer sacrifício. Em adição a estes dois conceitos que tratam da relação do homem com as divindades o homem deve também ter que lutar para melhorar sua relação com os seus companheiros e para fazer isto ele deve melhorar o seu caráter ( ìwà ) dia após dia. Ainda mais que a crença Yoruba de que seja qual for o desenvolvimento de qualquer homem na terra, se ele não tiver um bom ìwà ele não realizou nada. Muitos poemas de Ifá, portanto, mencionam a importância do ìwà na vida do homem. na verdade, a poesia divinatória de Ifá estabelece que uma pessoa que não tenha um bom ìwà enquanto vivendo na terá, será punido no Òrun após sua morte. O oferecimento de sacrifício não absolve ninguém da obrigação de mostrar um bom caráter para os companheiros porque isto é o desejo de Olódùmarè e dos ancestrais; que os seres humanos devam suster os valores morais da sociedade. Esta é a razão pela qual o Yoruba diz: “ìwà lèsin” (o bom caráter é a essência da religião). Porém, como o Yoruba valoriza o ìwà como um atributo desejável que dota a vida humana de dignidade e nobreza eles também valorizam o dinheiro como instrumento com o qual podese conseguir as boas coisas da vida. Para o Yoruba três coisas são mais importantes de serem realizadas na vida: owó, ou ajé (dinheiro), Omo, e àìkú ou àlàáfíà (vida longa e saúde). Estas três coisas são os mais importantes ire (boas coisas da vida). A posse de owó ajuda uma boa pessoa a ser gentil e benevolente com os seus companheiros, assim como a perda de dinheiro tira a pessoa de sua moderação habitual. Daí o ditado:
  • 40. Bówó bá tán lówó oníwà, á dòsónú. Quando o dinheiro de uma boa pessoa acaba, ela se torna insociável. Muitos poemas de Ifá falam da importância do dinheiro como um dos mais importantes ires que toda pessoa deseja para si mesmo na vida. Omo (filho ou filhos) também é muito citado nos poemas de Ifá como um importante ire. Na verdade é mais cotado que o dinheiro, como uma realização vital. Para o Yoruba, a vida ou o casamento sem filhos é uma vida mal sucedida. Uma vez que a sociedade Yoruba era uma sociedade agrária, as crianças formavam uma importante força de trabalho para quem os possuía para incrementar sua produção. Ainda mais, numa sociedade em que aposentadoria e seguridade social são desconhecidos. As crianças são verdadeiros seguros de velhice e doenças. O dinheiro não é um substituto adequado para o cuidado e o amor que os filhos podem dar a seus pais na idade avançada. Na verdade, o Yoruba ainda considera uma vida abençoada pelo dinheiro, porém sem crianças, como se fosse um deserto. As divindades, elas mesmas, defendem a fertilidade. Assim, Osun e Òge são primariamente envolvidas com a desagradável condição da mulher estéril, que é encorajada a cultuar estas divindades na esperança de engravidar e ter filhos. Dos três ires mencionados, àìkú (vida longa com saúde), é considerada a mais importante. Se um homem tem dinheiro e crianças e morre jovem ou vive doente, o Yoruba considera que ele não vive uma vida ideal. Mas, se um homem perder o dinheiro e filhos e tem boa saúde e vida longa, é possível que ele possa recuperar aquelas coisas que perdeu. Portanto, àìkú é considerado o mais importante atributo da vida: “Ire àìkú pari ìwá“, a benção de uma longa vida é a maior realização da vida. Outra razão pela qual o Yoruba valoriza o àìkú acima de todos os outros ires é porque no seu sistema hierárquico de autoridade aqui na terra, velhice é uma qualificação para assegurar bons empregos como o de baálé (caseiro). Um homem que morre jovem perde a oportunidade de ocupar esta importante posição. Além disso, se ele morre muito jovem ele não poderá se transformar num ancestral, e por esta razão, não poderá ser enterrado na casa dos ancestrais. As divindades, elas mesmas, valorizam o àìkú como uma importante conquista na vida e proporcionarão às pessoas que levam uma vida boa e moral, aquele ire. Odùdúwà o grande ancestral dos Yoruba era muito velho em vida antes de morrer. A poesia divinatória de Ifá se refere a ele como: Olófin orí ogbó
