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Associação de Futebol de Santarém




 Congresso do Futebol
        2003




       Santarém, 21 e 22 de Junho de 2003
            Santarém Corinthia Hotel
FICHA TÉCNICA
TÍTULO
Congresso do Futebol 2003

TEXTOS
Alexandre Figueiredo

RECOLHA DE INFORMAÇÃO
Alexandre Figueiredo
Nuno Neto
Susana Sousa

COORDENAÇÃO EDITORIAL E GRAFISMO
Alexandre Figueiredo

REVISÃO DE TEXTOS
Alexandre Casaca Ferreira

FOTOGRAFIAS

LOGOTIPO CONGRESSO DO FUTEBOL
Filipe Batista

EDIÇÃO
Associação de Futebol de Santarém

TIRAGEM
1.000 Exemplares

IMPRESSÃO E ACABAMENTOS
Normagrafe – Santarém

DEPÓSITO LEGAL
203619/03
ÍNDICE
MENSAGEM DO PRESIDENTE DO
CONGRESSO DO FUTEBOL 2003



No contexto actual a capacidade organizativa em realizar iniciativas que
contribuam para o desenvolvimento desportivo, desta região e não só,
constituem mais uma das apostas da Associação de Futebol de Santarém.
Com este evento é nossa intenção poder discutir e encontrar soluções
que de algum modo possam enriquecer a reestruturação desportiva, temas
sempre discutidos, mas que tardam em ser colocados na prática.
Este parece-nos o momento oportuno, já que o adiamento destas soluções
poderá originar a degradação desportiva muito receada e já sentida ao
nível do futebol amador.
Com os conhecimentos do excelente grupo de prelectores que nos honram
com os seus conhecimentos, cuja colaboração desde já agradecemos,
com o interesse manifestado por todos os congressistas, a Associação de
Futebol de Santarém, que hoje inicia as festividades dos seus 80 anos,
espera dar um valioso contributo para a melhoria da prática desportiva
neste novo século.
A todos os convidados, congressistas, prelectores e aos que tornaram pos-
sível mais esta iniciativa, o nosso reconhecimento.

                 O Presidente da Associação de Futebol de Santarém

                                         Rui Manuel Carreira Manhoso
COMISSÃO DE HONRA DO
CONGRESSO DO FUTEBOL 2003



    Secretário de Estado da Juventude e do Desporto
         Dr. Hermínio José Loureiro Gonçalves

      Presidente do Instituto Nacional do Desporto
             Dr. José Manuel Constantino

     Presidente da Federação Portuguesa de Futebol
               Dr. Gilberto Parca Madaíl

        Governador Civil do Distrito de Santarém
        Dr. Mário da Silva Coutinho Albuquerque

    Presidente da Associação de Futebol de Santarém
           Sr. Rui Manuel Carreira Manhoso

Presidente da Associação de Municípios da Lezíria do Tejo
                  Dr. José Sousa Gomes

 Presidente da Associação de Municípios do Médio Tejo
                   Dr. António Paiva
O FUTEBOL DO FUTURO,
    SEUS DESAFIOS
     E PERSECTIVA
CARLOS QUEIROZ

Carlos Queirós
Técnico Principal do Real Madrid


Carlos Queirós, o actual técnico principal da equipa de futebol profissio-
nal do Real Madrid, pautou a sua intervenção no Congresso do Futebol
2003, por uma abordagem estrutural ao fenómeno futebolístico.
Citando Raynus Mitchell “os desafios do futuro são mais fáceis de traba-
lhar, quando todos trabalham em harmonia”, Carlos Queirós salientou a
importância fundamental e basilar de três vectores/”pipelines” que deve-
rão ter como objectivo comum, trabalhar em conjunto no desenvolvi-
mento do futebol.
Na perspectiva de Carlos Queirós, existem, portanto, três vectores que
constituem a “coluna vertebral” do futebol, sendo os dois últimos os mais
importantes e, simultaneamente, aqueles onde as deficiências e os proble-
mas são verificados com maior acuidade, são eles:
- Técnico
- Administrativo
- Directivo

Da harmonia existente na relação entre estes três pilares estruturantes
dependerá grande parte do sucesso de qualquer iniciativa, sendo certo
que se torna imprescindível a existência de uma ideia de base, sólida e
que seja, igualmente capaz de agregar e unir as pessoas em torno do pro-
jecto, assim como servir de pólo aglutinador de esforços no alcançar dos
objectivos pretendidos.
No fundo, a ideia para a qual remete o discurso de Carlos Queirós, tem
que ver com a necessidade de identificar de um modo claro qual o ponto
de partida, isto é, a situação inicial, e, do mesmo modo, qual a situação
final que se pretende atingir, ou seja, os objectivos da acção/projecto.
Fundamental e incontornável no êxito dessa iniciativa, a existência de
uma liderança forte e credível, capaz também de mobilizar e motivar
todos os diversos públicos envolvidos.
Em suma, terão que existir ideias, visão estratégica e liderança, em que
as pessoas acreditem e nas quais se revejam.
A Federação Portuguesa de Futebol deve aqui desempenhar um papel
primordial, motivando todas as partes, assumindo-se como o motor
impulsionador do futebol em Portugal criando, de igual modo, ligações
estreitas entre os clubes e colectividades.
A exposição de Carlos Queirós, não ignorou, todavia a abordagem a algu-
mas das principais enfermidades de que padece o futebol português, dei-
xando algumas críticas às estruturas dirigentes nacionais. “Mais do que
alterar mentalidade, é preciso mudar os homens”, afirmou, numa clara
alusão aos dirigentes existentes e aos poderes instituídos.
“Inviabilizámos candidaturas como a de Artur Jorge e Guilherme Aguiar
e acabou-se numa lista única, constituída à base de amizades, compadrios
e interesses e que foi eleita sem que se conheçam quaisquer propostas, ou
sequer o que pensam do futebol português”.
Carlos Queirós lembrou ainda que “os problemas do futebol português de
hoje são os mesmos de há 20 anos atrás. Já então existia falta de campos
e de bolas para os miúdos treinarem e salários em atraso nas equipas.
Continuo, infelizmente, ainda hoje a ler notícias idênticas. O problema
não é continuarmos a ter as mesmas dificuldades de falta de recursos
financeiros, mas sim insistirmos em abordar esses constrangimentos do
mesmo modo”.
Também a planificação geográfica (ou, neste caso a ausência da mesma),
da Fase Final do Campeonato de Futebol 2004 que terá lugar entre nós,
mereceu do professor alguns reparos, nomeadamente a distribuição alta-
mente assimétrica dos dez estádios pelo território nacional.
Neste particular, Carlos Queirós apresentou o exemplo da malha de está-
dios que constitui a rede Leiria, Coimbra, Aveiro, porquanto estamos em
presença de infra-estruturas com capacidade para 30.000 espectadores,
mas que apenas registam em termos médios menos de um terço dessa
capacidade instalada, situação agravada ainda mais pela reduzida distân-
cia geográfica, na ordem dos 100/120km. entre estas três cidades Euro.
O facto de o interior do país e a Região Autónoma da Madeira, ou mesmo
o Sul (abaixo de Lisboa apenas foi contemplado o complexo desportivo
de Faro-Loulé), terem sido por completo negligenciados neste processo
são factores que mereceram também o reparo de Carlos Queirós que,
todavia, ressalvou os doze meses que ainda distam do início da prova
e que podem ser aproveitados no sentido de “ainda se corrigir o que se
puder”.
JOSÉ GUILHERME AGUIAR


Data de Nascimento: 01 de Setembro de 1952

Naturalidade: Vila Nova de Gaia

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciatura em Direito.

Principais Actividades:
Advogado.
Presidente do Conselho de Administração da Gaianima, EM.
Presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo – Vila Nova de Gaia.

Actividades Desempenhadas:
Director Executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
Membro da Comissão de Futebol Profissional da UEFA.
Membro do Grupo Jurídico UEFA/FIFA – Comissão Europeia.
Membro da Comissão Regulamentação da Lei de Bases do Sistema Des-
portivo.
Vice-Presidente do Futebol Clube do Porto.
Integrado no painel da sessão inaugural do Congresso do Futebol 2003,
José Guilherme Aguiar, ex-director executivo da Liga Portuguesa de
Futebol Profissional, fez na sua comunicação revelações surpreendentes,
algumas delas mesmo polémicas.
Guilherme Aguiar começou por salientar que ao nível das infra-estruturas
desportivas e, de um modo mais particular, daquelas que se destinam à
prática do futebol subsistem actualmente em Portugal muitas carências e
insuficiências. Aliás, para o orador, a crise que hoje se vive no futebol é
resultante da falta de um projecto estruturado e de uma política global e
concertada para a modalidade.
Com efeito, desde a excessiva concentração das infra-estruturas despor-
tivas no litoral do pais aliada a uma muito deficiente ligação entre o des-
porto escolar e a sua vertente federada constitui uma das maiores, se não
a maior dificuldade para o desenvolvimento desportivo em Portugal.
Relativamente ao Euro 2004, José Guilherme Aguiar manifestou e par-
tilhou com os presentes as suas preocupações quanto ao destino e ren-
tabilização da maioria dos dez estádios propositadamente construídos
ou reabilitados para o evento, o qual, constituindo embora um aconteci-
mento da maior relevância desportiva e social do país, se esgotará no dia
seguinte à disputa da final se a dinâmica que actualmente se verifica não
vier a ser continuada e, sobretudo, constituir semente para o renascer do
espectáculo futebolístico.
O orador transmitiu o seu receio de que alguns desses estádios possam vir
a servir apenas de excelentes palcos para concertos musicais ou outros
espectáculos, dado o notório afastamento do público nos jogos de futebol
e, ainda mais, dos estádios onde eles ser verificam. Como exemplo refe-
riu que a média dos espectadores presentes nos estádios que acolhem a
Superliga, com excepção dos “três grandes” raramente é superior a duas
mil pessoas.
Por outro lado, lamentou a existência de parques desportivos sobredi-
mensionados face à procura de praticantes, acrescida dos elevados custos
de manutenção daí decorrentes. Como exemplo, apontou o complexo
desportivo de Melgaço, cujo custo ultrapassou os dez milhões de euros e
se destinam a uma população que não ultrapassa os quinze mil habitantes
e a um universo de utilizadores de muito poucas centenas.
Esta perspectiva acabou por corroborar as opiniões de Carlos Queiroz
quando se referiu à falta de planeamento na distribuição de equipamentos
e concentração das equipas desportivas, maioritariamente no litoral norte
do território nacional.
Já durante o período de intervenções do público, Guilherme Aguiar, con-
trariou o princípio de que a fase final do Euro 2004 fora atribuída a Por-
tugal porque este pais apresentou um projecto, prevendo a utilização de
dez estádios para o evento.
Guilherme Aguiar defendeu que o Euro 2004 só foi atribuído a Portugal
devido ao desaparecimento súbito e inesperado da candidatura austro-
húngara motivado pela prisão do Presidente da Federação Húngara, dei-
xando apenas como concorrente a candidatura espanhola que nunca
mereceu o apoio e a preferência por parte da UEFA.
Mais adiante José Guilherme Aguiar manifestou a opinião de que o Euro
2004 pudesse vir a ser o último grande acontecimento futebolístico a ser
jogado em Estádio com relva natural. Segundo informou a própria UEFA
já decidiu que a partir da época 2004/2005 os jogos da Liga dos Campe-
ões se possam vir a realizar em campos de relva sintética. Aliás, segundo
contou, a própria UEFA disponibilizou-se a custear a instalação em Por-
tugal de seis pisos sintéticos para a disputa de jogos da segunda Liga
desde que fosse aprovada regulamentação adequada. Porém, “o futebol
profissional rejeitou a proposta”.
O orador defende que devido à qualidade actual e notória evolução pisos
de relva sintética, esta seria a opção correcta a tomar pelas autarquias na
construção/investimento em estruturas desportivas, tendo em contas os
incomensuravelmente inferiores custos de manutenção decorrentes da
opção por este tipo de solução.
FERNANDO SEARA


Data de Nascimento:

Naturalidade:

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciatura em Direito.

