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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 
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INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS DE ANTICONCEPCIONAIS COM 
ANTIMICROBIANOS E ÁLCOOL RELACIONANDO À PRÁTICA DE 
AUTOMEDICAÇÃO 
Letícia Ravazzi Amado1, Talita Zancanaro Carniel1, Carolina Baraldi Araújo Restini2 
1.Graduandas do Curso de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP - 
carol@restini.com.br 
2.Professora Doutora do Curso de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto – 
UNAERP - Av. Costábile Romano, 2201 (Ribeirânia), CEP: 14096-900, Ribeirão 
Preto, SP – Brasil 
Data de recebimento: 07/10/2011 - Data de aprovação: 14/11/2011 
RESUMO 
Automedicação é definida como o uso de medicamentos sem prescrição médica, na 
qual o próprio paciente decide qual medicamento utilizar. Os efeitos de um 
medicamento, quando administrado concomitantemente a outros, podem ser 
diferentes dos efeitos esperados se o medicamento fosse empregado isoladamente. 
Os anticoncepcionais hormonais orais são esteróides utilizados isoladamente ou em 
associação com a finalidade básica de impedir a concepção. Desde a introdução 
destes, em 1961, houve tendência em reduzir as concentrações de estrogênios nas 
formulações a fim de minimizar seus efeitos colaterais, por outro lado, essa redução 
pode diminuir a eficácia contraceptiva quando usado concomitante com alguns 
antibióticos. Uma importante interação envolve o uso concomitante de 
antimicrobianos e contraceptivos orais, podendo resultar em perda da eficácia 
contraceptiva e gravidez inesperada. Outra importante interação dos 
anticoncepcionais orais é com o álcool, sendo que este, em altas concentrações 
pode alterar a farmacocinética dos anticoncepcionais, diminuindo assim sua eficácia 
contraceptiva, e podendo levar a uma gravidez indesejada. Uma vez que os 
contraceptivos orais são largamente utilizados pelas mulheres e, muitas vezes sem 
prescrição médica, é importante que os médicos e a população conheçam os 
potenciais riscos de seu uso e interações medicamentosas. Neste sentido, o 
presente trabalho traz uma revisão bibliográfica sobre as interações 
medicamentosas de anticoncepcionais com antimicrobianos e álcool relacionados à 
prática de automedicação. 
PALAVRAS-CHAVE: Automedicação; contraceptivo oral; interação medicamentosa 
INTERACTIONS OF CONTRACEPTIVE WITH ANTIMICROBIAL AND ALCOHOL 
RELATED TO THE PRACTICE OF SELF MEDICATION 
ABSTRACT 
Self-medication is defined as the use of non-prescription drugs, in which the patient 
decides which drug to use. The effects of a drug, when administered concomitantly 
with other materials, may be different from the expected effects if this drug was used 
alone. The oral contraceptives steroids are used alone or in combination with the 
basic purpose of preventing conception. Since the introduction of these in 1961, and
tended to reduce the concentrations of estrogens in formulations to minimize side 
effects. This reduction may decrease the contraceptive effectiveness when the 
concurrent use of antibiotics. An important interaction involves the concurrent use of 
antibiotics and oral contraceptives may result in loss of contraceptive efficacy and 
unexpected pregnancy. Another important interaction of oral contraceptives is with 
alcohol, and this, in high concentrations may alter the pharmacokinetics of oral 
contraceptives, thus reducing its contraceptive efficacy, and may lead to an 
unwanted pregnancy. Once that oral contraceptives are widely used by women and, 
often without prescription, becomes important that physicians and the people to know 
the potential risks of their use and drug interactions. Thus, through literature review, 
this paper presents interaction of contraceptive with antimicrobial and alcohol related 
to the practice of self medication. 
KEYWORDS: Self-medication; oral contraceptives; drug interactions. 
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INTRODUÇÃO 
O restabelecimento da saúde de um paciente está baseado tanto no 
diagnóstico correto como numa terapêutica adequada. O conhecimento das 
propriedades básicas das substâncias utilizadas para este fim, bem como de sua 
ação farmacológica, é fundamental para a prática da medicina. Também é natural de 
se pensar que no caso da administração com fins terapêuticos, ou não, de mais de 
uma substância, estas possam interagir entre si no organismo. Os efeitos de um 
medicamento, quando administrado concomitantemente com outros, podem ser 
diferentes dos efeitos esperados se este medicamento fosse empregado 
isoladamente (FONSECA, 1991). 
A prescrição de vários medicamentos para o tratamento de uma patologia é 
uma prática muito comum. Nos hospitais, a maioria dos pacientes pode receber 
várias drogas simultaneamente. Nos serviços clínicos, o número médio de drogas 
administradas a pacientes durante uma hospitalização pode variar de 10 a 13, sendo 
que muitos podem receber até muito mais (OGA; BASILE, 2002). 
Além dessa prática, de acordo com a Revista da Associação Médica Brasileira 
(2001), a prática de automedicação é bastante difundida não apenas no Brasil, mas 
também em outros países. Em alguns países, com sistema de saúde pouco 
estruturado, a ida à farmácia representa a primeira opção para resolver problemas 
de saúde, sendo que a maior parte dos medicamentos consumidos pela população é 
vendida sem receita médica. A mídia televisiva e outros meios de comunicação e 
propaganda, como o rádio ou "outdoors", insistem com apelos que estimulam a 
adotar tal postura, inserindo no final da propaganda a sua tradicional frase 
"persistindo os sintomas um médico deve ser consultado", como se isso os isentasse 
de toda e qualquer responsabilidade (AMB, 2001). Ainda a própria Associação 
Médica Brasileira ressalta que, no Brasil, embora haja regulamentação da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para a venda e propaganda de 
medicamentos que possam ser adquiridos sem prescrição médica, não há 
regulamentação nem orientação para aqueles que os utilizam. 
As razões pelas quais as pessoas se automedicam são inúmeras. A 
propaganda desenfreada e massiva de determinados medicamentos contrasta com 
as tímidas campanhas que tentam esclarecer os perigos da automedicação. A
dificuldade e o custo de se conseguir uma opinião médica, a limitação do poder 
prescritivo, restrito a poucos profissionais de saúde, o desespero e a angústia 
desencadeados por sintomas ou pela possibilidade de se adquirir uma doença, 
informações sobre medicamentos obtidos na internet ou em outros meios de 
comunicação, a falta de regulamentação e fiscalização daqueles que vendem e a 
falta de programas educativos sobre os efeitos muitas vezes irreparáveis da 
automedicação, são alguns dos motivos que levam as pessoas a utilizarem 
medicamento sem prescrição médica (CHIAROTI; REBELLO; RESTINI, 2010). 
Os anticoncepcionais ou contraceptivos orais são fármacos que previnem a 
gravidez e podem ser utilizados em circunstâncias específicas como na prevenção 
de uma gravidez de risco, no planejamento familiar, controle do crescimento 
populacional, entre outras. Apresentam também outros benefícios tais como: a 
regularização do ciclo menstrual, redução da tensão pré-menstrual, redução da 
incidência de cistos ovarianos, de câncer ovariano e endometrial e de doenças 
benignas das mamas (WILLIAMS; STANCEL, 1996). 
Os contraceptivos orais são constituídos por uma associação de estrógenos e 
progesterona sintéticos, os quais inibem a ovulação, pela supressão dos hormônios 
folículo-estimulante e luteinizante. Também aumentam a viscosidade do muco 
cervical, dificultando a penetração dos espermatozóides e causam atrofia 
endometrial, reduzindo a probabilidade de implantação. A eficiência dos 
contraceptivos orais depende da manutenção de níveis plasmáticos regulares de 
estrógeno e progesterona (WILLIAMS; STANCEL, 1996). 
A maioria dos contraceptivos orais contem 21 comprimidos que devem ser 
tomados diariamente a partir do primeiro ao quinto dia do ciclo menstrual, com 
pausa de sete dias e início de uma nova cartela após cada pausa. Este esquema 
imita um ciclo menstrual de 28 dias, semelhante à média da população (WILLIAMS; 
STANCEL, 1996). 
O Brasil está entre os 10 maiores consumidores de medicamentos do mundo. 
A automedicação não é nada mais do que o uso de medicamentos sem a orientação 
de um médico, sendo que esse uso indiscriminado dos medicamentos pode trazer 
sérios riscos à saúde da população (CASAGRANDE et al., 2010). 
MACHADO (2008) contrapõe esse uso indiscriminado de medicamentos 
explicando que é necessário observar vários aspectos da paciente para fazer a 
escolha ideal do contraceptivo, como coagulação sanguínea, padrão menstrual, 
massa corporal, taxa de colesterol e oleosidade da pele. Ele lembra ainda que os 
contraceptivos orais sejam contra-indicados para fumantes com mais de 35 anos e 
pacientes com câncer. É indispensável a consulta ao ginecologista, pois os 
hormônios podem interferir nos hábitos e condições de saúde das mulheres. Logo, 
devido à grande variedade de tipos e dosagens de hormônios disponíveis no 
mercado, para cada mulher, deve-se indicar uma pílula específica, afirma 
MACHADO (2008). 
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OBJETIVO 
Avaliar, por meio de revisão bibliográfica, as possíveis interações entre ACO 
com outras substâncias como etanol ou fármacos comumente utilizados na prática 
da automedicação ou freqüentemente prescrito por médicos, bem como avaliar 
possíveis efeitos deletérios dessas interações sobre a eficácia terapêutica desses 
medicamentos.
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METODOLOGIA 
O trabalho de revisão bibliográfica foi desenvolvido por meio de busca de 
material cientifico publicado em revistas indexadas em bases de dados tais como: 
pubmed, bireme, portal capes. Além disso, foram utilizados livros texto acadêmico-científicos, 
site de diretrizes, organizações governamentais e institucionais. 