  • 41. Olófin kaakaa wòó... Olófin ti won lá won ó fi lédù oyè, Tó gbó gbóó gbó, Tó si dota mó wo lówó.49 (Olófin que foi destinado a viver vida longa. Olófin o vigoroso... Olófin a quem planejaram tornar rei Que era muitíssimo velho A tal ponto que parecia um pedaço de pedra.) Mas, o conteúdo dos versos de Ifá não trata apenas de história, mitologia e crença; um importante tema eu aparece através de muitos poemas trata da visão Yoruba sobre o mundo ao seu redor. Portanto, temos observações meticulosas nos poemas de Ifá sobre objetos e criaturas da natureza que são encontradas ma terra Yoruba. Muitos poemas de Ifá contam histórias sobre montanhas, rios, floresta, animais selvagens e domésticos, pássaros, insetos e plantas. A característica destes objetos é nos recordada nos versos de Ifá de tal maneira eu fica-se maravilhado com o alto senso de apreciação da natureza que existia na sociedade tradicional Yoruba. Além disso, cada objeto ou criatura mencionados nos poemas de Ifá são personificados para dar ao sacerdote a oportunidade de tratar, dentro da estruturação do poema de Ifá já discutida, como se ele tratasse de seres humanos. Cada objeto ou criatura personificada é feita para ser símbolo de algum tipo de atributo do bem ou do mal que o sacerdote quer elogiar ou condenar. Deste modo, o sacerdote de Ifá constrói uma poderosa sátira da sociedade humana atrvés das histórias de não humanos. O produto final da sua história sobre objetos e criaturas da natureza éportanto destinada aos seres humanos. Se, por exemplo o poema de Ifá quer condenar a infidelidade, ele contará a história de àgbìgbò, um pássaro considerado originalmente como um sacerdote de Ifá infiel. Quando o sacerdote de Ifá quer elogiar a importância da vida longa, ele contara a história sobre a montanha que nos versos de Ifá simboliza poder e vida longa. Uma vez que a montanha apelidada de “eni-apá-ò-ká” (aquele que não pode ser subjugado ou o inexpugnável.). Os aspectos o conteúdo do verso de Ifá discutidos anteriormente é uma temática ampla que pode ser encontrada em mais que um Odù. Deve-se entretanto, sublinhar que o sacerdote de Ifá que acredita que cada Odù tem o seu próprio tema que o identifica e o separa dos outros . Assim, muitos poemas encontrados em Òbàrà Méjì, o sétimo Odù, conta a história de um homem que era muito pobre, mas, subitamente
  • 42. tornou-se rico e importante na sociedade. Òtúá Méjì, o décimo terceiro Odù, conta a história da chegada do islamismo na terra Yoruba. Esta é a razão pela qual Òtúá Méjì é chamado de Bàbá Mòle(o velho muçulmano).50 Alguns dos temas específicos encontrados em cada um dos 256 Odù transitam pelos amplos temas já debatidos. Assim, Òsá méjì conhecido como Òsá eleye (Òsá das feiticeiras)conta histórias dos conflitos entre as àjé e as divindades. Nós podemos, então concluir que o conteúdo dos versos de Ifá é muito amplo, ele cobre, histórias, mitologia, crenças, e sistemas de valores da sociedade Yoruba bem como a visão Yoruba do mundo no qual eles vivem. Nós não ficamos surpresos que os poemas divinatórios de Ifá, sejam altamente valorizados pelos Yoruba, como os guardiões da cultura Yoruba, a sabedoria das gerações e os ensinamentos dos ancestrais e das divindades.