Principais Actividades:
Presidente da Câmara Municipal de Sintra.
Vice-Presidente da Junta Metropolitana de Lisboa.

Actividades Desempenhadas:
Presidente do Conselho Superior de Desporto.
Membro do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.
Presidente Adjunto da Associação de Futebol de Lisboa.
Fernando Seara, na altura Presidente do Conselho Superior de Desporto,
funções que acumulou com a Presidência da Câmara Municipal de Sintra
foi, a par com Carlos Queirós um dos intervenientes mais críticos, quanto
ao actual momento do dirigismo desportivo português.
A sua reflexão funcionou como que uma síntese, mas também um com-
plemento, de duas intervenções que o antecederam, sem contudo deixar
de apresentar a sua visão pessoal em relação aos dirigentes e às estruturas
que gerem o futebol português.
Fernando Seara abordou a problemática da organização das estruturas
directivas e dos delicados equilíbrios e jogos de poder que se estabele-
cem.
Estes jogos de poderes, para os quais remeteu o discurso de Fernando
Seara, estão directamente relacionados com a organização e com o poder
interno (clubes e associações), com o delicado e nem sempre pacífico
equilíbrio de poderes entre a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga
de Clubes de Futebol Profissional, e também com a questão financeira e
nela o valor dos direitos de transmissão televisiva dos jogos de futebol,
situação que mereceu aliás da sua parte o seguinte comentário: “Alguém
acredita que nos próximos dois anos iremos ter jogos em canal aberto
todos os fins-de-semana? Eu não!”.
Foram também os poderes instituídos que, na opinião do orador, impedi-
ram que o projecto que Carlos Queirós (e que visava a redução do número
de clubes) apresentou para o futebol profissional português pudesse ser
efectivamente implementado.
Nesta perspectiva, Fernando Seara deixou em Santarém as sementes para
uma futura discussão e debate acerca do poder, no sentido de se introdu-
zir uma efectiva regulação e distribuição de poderes, com vista à modifi-
cação e modernização das actuais estruturas dirigentes, adoptando-se um
novo figurino organizativo, com “áreas de poder” bem definidas, a saber:
poder sindical, poder desportivo, poder empresarial.
Defende o orador que é necessário e urgente uma profunda reformula-
ção das estruturas desportivas, incluindo associações e ligas nacionais.
Segundo o próprio, nos últimos dez anos pouco se alterou neste particu-
lar.
E, face ao contexto actual, Fernando Seara não consegue perspectivar
grandes alterações no panorama desportivo nacional nos próximos
dezoito meses, uma vez que o futebol português, devido ao Euro 2004
subiu às nuvens e por lá se manterá nos próximos tempos. Só após este
evento e depois de se “voltar a descer à Terra”, e com a progressiva e
constante diminuição de receitas, o aumento da fiscalização e à medida
que os mecanismos de licenciamento da UEFA se vão fazendo sentir de
forma mais incisiva, poderemos esperar por um novo quadro ao nível da
organização do futebol português.
E, conclui, lançando o repto para que após o regresso à Terra do futebol
português, se volte a reunir o Congresso do Futebol…
MODERADOR DO PAINEL

RUI Manuel Carreira MANHOSO


Data de Nascimento: 07 de Julho 1942
Naturalidade: Santarém
Estado Civil: Casado
Habilitações Literárias: 2º Ciclo do Ensino Básico.

Principais Actividades:
Presidente da Associação de Futebol Santarém desde Outubro de 1987.
Vice-Presidente do Conselho Fiscal dos Bombeiros Voluntários de San-
tarém.

Actividades Desempenhadas:
Chefe de Serviços Administrativos.
Presidente da Direcção da União Desportiva de Santarém durante 4
anos.
Secretário-Geral da Associação de Futebol de Santarém entre Janeiro de
1982 e Outubro de 1987.
Membro da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Santarém durante 6
anos.
Membro da Direcção do Centro Paroquial Pró-Infância de Santarém,
durante 2 anos.
Vogal do Departamento de Futebol da União Desportiva de Santarém
durante 4 anos.
Assessor da Câmara Municipal de Santarém para o Desporto.
Director do Grupo de Futebol dos Empregados do Comércio durante 2
anos.
Integrou a Junta de Freguesia de Marvila durante 4 anos.
Exerceu funções nas Comissões da Feira Nacional de Agricultura.
DIRIGENTES, ESTRUTURA
           E
ORGANIZAÇÃO DOS CLUBES
HORÁCIO ANTUNES


Data de Nascimento: 05 de Março de 1946

Naturalidade: Covilhã

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Professor do Ensino Básico.

Principais Actividades:
Presidente da Associação de Futebol de Coimbra.

Actividades Desempenhadas:
Coordenador do Desporto Escolar.
Treinador de Futebol.
Presidente da Direcção do C.D. Lousanense.
Presidente da Câmara Municipal da Lousã, 1982-1999.
Governador Civil de Coimbra 1999-2002.
Horácio Antunes principiou a sua intervenção no Congresso do Futebol
2003 apresentando uma tese em que defendeu a imperiosa necessidade
de se proceder a uma profunda reformulação/reestruturação dos quadros
competitivos do futebol em Portugal.
No âmbito das modificações equacionadas por Horácio Antunes, des-
taca-se, a alteração da Lei de Bases do Sistema Desportivo, uma situação
que terá que, forçosamente, passar pelo Ministro que tutela o desporto.
Neste quadro, torna-se ainda importante proceder à criação de um regime
jurídico que regule o funcionamento/actividade das associações de pro-
moção do desporto, neste caso concreto, aquelas que visam o fomentar
do futebol.
Outra área abordada pelo representante da Associação de Futebol de
Coimbra, diz respeito à necessidade de “profissionalizar mais e melhor
os clubes desportivos em Portugal”. Só concretizando uma efectiva pro-
fissionalização destas entidades será possível assegurar a continuidade e
viabilidade destes projectos desportivos, face ao avolumar de dificulda-
des e desafios que quotidianamente se colocam aos dirigentes e, restantes
agentes desportivos, em sentido mais amplo.
Nas palavras de Horácio Antunes, a profissionalização das estruturas des-
portivas, nomeada e concretamente as dos clubes é imprescindível, no
sentido de poderem ser obviadas situações que começam a ser recorren-
tes, e que têm a ver com a falência dos mesmos, (como são o caso, a título
meramente exemplificativo, do Farense e do Campomaiorense), situa-
ções directamente decorrentes das dificuldades financeiras que os clubes
atravessam, e que, na perspectiva deste palestrante, constituem um pro-
blema deveras preocupante.
Para que este tipo de situações negativas para o futebol possam ser erra-
dicadas, urge partir para um novo modelo organizativo das Associações
e Clubes a nível distrital até como forma de resposta a uma maior e
mais incisiva fiscalização que se tem vindo a verificar junto dos clubes
da 3ª Divisão e dos campeonatos regionais, com vista à resolução dos
problemas identificados ao nível das irregularidades detectadas com as
contribuições obrigatórias para a Segurança Social e no respeitante ao
pagamento de impostos.
José Luís Rodrigues JACINTO


Data de Nascimento: 29 de Dezembro de 1958

Naturalidade: Torres Novas

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas.

Principais Actividades:
Adm. das Empresas Pec Tejo, SA; Matsel, SA; Cultura de Sabores, SA.
Director da Caixa de Crédito Agrícola do Ribatejo Norte, C.R.L..
Presidente da Assembleia-Geral do C.A. Riachense; Club Fundo do
Centro e Sociedade Columbófila de Riachos.

Actividades Desempenhadas:
Treinador das equipas jovens do Clube Atlético Riachense.
Director do C.A.R..
Jogador de Futebol (Atlético Club Portugal, U.D. Leiria, U.D. Santa-
rém, C.D. Fátima e C.A. Riachense).
Presidente da Assembleia-Geral Columbófila do Distrito de Santarém.

Outras Informações Relevantes:
Curso de Treinadores de Futebol da A.F. de Santarém.
Campeão Nacional de Fundo da Fed. Portuguesa de Columbofilia.
Ex-Atleta Federado das modalidades de Futebol e Ténis.
Atleta Federado na Federação Portuguesa de Columbofilia.
José Luís Jacinto abriu a sua intervenção afirmando que, “o futebol é uma
organização e, nada mais”.
Nesta óptica, o orador deixou claro que uma correcta abordagem da área
de gestão é primordial em qualquer organização desportiva. As suas fun-
ções passam essencialmente pela planificação de toda a actividade da
entidade, pelo controle dessa mesma actividade, pela organização formal
e estrutural da entidade e pela direcção de todas as acções do clube.
Numa abordagem ao fenómeno desportivo que se pode classificar de
mais teórica e formal, José Luís Jacinto, explicou ainda que é necessário
proceder à definição dos vários níveis de gestão que, de acordo com a
sua opinião, são, fundamentalmente, três: institucional, intermédio, ope-
racional. Se, no primeiro caso, estamos perante um nível de gestão que
se ocupa da direcção e gerência global e total do clube, definindo objec-
tivos e acções formais, no terceiro nível já nos encontramos perante uma
acção de gestão que pode ser considerada mais próxima da gestão de
“terreno”.
Absolutamente necessário na elaboração de qualquer plano de gestão,
a definição clara da missão central da entidade, os objectivos a que se
propõe mas, essencialmente, o tipo de estratégia a ser utilizada no sentido
de concretizar a missão, assim como os objectivos.
Analisando mais detalhadamente cada um destes aspectos, cumpre escla-
recer que, ao nível da missão o clube/entidade deverá ser capaz de comu-
nicar e transmitir a sua imagem, esclarecendo e justificando a razão de
ser da sua existência, qual a finalidade a que se destina, que serviço(s)
presta, quais os mercados e região a que se dirige, no fundo e, estabele-
cendo aqui de alguma forma um paralelismo com a linguagem teórica do
Marketing, temos que, o clube deve, face ao mercado em que se insere,
publicitar o seu posicionamento, os targets aos quais se dirige e, vender/
promover junto destes o seu produto, bem, ou benefício.
Ao nível da definição de objectivos, José Luís Jacinto, estabeleceu como
fundamental o traçar de objectivos realisticamente atingíveis, até porque,
como o próprio esclarece, “um clube não pode fazer tudo ao mesmo
tempo”. Necessária é também a definição de uma hierarquia de objec-
tivos segundo prioridades e graus de importância para a actividade do
clube.
Os objectivos definidos deverão ainda ter em linha de conta a sua consis-
tência e adequação face à realidade existente, assim como serem alvo de
uma calendarização no tempo, o que possibilita a atempada detecção de
eventuais desvios face ao delineado e abre caminho aos devidos reajus-
tamentos, no sentido de uma permanente avaliação de se a actividade do
clube se encontra ou não, em conformidade com o previamente progra-
mado.
José Luís Jacinto, na análise que efectuou às estruturas do futebol, iden-
tificou ainda os clubes de acordo com a sua tipologia, caracterizando-se
cada um deles em função da sua missão.Deste modo, são três, os prin-
cipais tipos de entidades desportivas que podemos encontrar, de acordo
com a sua organização/estrutura formal e objectivos, a saber:
a)      generalista. Regra geral, representa uma determinada localidade
e visa a satisfação dos associados e população local;
b)      formação. Têm por finalidade a formação de recursos humanos
para o futebol, nas suas variadas vertentes/níveis. Ao nível do produto
(jogadores), do quadro (técnicos e massagistas). Os seus objectivos
passam por um processo continuado de formação de jogadores e, simul-
taneamente pela melhoria do quadro técnico existente. A estratégia deste
tipo de organizações/entidades visam, essencialmente, a constituição de
escolas de futebol ou de protocolos com as estruturas escolares locais e
por um processo de qualificação geográfica.
c)      Espectáculo/alto rendimento. Este tipo de entidades estão voca-
cionadas para outras áreas que não exclusivamente a desportiva. Dota-
das de uma forte organização e estruturas profissionais este tipo de
clubes procura explorar todas as oportunidades extra-desportivas, nome-
adamente, e com maior incidência as componentes comercial, de marke-
ting e merchandising. A sua missão é traduzida em espectadores e na
exposição/reconhecimento mediático da marca que operam junto dos
potenciais targets.
Os seus objectivos visam o aspecto lucrativo, o aumento da quota de
mercado, a remuneração do capital de mercado. A forma de actuação
(estratégia) deste tipo de entidades dotadas de organização e estruturas
empresariais, é diversificada e polivalente, tendendo a adaptar-se cons-
tantemente mediante o feed-back/estímulos recebidos por parte dos diver-
sos públicos com que interage. O modo de se relacionarem com os seus
sócios/accionistas é directamente decorrente do tipo de estrutura interna
da organização/instituição.
Quanto à estrutura os clubes podem ainda classificar-se segundo a ordem
anteriormente identificada:
Os clubes de formação são, geralmente, constituídos por três órgãos:
assembleia-geral, conselho fiscal e direcção, da qual estão dependentes
os departamentos de comunicação e marketing, de prospecção, técnico,
desportivo, pedagógico, de futebol internacional, de formação de outros
agentes desportivos, etc..
Os clubes de alto rendimento, são constituídos numa estrutura descen-
dente que parte do clube fundador e se divide numa SGPS profissiona-
lizada à qual compete a gestão da SAD, do departamento de formação,
das estruturas comerciais e de todas as outras estruturas empresariais que
lhe estão agregadas. A assembleia-geral, o conselho fiscal e a direcção
completam o grupo de órgãos directivos da entidade.
VASCO APARÍCIO


Data de Nascimento: 28 de Março de 1956

Naturalidade: Alcanena

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciatura em Economia (ISE).
MBA em Gestão Estratégica.