DISCUSSÃO 
O termo interação medicamentosa refere-se a uma alteração na magnitude ou 
duração da resposta farmacológica a uma droga devido à presença de outra droga 
e/ou alimento. De acordo com OGA & BASILE (2002) as interações de fármacos 
quanto a etapa farmacocinética de biotransformação compreendem dois 
mecanismos básicos: a indução enzimática ou inibição enzimática. A indução 
causada por um fármaco pode afetar a velocidade de biotransformação de outros 
fármacos e conseqüentemente a biodisponibilidade e a eficácia terapêutica. Dentre 
diversas enzimas existentes no organismo de mamíferos, é de particular importância 
o sistema oxidase de função mista conhecido como sistema citocromo P-450 (CYP), 
situado junto às membranas do retículo endoplasmático predominantemente da 
porção lisa e ligado às membranas do retículo endoplasmático. 
As interações farmacêuticas são eventos físico-químicos que resultam na 
perda de atividade de um ou de ambos os fármacos, já as interações 
farmacocinéticas envolvem os efeitos de um medicamento sobre a absorção, 
distribuição, biotransformação ou eliminação (metabolismo ou excreção), de outro 
medicamento. Estas interações frequentemente provocam alterações importantes 
nas concentrações plasmáticas, área sob a curva, início de ação e meia-vida do 
fármaco, conseqüentemente interfere com a resposta clínica (TIERNEY; McPHEE; 
PAPADAKIS, 2002). Tais interações medicamentosas podem ser classificadas como 
interações desejáveis e indesejáveis. As interações desejáveis ou benéficas têm por 
objetivo tratar doenças concomitantes, reduzir efeitos adversos, prolongar a duração 
do efeito, aumentar a adesão ao tratamento, incrementar a eficácia ou permitir a 
redução da dose, já as interações indesejáveis são aquelas que determinam 
redução do efeito ou resultado contrário ao esperado, aumento na incidência e na 
gama de efeitos adversos e no custo da terapia sem incremento no benefício 
terapêutico (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
Quanto à diminuição da eficácia dos contraceptivos orais, a principal ocorrência 
se deve a competição entre os fármacos durante a(s) fase(s) de metabolização 
(OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
No caso de interações envolvendo o metabolismo, pode-se citar como 
exemplo: a indução de metabolização dos hormônios anticoncepcionais 
etinilestradiol e levonogestrel por fenitoína ou carbamazepina, podendo resultar em 
perda de efeito contraceptivo em mulheres que utilizam os medicamentos 
concomitantemente (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
Diversos estudos demonstraram possível interação entre os antimicrobianos ou 
o álcool com os anticoncepcionais orais, resultando na perda da eficácia desse 
método contraceptivo, ou seja, uma interação indesejável (SÀNDOR; UFFEN, 1987; 
GOLDFIEN, 1998; SKEGG, 2000; SHOUPE, KJOS, 2006; SIMONIN, 2008). 
As pílulas contraceptivas são utilizadas nos Estados Unidos da América por 
mais de 40 anos. Dados recentes indicam que os contraceptivos orais são os mais 
usados anualmente por cerca de 60 a 70 milhões de mulheres no mundo inteiro. Ao 
contrário de outras drogas utilizadas, contraceptivos orais são ingeridos por
mulheres saudáveis por um longo período de tempo, portanto, é importante que as 
mulheres conheçam as informações sobre os efeitos colaterais e o risco porcentual 
além dos benefícios da ingestão dos contraceptivos orais (BRODY et al., 1997). 
São utilizados dois tipos de preparações para contracepção oral: (1) 
combinações de estrogênio e progesterona e (2) somente à base de progesterona. 
As combinações de estrogênio e progesterona exercem seu efeito contraceptivo, em 
grande parte por meio da inibição seletiva da função hipotálamo hipofisária, 
resultando em inibição da ovulação. As minipílulas são contraceptivos orais de uso 
regular à base de 25-70% de progesterona em sua formulação (DETTLING et al., 
2008). 
Pílulas combinadas são as mais utilizadas porque tem taxas de falha baixas 
(menos de 1%), o que significa que apresentam efetividade de 99%. Mas nos países 
subdesenvolvidos as taxas de insucesso variam de 3-12%. Essas taxas de 
insucesso podem ser explicadas pelo uso incorreto. Segundo PEDRO (2003), o uso 
correto e consistente é essencial para a eficácia. No entanto, no período de 
amamentação, as minipílulas alcançam quase 100% de efetividade, não alteram as 
propriedades do leite e não há necessidade de pausa em sua utilização. Em relação 
às desvantagens das minipílulas pode-se citar: aumento do risco de cistos ovarianos 
e de gravidez ectópica. 
Os contraceptivos hormonais orais têm influência na ação de outros 
medicamentos e estes também alteram a eficácia dos contraceptivos e sua ação 
terapêutica (TIERNEY; McPHEE; PAPADAKIS, 2002). O efeito biológico dos 
anticoncepcionais hormonais orais, não depende somente da sua composição ou 
dose e via de administração, devendo ser considerado também a ingestão de outras 
drogas, a idade, a farmacocinética individual, os hábitos dietéticos, a massa 
corporal, a presença de certas condições neuroendócrinas anormais e a atividade 
exercida pela mulher. A interação farmacocinética entre outros medicamentos e 
contraceptivos pode ocorrer durante a absorção no trato gastrointestinal, durante o 
metabolismo hepático, na reabsorção pela circulação êntero-hepática, ou caso o 
fármaco interfira nas proteínas séricas carreadoras dos esteróides durante o 
transporte na circulação. Os fármacos que elevam os níveis das proteínas 
carreadoras, como a rifampicina, diminuem a fração hormonal bioativa, reduzindo 
sua função (TIERNEY; McPHEE; PAPADAKIS, 2002). 
O primeiro relato de falha contraceptiva associada ao uso de antimicrobianos 
ocorreu em 1971, quando REIMERS & JEZEK observaram elevada incidência de 
sangramento intermenstrual em mulheres que utilizavam contraceptivos orais e, ao 
mesmo tempo, estavam fazendo tratamento com rifampicina, um antimicrobiano 
para tratamento de tuberculose. De acordo com SANDOR & UFFEN (1987), o 
sangramento intermenstrual é considerado um sinal clínico de perda da eficácia 
contraceptiva, caso não tenha ocorrido antes, em um dado paciente, com a mesma 
preparação contraceptiva. Em estudo posterior, REIMERS (1974) havia apontado 
que em um grupo de 88 mulheres que utilizaram, simultaneamente, contraceptivos 
orais e rifampicina, 62 tiveram distúrbios no ciclo menstrual e cinco engravidaram. 
Isto excede, em muito, a expectativa de 1% de fracasso contraceptivo, em mulheres 
que tomam contraceptivos orais de forma regular e confiável (ZACHARIASEN, 
1991). É importante ressaltar que se espera o mínimo fracasso quanto aos efeitos 
de contraceptivos orais, uma vez que estes constituem a mais eficiente forma de 
contracepção reversível, sendo utilizados por cerca de 70 milhões de mulheres em 
todo o mundo. Relatos posteriores foram publicados, envolvendo outros 
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antimicrobianos mais comumente usados, como ampicilina, tetraciclina (BACON; 
SHENFIELD, 1980), metronidazol e outros. Em 1986, o British Committee of Safety 
of Medicines relatou 63 casos de falhas de contracepção em mulheres que foram 
tratadas com antimicrobianos e tomavam contraceptivos orais. Os antimicrobianos 
mais freqüentemente citados neste documento foram as penicilinas, principalmente 
a ampicilina e as tetraciclinas. Segundo BACK & ORME (1990), a eritromicina, as 
cefalosporinas, a griseofulvina, as sulfonamidas e o cotrimoxazol também estão 
envolvidos nesta interação. 
Existem fatores que diminuem a eficácia contraceptiva: 
· Uso incorreto – esquecer de tomar a "pílula" e as variações em seu horário 
de ingestão podem determinar quedas dos níveis plasmáticos de 
estrógeno e progesterona. 
· Vômitos e diarréia - podem diminuir o tempo de permanência do 
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medicamento no tubo gastrintestinal, diminuindo sua absorção. 
· Interação com outras drogas - alguns medicamentos, como 
anticonvulsivantes e antimicrobianos, interferem com a metabolização dos 
contraceptivos orais, reduzindo os níveis plasmáticos hormonais. Diversos 
antimicrobianos largamente usados participam desta interação (CORRÊA; 
ANDRADE; RANALI, 1998). 
Quando os contraceptivos orais são ingeridos, o estrógeno e a progesterona 
são prontamente absorvidos do trato gastrintestinal para a corrente circulatória, 
sendo conduzidos até o fígado, onde são metabolizados. Cerca de 40% a 58% do 
estrógeno são transformados em conjugados sulfatados e glucuronídeos, os quais 
não têm atividade contraceptiva. Estes metabólitos estrogênicos são excretados na 
bile, a qual se esvazia no trato gastrintestinal. Uma parte destes metabólitos é 
hidrolisada pelas enzimas das bactérias intestinais, liberando estrógeno ativo, sendo 
o remanescente excretado nas fezes. O estrógeno liberado pode então ser 
reabsorvido, estabelecendo-se o ciclo êntero-hepático, que aumenta o nível 
plasmático de estrógeno circulante (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). 
O uso de antimicrobianos destrói as bactérias da flora intestinal 
(principalmente, clostridia sp.), responsáveis pela hidrólise dos conjugados 
estrogênicos. Desse modo, o ciclo êntero-hepático do estrógeno é diminuído, com 
uma conseqüente redução dos níveis plasmáticos de estrógeno ativo. Este 
mecanismo não explica os fracassos relatados com contraceptivos que possuem 
apenas progesterona, quando em uso concomitante com antimicrobianos, pois os 
metabólitos inativos de progesterona não são excretados na bile de forma a serem 
hidrolisados em progesterona ativa. Sendo assim, as falhas com tais preparações 
podem não estar relacionadas com o uso de antimicrobianos (CORRÊA; ANDRADE; 
RANALI, 1998). 
Outro mecanismo pelo qual os antimicrobianos parecem reduzir os níveis 
plasmáticos hormonais é a indução das enzimas microssomais citocromo P-450 no 
fígado, acelerando o metabolismo dos contraceptivos orais. Desse modo, a 
reciclagem diminuída de estrógeno, juntamente com o metabolismo hepático 
aumentado, favorece a queda das concentrações hormonais. Existem, porém, dados 
conflitantes na literatura e ainda não há uma explicação definitiva para o processo 
(CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). 
