3. Universidade das Quebradas
Mas “cariocando” há cinco anos aqui, aprendi o
sentido carnavalesco e percebi que as cores mais
lindas (pouco percebidas pela tv, mesmo
agora, apesar da high definition) estão embaixo das
fantasias, na tez das peles dos cariocas, de todos os
tons e nuances, e nos tambores dos corações do
morro São Carlos, da Pedra do Sal e de todas
as favelas, a mil, num rito orgiástico carnavalizado, e
num grito de liberdade aflorado, pelo menos no
carnaval liberado.
Tetsuo
Linguagem e Expressão
4. Universidade das Quebradas
A melhor informação sobre a origem da palavra samba está na
"Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana" (Selo Negro
Edições), de Nei Lopes, que diz: "O léxico da língua cócue, do povo
quioco, de Angola, registra um verbo samba, com a acepção de
'cabriolar, brincar, divertir-se como cabrito'. No quicongo
[congolês], vocábulo de igual feição designa uma espécie de dança
em que um dançarino bate contra o peito do outro. E essas duas
formas se originam da raiz multilinguística
semba, 'rejeitar', 'separar', remetendo ao movimento físico
produzido na umbigada, que é a característica principal da dança
dos povos bantos, na África e na Diáspora".
Sérgio Cabral
Linguagem e Expressão
5. Universidade das Quebradas
O Carnaval baiano é uma máquina de fazer dinheiro, a cada
ano mais gente, empresários e desempregados, tubarões e
peixinhos, está trabalhando, vendendo mercadorias e
serviços, movimentando milhões. Vendendo alegria. E - ao
contrário das escolas de samba, um cartel dominado por
chefões da contravenção - a indústria dos trios elétricos é
privada e legal, cada um faz o seu, levanta seus
patrocínios, vende seus abadás e toca o que quiser. E paga
impostos.
Nelson Motta
Linguagem e Expressão
6. Universidade das Quebradas
Dois gêneros musicais, todos sabem, mantêm laços
indissolúveis com o Carnaval: a marchinha e o samba-
enredo. O primeiro parece haver encerrado o seu ciclo, pelo
menos o seu ciclo de glórias. Talvez precise ser reinventado
em novo contexto. O segundo tem existência garantida
como um dos quesitos avaliados nos desfiles das escolas de
samba. Por vezes, um ou outro samba-enredo escapa das
pistas, ganha o gosto do público mais amplo e entra na
história da música brasileira. As marchinhas já são parte
integrante dessa história, mas vivem do passado.
Luiz Tatit
Linguagem e Expressão
7. Universidade das Quebradas
Não existe identidade carioca independente das favelas
e vice-versa. A cidade tornou-se referência nacional e
internacional também em função do peso
arquitetônico, cultural e social dos espaços favelados. A
garantia de riqueza paisagística e pluralidade cultural é
central para o Rio e seu projeto de futuro.
Jailson de Souza e Silva
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8. Universidade das Quebradas
Um dos motivos para o tombamento do samba é o seu
papel como fator de identidade nacional: nenhum outro
ritmo brasileiro foi praticado em tal escala e por tanto
tempo - desde 1917, com o sucesso do samba-maxixe
"Pelo telefone". Nesses 90 anos, o samba esteve por
cima, por baixo e, agora, começa a ficar por cima de
novo. O Brasil soa melhor quando ele é a corrente
principal da sua música popular.
Ruy Castro
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