  • 43. NOTAS 1. O número de divindades no panteão Yoruba varia entre 401 e 201. A maior parte destas divindades são deuses menores cultuados nas pequenas cidades e vilarejos. Alguns mitos dizem que as divindades vieram à terra em ondas. 2. Para detalhes sobre a função das divindades maiores, veja Idowu, E.B., Olodùmàre, God in Yoruba Belief, Longmans, 1962. 3. Ògún é a divindade Yoruba da guerra e da caça. Seu símbolo é o ferro, e ele é cultuado por caçadores, fazendeiros, ferreiros e outras profissões que usam implementos em ferro. 4. Òòsàálá que também é conhecido como Obàtálá é a divindade responsável pela criação. Porque ele pode ser encontrado em quase todas as cidades Yoruba e por ser a sua função a criação, Idowu no seu livro Olódùmarè, God in Yoruba Belief dá Oxalá como a arque(principal) divindade Yoruba. 5. Èsù ou Elégbára é a divindade ardilosa, que mantém o Axé com o qual Olódùmarè criou o universo e mantém suas leis físicas. Além disso, Èsù atua como policial para Olòdùmarè, para forçar consonância com os valores éticos do universo. 6. Existe um outro mito que declara que as divindades vieram para a terra do Orun, que era parte de outro território. Nesta época segunda a mitologia Yoruba Ayé (terra) e Òrun ( céu) faziam parte do mesmo planeta, mas o Òrun mais tarde, distanciou-se devido aos desonestos habitantes e insultos com que os seres humanos trataram Olórun ( outro nome de Olódùmarè, que significa senhor do Òrun) todos os dias. 7. Ifè é uma importante cidade Yoruba. É o centro espiritual dos Yoruba. Acredita-se que um santuário é mantido em Ifè para todas as divindades Yoruba. Ifè foi também o centro intelectual da sociedade tradicional Yoruba. Esta cidade tradicional cidade primavera, que agora abriga a universidade de Ifè, pode ser considerada a Meca dos Yoruba. Não é, entretanto, certo se a Ifè da mitologia, onde as divindades chegaram na terra é a Ilé-Ifè dos dias de hoje. Existem muitas Ifè conhecidas pelos historiadores, mas aquela na qual as divindades chegaram é conhecida como Ifè-Oòdáyé.
  • 44. 8. Os Yoruba acreditam que Ifè é o berço da humanidade e é, portanto, para os Yoruba o que o jardim do Éden é para a mitologia judaica. 9. Isto, provavelmente, explica porque a galinha é mais usada que qualquer outra criatura como oferenda a Ifá. A galinha foi o primeiro mensageiro das divindades e portanto pode ser creditada como meio de enviar mensagens atrvés de ebo(sacrifício), para as divindades. As galinhas que têm cinco dedos são consideradas pelos Yoruba como uma criatura única. Elas são usadas no preparo de importantes medicamentos. 10. O camaleão é uma criatura sagrada para os Yoruba. Na sociedade tradicional Yoruba , era proibido matar camaleões exceto para propósitos médicos ou rituais. Os Yoruba consideram o camalião como um ajéègùn (aquele que faz medicamentos poderosos). O camaleão é frequentemente incluído em importantes medicamentos para aumentar a sua potência. 11. Muitas das dinastias de governantes dos numerosos reinos Yoruba remontam suas origens a Odùduwà, também conhecido como Olófin por acreditar-se ser o grande ancestral do povo Yoruba. A presente dinastia governante na importante cidade de Òyó e descendente direta ( através de Òràáyàn, um dos netos de Odùduwà) de Olófin.Portanto, o governo da sociedade Yoruba tradicional, era baseado no direito divino dos reis. 12. Para uma discussão detalhada sobre a história do reino Yoruba veja Smith, R.S., Yoruba Kingdoms Methuen, London, 1969. 13. O antigo império de Òyó era o maior e mais importante dentre os grupos políticos Yoruba antes de sua destruição nos anos 1930. O poder do rei era baseado em extensivas relações comerciais com os estados Sudaneses e com os reinos selvagens do litoral. O rei também mantinha uma grade armada, baseada numa cavalaria de arqueiros liderados pelo Oníkòyí e kákánfò. 14. Ìgetí é o nome de um lugar em Ifè tida côo a primeira moradia de Òrúnmìlà na terra. 15. Outros mitos relatam outros filhos de Òrúnmìlà, aparte os outros oito filhos homens referidos neste mito.