Estudos em animais mostraram claramente a importância da recirculação 
êntero-hepática e demonstraram que diversos antimicrobianos causam uma queda
significativa nas concentrações plasmáticas estrogênicas. Estudos em humanos, 
porém, foram menos conclusivos (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). WILLMAN; 
PULKKINEN (1971) demonstraram uma diminuição das concentrações plasmáticas 
e urinárias de estriol, durante uma terapia com ampicilina. SWENSON (1980) 
verificaram um aumento da excreção e uma redução da meia-vida plasmática do 
etinilestradiol em cinco mulheres que tomavam contraceptivos orais, sendo que 
quatro estavam em tratamento com tetraciclina e uma com ampicilina. Por outro 
lado, BACK et al. (1990) observaram 13 mulheres usuárias de contraceptivos orais 
que estavam tomando ampicilina e não encontraram alterações nas concentrações 
plasmáticas hormonais, em comparação com os ciclos previamente controlados. 
A explicação para os resultados conflitantes pode estar relacionada às 
variações individuais no metabolismo dos contraceptivos orais. A maioria dos 
autores sugere que tal interação não ocorre em todas as mulheres, mas apenas 
naquelas mais suscetíveis. Porém, até o momento, não há meios para saber quais 
mulheres são mais sensíveis a esta interação medicamentosa (CORRÊA; 
ANDRADE; RANALI, 1998). 
Algumas das ações entre os principais antimicrobianos citados acima que 
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podem interferir com o metabolismo dos contraceptivos orais são: 
· Rifampicina: indução do sistema microssomal hepático, intensificando o 
metabolismo dos contraceptivos orais. 
· Penicilinas (ampicilina, amoxicilina), cefalosporinas e metronidazol: 
alteração da flora intestinal, diminuindo a recirculação êntero-hepática dos 
estrógenos. 
· Tetraciclinas e eritromicina: indução das enzimas do sistema microssomal 
hepático e alteração da flora intestinal bacteriana (CORRÊA; ANDRADE; 
RANALI, 1998). 
Outros relatos clínicos sobre a interação dos contraceptivos orais e 
antimicrobianos observaram que a rifampicina e a griseofulvina são os 
medicamentos mais freqüentemente implicados nos casos de gravidez acidental em 
usuárias de contraceptivos orais (COTTET,1996). REIMERS (1974) relatou que 
cinco de 88 mulheres que usaram contraceptivos orais e a rifampicina ficaram 
grávidas. A redução na eficácia contraceptiva foi rapidamente elucidada. 
A rifampicina diminui os níveis de etinilestradiol (EE) e noretindrona (NT) pelo 
aumento potencial da atividade enzimática do fígado, que aumenta a taxa do 
metabolismo de ambos os componentes hormonais dos contraceptivos orais 
combinados (BARDITCH-CROVO et al.,1999). 
SWENSON (1980) verificaram aumento da excreção e redução da meia-vida 
plasmática do etinilestradiol em cinco mulheres que tomavam contraceptivos orais, 
estando quatro em tratamento com tetraciclina e uma com ampicilina. 
BACK et al. (1988) relataram reações adversas de medicamentos para a 
agência regulatória entre 1968 e 1984 como meio indireto de taxar a gravidez 
contraceptivos oral - antimicrobiano induzida. Nesse trabalho foram identificadas 63 
gestações relacionadas a essa interação. O maior número foi associado com 
penicilinas, seguidas de tetraciclina, tendo sido também os mais prescritos naquele 
período no Reino Unido. 
Segundo BACK & ORME (1990) a eritromicina, as cefalosporinas, a 
griseofulvina, as sulfonamidas e o cotrimoxazol também estavam envolvidos nessa 
interação.
SPARROW (1987) relatou 163 casos de falhas dos contraceptivos orais 
quando associado a antimicrobianos. Pelo fato dos antimicrobianos serem um dos 
medicamentos mais prescritos poderia parecer que tal associação com 
contraceptivos orais e a diminuição da eficácia contraceptiva fosse coincidência, 
especialmente por que 36% das falhas contraceptivas não tiveram quaisquer fatores 
de predisposição (SZOKA; EDGREN, 1988). 
De modo geral, esses dois grandes estudos citados acima foram 
considerados inválidos pela escassez de grupo-controle. O número de mulheres que 
ficaram grávidas tomando contraceptivos orais e antimicrobianos não pôde ser 
comparado com o número de mulheres tomando contraceptivos orais e 
antimicrobianos que não ficaram grávidas ou com o número de mulheres utilizando 
somente contraceptivos orais que ficaram grávidas (SZOKA; EDGREN, 1988). 
Em 1985, uma compilação dos relatos de casos mostrou que a rifampicina, 
fármaco tuberculostático, foi o único antimicrobiano com mecanismo comprovado de 
interferência no metabolismo dos contraceptivos orais (SZOKA; EDGREN, 1988). 
Uma hipótese para interação entre contraceptivos orais e antimicrobianos 
nesses relatos de casos foi que o percentual de gravidez simplesmente refletiu a 
taxa normal que ocorre com o uso de contraceptivos orais (SZOKA; EDGREN, 
1988). 
De acordo com as pesquisas farmacocinéticas, a rifampicina induz a atividade 
enzimática hepática, diminuindo a eficácia contraceptiva. Embora estudos 
farmacocinéticos com outros antimicrobianos não tenham apoiado a perda da 
eficácia, alguns autores postularam a existência de um subgrupo de mulheres com 
risco mais elevado de falha contraceptiva; por não ser possível identificá-las e pelas 
sérias conseqüências de uma gravidez indesejada, uma advertência para o uso de 
outro método contraceptivo é aconselhada (SANTOS et al.,2006). 
Em relação a interação do contraceptivos orais com o álcool foi observado 
que partindo do ponto de vista biológico, as mulheres são metabolicamente menos 
tolerantes ao álcool do que os homens. Se for administrada para dois indivíduos de 
sexos opostos a mesma dose ajustada de acordo com o peso corpóreo, a mulher 
apresentará níveis alcoólicos mais elevados no sangue. Seu peso e a menor 
quantidade de água corporal, em detrimento da maior quantidade de gordura, 
associado a menor quantidade da enzima desidrogenase alcoólica que é crucial 
para o metabolismo do álcool. Por essas razões, as mulheres ficam embriagadas 
com menores doses de bebidas alcoólicas (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI JR, 
2009). 
Mais de 90% do álcool consumido é oxidado no fígado; o restante é excretado 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 
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pelos pulmões e pela urina (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
A principal e mais usual via de metabolização do álcool é aquela que envolve a 
enzima álcool desidrogenase (ADH), cuja função é a oxidação do etanol em 
acetaldeído. Essa via utiliza o NAD (dinucleotídeo de nicotinamida-adenina) como 
aceptor de hidrogênio, que é reduzido a NADH (reação está associada com um alto 
fornecimento energético proveniente do NADH na formação de 16 ATP/mol de 
etanol). Essa via é mais utilizada por bebedores sociais, já a via utilizada pelos 
etilistas é a SMOE (Sistema Mitocondrial de Oxidação do Etanol), presente no 
retículo endoplasmático liso dos hepatócitos, que utiliza o citocromo P-450, a 
NADPH citocromoredutase e os fosfolipídios, tendo como aceptor de hidrogênio o 
NADP. Essa via tem maior importância em indivíduos que consomem o álcool 
cronicamente, porém à custa de gasto de energia na forma de ATP1. Um adulto
típico pode metabolizar 7-10 g (0,15-0,22 mol) de álcool por hora. Acredita-se que 
pessoas com alta ingestão de álcool não são capazes de aproveitar toda caloria, 
uma vez que a via de metabolização utilizada nesses casos seria a SMOE (Sistema 
Mitocondrial de Oxidação do Etanol). Essa via tem ainda a capacidade de aumentar 
o potencial termogênico dos alimentos aumentado assim à taxa de metabolismo 
basal dos etilistas. O álcool também pode atuar como um indutor enzimático 
(KACHANI, 2008 apud OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009, p.368). 
Uma interação importante associada aos contraceptivos está relacionada com 
a interferência desses com a eliminação do álcool. A farmacocinética da eliminação 
do álcool é alterada pela presença de altos níveis de progesterona, o que aumenta a 
taxa de excreção do álcool, podendo induzir o indivíduo a um consumo maior de 
álcool (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr. (2009) desenvolveram avaliação 
quantitativa sobre aspectos importantes no uso de contraceptivos orais entre as 
alunas dos cursos da área de saúde (Nutrição, Farmácia- Bioquímica, Biomedicina, 
Enfermagem e Fisioterapia) e levantaram informações como: faixa etária 
predominante; média de consumo de bebidas alcoólicas, classificando esse 
consumo em: diariamente, semanalmente, mensalmente ou anualmente; tipo de 
bebida alcoólica preferida: fermentadas ou destiladas; a quantidade média de copos 
consumidos e o principal tipo de contraceptivo hormonal oral utilizado. O estudo foi 
realizado com um grupo de 123 estudantes mulheres, na faixa etária entre 18 a 36 
anos. A amostragem foi realizada por meio da entrega do questionário para alunas 
dos cursos de saúde (Nutrição, Farmácia-Bioquímica, Biomedicina, Enfermagem e 
Fisioterapia) da UNIP, campus Jundiaí – SP. O trabalho mostrou que a ingestão de 
álcool ultrapassou o limite de dosagem (0,3 g/Kg) que pode levar a interações com 
os contraceptivos orais. Além disso, evidenciou o grau de conhecimento das 
estudantes em relação às possíveis interações existentes entre os contraceptivos 
orais e a ingestão de bebidas alcoólicas. 
A dosagem considerada limite de álcool no organismo para interações com 
contraceptivos foi 0,3 g/Kg de acordo com estudo desenvolvido por HADDAD; MIKE; 
ZAPATA (1998). 