Principais Actividades:
Director Financeiro da Peltéci – Manufacturas de Pele e Tecidos, SA.
Administrador da Constantino e Mota, SA.
Presidente dos Conselho Fiscal da AUSTRA (Associação de Utentes do
Sistema de Tratamentos de Águas Residuais de Alcanena).
Presidente do Conselho Fiscal do CTIC (Centro Tecnológico das Indús-
trias do Couro).
Presidente da Direcção da APIC (Associação Portuguesa das Indús-
trias de Curtumes).
Presidente da Direcção do Grupo Desportivo e Recreativo de Mon-
santo.

Actividades Desempenhadas:
Professor do Ensino Secundário.
Presidente do Conselho de Administração do CTIC.
Na comunicação que apresentou à plateia assistente do Congresso do
Futebol 2003, Vasco Aparício, presidente do Grupo Desportivo e Recre-
ativo de Monsanto, lançou três temas para reflexão.
A primeira problemática tem que ver com a crise que se vive presente-
mente nos grupos desportivos distritais e que é essencialmente decorrente
de um modelo de organização dos clubes caduco e decadente, situação
que conduz a um preocupante e, potencialmente, letal afastamento dos
sócios da vida desportiva dos clubes, e que explica igualmente a pro-
funda letargia que se vive ao nível da reformulação das estruturas despor-
tivas.
Neste particular, Vasco Aparício, é apologista de uma profunda mudança
de mentalidades que possa conduzir nos clubes a uma adaptação à reali-
dade e aos desafios que hoje o mercado e a sociedade civil, em sentido
amplo, colocam às estruturas desportivas.
Só um processo de evolução de mentalidade e atitudes poderá desenca-
dear o re-aproximar entre sócios e clubes, situação sobre a qual repousa
grande parte da sustentabilidade e futura viabilidade destes últimos.
Essencial neste particular, segundo a perspectiva apresentada por Vasco
Aparício, a profissionalização destas estruturas, o que implica maiores
e mais estreitos apoios por parte dos organismos públicos locais, nomea-
damente por meio do auxílio e colaboração de especialistas e detentores
de formação qualificada específica para a manutenção de equipamentos
desportivos e para a exploração de outra tipologia de oportunidades que,
existem por exemplo no quadro das Câmaras Municipais mas que, por
falta de condições financeiras, não poderão existir nunca nos clubes des-
portivos de âmbito local.
A segunda temática explorada por Vasco Aparício na sua apresentação,
tem que ver com as relações entre clubes e associações. Neste particular,
o orador entende como imprescindível a necessidade de existir um maior
diálogo e nível de colaboração entre os dirigentes dos diversos clubes e
entre estes e as associações que os representam, nomeadamente ao nível
da informação acerca de apoios e incentivos às entidades desportivas,
entre outros tipos de relações/parcerias que poderiam ser desenvolvidas e
exploradas com inegáveis benefícios para todas as partes envolvidas.
Por último, o terceiro problema identificado pelo presidente do Grupo
Desportivo e Recreativo de Monsanto está directamente relacionado com
as dificuldades com que os clubes amadores se debatem no seu quoti-
diano desportivo.
Vasco Aparício alertou uma vez mais para o crescimento dos clubes, e
para a tendência das colectividades viverem perpetuamente acima das
suas reais possibilidades.
O direito à formação desportiva, fundamentalmente pelas inúmeras fun-
ções socais e pedagógicas que lhe é inerente constitui outra das ideias
defendidas pelo prelector.
Vasco Aparício defendeu ainda a criação/definição de limites jurídicos
e um melhor enquadramento legal da actividade dos clubes amadores,
quando efectivamente o são, assim como salientou o carácter urgente da
resolução dos problemas fiscais dos clubes.
JOÃO Carlos SIMÕES DE MORAIS


Idade: 41 anos.

Estado Civil: Casado. Tem três filhos.

Habilitações Literárias:
Licenciatura em Direito (1992).
Pós-Graduação em Direito Desportivo (1998).
Pós Graduação em Direito e Economia do Desporto (2001).
Programa Avançado de Management Desportivo (2003).

Principais Actividades:
Advogado e Empresário.
Vice-Presidente da Assembleia-Geral da Associação de Futebol de
Lisboa.
Conselheiro Municipal de Segurança de Oeiras.
Conselheiro Municipal de Educação de Oeiras.
Presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Real Sport Clube.
Comissão Executiva das Associações Distritais e Regionais de Futebol.

Actividades Desempenhadas:
Membro da Direcção da Associação de Futebol de Lisboa (2000-2003).
Membro do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Lisboa
(1994-2000).
Membro da Comissão de Reformulação dos Quadros Competitivos de
Futebol Sénior (2001).
Membro da Comissão de Revisão dos Regulamentos de Arbitragem
(2001).
Outras Acções Relevantes:
Elaboração do Regulamento do Árbitro Jovem.
Elaboração do Projecto de Revisão do Regulamento de Arbitragem da
Federação Portuguesa de Futebol.
Prelector nas Jornadas Nacionais de Treinadores e Agentes Desportivos
(2001).
Participação no Simpósio “O Desporto e o Mercado de Emprego: Bene-
fícios Sócias e Económicos” (2002).
Participação no Simpósio “Jornadas de Direito do Desporto” (2002).
Organização do 1º Encontro de Dirigentes Desportivos da Associação de
Futebol de Lisboa (2002).
Redactor do Relatório de Fiscalidade no Futebol Amador (2002).
Prelector no Seminário sobre “Fiscalidade no Desporto” (2002).
Redactor do Projecto de Reformulação dos Quadros Competitivos e
Revisão das Leis Desportivas (2003).
Prelector nas Jornadas Nacionais de Treinadores e Agentes Desportivos
(2003).
Prelector do Congresso do Futebol (2003).
Participação no Simpósio da Confederação do Desporto de Portugal
(2003).
A comunicação do representante da Associação de Futebol de Lisboa,
João Morais, incidiu sobretudo na apresentação de um novo modelo/
estrutura para o clube/actividade desportiva em sentido amplo, embora,
neste caso, devidamente enquadrado no contexto específico do futebol.
A tese defendida por João Morais assenta em 4 premissas base:
a) reformulação dos quadros competitivos
b) reforma legislativa
c) actuais problemas vividos pelos clubes distritais
d) novo modelo de clube

No respeitante à primeira ideia, o prelector entende que a necessária
reformulação dos quadros competitivos que urge concretizar deve partir
de uma iniciativa conjunta da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga
de Clubes de Futebol Profissional, contando, naturalmente, com a cola-
boração e auxílio do Conselho Superior de Desporto.
Esta é uma condição indispensável para uma real melhoria da prática
futebolística em Portugal e, sobretudo, dos níveis competitivos das nossas
provas oficiais, factor que tem merecido críticas de alguns sectores liga-
dos ao desporto, e que é geralmente apontado como sendo um dos facto-
res que, provavelmente, mais contribuiu para o divórcio que se verificou
entre o público e o fenómeno desportivo, com todas as consequências/
efeitos conhecidos, sendo a notória e acentuada quebra de receitas aquela
que suscita junto dos agentes desportivos maiores sinais de fundada
preocupação/apreensão.
A reforma legislativa, a par com a medida acima abordada, constitui
outros dos pilares fundamentais na revolução que é necessário operar
nas estruturas do futebol português, com vista à sua modernização, à sua
maior competitividade, o que permitirá, numa fase posterior, a recupera-
ção do público e por inerência, de receitas.
Neste particular, João Morais, entende como imprescindível a reformula-
ção da Lei de Bases do Sistema Desportivo e, paralelamente a revisão do
Regime Jurídico das Federações.
Ao nível dos actuais problemas/dificuldades vividas pelos clubes distri-
tais, João Morais, destaca três: dívidas fiscais, dívidas à Segurança Social
e algum descontrolo por parte dos clubes ao nível da gestão de remune-
rações e da massa salarial auferidos pelos seus quadros de atletas.
A concluir a sua intervenção, o representante da Associação de Futebol
de Lisboa, apresentou a sua doutrina quanto a um novo modelo de clube
que será necessário construir e que, na sua perspectiva, deverá assentar
nu binómio de cooperação/responsabilização entre o Estado e os próprios
clubes.
Ao primeiro, caberia estimular o associativismo, promover um acom-
panhamento equilibrado dos clubes, proceder a uma reforma legislativa
adequada ao contexto e realidades existentes e, por último, participar
financeiramente na viabilização destas entidades com funções social-
mente meritórias, intervindo, contudo, eficazmente, quando assim se
impusesse e não optando pelo habitual distanciamento e primando pela
auto-desresponsabilização.
Aos clubes, neste novo enquadramento das estruturas desportivas cabe-
riam as tarefas de reformulação organizativa interna, a adequação, defini-
ção e adequado dimensionamento da sua estrutura, promoção de acções
de captação de dirigentes mas, também, uma definição de objectivos rea-
lista e consentânea relativamente à missão e às disponibilidades e possi-
bilidades do clube.
ALEXANDRE José C. CASACA FERREIRA


Data de Nascimento: 15 de Abril de 1948

Naturalidade: Santarém

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Frequência do Curso de Gestão de Empresas -
ISCTE.

Principais Actividades:
Presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Paraque-
dismo.
Vice-Presidente da Associação de Futebol de Santarém.
Sócio Gerente de uma empresa de Desportos de Aventura.

Actividades Desempenhadas:
Várias relacionadas com as funções de Oficial Superior das Forças
Armadas.
Director do Clube de Paraquedismo Nacional “Os Boinas Verdes” - 14
anos.