  • 45. 16. Não sabemos se Adó aqui se refere a Adó-Èkìtì que é no nordeste ou Adó-Àwáye, que é no oeste da terra Yoruba. 17. Veja Abimbola Wande, Ìjinlè Ohùn Enu Ifá, Apákìíní,Collins, Glasgow, 1968, pp. 43-47. 18. a maior parte das divindades , acredita-se que deixaram a terra para o Òrun com a aparência de seres humanos comuns. 19. Abimbola, Wande,Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, Apá Kejì, Collins, Glasgow, 1969, pp. 87-98. 20. Os cabritos tentaram comer as navalhas porque pensavam que eram comestíveis. Este exagero, mostra somente a fome extremo que reinou na terra como resultado da partida de Òrúnmìlà. 21. Uma palmeira similar conhecida pelos sacerdotes de Ifá como òpè Àgùnká que tem uma copa extraordinariamente grande é usada pelos sacerdotes de Ifá como um símbolo de Ifá. 22. Abimbola, Ìjinle Ohùn Enu Ifè, 1969,pp.142-157. 23. Para detalhes sobre Odù,ver secção III desta introdução. 24. Òpèlè é o nome da àrvore que nasce livre na natureza. 25. Para detalhes sobre Orí como termo na poesia divinatória de Ifá, veja secção III (c) desta introdução. 26. O ibà constitui a primeira parte do canto do sacerdote de Ifá, e do Ìjálá ( poesia de caçador)do cantor. É uma saldação às autoridades da terra como os mais velhos e as feiticeiras e uma evocação às divindades para estarem presentes ao canto do repertório do artista, de forma que ele não erre. 27. O Yoruba considera Ilè (a terra) como uma divindade. Esta divindade é cultuada pelos Ogbóni, a mais importante das sociedades secretas Yoruba. 28. Para maiores detalhes sobre ajogun, veja a seção III (c) da introdução. 29. Abimbola, ìmìnlè Ohún Emi Ifá, 1968,p.101. 30. Embora Ofún seja o último e, portanto o mais novo nesta hierarquia, os sacerdotes de Ifá acreditam que ele foi
  • 46. originalmente o mais importante dos Odù. Por isso, sempre que um sacerdote de Ifá quer cantar um poema de Òfún Méjì ele beberá um pouco de dendê saudando Òfún como o rei com as palavras “ héèpà Odù” ( eu saúdo o rei dos Odù). 31. Veja Abimbola, Wande, “ Ifá Divination Poemas and the Coming of Islam Into Yorubaland”, Pan-Africana Journal, New York, 1972, pp. 440-454. 32. Para detalhes sobre a estrutura do Verso de Ifá, veja Abimbola, Wande,” An Exposition of Ifá LiterarY Corpus”, Ph.D. dissertation, University of Lagos, Nigéria, 1970. 33. Cf. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1969. 34. Cf. Abimbola,Wande, “ Ifá Divination Poems As a Sources for Historical Evidence”, Lagos Notes and Records, Vol.I, January, 1967. 35. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá 1969. 36. Abimbola, An Exposition of Literary Corpus. 1970. 37. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1968,pp.71-72. 38. Kéké é um tipo de máscara facial, que corre para a cabeça. Àbàjà e kolo são nomes de outros tipos de máscaras faciais. 39. Odúnmbákú. Um nome pessoal que significa “o ano em que eu teria morrido”. 40. Ìrànà galinha. Uma galinha sacrificada na sepultura do morto imediatamente após o enterro. 41. Abimbola, Wande, “Stylistic Repetiton in Ifá Divination PoetrY”, Lagos Notes and Record, Vol. 3, No.I, January, 1971. 42. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1969, pp. 92-93. 43. Oníkàámògún é o nome do chefe supremo da cidade de Ìká. 44. Àká é uma roupa usada nos tempos antigos por importantes reis. 45. Cf. Iwòrì Méjì em III (d).