No cálculo para a conversão do número de copos ingeridos em grau alcoólicos 
foram considerados os seguintes parâmetros: densidade do álcool = 0,7894g/L, teor 
alcoólico do destilado 50 °GL e bebida fermentada ( cerveja = 7 °GL). O cálculo 
utilizado na conversão dedo pela fórmula: conversão = quantidade de bebida em um 
copo (250 mL) x grau alcoólico da bebida x densidade/peso corporal. 
No estudo de OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr. (2009), dentre as estudantes 
universitárias entrevistadas que utilizavam contraceptivos cerca de 70% consumiam 
bebidas alcoólicas e apenas 24% utilizavam contraceptivos, mas não ingeriam 
nenhum tipo de bebida alcoólica. Em relação ao conhecimento sobre o efeito da 
interação entre álcool e contraceptivos 53% afirmaram que conheciam esse tipo de 
interação. Entre todos os contraceptivos orais citados 58 % são de alta dosagem 
hormonal e 41% de baixa dosagem, sendo que os mais citados foram: Diane 35® 
(alta dosagem) e o Yasmin® (baixa dosagem) (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 
2009). 
Cerca de 70% das alunas entrevistadas preferiam as bebidas fermentadas 
(cerveja). Em relação à quantidade de bebida ingerida as estudantes usuárias de 
contraceptivos de alta dosagem ingeriam em média dois copos por dia, já as 
usuárias de contraceptivos de baixa dosagem ingeriam mais de três copos, isto faz 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 
1459
com que elas estejam mais susceptíveis a interação entre fármaco e álcool. Em 
relação às alunas que ingeriam bebidas semanalmente pôde-se observar que elas 
representavam 50 % da população em estudo, sendo que preferiam as bebidas 
fermentadas (cerveja) quando comparadas com as bebidas destiladas. Em relação à 
quantidade de bebida alcoólica ingerida, as estudantes que utilizavam 
contraceptivos de alta dosagem ingeriam em média três copos por dia e as que 
usavam os de baixa dosagem ingeriam mais de quatro copos, portanto, esse último 
grupo corre maior risco de diminuição da eficácia do fármaco por interação 
medicamentosa (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
As estudantes que consumiam bebidas mensalmente equivaliam a 27% da 
população analisada, essas preferiam bebida fermentada e o consumo médio são 
dois copos de bebida (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
Aproximadamente 6,5 % das alunas participantes do estudo ingeriam bebidas 
alcoólicas anualmente e a bebida fermentada era a preferida, sendo a quantidade 
ingerida de um copo para os grupos de alta e baixa dose hormonal no contraceptivo 
(OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
Considerando todas as alunas que participaram da pesquisa e que consumiam 
bebidas alcoólicas, pôde-se analisar que 77% das estudantes estavam com o 
consumo de álcool acima da dose considerada segura (acima de 0,3 g/kg). 
Observou-se que 74% das estudantes que faziam uso de contraceptivos de baixa 
dosagem estavam consumindo uma quantidade de álcool que podia induzir 
interação farmacocinética, no entanto, no grupo que fazia uso de contraceptivos de 
alta dosagem, observou-se que 79% das entrevistadas estavam ingerindo 
quantidade acima do considerado seguro, entretanto, esse grupo é menos 
susceptível a interação entre álcool e fármaco (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 
2009). 
Assim, este estudo concluiu que uma das condutas que pode representar 
falhas no método contraceptivo oral é a ingestão concomitante de bebidas alcoólicas 
e os anticoncepcionais hormonais orais, o que pode acarretar em uma interação 
medicamentosa desfavorável. 
O etanol é bem absorvido no trato gastrointestinal, entretanto, o consumo do 
álcool pode modificar de forma importante o efeito dos fármacos. O metabolismo dos 
fármacos se altera de forma distinta quando o consumo de bebidas alcoólicas é 
agudo ou crônico. Em pacientes com consumo de álcool crônico, o álcool gera uma 
indução nas enzimas hepáticas que leva a um aumento na biotransformação 
metabólica e uma diminuição da atividade dos fármacos levando a maior tolerância a 
esses medicamentos e necessitam de doses mais altas dos fármacos para 
conseguir um efeito terapêutico desejado. Já o consumo agudo de álcool ou 
consumo ocasional pode produzir uma inibição na produção das enzimas hepáticas 
e observa-se um aumento na biotransformação metabólica e aumento na 
concentração de alguns fármacos, podendo prolongar a atividade farmacológica 
assim como uma maior incidência de efeitos adversos (OLIVEIRA; SOARES; 
BENASSI Jr, 2009). 
A alcoolemia apresenta dois picos característicos: o primeiro (menor), 
correspondente à absorção gástrica e o segundo (maior), correspondente à 
absorção intestinal. O etanol estimula a secreção gástrica ácida e retarda o 
esvaziamento gástrico, interferindo na cinética de absorção de fármacos como os 
anticoncepcionais que apresentam absorção intestinal. O etilistas desenvolvem 
tolerância ao etanol e a outros fármacos (tolerância cruzada), isso ocorre devido à 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 
1460
adaptação do sistema nervoso central (tolerância farmacodinâmica) e à indução 
enzimática (tolerância farmacocinética) (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
O consumo agudo de etanol inibe temporariamente a biotransformação de 
fármacos pelo sistema oxidase de função mista (CYP) do fígado, podendo elevar 
perigosamente os níveis plasmáticos desses fármacos, isto faz com que as 
estudantes com ingestão de contraceptivos de baixa dosagem corram maior risco, 
uma vez que, a taxa de hormônio nesse contraceptivo possui uma dosagem mínima, 
mais sujeita a falhas (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
Os contraceptivos orais são metabolizados pelas enzimas citrocromo P-450 
hepáticas. Dado que a dose efetiva mínima de estrógeno é a usada (de certa forma 
para evitar o risco excessivo de tromboembolia), qualquer aumento de sua 
depuração pode resultar em falha do contraceptivo e, ainda, fármacos que induzem 
enzimas podem ter este efeito não apenas sobre os contraceptivos combinados, 
mas também para as pílulas com progesterona apenas (OLIVEIRA; SOARES; 
BENASSI JR, 2009). 
Os contraceptivos orais estão entre os compostos mais usados no mundo, são 
extremamente eficazes e têm, na maior parte das mulheres, baixa incidência dos 
efeitos adversos. O reconhecimento de que os efeitos colaterais eram dependentes 
da dose usada levaram à redução das doses e ao desenvolvimento dos 
contraceptivos de baixa dose ou de segunda geração. No entanto, a utilização de 
baixas dosagens diminui a margem de segurança em relação às possíveis 
interações entre os contraceptivos e o álcool (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 
2009). 
Devido ao mecanismo farmacocinético de indução de CYP pelo etanol, com 
diminuição de efeitos terapêuticos dos contraceptivos orais há possibilidade de 
gravidez indesejada em decorrência dessa associação, no entanto, os dados obtidos 
a partir dos questionários revelaram que a quantidade de etanol consumida por 25% 
das alunas não ultrapassavam um copo, semanalmente. Essa quantidade de álcool 
ingerida está inserida em uma margem de segurança em relação à eficácia do 
contraceptivo, motivo pelo qual não foram observados casos de gravidez indesejada 
pela associação etanol e contraceptivo oral (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 
2009). 
O estudo demonstrou que 40% das alunas da área de saúde, não reconheciam 
como possível a interação do álcool com os contraceptivos. Esse perfil pode 
acarretar na diminuição da eficácia das pílulas e com isso uma gravidez indesejada 
(OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 
1461 
CONCLUSÃO 
Os contraceptivos orais foram inicialmente formulados com altas dosagens 
hormonais (estrogênio e progesterona) com o intuito de evitar a gravidez por meio 
da inibição da ovulação, no entanto, estas altas dosagens submetiam a mulher a 
uma série de efeitos colaterais. Com o avanço cientifico foi possível obter pílulas de 
menor dosagem hormonal, as quais possuem equivalente efeito contraceptivo, 
porém menores efeitos colaterais. No entanto, a pílulas com menores dosagens 
hormonais se tornaram mais sujeitas a interações com antimicrobianos promovendo 
a perda da eficácia contraceptiva. 
Os antibióticos destroem as bactérias intestinais e, conseqüentemente, não 
mais ocorrem àquelas reações enzimáticas que liberam estrogênio ativo, cujo nível
diminui no sangue. Essa seria uma explicação para o fracasso dos contraceptivos 
orais quando tomados junto com antibióticos. A aceleração do metabolismo hepático 
é outro mecanismo pelo qual os antibióticos podem reduzir as concentrações 
hormonais e, portanto, levar ao fracasso das pílulas anticoncepcionais. 
A rifampicina e a griseofulvina são os medicamentos mais freqüentemente 
implicados nos casos de gravidez acidental em usuárias de contraceptivo oral. De 
acordo com as pesquisas farmacocinéticas, a rifampicina induz a atividade 
enzimática hepática, diminuindo a eficácia contraceptiva. 
Penicilinas (ampicilina, amoxicilina), cefalosporinas e metronidazol também 
estão implicadas nas interações com anticoncepcionais e agem por produzirem 
alteração da flora intestinal, diminuindo a recirculação êntero-hepática dos 
estrógenos. 
Ainda há as tetraciclinas e eritromicina as quais agem por indução das 
enzimas do sistema microssomal hepático e alteração da flora intestinal bacteriana. 
Embora diversos sejam os estudos relacionados com as possíveis interações 
entre anticoncepcionais com álcool e antimicrobianos alguns dados ainda são 
conflitantes, e alguns estudos que evidenciam essas interações possuem 
confiabilidade questionável por outros autores. 
A explicação para os resultados conflitantes pode estar relacionada às 
variações individuais no metabolismo dos contraceptivos orais. A maioria dos 
autores sugere que tal interação não ocorre em todas as mulheres, mas apenas 
naquelas mais suscetíveis. Porém, até o momento, não há meios para saber quais 
mulheres são mais sensíveis a esta interação medicamentosa. 