Outras Acções Relevantes:
Possui o Curso de Oficial Superior do Instituto de Altos Estudos da
Força Aérea.
COMUNICAÇÃO SOCIAL
JOSÉ MARINHO

É difícil falar sobre a relação dos jornalistas com o futebol, uma vez que
vivemos um período crítico. Paralelamente, este é, também, o país dos
blackouts, quando a informação de que a Comunicação Social faz eco
não é consentânea com os interesses pontuais de cada clube.
Outro factor que não deve ser negligenciado, e que foi referido por José
Marinho, é a propensão/tendência que os treinadores portugueses têm
para ser servirem da comunicação social como arma propagandística.
Perante o cenário traçado por José Marinho, impõe-se a questão: qual o
distanciamento crítico que um jornalista deve ter com as suas fontes?
Não há uma fronteira muito nítida entre a informação e a manipulação,
uma vez que as informações que são passadas, não passam, na maioria
dos casos de pura manipulação/propaganda.
Simultaneamente, o orador esclarece que “o pior inimigo do jornalismo
é a imaginação dos próprios jornalistas, porque há uma necessidade de
informar e por vezes deparamos com barreiras que necessitam de ser
ultrapassadas”.
“O futebol é uma indústria”, reconhece José Marinho e, como tal, “para
mim é difícil adaptar-me a este novo mundo que os clubes inventaram.
Chegámos à situação perversa que a dada altura imaginação substitui a
informação”.
As relações entre a comunicação social e os clubes de futebol não são
transparentes, não existe, por exemplo, uma corrente constante de fluxos
comunicacionais sérios e isentos. As relações que se estabelecem são,
não raras vezes, mais pessoais do que propriamente profissionais ou
institucionais.
Estas são relações muito complexas porque os clubes não conhecem
quais limites até onde podem chegar, isto é, desconhecem o tipo de
informação que podem veicular. A reflexão de José Marinho parece aqui
aludir, ainda que, de forma implícita, a um tipo de situações que, por
vezes, são aproveitadas por profissionais e órgãos de comunicação social
pouco escrupulosos que, no sentido de se adiantarem à concorrência
esquecem os deveres éticos e deontológicos a que estão estatutariamente
vinculados.
JOSÉ MANUEL DELGADO

José Manuel Delgado começou por, baseado na sua própria experiência
pessoal, revelar que dispõe de um benefício acrescido sobre jornalistas e
dirigentes. “Tenho a vantagem de ter estado em ambos os lados, tenho a
noção do dirigismo e do seu perigo”.
Mas o editor executivo do jornal desportivo “A Bola”, fez também notar
que a “Comunicação social ligada ao desporto é diferente de todas as
outras”, pois, como faz questão de frisar, “nada se compara com as pes-
soas que são movidas por paixões e emoções estratégicas”, situações que
são a regra e marcam o quotidiano dos agentes desportivos.
Numa lógica de mercado comunicacional desportivo, em que “os jornais
desportivos dedicam 75% ao futebol, têm de identificar o que é essencial
e o que é acessório”.
Os jogadores são, neste contexto, um “produto” bastante procurado por
força do seu protagonismo/projecção mediática.
Esta preponderância do desportista sobre os demais intervenientes/
agentes desportivos nas solicitações de que são alvo por parte dos jor-
nalistas, não implica necessariamente que os dirigentes não tenham o
seu peso ou espaço próprio no contexto da imprensa desportiva. Toda-
via, as pessoas (públicos) não pagam para os ver, mas sim aos jogadores
pois são eles quem, por direito próprio e na qualidade de protagonistas/
intérpretes do desporto-rei deverão ter o privilégio de estar nas páginas
dos jornais, “tudo isto a bem do futebol”.
Igualmente importante numa realidade presente em que pontifica a impe-
riosa necessidade dos clubes necessitarem de realizar receitas, tem que
ver com a qualidade e as condições do espectáculo oferecido. Para que
possa existir una evolução positiva no volume de receitas o espectáculo
futebolístico terá que se nivelar por padrões de qualidade superiores. No
fundo, para que se possam realizar maiores receitas terá que se motivar
os públicos, isto é, as pessoas têm que querer assistir aos jogos e esse é
um factor directamente decorrente e indissociável de uma boa prática de
futebol.
“Parece-me que é fundamental que os dirigentes metam na cabeça que
têm de vender um bom espectáculo. A realidade do país diz-nos que não
é necessário existirem 18 clubes na primeira liga, 10 chegavam”, defende
José Manuel Delgado.
“Não há interesse no nosso campeonato e, os jornais não podem ir a
reboque dos clubes, pois estes confundem informação com propaganda,
a única coisa que, na realidade, nos dão. Enquanto que os jornais têm
o direito de serem imparciais os clubes têm o dever de ser parciais. Os
jornais não devem, nem têm de inventar e construir notícias ou aconteci-
mentos. Não vale a pena enganar os leitores”, sustenta o editor executivo
de “A Bola”, deixando algumas críticas veladas no seu discurso à actual
organização e relações entre Clubes e Comunicação Social.
A intervenção de José Manuel Delgado deixou ainda entender algum des-
contentamento face à tipologia de informação emitida pelos clubes para
os órgãos de imprensa, que caracterizou como sendo de índole propagan-
dística e, alguma posterior falta de sentido crítico da parte destes últimos
na organização e veiculação dessa informação sob a forma de notícias e
acontecimentos para os públicos, apenas porque “vende”.
Outra das ideias deixadas para reflexão pela intervenção do orador foi
a relação que pode ser estabelecida entre os sucessos desportivos e as
vendas. Neste particular, há muito para evoluir nos contactos entre os
clubes e os jornais. Poder-se-ia chegar a soluções interessantes a este
nível mas isso será sempre a pior forma pois, seguindo a lógica actual
esse tipo de iniciativas só será expectável quando os clubes estiverem
com a corda no pescoço.
Em jeito de conclusão e seguindo a mesma linha de intervenção da gene-
ralidade dos prelectores convidados pela Associação de Futebol de San-
tarém para o Congresso do Futebol 2003, José Manuel Delgado, destacou
a revolução no modo abordagem aos problemas e nas políticas directi-
vas que terão necessariamente de se verificar, afirmando que, “quanto ao
jornal “A Bola” vai trabalhar para que haja uma evolução de mentalida-
des”.
VALTER Mateiro da Graça MADUREIRA


Idade: 22 anos

Naturalidade: Almeirim

Estado Civil: Solteiro

Habilitações Literárias:
Estudante Universitário.

Principais Actividades:
Director de Desporto do Grupo RCA-Ribatejo (Rádio Ribatejo e Rádio
Bonfim).
Colunista do Jornal “O Remate”.
Editor de Desporto do Jornal “O Almeirinense”.
Colaborador do Jornal “Record”.

Actividades Desempenhadas:
Percurso Radiofónico iniciado aos 12 anos.
Director de Desporto desde os 17 anos.
Colaborador do Jornal “O Ribatejo”.

Outras Informações Relevantes:
Praticante de Andebol durante 10 anos.
Paixão pelo jornalismo, em particular pela Rádio.
Várias acções de formação e reciclagem pelo CENJOR.
A realidade que Valter Madureira, coordenador de Desporto do Grupo
RCA-Ribatejo, trouxe ao Congresso do Futebol é substancialmente dife-
rente das perspectivas anteriormente abordadas, até porque a área de
intervenção e acção da imprensa regional desportiva, além de operar
numa escala infinitamente mais restrita do que os primeiros –o próprio
conceito, organização, estrutura e públicos-alvo não são iguais, diverge
em muito da actividade da comunicação social especializada nos assun-
tos desportivos de âmbito nacional/internacional.
Desde logo, como explicou Valter Madureira, a crise latente na imprensa
regional tem-se vindo a agravar de modo progressivo. “Mas, estou con-
victo de que podemos mudar isso” garantiu ainda o prelector.
Os problemas identificados pelo coordenador de desporto do Grupo
RCA- Ribatejo não se circunscrevem unicamente aos dirigentes despor-
tivos pois, como o próprio adianta, a nível distrital, são frequentes, por
exemplo, a intervenção e a ingerência do poder político nas actividades
desportivas.
“O ideal será conseguirmos fazer um trabalho idêntico ao desenvolvido
pelos grandes meios de comunicação social. Temos, porém, de tomar
consciência que não podemos trabalhar da mesma maneira que as rádios
e os meios de âmbito nacional, visto os recursos humanos, técnicos e
financeiros serem vincadamente diferentes”.
Este tipo de constrangimentos à acção do jornalista desportivo regional,
assim como a própria estrutura dos meios de informação regionais, levam
não só ao desenvolvimento de um fenómeno propagandístico ainda mais
acentuado do que nos casos anteriormente analisados mas, também, a
que por vezes sejam os dirigentes a beneficiar da promoção pública con-
ferida (mesmo que de forma não premeditada) pelos órgãos informativos
e não os clubes ou os atletas como sucederia numa situação ideal.
Segundo Valter Madureira a imprensa regional tem responsabilidades
acrescidas no processo de mudança de mentalidade e evolução da cul-
tura desportiva. Contudo essa situação não se verifica porque, segundo
o mesmo explica “não temos comentadores habilitados para tal”. Na ver-
dade, são muitos os “profissionais”/colaboradores que podem ser encon-
trados no exercício das funções de jornalista ou repórter com ligações
pessoais muito estreitas com as estruturas dos clubes que acompanham,
relações que fomentam a promiscuidade e nada contribuem para a credi-
bilização das estruturas desportivas.
Outra lacuna importante a este nível e que pode ser explicada pela insu-
ficiência de recursos financeiros dos órgãos de comunicação social, tem
que ver com a escassez de profissionais do jornalismo e da comunicação
com formação específica nesta área, o que, por inerência abre as portas
aos “carolas” que acompanham os acontecimentos por amor à camisola,
ainda que as suas competências pessoais para o exercício da actividade
não sejam as mais desejáveis.
Em jeito de conclusão, Valter Madureira deixou ainda alguns recados.
“Lanço um desafio que é juntarmo-nos e unir o sistema desportivo.
Defendo um projecto de união harmoniosa entre a imprensa e os agentes
do futebol. Temos potencialidades humanas na nossa região para imple-
mentar uma iniciativa deste género. Precisamos é de unir esforços e tra-
balhar para tal!”, defende.
ANTÓNIO Luís Santa Rita F. MAGALHÃES


Idade: 40 anos

Naturalidade: Lisboa

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
12º Ano de Escolaridade.

Principais Actividades:
Director-Adjunto do Record.

Actividades Desempenhadas:
Editor da Secção de Desporto do Correio da Manhã.
Chefe de Redacção em A Bola.

Outras Informações Relevantes:
Inicio da carreira em 1983 no Off-Side. Segue-se a Gazeta dos Despor-
tos, Correio da Manhã, A Bola e Record.
António Magalhães, director adjunto do jornal desportivo “Record”,
começou por lançar algumas críticas aos clubes de futebol e à forma
como estes gerem a sua actividade e a projecção mediática da mesma.
Na perspectiva do jornalista, “os clubes não têm sabido vender o seu pro-
duto, nem sabem utilizar os media como parceiros de negócio”.
O marasmo em que se tem vivido neste domínio, assim como a perver-
são por parte da maioria das instituições futebolísticas nacionais da figura
do assessor de imprensa/director de comunicação, mereceram também os
reparos de António Magalhães, porquanto no segundo caso, pese embora
a criação de figuras que deveriam mediar a relação clubes/comunicação
social, a verdade é que não raras vezes, a acção destes agentes é pautada
pela sonegação e filtragem de informação e não pela facultação da mesma
aos jornalistas.
“Os clubes pouco têm investido em matéria de relações com a comu-
nicação social. A sua preocupação consiste em não passar informação.
Criou-se a figura do assessor de imprensa, mas não existe nos clubes
uma efectiva e voluntária politica de comunicação”, sustentou o director-
adjunto do “Record”.
Ainda assim António Magalhães transporta para a classe dos profissio-
nais da comunicação algumas das responsabilidades pelo actual estado
do jornalismo desportivo. Segundo defendeu, devido aos inúmeros cons-
trangimentos colocados pelos clubes e respectivos dirigentes no acesso
dos jornalistas aos jogadores de futebol, estes sim, os verdadeiros artis-
tas, o espectáculo acaba por ser promovido por uma necessidade de pro-
tagonismo latente em alguns dos nossos dirigentes, cuja incontinência
verbal alimenta diariamente a polémica e monopoliza as manchetes dos
jornais desportivos. Estes factores acabam por conduzir a uma perversão,
porquanto a promoção da modalidade, ao invés de se fazer por meio dos
atletas, faz-se à custa da perpetuação de polémicas entre dirigentes.
MARCO DOMINGOS