  • 47. 46. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1968, p.82. 47. Abimbola, Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá, 1968, p.III. 48. Abimbola, “ Ifá Divination Poems As Sources for Historical Evidence”, 1967. 49. Collected from Oyedele Ìsòlà, Ile Beesin PàáKòyé, Òyó. June, 1972. 50. Abimbola, “Ifá Divination Poetry and the Coming of Islam into Yorubaland”, 1972.
  • 48. AS DEZESSEIS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA POESIA DIVINATORIA DE IFA
  • 50. (a) Òrunmila, o primeiro sacerdote de Ifá, pratica divinação. 1 Pedras de Raio, são poderosas; 2 Àrìrà, o poderoso A montanha alta, que tem um cume cônico. Ifá foi divinado para Òrúnmìlà, Quando ele estava indo fazer divinação na cidade de Ìlá Obamowó. Òrúmìlà foi assegurado de que teria uma atividade lucrativa naquela cidade. Mas, ele foi também advertido de que deveria fazer ebó. E ele o fez. E ele teve êxito e levou seus ganhos para casa. Ele começou a dançar, Ele começou a regozijar-se. Ele disse, “pedras de raio são poderosas; o poderoso Arìrà,; A poderosa montanha que tem um cume cônico. Foi divinado Ifá para Òrúnmìlà Quando ele está indo fazer divinação na cidade de Ìlá Obamowó. 4 Adéeké, é o nome do filho de Ifá. 5 6 Èrè, é o nome do filho de Oòni. Òrúnmìlà, deixe-me levar meus lucros para casa eternamente.”
  • 51. (B) Ovo de galinha na batalha de Igbòmokò Eségi. Tudo que meus colegas estiverem fazendo, Eu devo fazer. Divinação de Ifá foi feita para Ovo de galinha Que era amigo de Kànàkànà,1 Ambos estavam indo para fazer guerra contra a cidade de Ìgbòmokò Eségi.2 Foi lhes dito que fizessem sacrifício. Ovo de galinha foi avisado para não ir. Mas, ele disse que iria. Assim que eles chegaram nos portões da cidade Eles começaram a dançar, Onde quer que Kànàkànà fosse, era com veemência. Que ele fazia seu caminho. Quando ovo de galinha tentou fazer o mesmo, Ele caiu,
  • 52. E quebrou-se em pedaços. Foi com pezar que ele começou a louvar seu sacerdote de Ifá Ele disse “ o que quer que meus companheiros façam Eu tenho que fazer.” Foi divinado Ifá para ovo de galinha Que era amigo de KànàKànà Ambos estavam indo para fazer guerra contra a cidade de Ìgbòmokò Eségi. Não é muito tempo, Não é muito distante, Venha e veja-nos conquistando através de sacrifício.
  • 53. (c) Eu ergo meus braços em louvor Eu elevo meus braços Em alegre felicidade. Foi divinado Ifá para Òrúnmìlà; Foi dito ao pai, que ele não devia levar suas responsabilidades Até o fim de seus dias. Foi dito que ele deveria fazer sacrifício, Como resultado ele tornou-se inexpugnável. Ele disse, “eu ergo meus braços Em alegre satisfação. Divinação de Ifá foi feita para Orúnmìlà; Disseram ao pai que ele não deveria carregar suas responsabilidades Até o fim de seus dias. Eu levarei minhas responsabilidades até o fim de minha vida. Eu ergo meus braços. Em alegre satisfação.”
  • 54. (D) CABEÇA, PEITO E ORGÃOS GENITAIS. Pàkelemò,1 divinador de cabeça, 2 Divinou Ifá para cabeça, Quando cabeça chorava porque não tinha esposa. Pàkelemò, divinou Ifá para peito, Quando peito chorava porque não tinha amigos. Pàkelemò, divinador de órgãos genitais, Divinou Ifá para Órgãos genitais, Quando eles choravam por não ter filhos. Foi dito a esses três que fizessem sacrifício. Eles sacrificaram, E tiveram todas as coisas boas que haviam pedido. Eles disseram , “Pàkelemò, o bom pai, Nós te agradecemos, Peito fez sacrifício, e fez amigos. Pàkelemò, o bom pai, Nós te agrdecemos, Órgão genitais sacrificaram, e produziram crianças.