Embora o mecanismo de interação entre antimicrobianos e contraceptivos 
orais não esteja ainda comprovado, existem evidências suficientes que demonstram 
que a interação existe, podendo resultar em perda da eficácia contraceptiva 
Quanto ao álcool, o metabolismo dos fármacos se altera de forma distinta 
quando o consumo de bebidas alcoólicas é agudo ou crônico. Em pacientes com 
consumo de álcool crônico, o álcool gera uma indução nas enzimas hepáticas que 
leva a um aumento na biotransformação metabólica e uma diminuição da atividade 
dos fármacos levando a maior tolerância a esses medicamentos e necessitam de 
doses mais altas dos fármacos para conseguir um efeito terapêutico desejado. Já o 
consumo agudo de álcool ou consumo ocasional pode produzir uma inibição na 
produção das enzimas hepáticas e observa-se um aumento na biotransformação 
metabólica e aumento na concentração de alguns fármacos, podendo prolongar a 
atividade farmacológica assim como uma maior incidência de efeitos adversos. 
A informação é indispensável para assegurar às usuárias de contraceptivos 
orais a maior eficácia dos medicamentos, uma vez que os anticoncepcionais são 
fármacos sujeitos a sofrer e a exercer influência sempre que associadas a outros 
medicamentos ou substâncias. 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 
1462 
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  • 1. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1451 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS DE ANTICONCEPCIONAIS COM ANTIMICROBIANOS E ÁLCOOL RELACIONANDO À PRÁTICA DE AUTOMEDICAÇÃO Letícia Ravazzi Amado1, Talita Zancanaro Carniel1, Carolina Baraldi Araújo Restini2 1.Graduandas do Curso de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP - carol@restini.com.br 2.Professora Doutora do Curso de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP - Av. Costábile Romano, 2201 (Ribeirânia), CEP: 14096-900, Ribeirão Preto, SP – Brasil Data de recebimento: 07/10/2011 - Data de aprovação: 14/11/2011 RESUMO Automedicação é definida como o uso de medicamentos sem prescrição médica, na qual o próprio paciente decide qual medicamento utilizar. Os efeitos de um medicamento, quando administrado concomitantemente a outros, podem ser diferentes dos efeitos esperados se o medicamento fosse empregado isoladamente. Os anticoncepcionais hormonais orais são esteróides utilizados isoladamente ou em associação com a finalidade básica de impedir a concepção. Desde a introdução destes, em 1961, houve tendência em reduzir as concentrações de estrogênios nas formulações a fim de minimizar seus efeitos colaterais, por outro lado, essa redução pode diminuir a eficácia contraceptiva quando usado concomitante com alguns antibióticos. Uma importante interação envolve o uso concomitante de antimicrobianos e contraceptivos orais, podendo resultar em perda da eficácia contraceptiva e gravidez inesperada. Outra importante interação dos anticoncepcionais orais é com o álcool, sendo que este, em altas concentrações pode alterar a farmacocinética dos anticoncepcionais, diminuindo assim sua eficácia contraceptiva, e podendo levar a uma gravidez indesejada. Uma vez que os contraceptivos orais são largamente utilizados pelas mulheres e, muitas vezes sem prescrição médica, é importante que os médicos e a população conheçam os potenciais riscos de seu uso e interações medicamentosas. Neste sentido, o presente trabalho traz uma revisão bibliográfica sobre as interações medicamentosas de anticoncepcionais com antimicrobianos e álcool relacionados à prática de automedicação. PALAVRAS-CHAVE: Automedicação; contraceptivo oral; interação medicamentosa INTERACTIONS OF CONTRACEPTIVE WITH ANTIMICROBIAL AND ALCOHOL RELATED TO THE PRACTICE OF SELF MEDICATION ABSTRACT Self-medication is defined as the use of non-prescription drugs, in which the patient decides which drug to use. The effects of a drug, when administered concomitantly with other materials, may be different from the expected effects if this drug was used alone. The oral contraceptives steroids are used alone or in combination with the basic purpose of preventing conception. Since the introduction of these in 1961, and
  • 2. tended to reduce the concentrations of estrogens in formulations to minimize side effects. This reduction may decrease the contraceptive effectiveness when the concurrent use of antibiotics. An important interaction involves the concurrent use of antibiotics and oral contraceptives may result in loss of contraceptive efficacy and unexpected pregnancy. Another important interaction of oral contraceptives is with alcohol, and this, in high concentrations may alter the pharmacokinetics of oral contraceptives, thus reducing its contraceptive efficacy, and may lead to an unwanted pregnancy. Once that oral contraceptives are widely used by women and, often without prescription, becomes important that physicians and the people to know the potential risks of their use and drug interactions. Thus, through literature review, this paper presents interaction of contraceptive with antimicrobial and alcohol related to the practice of self medication. KEYWORDS: Self-medication; oral contraceptives; drug interactions. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1452 INTRODUÇÃO O restabelecimento da saúde de um paciente está baseado tanto no diagnóstico correto como numa terapêutica adequada. O conhecimento das propriedades básicas das substâncias utilizadas para este fim, bem como de sua ação farmacológica, é fundamental para a prática da medicina. Também é natural de se pensar que no caso da administração com fins terapêuticos, ou não, de mais de uma substância, estas possam interagir entre si no organismo. Os efeitos de um medicamento, quando administrado concomitantemente com outros, podem ser diferentes dos efeitos esperados se este medicamento fosse empregado isoladamente (FONSECA, 1991). A prescrição de vários medicamentos para o tratamento de uma patologia é uma prática muito comum. Nos hospitais, a maioria dos pacientes pode receber várias drogas simultaneamente. Nos serviços clínicos, o número médio de drogas administradas a pacientes durante uma hospitalização pode variar de 10 a 13, sendo que muitos podem receber até muito mais (OGA; BASILE, 2002). Além dessa prática, de acordo com a Revista da Associação Médica Brasileira (2001), a prática de automedicação é bastante difundida não apenas no Brasil, mas também em outros países. Em alguns países, com sistema de saúde pouco estruturado, a ida à farmácia representa a primeira opção para resolver problemas de saúde, sendo que a maior parte dos medicamentos consumidos pela população é vendida sem receita médica. A mídia televisiva e outros meios de comunicação e propaganda, como o rádio ou "outdoors", insistem com apelos que estimulam a adotar tal postura, inserindo no final da propaganda a sua tradicional frase "persistindo os sintomas um médico deve ser consultado", como se isso os isentasse de toda e qualquer responsabilidade (AMB, 2001). Ainda a própria Associação Médica Brasileira ressalta que, no Brasil, embora haja regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para a venda e propaganda de medicamentos que possam ser adquiridos sem prescrição médica, não há regulamentação nem orientação para aqueles que os utilizam. As razões pelas quais as pessoas se automedicam são inúmeras. A propaganda desenfreada e massiva de determinados medicamentos contrasta com as tímidas campanhas que tentam esclarecer os perigos da automedicação. A
  • 3. dificuldade e o custo de se conseguir uma opinião médica, a limitação do poder prescritivo, restrito a poucos profissionais de saúde, o desespero e a angústia desencadeados por sintomas ou pela possibilidade de se adquirir uma doença, informações sobre medicamentos obtidos na internet ou em outros meios de comunicação, a falta de regulamentação e fiscalização daqueles que vendem e a falta de programas educativos sobre os efeitos muitas vezes irreparáveis da automedicação, são alguns dos motivos que levam as pessoas a utilizarem medicamento sem prescrição médica (CHIAROTI; REBELLO; RESTINI, 2010). Os anticoncepcionais ou contraceptivos orais são fármacos que previnem a gravidez e podem ser utilizados em circunstâncias específicas como na prevenção de uma gravidez de risco, no planejamento familiar, controle do crescimento populacional, entre outras. Apresentam também outros benefícios tais como: a regularização do ciclo menstrual, redução da tensão pré-menstrual, redução da incidência de cistos ovarianos, de câncer ovariano e endometrial e de doenças benignas das mamas (WILLIAMS; STANCEL, 1996). Os contraceptivos orais são constituídos por uma associação de estrógenos e progesterona sintéticos, os quais inibem a ovulação, pela supressão dos hormônios folículo-estimulante e luteinizante. Também aumentam a viscosidade do muco cervical, dificultando a penetração dos espermatozóides e causam atrofia endometrial, reduzindo a probabilidade de implantação. A eficiência dos contraceptivos orais depende da manutenção de níveis plasmáticos regulares de estrógeno e progesterona (WILLIAMS; STANCEL, 1996). A maioria dos contraceptivos orais contem 21 comprimidos que devem ser tomados diariamente a partir do primeiro ao quinto dia do ciclo menstrual, com pausa de sete dias e início de uma nova cartela após cada pausa. Este esquema imita um ciclo menstrual de 28 dias, semelhante à média da população (WILLIAMS; STANCEL, 1996). O Brasil está entre os 10 maiores consumidores de medicamentos do mundo. A automedicação não é nada mais do que o uso de medicamentos sem a orientação de um médico, sendo que esse uso indiscriminado dos medicamentos pode trazer sérios riscos à saúde da população (CASAGRANDE et al., 2010). MACHADO (2008) contrapõe esse uso indiscriminado de medicamentos explicando que é necessário observar vários aspectos da paciente para fazer a escolha ideal do contraceptivo, como coagulação sanguínea, padrão menstrual, massa corporal, taxa de colesterol e oleosidade da pele. Ele lembra ainda que os contraceptivos orais sejam contra-indicados para fumantes com mais de 35 anos e pacientes com câncer. É indispensável a consulta ao ginecologista, pois os hormônios podem interferir nos hábitos e condições de saúde das mulheres. Logo, devido à grande variedade de tipos e dosagens de hormônios disponíveis no mercado, para cada mulher, deve-se indicar uma pílula específica, afirma MACHADO (2008). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1453 OBJETIVO Avaliar, por meio de revisão bibliográfica, as possíveis interações entre ACO com outras substâncias como etanol ou fármacos comumente utilizados na prática da automedicação ou freqüentemente prescrito por médicos, bem como avaliar possíveis efeitos deletérios dessas interações sobre a eficácia terapêutica desses medicamentos.