Marco Domingos, jornalista da publicação regional “Bancada”, começou
por deixar um apelo, em jeito do justo reconhecimento que é necessário
fazer-se de todos os agentes que intervêm na base do sistema desportivo
e que, na maioria dos casos, trabalham em função de um “amor à cami-
sola”, no sentido de uma motivação contínua deste tipo de intervenientes:
“esta gente que vive do futebol regional precisa também de ser reconhe-
cida nos media locais. O trabalho de formação é muito importante, é
preciso apostar nas pessoas que trabalham directamente com o futebol”,
sublinhou o orador.
Marco Domingos, reconhece, de igual modo, o carácter ainda embrio-
nário no respeitante às relações que se estabelecem entre os órgãos de
comunicação de âmbito local e regional e os clubes/associações despor-
tivas. “Ainda estamos a dar o primeiro passo na comunicação regional e
no seu contacto com os clubes”. A imprensa regional é, na perspectiva
do jornalista da “Bancada”, “o retrato fiel do que é o futebol regional.
O futebol regional necessita de levar uma volta. No entanto o exemplo
tem de vir de cima.” Os dirigentes da Associação de Futebol de Santa-
rém têm de ter coragem de tomas decisões e de as levar até ao fim”, justi-
fica, referindo-se à urgência que existe em repensar todas as estruturas do
futebol, alterar comportamentos e concretizar uma efectiva mudança de
mentalidades, face aos novos desafios que se colocam quotidianamente.
“A imprensa regional também precisa de voz”, defende o prelector. “Pre-
cisamos uns dos outros”, explica, sustentando que devem ser estabe-
lecidas parcerias e desenvolvidas sinergias entre os diversos agentes
desportivos, fundamentalmente os que estão ligados ao futebol, no sen-
tido de se encontrarem soluções úteis e que permitam defender o espec-
táculo das dificuldades que continuamente vão surgindo.
E, conclui, formulando um desejo: “Espero que o nosso futebol distrital
tenha equipas sólidas no futuro”, disse.
MODERADOR DO PAINEL

JOÃO PAULO NARCISO


Data de Nascimento: 29 de Abril de 1966 (37 anos)
Naturalidade: Santarém
Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
12º Ano.

Principais Actividades:
Director do jornal “Correio do Ribatejo”.

Actividades Desempenhadas:
Funcionário Público durante 4 anos.

Como Jornalista:
Rádio Piranha.
Rádio Pernes.
Correspondente do jornal “Público” durante 5 anos.
Correspondente do jornal “O Jogo” durante 4 anos.
TREINADORES
           EO
DESENVOLVIMENTO DO JOGO
CARLOS SILVA


Data de Nascimento: 23 de Abril de 1954
Naturalidade: Lisboa
Estado Civil: Divorciado

Habilitações Literárias:
Curso Geral de Mecânica.

Principais Actividades:
Técnico de Manutenção de Aeronaves.
Seleccionador Nacional de Futsal Feminino.
Treinador do Grupo Cultural e Desportivo Del Negro.

Actividades Desempenhadas:
Jogador de Futebol (S.L. Benfica e Estrela da Amadora).
Assessor do Gabinete Técnico da Associação de Futebol de Lisboa.
Treinador da Selecção de Futsal da Associação de Futebol de Lisboa.

Outras Informações Relevantes:
4 Títulos nacionais de seniores femininos.
7 Títulos distritais de seniores femininos – A.F. Lisboa.
4 Títulos distritais juniores femininos – A.F. Lisboa.
1 Título distrital de juvenis masculinos – A.F. Lisboa.
1 Título distrital de iniciados masculinos – A.F. Lisboa.
5 Taças Femininos – A.F. Lisboa.
A intervenção de Carlos Silva, seleccionador Nacional de Futsal, no Con-
gresso do Futebol 2003, justifica-se pela necessidade de não esquecer
uma modalidade que, nascida do futebol tradicional, se poderá afirmar no
futuro como uma das práticas desportivas mais atractivas e que, simulta-
neamente, poderá congregar maiores apoios e cativar maiores volumes
de públicos devido às condições especiais que lhe estão associadas.
De notar ainda que o Futsal é uma modalidade que se encontra ainda
a dar os primeiros passos no nosso país e onde os custos de actividade
são moderados, por força de gastos inferiores com instalações e infra-
estruturas que decorrem das especificidades características desta variante
do tradicional futebol de 11.
Verifica-se ainda que o Futsal foi a modalidade desportiva que nos últi-
mos anos mais cresceu em Portugal beneficiando, naturalmente, da con-
dição de desporto novidade, facto que, não deverá, contudo, deixar de
constituir motivo de reflexão e de regozijo pelos níveis de desenvol-
vimento alcançados, havendo já quem, inclusive perspective o Futsal,
como o grande desporto de massas do século XXI.
Na reflexão partilhada com os restantes participantes nos trabalhos do
Congresso do Futebol 2003, Carlos Silva defendeu que aos treinadores
de Futsal cabe também a tarefa de contribuir no processo evolutivo da
modalidade.
Todavia, o seleccionador nacional de Futsal, acrescentou também que
deveria existir um maior esforço na tentativa de compreensão do Futsal e
na transmissão de alguns conhecimentos próprios desta modalidade para
o futebol de 11, sinergias que poderiam também resultar interessantes
para ambas as modalidades.
Carlos Silva sustentou, igualmente, a tese de crise associada ao Futsal
devido, essencialmente, à escassez de espectadores, situação que é, para-
doxalmente, motivada pelo reduzido interesse suscitado por uma moda-
lidade que constitui novidade e com as consequentes dificuldades de
penetração num mercado desportivo onde o futebol de 11 é “rei e senhor”.
As equipas femininas poderiam, na perspectiva do orador, ajudar no pro-
cesso de implementação e consolidação do Futsal no contexto desportivo
português.
O seleccionador nacional de Futsal entende ainda que, por ser uma moda-
lidade com relativamente pouco tempo de actividade não existe ainda
uma efectiva consolidação ao nível dos métodos de trabalho nesta prática.
O treinador deve, por isso, ser capaz de se adaptar muito mais rapida-
mente às transformações e evoluções que vão acontecendo face aos seus
homólogos do futebol de 11, onde os métodos de trabalho já estão muito
mais consolidados e explorados.
No fundo, a ideia veiculada no discurso de Carlos Silva é a de que
o Futsal vive ainda de alguma imaturidade característica da sua juven-
tude estrutural, o que necessariamente implica um maior esforço de
adaptabilidade/sensibilidade dos treinadores e responsáveis técnicos para
se ajustarem a novas metodologias de trabalho e treino que surgem cons-
tantemente, por oposição aos do futebol de 11, onde já (quase) tudo foi
inventado.
Também o mito acerca de um pretenso excesso de treinadores de Futsal
foi de alguma forma desmontado por Carlos Silva que explicou que essa
ocorrência apenas se verifica ao nível das equipas de topo.
O técnico é ainda defensor de um processo de aprendizagem dos treina-
dores de Futsal que compreenda todos os escalões de formação, pois,
apenas deste modo, será possível transmitir gestos técnicos, para que a
qualidade técnica e adaptação seja, posteriormente, notada ao nível dos
escalões competitivos mais altos.
Por último, o seleccionador nacional de Futsal defendeu ainda a existên-
cia e a disponibilização de maiores incentivos para a criação de equipas
de Futsal feminino visto a elevada qualidade técnica destas atletas, o que
poderia servir também de plataforma de desenvolvimento e lançamento
da modalidade no sentido de uma maior promoção e visibilidade desta
variante do tradicional futebol de 11.
NUNO Miguel Minderico Ferreira PRESUME


Data de Nascimento:

Naturalidade:

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciatura em Educação Física e Desporto – Opção Futebol, pela
Universidade Lusófona.
Curso de Nível III da Federação Portuguesa de Futebol.

Principais Actividades:
Professor Requisitado pela Câmara Municipal do Cartaxo, exercendo as
funções de Técnico Superior de Desporto.
Treinador de Futebol.

Actividades Desempenhadas:
Professor do Quadro de Nomeação Definitiva na Escola Secundária de
Tábua – CAE de Coimbra.
Formador do Curso de Nível II, promovido pela Associação de Futebol
de Santarém no ano de 2003.

Outras Informações Relevantes:
Coordenador do Futebol Juvenil do Sport Lisboa e Cartaxo nas épocas
de 1994/1995, 1995/1996, 1996/1997 e 1999/2000.
Treinador Principal do Sport Lisboa e Cartaxo nas épocas de 1995/1996,
1996/1997 e 2000/2001.
Treinador Principal da Associação Desportiva do Carregado na época
de 1997/1998.
Treinador Principal da União Desportiva de Santarém na época de
1998/1999.
Treinador Principal do Clube Atlético Riachense na época de
2001/2002.
Treinador Principal do Centro Desportivo de Fátima nas épocas
2000/2001 e 2002/2003.
A comunicação preparada por Nuno Presume que, na época transacta
orientou a equipa de futebol profissional do Desportivo de Fátima, para a
plateia participante no Congresso do Futebol 2003, versou sobre a carac-
terização do futebol e do jogo e, de um modo mais particular acerca da
evolução do treino e da evolução do treinador.
O técnico de futebol começou por apresentar de forma genérica as
principais características do futebol actual, nomeadamente, as elevadas
implicações sociais, culturais e económicas, o enormíssimo impacto e
dimensão dos interesses em “jogo”, os conflitos e pressões que neste
âmbito se geram e a imperiosa necessidade que decorre da rentabiliza-
ção de todos os produtos do futebol (clube, equipa, técnicos, jogadores,
etc.).
De um modo mais aproximado, Nuno Presume, referiu-se ainda aos
diversos constrangimentos que hoje ocorrem no planeamento desportivo,
sobretudo o reduzido período preparatório por oposição a um período
competitivo mais longo, (com exigências competitivas elevadas, onde a
manutenção de um rendimento elevado e constante se irá prolongar por
toda a época), o processo de treino e de jogo que deverá ser mantido
orientado visando o desenvolvimento e trabalho das diversas componen-
tes do jogador: técnico-táctica e cognitiva.
Após esta contextualização inicial, Nuno Presume debruçou-se mais
especificamente sobre as características de jogo no âmbito do futebol
de alta competição, mormente ao nível das exigências de jogo e relati-
vamente ao esforço. No respeitante ao primeiro tópico, o técnico refe-
riu-se aos conceitos de superioridade numérica, à maior polivalência dos
jogadores e ao mais elevado índice de participação nas tarefas de ataque/
defesa que lhes são exigidas, no sentido de ser obtida uma maior pressão
do e sobre o adversário em diferentes zonas do terreno de jogo. Para que
estas premissas possam ser objectivamente cumpridas, as tarefas indi-
viduais e colectivas terão de ser definidas antecipadamente, atendendo
também a ritmos de jogo cada vez mais elevados e variados.
Quanto aos desafios que se colocam ao nível do esforço, Nuno Presume,
destacou o aumento do número de intervenções, um maior número de
deslocamentos e intensidades máximas e sub-máximas, a redução do
tempo e espaço para pensar e executar as tarefas, a importância da dis-
puta de bola em zonas determinantes, e o número crescente deste tipo de
“lances” em situação de confronto directo com o adversário.
Outra temática a merecer a reflexão de Nuno Presume, diz respeito à pla-
nificação do processo de treino, onde foram abordadas duas variantes dis-
tintas.
Uma primeira, a convencional, que visa uma actividade de treino diri-
gindo e orientando os estímulos a aspectos muito particulares e isolados.
Esta forma de planificação caracteriza-se ainda pela simplificação dos
diversos factores de rendimento (tácticos, técnicos, físicos, psicológicos
e complementares), pela preponderância dos aspectos físicos sobre os
demais, pela importância do período preparatório para toda a época des-
portiva, pela sua orientação para a criação de “picos” de forma (com base
nos efeitos retardados das cargas), pelo seu carácter pouco específico,
pela sua abordagem analítica da recuperação do atleta, associada à carga
e quantidade do treino.
Ao nível das vantagens e desvantagens, destacam-se, do lado dos aspec-
tos positivos uma mais fácil direcção das cargas de treino a capacidades
isoladas, a melhor determinação das cargas, e o fácil controlo daí decor-
rente. Como aspectos negativos destacam-se as melhorias verificadas que
acontecem isoladamente e fora do contexto, a dificuldade em garantir a
adequação do plano aos objectivos pretendidos, o facto de ser mais irreal
e, consequentemente, mais monótono.
A segunda forma de planificação identificada por Nuno Presume, a tác-
tica, consiste em, partindo da competição treinar os factores que determi-
nam a sua eficiência.
Na perspectiva táctica as periodizações e planificações devem convergir
para o modelo de jogo adaptado e o modelo de jogo da equipa deve ser
tomado como referência para a construção do exercício de treino. O prin-
cípio da especificidade, a integração dos factores isolados e a aquisição
de um nível de alta forma desportiva associada ao desempenho e qua-
lidade, são outros dos elementos característicos desta filosofia de plani-
ficação de treino. As principais vantagens são, sobretudo, a sua maior
especificidade e realismo, o ser mais diversificado e, por inerência, mais
motivador para o atleta. Destacam-se, como desvantagens a difícil direc-
ção a alguns factores, a menor definição das cargas e também a maior
dificuldade de controlo dos diversos aspectos do treino.
A concluir a sua apresentação, Nuno Presume, reflectiu acerca das prin-
cipais qualidades que um bom treinador de futebol deverá reunir, por
oposição ao treinador/ditador prepotente e detentor da verdade absoluta.
Para o orador o treinador deverá dominar os conhecimentos e técnicas
de intervenção nas mais variadas áreas (desde a metodologia do treino
à dinâmica de grupos), deverá aderir a um processo de formação con-
tínua assumindo a relatividade do conhecimento e o carácter evolutivo
do mesmo, deverá adquirir a sensibilidade necessária à compreensão da
especificidade de cada realidade, identificando os factores condicionan-
tes e sendo capaz de encontrar as soluções mais apropriadas a cada con-
texto situacional específico. Uma sólida formação humana e desportiva,
assim como uma elevada capacidade organizativa e de gestão, são outras
qualidades consideradas fundamentais pelo técnico.
A intervenção de Nuno Presume fechou com uma citação do treinador
do momento, José Mourinho, que terá em determinada situação afirmado
que “o jogador português não gosta de treinar, ...mal!”.
AGOSTINHO Vieira de OLIVEIRA