  • 55. Pàkelemò, bom pai, Nós te agradecemos.”
  • 56. II ÒYÈKÚ MÉJÌ (a) As consequências de desdenhar o sacrifício Você é Òyè,1 Eu também sou Òyè, A luz do dia está aparecendo no céu. Mas, as pessoas pensaram que já era manhã. Foi feita divinação para peixe. qie era uma cria do leito do rio. Foi dito para peixe fazer sacrifício. Eles disseram que ela teria muitos filhos, Mas foi avisada para fazer sacrifício para prevenir ataques dos seres humanos. Ela não fez sacrifício. Ela disse que não era possível para os inimigos, Ver seus filhos na cabeceira do rio Ela tomou seus sacerdotes de ifá como mentirosos Ela chamou Èsù de ladrão.2 Ela olhou sem temor para o céu como se nunca fosse morrer. Ela fez ouvidos de mercador para os avisos sobre sacrifívio. Quando os seres humanos subiram à cabeceira do rio, Eles pegaram enxada, cutelo, e ògbún,3 Eles represaram o rio, E começaram a drenar suas águas. Quando não tinha mais água cobrindo o peixe e seus filhos, Os seres humanos os pegaram, E os colocaram em cima de inhame pilado, Aquilo foi uma ordem de Èsù, Que preveniu a aniquilação de todas as espécies de peixes da face da terra.
  • 57. (B) ROUPA VERMELHA NÃO É NUNCA USADA PARA COBRIR O MORTO Uma pequena bengala vai na frente dele que anda patinhando numa calçada estreita num dia de chuva.1 As duas solas dos pés, Lutam persistentemente pela posse da estreita calçada.2 Foi divinado Ifá para cento e cinquenta e seis tipos de roupas. Quando elas estavam vindo do céu para a terra. Todas elas foram enviadas para fazer sacrifício. Mas, somente roupa vermelha fez sacrifício. Após fazer sacrifício, Ela começou a ter honra e respeito. Depois que o homem usou roupa vermelha por muito tempo, No dia que o homem morre, Roupa vermelha é removida do seu corpo. Somente roupa branca e de outras cores, Vão com o morto para o céu. Roupa vermelha não deve nunca ir com ele. Somente roupa vermelha fez sacrifício. Somente roupa vermelha afereceu sacrifício as divindades. Roupa vermelha não vai para o céu com o morto. Após enganar o homem por um pequeno período (na terra), Ela o abandona (no caminho do céu).
  • 58.
  • 59. (C) A MORTE NÃO COME FARINHA DE INHAME 1 Um sacerdaote de Ifá chamado Àtàtà-tanìn-tanìn, 2 Jogou Ifá para Olomo, o poderoso. 3 Todos os ajogun cercaram Olomo Para matá-lo. Disseram para ele fazer sacrifício, E ele fez sacrifício. Um dia aconteceu, A morte, doença e perdas levantaram-se E vieram atacar a casa de Olomo. 4 E encontraram Èsù do lado de fora da casa. Quando estavam tentando entrar na casa, Èsù derramou farinha de inhame nas suas bocas.
  • 60. 5 Já que ajogun não pode provar farinha de inhame, Alguns deles morreram e outros ficaram doentes, Mas, nenhum deles foi capaz de entrar na casa de Olomo. Então Olomo ficou feliz, 6 E começou a cantar a cantiga dos sacerdotes de Ifá. Ele disse, “o sacerdote de Ifá Àtàtà-tanìn-tanìn, Jogou Ifá para Olomo o poderoso. Doença que se vangloriava que ia matar o sacerdote, Não pode matá-lo. A morte foi distanciada da cabeça do sacerdote de Ifá. A morte não come farinha de inhame, se a morte tentar comer farinha de inhame, Sua boca se destruirá, Sua boca será apertada com força. todas as coisas ruins que quiseram atacar o sacerdote de Ifá, Não o podem mais atacá-lo. A morte não come farinha de inhame, Sua boca de destruiria, Sua boca seria comprimida com força.”