  • 4. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1454 METODOLOGIA O trabalho de revisão bibliográfica foi desenvolvido por meio de busca de material cientifico publicado em revistas indexadas em bases de dados tais como: pubmed, bireme, portal capes. Além disso, foram utilizados livros texto acadêmico-científicos, site de diretrizes, organizações governamentais e institucionais. DISCUSSÃO O termo interação medicamentosa refere-se a uma alteração na magnitude ou duração da resposta farmacológica a uma droga devido à presença de outra droga e/ou alimento. De acordo com OGA & BASILE (2002) as interações de fármacos quanto a etapa farmacocinética de biotransformação compreendem dois mecanismos básicos: a indução enzimática ou inibição enzimática. A indução causada por um fármaco pode afetar a velocidade de biotransformação de outros fármacos e conseqüentemente a biodisponibilidade e a eficácia terapêutica. Dentre diversas enzimas existentes no organismo de mamíferos, é de particular importância o sistema oxidase de função mista conhecido como sistema citocromo P-450 (CYP), situado junto às membranas do retículo endoplasmático predominantemente da porção lisa e ligado às membranas do retículo endoplasmático. As interações farmacêuticas são eventos físico-químicos que resultam na perda de atividade de um ou de ambos os fármacos, já as interações farmacocinéticas envolvem os efeitos de um medicamento sobre a absorção, distribuição, biotransformação ou eliminação (metabolismo ou excreção), de outro medicamento. Estas interações frequentemente provocam alterações importantes nas concentrações plasmáticas, área sob a curva, início de ação e meia-vida do fármaco, conseqüentemente interfere com a resposta clínica (TIERNEY; McPHEE; PAPADAKIS, 2002). Tais interações medicamentosas podem ser classificadas como interações desejáveis e indesejáveis. As interações desejáveis ou benéficas têm por objetivo tratar doenças concomitantes, reduzir efeitos adversos, prolongar a duração do efeito, aumentar a adesão ao tratamento, incrementar a eficácia ou permitir a redução da dose, já as interações indesejáveis são aquelas que determinam redução do efeito ou resultado contrário ao esperado, aumento na incidência e na gama de efeitos adversos e no custo da terapia sem incremento no benefício terapêutico (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). Quanto à diminuição da eficácia dos contraceptivos orais, a principal ocorrência se deve a competição entre os fármacos durante a(s) fase(s) de metabolização (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). No caso de interações envolvendo o metabolismo, pode-se citar como exemplo: a indução de metabolização dos hormônios anticoncepcionais etinilestradiol e levonogestrel por fenitoína ou carbamazepina, podendo resultar em perda de efeito contraceptivo em mulheres que utilizam os medicamentos concomitantemente (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). Diversos estudos demonstraram possível interação entre os antimicrobianos ou o álcool com os anticoncepcionais orais, resultando na perda da eficácia desse método contraceptivo, ou seja, uma interação indesejável (SÀNDOR; UFFEN, 1987; GOLDFIEN, 1998; SKEGG, 2000; SHOUPE, KJOS, 2006; SIMONIN, 2008). As pílulas contraceptivas são utilizadas nos Estados Unidos da América por mais de 40 anos. Dados recentes indicam que os contraceptivos orais são os mais usados anualmente por cerca de 60 a 70 milhões de mulheres no mundo inteiro. Ao contrário de outras drogas utilizadas, contraceptivos orais são ingeridos por
  • 5. mulheres saudáveis por um longo período de tempo, portanto, é importante que as mulheres conheçam as informações sobre os efeitos colaterais e o risco porcentual além dos benefícios da ingestão dos contraceptivos orais (BRODY et al., 1997). São utilizados dois tipos de preparações para contracepção oral: (1) combinações de estrogênio e progesterona e (2) somente à base de progesterona. As combinações de estrogênio e progesterona exercem seu efeito contraceptivo, em grande parte por meio da inibição seletiva da função hipotálamo hipofisária, resultando em inibição da ovulação. As minipílulas são contraceptivos orais de uso regular à base de 25-70% de progesterona em sua formulação (DETTLING et al., 2008). Pílulas combinadas são as mais utilizadas porque tem taxas de falha baixas (menos de 1%), o que significa que apresentam efetividade de 99%. Mas nos países subdesenvolvidos as taxas de insucesso variam de 3-12%. Essas taxas de insucesso podem ser explicadas pelo uso incorreto. Segundo PEDRO (2003), o uso correto e consistente é essencial para a eficácia. No entanto, no período de amamentação, as minipílulas alcançam quase 100% de efetividade, não alteram as propriedades do leite e não há necessidade de pausa em sua utilização. Em relação às desvantagens das minipílulas pode-se citar: aumento do risco de cistos ovarianos e de gravidez ectópica. Os contraceptivos hormonais orais têm influência na ação de outros medicamentos e estes também alteram a eficácia dos contraceptivos e sua ação terapêutica (TIERNEY; McPHEE; PAPADAKIS, 2002). O efeito biológico dos anticoncepcionais hormonais orais, não depende somente da sua composição ou dose e via de administração, devendo ser considerado também a ingestão de outras drogas, a idade, a farmacocinética individual, os hábitos dietéticos, a massa corporal, a presença de certas condições neuroendócrinas anormais e a atividade exercida pela mulher. A interação farmacocinética entre outros medicamentos e contraceptivos pode ocorrer durante a absorção no trato gastrointestinal, durante o metabolismo hepático, na reabsorção pela circulação êntero-hepática, ou caso o fármaco interfira nas proteínas séricas carreadoras dos esteróides durante o transporte na circulação. Os fármacos que elevam os níveis das proteínas carreadoras, como a rifampicina, diminuem a fração hormonal bioativa, reduzindo sua função (TIERNEY; McPHEE; PAPADAKIS, 2002). O primeiro relato de falha contraceptiva associada ao uso de antimicrobianos ocorreu em 1971, quando REIMERS & JEZEK observaram elevada incidência de sangramento intermenstrual em mulheres que utilizavam contraceptivos orais e, ao mesmo tempo, estavam fazendo tratamento com rifampicina, um antimicrobiano para tratamento de tuberculose. De acordo com SANDOR & UFFEN (1987), o sangramento intermenstrual é considerado um sinal clínico de perda da eficácia contraceptiva, caso não tenha ocorrido antes, em um dado paciente, com a mesma preparação contraceptiva. Em estudo posterior, REIMERS (1974) havia apontado que em um grupo de 88 mulheres que utilizaram, simultaneamente, contraceptivos orais e rifampicina, 62 tiveram distúrbios no ciclo menstrual e cinco engravidaram. Isto excede, em muito, a expectativa de 1% de fracasso contraceptivo, em mulheres que tomam contraceptivos orais de forma regular e confiável (ZACHARIASEN, 1991). É importante ressaltar que se espera o mínimo fracasso quanto aos efeitos de contraceptivos orais, uma vez que estes constituem a mais eficiente forma de contracepção reversível, sendo utilizados por cerca de 70 milhões de mulheres em todo o mundo. Relatos posteriores foram publicados, envolvendo outros ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1455
  • 6. antimicrobianos mais comumente usados, como ampicilina, tetraciclina (BACON; SHENFIELD, 1980), metronidazol e outros. Em 1986, o British Committee of Safety of Medicines relatou 63 casos de falhas de contracepção em mulheres que foram tratadas com antimicrobianos e tomavam contraceptivos orais. Os antimicrobianos mais freqüentemente citados neste documento foram as penicilinas, principalmente a ampicilina e as tetraciclinas. Segundo BACK & ORME (1990), a eritromicina, as cefalosporinas, a griseofulvina, as sulfonamidas e o cotrimoxazol também estão envolvidos nesta interação. Existem fatores que diminuem a eficácia contraceptiva: · Uso incorreto – esquecer de tomar a "pílula" e as variações em seu horário de ingestão podem determinar quedas dos níveis plasmáticos de estrógeno e progesterona. · Vômitos e diarréia - podem diminuir o tempo de permanência do ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1456 medicamento no tubo gastrintestinal, diminuindo sua absorção. · Interação com outras drogas - alguns medicamentos, como anticonvulsivantes e antimicrobianos, interferem com a metabolização dos contraceptivos orais, reduzindo os níveis plasmáticos hormonais. Diversos antimicrobianos largamente usados participam desta interação (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). Quando os contraceptivos orais são ingeridos, o estrógeno e a progesterona são prontamente absorvidos do trato gastrintestinal para a corrente circulatória, sendo conduzidos até o fígado, onde são metabolizados. Cerca de 40% a 58% do estrógeno são transformados em conjugados sulfatados e glucuronídeos, os quais não têm atividade contraceptiva. Estes metabólitos estrogênicos são excretados na bile, a qual se esvazia no trato gastrintestinal. Uma parte destes metabólitos é hidrolisada pelas enzimas das bactérias intestinais, liberando estrógeno ativo, sendo o remanescente excretado nas fezes. O estrógeno liberado pode então ser reabsorvido, estabelecendo-se o ciclo êntero-hepático, que aumenta o nível plasmático de estrógeno circulante (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). O uso de antimicrobianos destrói as bactérias da flora intestinal (principalmente, clostridia sp.), responsáveis pela hidrólise dos conjugados estrogênicos. Desse modo, o ciclo êntero-hepático do estrógeno é diminuído, com uma conseqüente redução dos níveis plasmáticos de estrógeno ativo. Este mecanismo não explica os fracassos relatados com contraceptivos que possuem apenas progesterona, quando em uso concomitante com antimicrobianos, pois os metabólitos inativos de progesterona não são excretados na bile de forma a serem hidrolisados em progesterona ativa. Sendo assim, as falhas com tais preparações podem não estar relacionadas com o uso de antimicrobianos (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). Outro mecanismo pelo qual os antimicrobianos parecem reduzir os níveis plasmáticos hormonais é a indução das enzimas microssomais citocromo P-450 no fígado, acelerando o metabolismo dos contraceptivos orais. Desse modo, a reciclagem diminuída de estrógeno, juntamente com o metabolismo hepático aumentado, favorece a queda das concentrações hormonais. Existem, porém, dados conflitantes na literatura e ainda não há uma explicação definitiva para o processo (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). Estudos em animais mostraram claramente a importância da recirculação êntero-hepática e demonstraram que diversos antimicrobianos causam uma queda