Data de Nascimento: 05 de Fevereiro de 1947

Naturalidade: Póvoa de Lanhoso - Braga

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciatura (Faculdade de Letras – Porto)

Principais Actividades:
Treinador Adjunto da Selecção Nacional A.

Actividades Desempenhadas:
Seleccionador Nacional (todos os escalões).
Seleccionador Nacional Interino (2002-2003).
A comunicação/reflexão trazida por Agostinho Oliveira aos participantes
do Congresso do Futebol foi essencialmente marcada pela exploração e
análise de questões téorico-práticas do futebol e foi estruturada numa lin-
guagem essencialmente técnica e dirigida a este tipo de profissionais que,
no fundo, constituíam a maioria da plateia presente.i
Na parte introdutória da sua exposição o ex-seleccionador nacional de
futebol abordou um pouco superficialmente o trabalho desenvolvido
pelos diversos profissionais ao serviço do Departamento Técnico da
Federação Portuguesa de Futebol, o que resultou numa notória evolução
do futebol formativo nacional, o que se reflecte não só no êxito que as
nossas selecções dos escalões jovens têm alcançado (recorde-se a título
meramente indicativo as recentes prestações das selecções de Sub-17
Sub-19 nos respectivos Campeonatos Europeus), mas que pode ser igual-
mente aferido pela presença de inúmeros jogadores portugueses nos prin-
cipais clubes dos mais competitivos campeonatos da Europa.
Agostinho Oliveira reportou-se à estrutura/modelo de jogo das selecções,
nas suas diversas vertentes, e a forma como “historicamente” o mesmo
evoluiu, apresentando o diagnóstico das várias possibilidades, a análise
e opção por uma determinada solução e, por último a implementação da
técnica clássica do 4x3x3.
O ex-seleccionador lembrou ainda a importância da correcta e clara defi-
nição dos pontos-chave da estrutura de uma equipa em fase adaptativa,
nomeadamente através da articulação dos vários sectores/elementos e
também por meio dos sistemas de compensações.
Ao nível das articulações possíveis, Agostinho Oliveira, expôs combina-
ções e várias soluções possíveis, desde aquela que compreende 1 ou 3
avançados, ou uma outra montada em torno de 2, tendo também concreti-
zado uma abordagem/caracterização dos jogadores em relação aos posi-
cionamentos base de cada articulação.
Por último, no que concerne aos aspectos acima discutidos, Agostinho
Oliveira salientou a necessidade de fixar e cimentar a estrutura/modelo
de jogo, através dos processos e sessões de treino.
A modelação/planificação das sessões de treino em função da estrutura
da equipa (seja esta em 4x3x3 ou em 3x4x3, sistemas que Agostinho Oli-
veira descreveu com algum pormenor, assim como os movimentos e fun-
ções que cada atleta deverá desempenhar em cada função), foi também
uma temática explorada pelo técnico. Neste particular, Agostinho Oli-
veira, concretizou uma abordagem ao conceito de sistematização das
acções de base do treino e o modo como estas se poderão reflectir pos-
teriormente no jogo, destacando a importância dos trabalhos inter-secto-
riais, a primazia que deve ser conferida ao trabalho nas alas, a mobilidade
atacante que deverá ser conseguida, a polivalência de todos os atletas que
deverão jogar de forma semelhante e continuada de área a área e, sobre-
tudo, o desenvolvimento/exploração de esquemas e metodologias de tra-
balho que dêem prazer/alegria, estimulem e motivem os jogadores para
o desempenho igual tanto nas acções ofensivas como nas tarefas defensi-
vas.
A fechar, Agostinho Oliveira, deixou aquelas que na sua perspectiva
constituirão os principais elementos técnico-tácticos do futebol e do
atleta de amanhã:
1 – reagir rapidamente à tentativa de reequilíbrio defensivo do adversá-
rio;
2 – jogar (através do passe) em profundidade, isto é, recorrer ao passe
como forma de encontrar e criar espaços onde se possa jogar;
3 – o jogador que dá profundidade ao jogo deverá ser rápido e desequili-
brador;
4 – como enfrentar a pressão do adversário (o anti-pressing);
5 – a importância do talento individual e a criatividade do atleta;
6 – a qualidade paciência/espera de uma equipa para levar a efeito acções
de desequilíbrios colectivos fortes;
7 – a capacidade de reacção colectiva da equipa às diversas incidências
particulares do jogo;
8 – a definição e implementação de tácticas responsáveis e flexíveis;
9 – a importância dos duelos 1x1;
10 – as características dos atacantes de amanhã – rapidez, dinamismo,
capacidade de drible, movimentados e tacticamente fortes/evoluídos;
ARBITRAGEM, REGULAMENTOS E
        DISCIPLINA
LUÍS Manuel Blanco Rocha GUILHERME


Data de Nascimento: 31 de Julho de 1955
Naturalidade: Bombarral
Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Curso Industrial de Montador Electricista.

Principais Actividades:
Bancário.
Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol
Profissional.

Actividades Desempenhadas:
Bancário.
Árbitro de Futebol.
Dirigente do Núcleo de Árbitros de Loures.
Secretário e Presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Árbi-
tros de Futebol (2 mandatos).
Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol
Profissional.
A participação do Presidente do Conselho de Arbitragem da Liga Portu-
guesa de Futebol Profissional (LPFP) ficou marcada pelas críticas endos-
sadas aos dirigentes desportivos, uma vez que, como Luís Guilherme
afirmou, “a arbitragem anda ao sabor das vontades dos dirigentes”. Além
do mais, como refere ainda o orador, “os debates de fundo não têm
grande receptividade junto dos dirigentes por que o seu impacto mediá-
tico é quase nulo”.
Luís Guilherme defendeu ainda a criação, com carácter urgente, do Plano
Estratégico para a Arbitragem, e uma maior articulação entre o desporto
escolar, o desporto federado e a arbitragem, uma vez que, a este nível,
nada existe.
Outra ideia defendida pelo prelector que aceitou o desafio da Associa-
ção de Futebol de Santarém para colaborar nesta iniciativa de reflexão
acerca dos problemas que afectam o futebol português é a de que “deve-
mos pegar nos modelos de organização de outros países que funcionam e
transportá-los, devidamente adaptados, para a nossa própria realidade.
Outra situação que mereceu o oportuno reparo de Luís Guilherme foi
apenas em Julho de 2002 se ter conseguido aprovar e inscrever nos regu-
lamentos da Federação Portuguesa de Futebol, um diploma referente à
arbitragem onde se prevê que os jovens possam ser jogadores e árbitros
de futebol em simultâneo, embora, com a condicionante de não poderem
arbitrar jogos da categoria na qual estão inscritos na qualidade de atle-
tas.
Luís Guilherme defende a existência de um único Conselho de Arbitra-
gem, com 3 secções diferentes: uma primeira destinada ao futebol de
âmbito nacional, a segunda dedicada ao futebol profissional e uma ter-
ceira dirigida ao futebol de formação.
Outra das ideias lançadas pelo orador diz respeito à notória falta de lide-
rança que existe no sector da arbitragem, o que provoca que os juízes
não se reconheçam ou mesmo revejam nos seus líderes, até porque, como
o próprio fez questão de afirmar, “somos confrontados com dirigentes
que nada percebem de arbitragem e que, muitas vezes confessam estar
no cargo não para ensinar e transmitir a sua experiência, como de resto
deveria acontecer numa situação normal, antes sim, para aprender”, o que
segundo Luís Guilherme constitui um sério handicap.
Ao nível do futebol profissional, na Liga de Clubes e, fruto de uma
maior independência do sector da arbitragem das restantes estruturas face
à existente no seio da Federação Portuguesa de Futebol, assim como,
também, de uma estrutura organizativa mais ligeira, o Conselho de Arbi-
tragem tem funcionado melhor.
A concluir, Luís Guilherme deixou para reflexão a ideia de que é pre-
ciso que a arbitragem do futebol profissional e não profissional sejam
encaradas de forma diferente, ainda que, o regulamento deva ser, na pers-
pectiva enunciada pelo Presidente do Conselho de Arbitragem da Liga
Portuguesa de Futebol Profissional, um único.
ARNALDO MARQUES DA SILVA

A primeira ideia lançada por Arnaldo Marques da Silva para debate pela
plateia presente nos trabalhos do segundo dia do Congresso do Futebol
2003 é ilustrativa da linha seguida pela sua comunicação: “a indisciplina
existe é nos regulamentos”.
O Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de
Futebol é contrário à existência de dois regulamentos/instrumentos dis-
tintos para ajuizar acerca da disciplina. No entender deste orador não é
de excluir na existência de dois órgãos. Contudo, defende, o regulamento
deverá ser um só e único.
Paralelamente, Arnaldo Marques na Silva é defensor de uma estrutura em
que o Conselho de Disciplina deveria ser dividido em 3 departamentos
com atribuições distintas no juízo de casos de disciplina necessariamente
diversos e decorrentes de contextos desportivos e competitivos divergen-
tes, a saber: um orientado para o futebol profissional, outro voltado para
o futebol amador ou não profissional, e um terceiro a quem caberia a res-
ponsabilidade de se pronunciar e julgar as ocorrências relacionadas com
o Futsal.
Enquanto não for colocada em prática a solução considerada como a
mais realista e ideal pelo orador, e que consiste na existência de um
único regulamento de disciplina, Arnaldo Marques da Silva entende que,
existindo regulamentos diferentes, deveriam verificar-se reuniões perió-
dicas entre os Conselhos de Disciplina da LPFP e da FPF, no sentido
de poderem ser obviados casos que persistentemente grassam no futebol
português, e que são directamente decorrentes de alguma promiscuidade
causada pela existência de dois regulamentos que depois criam situações
polémicas e confusas, como os casos Leça, Sá Pinto, Capucho e Dani,
apontadas pelo orador a título meramente exemplificativo e ilustrativo de
que é necessário rever procedimentos e uniformizar modos de actuação.
ORLANDO Filipe da Silva MENDES


Data de Nascimento: 07 de Setembro de 1959
Naturalidade: Santarém
Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciatura em Direito

Principais Actividades:
Advogado.
Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de San-
tarém.
Membro da Comissão de Arbitragem da Federação Portuguesa de Fute-
bol.
Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Associação Forense de
Santarém.
Presidente da Mesa da Assembleia-Geral de várias Instituições do con-
celho de Santarém.