  • 61. (d) A MORTE TEM MISERICÓRDIA DE NÓS A cabeça que usará uma coroa, É escolhida após o nascimento pelas divindades. 1 O pescoço que usará uma coroa, É escolhido antes de nascer pelas divindades. 2 O quadril que usará mósàajì, Vestuário de reis que é muito quente, É escolhido antes de nascer pelas divindades. 3 Foi divinado Ifá para Ikúsàánu, 4 Que era o primogénito de Alápà. Morte tenha misericórdia de nós. Não estamos dizendo que você não deva matar. Doença, tenha misericórdia de nós, Não estamos dizendo que você não ataque as pessoas. Ajoguns, tenham piedade de nós, Não estamos dizendo que vocês não ataquem as pessoas. Mas, por favor, não nos ataquem, E vão para outras terras.
  • 62. III Iworì Mejì (a) U ma p r ec e a I fá Quando o fazendeiro olha o algodão do outro lado do rio, Parece que ele mostra seus dentes brancos sorrindo alegremente. 1 Foi divinado Ifá para Aranha, Descendência daqueles que fazem todas as coisas De uma forma maravilhosa. Ifá no seu caminho maravilhoso, Traga todas as coisas boas para mim, Quando o fazendeiro olha o algodão em rama do outro lado do rio, Ele parece mostrar seus dentes brancos sorrindo alegremente.
  • 63. (B) DESCARGA MENSTRUAL FRACA E SEMEM FRACO Quando o topo de um formigueiro é destruído, 1 Ele retém água no seu tronco. 2 Orúrù, a árvore, se cobre com roupa de sangue. Quando o giz em pó cai no chão , Ele se espalha para todo lado em partículas finas. Foi quem jogou Ifá para fluxo menstrual fraco, Que era uma menina do céu. Foi divinado Ifá para sémen fraco, Que era um menino do céu. Fluxo menstrual fraco, Nós te procuramos em vão, Você recusou-se a voltar Mas, você cresceu mãos e pés, E se tornou um neném. Você descendência do sangue,
  • 64. Nós não mais lhe vimos, Você não mais voltou. Mas, você cresceu pés e mãos, E se tornou um neném. (C) ÒRÚNMÌLÀ VAI NOS AJUDAR A CONSERTAR NOSSAS VIDAS Súbito como o ruído de um cinto de couro; O Cinto de couro estala. Seu sacerdote de Ifá em Ìtóri. Quando Àkàtànpó, perde seus elos, Eles correm todos pelo chão. Foi quem divinou Ifá para Òrúnmìlà, Quando ele estava indo emendar a vida do rei de Ifè, Como alguém que concerta uma cabaça quebrada. Quem, então, vai nos ajudar A consertar nossas vidas? Òrúnmìlà nos ajudará
  • 65. A emendar nossas vidas. (d) Ìwòrì Méjì o terceiro Odù a aparecer na terra O feio, o grosseiro e o perverso A cabeça do abutre lembra o cabo de um machado, Mas, não pode ser usada para cortar uma árvore. 1 Foi quem jogou Ifá para Èjì Ìwòrì, Que foi o terceiro Odù a chegar na terra.
  • 66. Perguntaram onde ele planejava ficar Ele respondeu que tinha feito Sacrifício com um pilão. Perguntaram onde ele planejava pisar a terra, 2 Ele repondeu que foi ele que derramou a folha tètè por toda a terra. Disseram que ele nunca se pusesse em frente a casa de outro homem. Ele disse que foi na presença do dono da terra que 3 tèntènpòlá cobriu a terra. 4 Ele disse que ele e agba viveram juntos na floresta. Tètè, passeia livremente; Tètè,passeia em paz. 5 Ele disse que ele e ìjòkùn viveram juntos na floresta. Tètè, passeia livremente; Tètè, passeia em paz. 6 7 Ele disse que ele e keekéè viveram juntos em Òyó Àjàká. Tètè, passeia livremente; Tètè, passeia em paz. Não existe dono de terra que possa prevenir tètè de florescer na sua terra. Tètè passeia livremente; Tètè passeia em paz.