  • 7. significativa nas concentrações plasmáticas estrogênicas. Estudos em humanos, porém, foram menos conclusivos (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). WILLMAN; PULKKINEN (1971) demonstraram uma diminuição das concentrações plasmáticas e urinárias de estriol, durante uma terapia com ampicilina. SWENSON (1980) verificaram um aumento da excreção e uma redução da meia-vida plasmática do etinilestradiol em cinco mulheres que tomavam contraceptivos orais, sendo que quatro estavam em tratamento com tetraciclina e uma com ampicilina. Por outro lado, BACK et al. (1990) observaram 13 mulheres usuárias de contraceptivos orais que estavam tomando ampicilina e não encontraram alterações nas concentrações plasmáticas hormonais, em comparação com os ciclos previamente controlados. A explicação para os resultados conflitantes pode estar relacionada às variações individuais no metabolismo dos contraceptivos orais. A maioria dos autores sugere que tal interação não ocorre em todas as mulheres, mas apenas naquelas mais suscetíveis. Porém, até o momento, não há meios para saber quais mulheres são mais sensíveis a esta interação medicamentosa (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). Algumas das ações entre os principais antimicrobianos citados acima que ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1457 podem interferir com o metabolismo dos contraceptivos orais são: · Rifampicina: indução do sistema microssomal hepático, intensificando o metabolismo dos contraceptivos orais. · Penicilinas (ampicilina, amoxicilina), cefalosporinas e metronidazol: alteração da flora intestinal, diminuindo a recirculação êntero-hepática dos estrógenos. · Tetraciclinas e eritromicina: indução das enzimas do sistema microssomal hepático e alteração da flora intestinal bacteriana (CORRÊA; ANDRADE; RANALI, 1998). Outros relatos clínicos sobre a interação dos contraceptivos orais e antimicrobianos observaram que a rifampicina e a griseofulvina são os medicamentos mais freqüentemente implicados nos casos de gravidez acidental em usuárias de contraceptivos orais (COTTET,1996). REIMERS (1974) relatou que cinco de 88 mulheres que usaram contraceptivos orais e a rifampicina ficaram grávidas. A redução na eficácia contraceptiva foi rapidamente elucidada. A rifampicina diminui os níveis de etinilestradiol (EE) e noretindrona (NT) pelo aumento potencial da atividade enzimática do fígado, que aumenta a taxa do metabolismo de ambos os componentes hormonais dos contraceptivos orais combinados (BARDITCH-CROVO et al.,1999). SWENSON (1980) verificaram aumento da excreção e redução da meia-vida plasmática do etinilestradiol em cinco mulheres que tomavam contraceptivos orais, estando quatro em tratamento com tetraciclina e uma com ampicilina. BACK et al. (1988) relataram reações adversas de medicamentos para a agência regulatória entre 1968 e 1984 como meio indireto de taxar a gravidez contraceptivos oral - antimicrobiano induzida. Nesse trabalho foram identificadas 63 gestações relacionadas a essa interação. O maior número foi associado com penicilinas, seguidas de tetraciclina, tendo sido também os mais prescritos naquele período no Reino Unido. Segundo BACK & ORME (1990) a eritromicina, as cefalosporinas, a griseofulvina, as sulfonamidas e o cotrimoxazol também estavam envolvidos nessa interação.
  • 8. SPARROW (1987) relatou 163 casos de falhas dos contraceptivos orais quando associado a antimicrobianos. Pelo fato dos antimicrobianos serem um dos medicamentos mais prescritos poderia parecer que tal associação com contraceptivos orais e a diminuição da eficácia contraceptiva fosse coincidência, especialmente por que 36% das falhas contraceptivas não tiveram quaisquer fatores de predisposição (SZOKA; EDGREN, 1988). De modo geral, esses dois grandes estudos citados acima foram considerados inválidos pela escassez de grupo-controle. O número de mulheres que ficaram grávidas tomando contraceptivos orais e antimicrobianos não pôde ser comparado com o número de mulheres tomando contraceptivos orais e antimicrobianos que não ficaram grávidas ou com o número de mulheres utilizando somente contraceptivos orais que ficaram grávidas (SZOKA; EDGREN, 1988). Em 1985, uma compilação dos relatos de casos mostrou que a rifampicina, fármaco tuberculostático, foi o único antimicrobiano com mecanismo comprovado de interferência no metabolismo dos contraceptivos orais (SZOKA; EDGREN, 1988). Uma hipótese para interação entre contraceptivos orais e antimicrobianos nesses relatos de casos foi que o percentual de gravidez simplesmente refletiu a taxa normal que ocorre com o uso de contraceptivos orais (SZOKA; EDGREN, 1988). De acordo com as pesquisas farmacocinéticas, a rifampicina induz a atividade enzimática hepática, diminuindo a eficácia contraceptiva. Embora estudos farmacocinéticos com outros antimicrobianos não tenham apoiado a perda da eficácia, alguns autores postularam a existência de um subgrupo de mulheres com risco mais elevado de falha contraceptiva; por não ser possível identificá-las e pelas sérias conseqüências de uma gravidez indesejada, uma advertência para o uso de outro método contraceptivo é aconselhada (SANTOS et al.,2006). Em relação a interação do contraceptivos orais com o álcool foi observado que partindo do ponto de vista biológico, as mulheres são metabolicamente menos tolerantes ao álcool do que os homens. Se for administrada para dois indivíduos de sexos opostos a mesma dose ajustada de acordo com o peso corpóreo, a mulher apresentará níveis alcoólicos mais elevados no sangue. Seu peso e a menor quantidade de água corporal, em detrimento da maior quantidade de gordura, associado a menor quantidade da enzima desidrogenase alcoólica que é crucial para o metabolismo do álcool. Por essas razões, as mulheres ficam embriagadas com menores doses de bebidas alcoólicas (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI JR, 2009). Mais de 90% do álcool consumido é oxidado no fígado; o restante é excretado ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1458 pelos pulmões e pela urina (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). A principal e mais usual via de metabolização do álcool é aquela que envolve a enzima álcool desidrogenase (ADH), cuja função é a oxidação do etanol em acetaldeído. Essa via utiliza o NAD (dinucleotídeo de nicotinamida-adenina) como aceptor de hidrogênio, que é reduzido a NADH (reação está associada com um alto fornecimento energético proveniente do NADH na formação de 16 ATP/mol de etanol). Essa via é mais utilizada por bebedores sociais, já a via utilizada pelos etilistas é a SMOE (Sistema Mitocondrial de Oxidação do Etanol), presente no retículo endoplasmático liso dos hepatócitos, que utiliza o citocromo P-450, a NADPH citocromoredutase e os fosfolipídios, tendo como aceptor de hidrogênio o NADP. Essa via tem maior importância em indivíduos que consomem o álcool cronicamente, porém à custa de gasto de energia na forma de ATP1. Um adulto
  • 9. típico pode metabolizar 7-10 g (0,15-0,22 mol) de álcool por hora. Acredita-se que pessoas com alta ingestão de álcool não são capazes de aproveitar toda caloria, uma vez que a via de metabolização utilizada nesses casos seria a SMOE (Sistema Mitocondrial de Oxidação do Etanol). Essa via tem ainda a capacidade de aumentar o potencial termogênico dos alimentos aumentado assim à taxa de metabolismo basal dos etilistas. O álcool também pode atuar como um indutor enzimático (KACHANI, 2008 apud OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009, p.368). Uma interação importante associada aos contraceptivos está relacionada com a interferência desses com a eliminação do álcool. A farmacocinética da eliminação do álcool é alterada pela presença de altos níveis de progesterona, o que aumenta a taxa de excreção do álcool, podendo induzir o indivíduo a um consumo maior de álcool (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr. (2009) desenvolveram avaliação quantitativa sobre aspectos importantes no uso de contraceptivos orais entre as alunas dos cursos da área de saúde (Nutrição, Farmácia- Bioquímica, Biomedicina, Enfermagem e Fisioterapia) e levantaram informações como: faixa etária predominante; média de consumo de bebidas alcoólicas, classificando esse consumo em: diariamente, semanalmente, mensalmente ou anualmente; tipo de bebida alcoólica preferida: fermentadas ou destiladas; a quantidade média de copos consumidos e o principal tipo de contraceptivo hormonal oral utilizado. O estudo foi realizado com um grupo de 123 estudantes mulheres, na faixa etária entre 18 a 36 anos. A amostragem foi realizada por meio da entrega do questionário para alunas dos cursos de saúde (Nutrição, Farmácia-Bioquímica, Biomedicina, Enfermagem e Fisioterapia) da UNIP, campus Jundiaí – SP. O trabalho mostrou que a ingestão de álcool ultrapassou o limite de dosagem (0,3 g/Kg) que pode levar a interações com os contraceptivos orais. Além disso, evidenciou o grau de conhecimento das estudantes em relação às possíveis interações existentes entre os contraceptivos orais e a ingestão de bebidas alcoólicas. A dosagem considerada limite de álcool no organismo para interações com contraceptivos foi 0,3 g/Kg de acordo com estudo desenvolvido por HADDAD; MIKE; ZAPATA (1998). No cálculo para a conversão do número de copos ingeridos em grau alcoólicos foram considerados os seguintes parâmetros: densidade do álcool = 0,7894g/L, teor alcoólico do destilado 50 °GL e bebida fermentada ( cerveja = 7 °GL). O cálculo utilizado na conversão dedo pela fórmula: conversão = quantidade de bebida em um copo (250 mL) x grau alcoólico da bebida x densidade/peso corporal. No estudo de OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr. (2009), dentre as estudantes universitárias entrevistadas que utilizavam contraceptivos cerca de 70% consumiam bebidas alcoólicas e apenas 24% utilizavam contraceptivos, mas não ingeriam nenhum tipo de bebida alcoólica. Em relação ao conhecimento sobre o efeito da interação entre álcool e contraceptivos 53% afirmaram que conheciam esse tipo de interação. Entre todos os contraceptivos orais citados 58 % são de alta dosagem hormonal e 41% de baixa dosagem, sendo que os mais citados foram: Diane 35® (alta dosagem) e o Yasmin® (baixa dosagem) (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). Cerca de 70% das alunas entrevistadas preferiam as bebidas fermentadas (cerveja). Em relação à quantidade de bebida ingerida as estudantes usuárias de contraceptivos de alta dosagem ingeriam em média dois copos por dia, já as usuárias de contraceptivos de baixa dosagem ingeriam mais de três copos, isto faz ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1459