Actividades Desempenhadas:
Membro do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Fute-
bol.
Praticou futebol federado durante onze (11) épocas).
O Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de
Santarém começou por defender na exposição apresentada a necessidade
de uma maior e mais real autonomia para o sector da disciplina, até
porque, como o próprio afirmou, “se os regulamentos existentes não per-
mitem uma disciplina efectiva então, há que os repensar”.
Na perspectiva apresentada por Orlando Mendes, a disciplina ou, em
muitas ocasiões, a falta dela, dependem de algumas condições essen-
ciais e basilares. O factor individual é, desde logo, o principal. Todavia,
a inserção do jogador no contexto do clube, as situações concretas aos
níveis social e económico associadas ao meio ao qual o intérprete está
agregado e, por fim, a falta de formação pessoal e individual dos interve-
nientes, foram outros dos factores que Orlando Mendes apresentou como
fulcrais, no sentido de uma maior disciplina.
Estabelecendo um paralelismo em que é recuperado um dos clichés/
chavões mais conhecidos de Octávio Machado (“Trabalho, trabalho, tra-
balho!”), Orlando Mendes diz que “é preciso formar, formar, formar!”.
Na sua comunicação, o dirigente da Associação de Futebol de Santarém
deixou ainda três linhas de força quanto à temática em epígrafe que orga-
nizou em: o dirigismo e a disciplina, fair-play e formação das camadas
jovens, e os agentes externos ao espectáculo.
No que ao primeiro item lançado diz respeito, Orlando Mendes, entende
que grande parte dos episódios de indisciplina que grassam no futebol
português se devem a uma grave lacuna existente ao nível das estruturas
desportivas nacionais, comum a todas as modalidades desportivas, e que
consiste na falta de órgãos/entidades orientados para a formação especí-
fica de dirigentes desportivos. “Muitas vezes os presidentes dos clubes
de menor dimensão são indivíduos que durante toda a sua vida pessoal
e profissional se habituaram a vencer e superar todos os obstáculos que
se lhes apresentam e, ao chegar aos clubes tentam incutir nestas organi-
zações o mesmo espírito vencedor”. O problema aqui reside, segundo a
visão de Orlando Mendes, “no facto de se querer ganhar a qualquer custo
e não olhando a meios para atingir os fins”.
Na opinião do Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de
Futebol de Santarém, falta a cultura do fair-play no futebol português.
E, recuperando o exemplo anterior, questiona o orador “se essas pessoas/
dirigentes desportivos desenvolveram este tipo de cultura e espírito como
é que, partindo destes pressupostos, podem formar e incutir as noções
básicas de fair-play nos atletas das camadas jovens?
Não existindo dirigentes com formação própria e específica, adequada ao
contexto particular e restrito do fenómeno desportivo, o espírito que irá
ser adquirido pelo praticante dos escalões de formação será o mesmo”,
concluiu.
A segunda reflexão proposta por Orlando Mendes diz respeito ao fair-
play e formação que deverá existir nas camadas jovens.
Os dirigentes terão que forçosamente incutir nestes praticantes o espírito
de lealdade, deverão fazer notar às crianças e adolescentes que os outros
são colegas, deverão insistir no respeito pelo adversário como tal e numa
conduta de efectivo fair-play.
Outra questão importante neste aspecto é o respeito pelo árbitro e o res-
guardo que deverá imperar, ainda que perante um juízo grosseiramente
errado, decoro esse e contenção que deverão começar nos comportamen-
tos evidenciados pelos próprios dirigentes desportivos.
Condição “si ne qua non” para um comportamento disciplinar e de fair-
play exemplares e que prime pela máxima lisura é o respeito e o decoro
por todos os agentes desportivos e não só, que intervêm no espectáculo/
fenómeno futebolístico.
O último tópico avançado por Orlando Mendes prende-se com a influ-
ência dos agentes externos ao jogo, mas cujo comportamento poderá
influenciar decisivamente o desenrolar da acção no interior das “quatro
linhas”.
Os espectadores têm, neste particular, um papel preponderante no desem-
penho e estado de psicológico de árbitros, treinadores, jogadores e demais
intervenientes, e, não raras vezes o seu comportamento e postura pouco
próprias resultam na subversão do espírito e da qualidade do espectáculo
e decorrem do desconhecimento das regras elementares do jogo.
Também por esta razão, na ideia/proposta de reflexão com que Orlando
Mendes concluiu a sua intervenção, o orador referiu a necessidade da
realização de mais iniciativas e acções que visem a discussão e promo-
vam a divulgação das leis e regulamentos do futebol junto de todos os
agentes sejam eles internos, ou externos.
ANDRÉ Miguel Furtado Alves GRALHA


Data de Nascimento: 06 de Maio de 1976
Naturalidade: Vila Nova da Barquinha
Estado Civil: Solteiro

Habilitações Literárias:
12º ano de escolaridade (incompleto).

Principais Actividades:
Árbitro de Futebol.
Presidente Adjunto do Núcleo de Árbitros Ribatejo Norte.

Actividades Desempenhadas:
Árbitro do Inatel (épocas de 1990 a 1992).
Árbitro Estagiário (época de 1992/1993).
Árbitro da 2ª Categoria Distrital (época de 1993/1994).
Árbitro da 1ª Categoria Distrital (épocas de 1995 a 1999).
Árbitro da 3ª Categoria Nacional (época de 1999/2000).
Árbitro da 2ª Categoria Nacional (épocas de 2000 a 2003).
Árbitro da 1º Categoria Nacional (época de 2003/2004).

Outras Informações Relevantes:
Participação em várias acções de formação de árbitros de Futebol.
Participação no Torneio Lopes da Silva organizado pela FPF.
Participação no Torneio Regional Inter-Associações Sub-15 2002.
Participação no XIVº Encontro de Núcleos de Árbitros de Futebol em
Almada, em 2002.
Participação no Torneio Internacional de Futebol do Vale do Tejo.
A reflexão do recém promovido árbitro, André Gralha, à primeira cate-
goria da actividade principiou por uma abordagem contextual e muito
pessoal à infinita teia de encruzilhadas e decisões que um jovem tem que
tomar no seu percurso desportivo e, mais concretamente, naquelas que
respeitam à opção entre a carreira de futebolista e a da arbitragem.
“Começa-se por se jogar futebol, porque gostamos de jogar futebol.
Porém, por volta dos dezoito anos há a necessidade de se optar pela car-
reira de futebolista ou abraçar o percurso da arbitragem”, explica o pró-
prio.
André Gralha é da opinião que pouco ou nada se tem feito no intuito de
motivar e sensibilizar os jovens para a prática desta actividade.
E, prossegue, questionando também as recentes modificações introduzi-
das nas competições de escolas e que consistiu na passagem do futebol de
11 para o futebol de 7, porquanto entende que esta não foi uma alteração
positiva para a arbitragem uma vez que não dá a oportunidade aos jovens
árbitros (estagiários) de terem consigo um colega mais experiente que os
possa auxiliar e orientar na condução do jogo e no solucionamento das
incidências mais polémicas e problemáticas que eventualmente possam
surgir.
André Gralha mostrou-se por isso favorável a um sistema que possibilite
e promova a integração dos jovens noutras equipas de arbitragem com o
objectivo de os motivar e de lhes permitir a aquisição de experiência e
à-vontade em termos de direcção de partidas de futebol.
Os núcleos de arbitragem são, de acordo com o testemunho do juiz
os principais responsáveis no processo formativo dos jovens árbitros,
desempenhando, neste particular um papel fulcral e central na aprendiza-
gem e motivação destes principiantes.
Neste contexto e, no sentido de conseguir motivar de uma forma mais
eficaz os futuros árbitros, o núcleo ao qual André Gralha pertence (Riba-
tejo-Norte), criou um impresso/formulário que se destina a aferir o grau
de evolução e progressos registados pelo árbitro, apenas com intuitos
formativos e meramente pedagógicos, que desempenha uma acção com-
plementar aos instrumentos comuns de avaliação. Nas palavras do pró-
prio orador, “esta é uma forma de motivar os árbitros, porque avalia e dá
aos jovens a oportunidade de terem uma ideia da sua apresentação, com-
portamento e desempenho global”, percepcionando deste modo que são
acompanhados num processo extra-avaliação e isso, porque contraria a
ideia de abandono e de desinteresse que é comum verificar-se, é positivo
e motivador, porque o jovem sente que as pessoas se interessam.
Outra das questões que mereceu a reflexão oportuna do recém promovido
juiz, prende-se com a cada vez mais notória e crónica escassez de árbi-
tros. “Neste momento, é possível um árbitro chegar ao final da tarde de
Domingo, depois de ter apitado cinco jogos. Tendo presente que existem
muitos de nós que são, simultaneamente, estudantes universitários e que
em muitos casos estão fora de casa toda a semana, este tipo de situações
deixa pouco espaço e tempo para a vida pessoal de cada um, o que pode
conduzir ao abandono da actividade em virtude de se terem que efectuar
escolhas, facto que, poderá conduzir à perda de potenciais futuros bons
valores”, explica André Gralha.
A reflexão do árbitro não se circunscreveu, todavia, apenas a estas temá-
ticas. Apesar de reconhecer a utilidade e validade dos apoios existentes
para a aquisição de equipamentos, mormente por meio de um protocolo
existente entre a Federação Portuguesa de Futebol e a marca oficial for-
necedora dos equipamentos para árbitros (que cede a título gratuito um
equipamento aos novos árbitros), André Gralha, refere que este apoio
é, por vezes, manifestamente insuficiente atendendo às condições sócio-
económicas de alguns jovens árbitros que não lhes permitem o investi-
mento em equipamentos desportivos.
O orador convidado pelo Congresso do Futebol para reflectir acerca das
questões directamente relacionadas com a arbitragem, sugeriu ainda a
realização pontual de sessões de esclarecimento promovidas pela Asso-
ciação de Futebol de Santarém e/ou outras entidades/estruturas organi-
zativas competentes nesta matéria, junto dos órgãos de Comunicação
Social, no sentido de formar e sensibilizar estes profissionais para que a
crítica/avaliação do trabalho do árbitro seja construtiva e não destrutiva,
como habitualmente sucede.
A concluir a sua reflexão, André Gralha, lembrou também o papel impor-
tante que os técnicos/treinadores poderão desempenhar junto dos seus
jogadores motivando-os e alertando-os para a necessidade de reduzir o
número de faltas, a bem da qualidade do espectáculo. “Porém, aquilo a
que se assiste é que os treinadores estão mais preocupados com os resul-
tados finais dos jogos e não tanto com o espectáculo em si ou os índices
qualitativos do mesmo”, salientou.
FRANCISCO António Maia JERÓNIMO


Data de Nascimento: 05 de Junho de 1954

Naturalidade: Torres Novas

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Engenheiro Civil.

Principais Actividades:
Director do Departamento de Obras Municipais da Câmara Municipal
de Santarém.
Consultor Técnico na avaliação de imóveis para a Banca.
Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem
de Água (APDA).

Actividades Desempenhadas:
Membro da Comissão Organizadora (Fundador) do Festival Nacional
de Gastronomia de Santarém.
Sócio-Gerente da TRIVIL - Engenheiros Associados, Lda.

Outras Informações Relevantes:
Membro da Direcção da Associação de Futebol de Santarém.
Presidente do Conselho Fiscal do Círculo Cultural Scalabitano.
Sócio-Fundador da Casa da Europa do Ribatejo.
AS AUTARQUIAS
 E OS CLUBES
José Joaquim Gameiro de SOUSA GOMES


Data de Nascimento: 24 de Outubro de 1940

Naturalidade: Almeirim

Estado Civil: Casado. Tem duas filhas.

Habilitações Literárias:
Bacharelato em Contabilidade e Administração.