  • 10. com que elas estejam mais susceptíveis a interação entre fármaco e álcool. Em relação às alunas que ingeriam bebidas semanalmente pôde-se observar que elas representavam 50 % da população em estudo, sendo que preferiam as bebidas fermentadas (cerveja) quando comparadas com as bebidas destiladas. Em relação à quantidade de bebida alcoólica ingerida, as estudantes que utilizavam contraceptivos de alta dosagem ingeriam em média três copos por dia e as que usavam os de baixa dosagem ingeriam mais de quatro copos, portanto, esse último grupo corre maior risco de diminuição da eficácia do fármaco por interação medicamentosa (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). As estudantes que consumiam bebidas mensalmente equivaliam a 27% da população analisada, essas preferiam bebida fermentada e o consumo médio são dois copos de bebida (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). Aproximadamente 6,5 % das alunas participantes do estudo ingeriam bebidas alcoólicas anualmente e a bebida fermentada era a preferida, sendo a quantidade ingerida de um copo para os grupos de alta e baixa dose hormonal no contraceptivo (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). Considerando todas as alunas que participaram da pesquisa e que consumiam bebidas alcoólicas, pôde-se analisar que 77% das estudantes estavam com o consumo de álcool acima da dose considerada segura (acima de 0,3 g/kg). Observou-se que 74% das estudantes que faziam uso de contraceptivos de baixa dosagem estavam consumindo uma quantidade de álcool que podia induzir interação farmacocinética, no entanto, no grupo que fazia uso de contraceptivos de alta dosagem, observou-se que 79% das entrevistadas estavam ingerindo quantidade acima do considerado seguro, entretanto, esse grupo é menos susceptível a interação entre álcool e fármaco (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). Assim, este estudo concluiu que uma das condutas que pode representar falhas no método contraceptivo oral é a ingestão concomitante de bebidas alcoólicas e os anticoncepcionais hormonais orais, o que pode acarretar em uma interação medicamentosa desfavorável. O etanol é bem absorvido no trato gastrointestinal, entretanto, o consumo do álcool pode modificar de forma importante o efeito dos fármacos. O metabolismo dos fármacos se altera de forma distinta quando o consumo de bebidas alcoólicas é agudo ou crônico. Em pacientes com consumo de álcool crônico, o álcool gera uma indução nas enzimas hepáticas que leva a um aumento na biotransformação metabólica e uma diminuição da atividade dos fármacos levando a maior tolerância a esses medicamentos e necessitam de doses mais altas dos fármacos para conseguir um efeito terapêutico desejado. Já o consumo agudo de álcool ou consumo ocasional pode produzir uma inibição na produção das enzimas hepáticas e observa-se um aumento na biotransformação metabólica e aumento na concentração de alguns fármacos, podendo prolongar a atividade farmacológica assim como uma maior incidência de efeitos adversos (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). A alcoolemia apresenta dois picos característicos: o primeiro (menor), correspondente à absorção gástrica e o segundo (maior), correspondente à absorção intestinal. O etanol estimula a secreção gástrica ácida e retarda o esvaziamento gástrico, interferindo na cinética de absorção de fármacos como os anticoncepcionais que apresentam absorção intestinal. O etilistas desenvolvem tolerância ao etanol e a outros fármacos (tolerância cruzada), isso ocorre devido à ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1460
  • 11. adaptação do sistema nervoso central (tolerância farmacodinâmica) e à indução enzimática (tolerância farmacocinética) (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). O consumo agudo de etanol inibe temporariamente a biotransformação de fármacos pelo sistema oxidase de função mista (CYP) do fígado, podendo elevar perigosamente os níveis plasmáticos desses fármacos, isto faz com que as estudantes com ingestão de contraceptivos de baixa dosagem corram maior risco, uma vez que, a taxa de hormônio nesse contraceptivo possui uma dosagem mínima, mais sujeita a falhas (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). Os contraceptivos orais são metabolizados pelas enzimas citrocromo P-450 hepáticas. Dado que a dose efetiva mínima de estrógeno é a usada (de certa forma para evitar o risco excessivo de tromboembolia), qualquer aumento de sua depuração pode resultar em falha do contraceptivo e, ainda, fármacos que induzem enzimas podem ter este efeito não apenas sobre os contraceptivos combinados, mas também para as pílulas com progesterona apenas (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI JR, 2009). Os contraceptivos orais estão entre os compostos mais usados no mundo, são extremamente eficazes e têm, na maior parte das mulheres, baixa incidência dos efeitos adversos. O reconhecimento de que os efeitos colaterais eram dependentes da dose usada levaram à redução das doses e ao desenvolvimento dos contraceptivos de baixa dose ou de segunda geração. No entanto, a utilização de baixas dosagens diminui a margem de segurança em relação às possíveis interações entre os contraceptivos e o álcool (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). Devido ao mecanismo farmacocinético de indução de CYP pelo etanol, com diminuição de efeitos terapêuticos dos contraceptivos orais há possibilidade de gravidez indesejada em decorrência dessa associação, no entanto, os dados obtidos a partir dos questionários revelaram que a quantidade de etanol consumida por 25% das alunas não ultrapassavam um copo, semanalmente. Essa quantidade de álcool ingerida está inserida em uma margem de segurança em relação à eficácia do contraceptivo, motivo pelo qual não foram observados casos de gravidez indesejada pela associação etanol e contraceptivo oral (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). O estudo demonstrou que 40% das alunas da área de saúde, não reconheciam como possível a interação do álcool com os contraceptivos. Esse perfil pode acarretar na diminuição da eficácia das pílulas e com isso uma gravidez indesejada (OLIVEIRA; SOARES; BENASSI Jr, 2009). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1461 CONCLUSÃO Os contraceptivos orais foram inicialmente formulados com altas dosagens hormonais (estrogênio e progesterona) com o intuito de evitar a gravidez por meio da inibição da ovulação, no entanto, estas altas dosagens submetiam a mulher a uma série de efeitos colaterais. Com o avanço cientifico foi possível obter pílulas de menor dosagem hormonal, as quais possuem equivalente efeito contraceptivo, porém menores efeitos colaterais. No entanto, a pílulas com menores dosagens hormonais se tornaram mais sujeitas a interações com antimicrobianos promovendo a perda da eficácia contraceptiva. Os antibióticos destroem as bactérias intestinais e, conseqüentemente, não mais ocorrem àquelas reações enzimáticas que liberam estrogênio ativo, cujo nível
  • 12. diminui no sangue. Essa seria uma explicação para o fracasso dos contraceptivos orais quando tomados junto com antibióticos. A aceleração do metabolismo hepático é outro mecanismo pelo qual os antibióticos podem reduzir as concentrações hormonais e, portanto, levar ao fracasso das pílulas anticoncepcionais. A rifampicina e a griseofulvina são os medicamentos mais freqüentemente implicados nos casos de gravidez acidental em usuárias de contraceptivo oral. De acordo com as pesquisas farmacocinéticas, a rifampicina induz a atividade enzimática hepática, diminuindo a eficácia contraceptiva. Penicilinas (ampicilina, amoxicilina), cefalosporinas e metronidazol também estão implicadas nas interações com anticoncepcionais e agem por produzirem alteração da flora intestinal, diminuindo a recirculação êntero-hepática dos estrógenos. Ainda há as tetraciclinas e eritromicina as quais agem por indução das enzimas do sistema microssomal hepático e alteração da flora intestinal bacteriana. Embora diversos sejam os estudos relacionados com as possíveis interações entre anticoncepcionais com álcool e antimicrobianos alguns dados ainda são conflitantes, e alguns estudos que evidenciam essas interações possuem confiabilidade questionável por outros autores. A explicação para os resultados conflitantes pode estar relacionada às variações individuais no metabolismo dos contraceptivos orais. A maioria dos autores sugere que tal interação não ocorre em todas as mulheres, mas apenas naquelas mais suscetíveis. Porém, até o momento, não há meios para saber quais mulheres são mais sensíveis a esta interação medicamentosa. Embora o mecanismo de interação entre antimicrobianos e contraceptivos orais não esteja ainda comprovado, existem evidências suficientes que demonstram que a interação existe, podendo resultar em perda da eficácia contraceptiva Quanto ao álcool, o metabolismo dos fármacos se altera de forma distinta quando o consumo de bebidas alcoólicas é agudo ou crônico. Em pacientes com consumo de álcool crônico, o álcool gera uma indução nas enzimas hepáticas que leva a um aumento na biotransformação metabólica e uma diminuição da atividade dos fármacos levando a maior tolerância a esses medicamentos e necessitam de doses mais altas dos fármacos para conseguir um efeito terapêutico desejado. Já o consumo agudo de álcool ou consumo ocasional pode produzir uma inibição na produção das enzimas hepáticas e observa-se um aumento na biotransformação metabólica e aumento na concentração de alguns fármacos, podendo prolongar a atividade farmacológica assim como uma maior incidência de efeitos adversos. A informação é indispensável para assegurar às usuárias de contraceptivos orais a maior eficácia dos medicamentos, uma vez que os anticoncepcionais são fármacos sujeitos a sofrer e a exercer influência sempre que associadas a outros medicamentos ou substâncias. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1462 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMB. ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 47, n. 4, 2001. BACON, J. F.; SHENFIELD, G. M. Pregnancy attributable to interaction between tetracyclines and oral contraceptives. British Medical Journal, v. 280, n. 2, p. 29-34, 1980.
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