Principais Actividades:
Presidente da Câmara Municipal de Almeirim.
Presidente do Conselho de Administração da AMLT.
Presidente do Conselho de Administração da RESIURB.
Presidente do Conselho de Administração da ALDESP.

Actividades Desempenhadas:
Chefe dos Serviços Administrativos de uma empresa.
Professor entre 1974 e 1989.
Vereador da Câmara Municipal de Almeirim entre 1976 e 1985.
Deputado Municipal na Assembleia Municipal de Almeirim entre 1986 e
1989.
Dirigente do União Futebol Clube de Almeirim.
Presidente do União Futebol Clube de Almeirim durante três anos.
Presidente da Direcção do Hóquei Clube “Os Tigres” de Almeirim.

Outras Informações Relevantes:
Foi candidato a Deputado por Santarém por duas vezes.
José Sousa Gomes, Presidente da Associação de Municípios da Lezíria
do Tejo, começou por salientar as diferenças de relacionamento que exis-
tem entre os clubes desportivos e as Câmaras Municipais, atribuindo
essas diferenças à dimensão do próprio clube/entidade. Enquanto que no
caso dos clubes de maior dimensão o distanciamento que se verifica é
mais notório e o relacionamento existente é mais do foro institucional,
não só pelo carácter altamente profissional de algumas destas institui-
ções, como também devido à própria estrutura orgânica e burocrática
destes, no caso dos clubes mais pequenos a proximidade com as autar-
quias é muito maior e o contacto é permanente.
José Sousa Gomes reforçou também a ideia de que os dirigentes deverão
ser cautelosos, criteriosos e altamente selectivos quanto aos investimen-
tos que realizam nos clubes, embora reconheça que muitas vezes esses
investimentos resultam em virtude do esforço e da total entrega dos diri-
gentes à causa.
O Presidente da AMLT defendeu ainda que os clubes substituem as
autarquias na promoção da actividade desportiva, uma atitude salutar e
de saudar e que, por seu lado, as autarquias não só apoiam os clubes
das mais variadas formas, como apostam fortemente na subsidiação das
camadas jovens.
ANTÓNIO PAIVA

António Paiva, Presidente em exercício da Associação de Municípios
do Médio Tejo, destacou por seu lado a necessidade de concretizar uma
efectiva e transparente distinção entre equipamentos desportivos das
autarquias (públicos) e aqueles que são propriedade dos clubes (não-
públicos), no sentido de obviar situações e relações pouco claras ou
promíscuas na gestão/exploração deste tipo de infra-estruturas que são,
naturalmente, pouco desejáveis.
Neste âmbito, António Paiva entende que cada clube deveria apostar em
soluções próprias na criação de complexos desportivos para a promoção
do desporto e para a concretização dos seus projectos desportivos.
Por outro lado, sustenta o presidente da AMMT que, na sequência das
premissas atrás estabelecidas, clubes e autarquias deveriam posterior-
mente concretizar um pacto/compromisso que regulasse e estabelecesse
as condições de gestão e utilização destes equipamentos. A este nível,
António Paiva, referiu-se ainda à necessidade da formação dos jovens ser
ministrada por técnicos qualificados, o que levanta problemas acrescidos
e que consiste na inevitabilidade dessa formação ter que ser suportada em
termos financeiros pelos pais dos beneficiários.
Outra das ideias avançadas pelo presidente da AMMT e colocadas à dis-
cussão junto dos participantes no Congresso do Futebol 2003 prende-se
com a exploração de acordos e parcerias entre os clubes de interior e os
grandes clubes, no sentido de poderem ser aproveitados com maior rigor
os recursos investidos.
No actual quadro, não existe retorno dos investimentos realizados nos
escalões de formação. As dificuldades e constrangimentos que se colo-
cam à actividade dos dirigentes, pois são sacrificados e muitas vezes
injustiçados em nome do “amor à camisola”, deveriam ser também alvo
de alguma descompressão/alívio.
Por último e a concluir a sua comunicação, António Paiva, sustentou
ainda a necessidade de existência de mais sócios interessados e partici-
pativos relativamente à gestão dos clubes a que pertencem, isto é, terá
que existir uma re-aproximação dos sócios relativamente aos seus clubes,
re-aproximar esse que passará, necessariamente, por um maior grau de
envolvimento e motivação destes para todo o quotidiano da instituição
desportiva.
MODERADOR DO PAINEL

JOSÉ MIGUEL Correia NORAS


Nasceu na freguesia de Póvoa da Isenta (em 1956) e
iniciou a sua vida profissional como funcionário da
Estação Zootécnica Nacional (EZN) onde, aliás, seu pai já trabalhava.
Em 1983, recebeu o “diploma de honra de colaborador excepcional”,
por proposta do Professor Vaz Portugal. Sempre como trabalhador-estu-
dante, concluiu o Curso Superior de Gestão de Empresas. Foi técnico de
contas nas horas livres. Tem especial paixão pela História e gosto pela
Numismática. Mercê dos trabalhos publicados nesta área, foi admitido
nas Sociedades Numismáticas de Portugal, de Espanha e do Brasil e dis-
tinguido como membro extraordinário da A|P|H (Associação de Profes-
sores de História).
Em 1989 foi eleito primeiro vereador da Câmara Municipal de Santa-
rém e quatro anos mais tarde ganhou as eleições para a presidência da
mesma autarquia, com o melhor resultado político de sempre neste con-
celho. Em 1997, repetiu a maioria absoluta alcançada em 1993.
Exerceu, ainda, as funções de Presidente da Assembleia Distrital de San-
tarém, de Deputado da Assembleia da República e de Presidente do
Movimento dos Municípios para a Paz, Ambiente e Cooperação.
Hoje, acumula a liderança da Assembleia Municipal de Santarém com
as funções de Director-Geral da revista Centros Históricos. É membro
do Conselho Geral da Comissão Nacional da UNESCO e da Câmara
dos Técnicos Oficiais de Contas. Simultaneamente, presta consultadoria
a diferentes instituições empresariais e culturais.
Os resultados do trabalho da equipa que liderou durante oito anos,
enquanto presidente da Associação Portuguesa dos Municípios com
Centro Histórico, valeram-lhe o título de membro honorário desta asso-
ciação nacional e a respectiva “Medalha de Mérito” (deliberação de 3
de Maio de 2002).
Realizou numerosas missões culturais, no país e no estrangeiro, aprofun-
dando, designadamente, o intercâmbio entre Portugal e o Brasil. Parti-
cipou em diferentes acções promovidas pela UNESCO e pelo Conselho
da Europa sobre Património Cultural.
O Presidente da República Portuguesa, Doutor Jorge Sampaio, atribuiu-
lhe, em 1997, a Ordem do Infante D. Henrique, enquanto que a Socie-
dade Brasileira de Heráldica lhe outorgou (em 2000) a Grã-Cruz do
Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral. O Presidente da
República Federativa do Brasil, Professor Doutor Fernando Henrique
Cardoso, distinguiu-o, em 2002, com a Ordem de Rio Branco.
COMEPETIÇÕES E
DESENVOLVIMENTO DE
    JOGADORES
LUÍS FILIPE Santana JÚLIO


Idade: 38 anos

Naturalidade: Santarém

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciado em Educação Física e Desporto.
Mestre em Psicologia do Desporto.

Principais Actividades:
Realização de Tese de Mestrado em Treino de Alto Rendimento.
Aluno do 2º Ano da Licenciatura em Psicologia da Faculdade de Psico-
logia da Universidade de Lisboa.
Orientador de Estágio Universitário.

Actividades Desempenhadas:
Professor de Educação Física e Desporto no Ensino Secundário.
Orientador de Estágio Pedagógico da Licenciatura em Educação
Física.
Coordenador Técnico da Associação de Futebol de Santarém.
Prelector do Curso de Formação de Agentes Desportivos.
O enquadramento competitivo como factor de desenvolvimento dos
jovens jogadores de futebol foi a problemática destacada por Luís Filipe
Júlio, à data Coordenador Técnico da Associação de Futebol de Santa-
rém, na comunicação que apresentou à plateia de assistentes do Con-
gresso do Futebol 2003.
Com base nas interacções entre o jogador, a família, o clube e a escola,
Luís Filipe Júlio partiu em seguida para uma abordagem e reflexão
acerca do contributo da Associação de Futebol de Santarém para a evo-
lução do futebol juvenil distrital, traduzido na reformulação dos quadros
competitivos, levada a efeito no início da pretérita época desportiva
(2002/2003).
A implementação de um modelo que considera duas fases competitivas
com uma fase inicial curta, que origina posteriormente um campeonato
efectivo mais longo com a distribuição das equipas por dois níveis com-
petitivos diferentes, (A e B), foi a solução encontrada. Com estas alte-
rações estruturais foi possível evoluir para um verdadeiro equilíbrio
competitivo entre os jovens jogadores e equipas ultrapassando as conhe-
cidas limitações dos modelos que consideram apenas um nível competi-
tivo (grave desequilíbrio de capacidades) ou a existência de duas divisões
(onde a competitividade é artificial).
As vantagens decorrentes da adopção deste modelo organizacional esten-
dem-se ainda ao prolongamento do período competitivo e à consagração
do princípio da proximidade geográfica a par da adaptação do jogo às
idades dos jogadores, com a introdução do futebol de sete no escalão de
infantis.
As conclusões que se podem retirar desta reestruturação levada a efeito
pelo Gabinete Técnico da Associação de Futebol de Santarém são por
isso extremamente positivas, uma vez que, com base na inscrição e par-
ticipação voluntária dos clubes foi também possível aumentar o número
de clubes em todos os escalões etários: de 39 para 55 nos Infantis; de 32
para 37 nos iniciados; de 28 para 32 nos Juvenis e de 24 nos Juniores.
Luís Filipe Júlio prosseguiu, destacando a originalidade deste modelo e
da reestruturação efectuada, que é absolutamente pioneira no contexto do
nosso país, colocando a Associação de Futebol de Santarém na primeira
linha de uma moderna perspectiva de desenvolvimento dos jovens joga-
dores de futebol. É por isso, com satisfação que se confirmaram as pers-
pectivas optimistas da Associação de Futebol de Santarém e dos Clubes
que aprovaram em Assembleia Geral, por unanimidade e em boa hora
este modelo competitivo.
Luís Filipe Júlio terminou, abordando sumariamente algumas limitações
e aspectos críticos encontrados, de onde se destacam: a existência de
campeonatos demasiadamente longos para as equipas com recursos mais
limitados que têm dificuldade em manter as suas equipas em actividade
durante muito tempo, um agudizar das dificuldades que derivam da cró-
nica escassez de árbitros e, a perversão do modelo competitivo levada a
cabo por alguns clubes que possuem mais do que uma equipa no mesmo
escalão, com a utilização das equipas A em competições inicialmente dis-
putas pelas equipas B, no sentido de se alcançarem melhores resultados
o que provocou uma alteração da verdade desportiva e alguns desequilí-
brios competitivos nas fases finais de apuramento do campeão.
Será, assim imprescindível uma maior atenção e vigilância da Associa-
ção de Futebol de Santarém para estas limitações de forma a promover
os necessários ajustes e alterações futuras neste modelo competitivo do
futebol juvenil, garantido o seu efectivo e original papel de base no
desenvolvimento dos jovens jogadores de futebol.
JOSÉ VASQUES


Data de Nascimento: 02 de Agosto de 1963

Naturalidade: Mirandela

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias:
Licenciatura em Educação Física.
Discente do Mestrado de Treino de Alto Rendimento.

Principais Actividades:
Professor efectivo da Escola 2,3 José – Cartaxo.
Treinador do Abrantes Futebol Clube.
Professor da Universidade Lusófona – Futebol – 1º ano.

Actividades Desempenhadas:
Coordenador Técnico Distrital da Associação de Futebol de Santarém.
Treinador Adjunto na Segunda Liga – Académico de Viseu.
Treinador Principal no C. D. Torres Novas, C. D. Fátima, C. Oriental (2ª
Divisão B).
Prelector da cadeira Técnico-Táctica – 1º e 2º níveis – Cursos de Trei-
nadores.
Congresso do Futebol 2003: Discussão sobre os desafios e o futuro do futebol
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Congresso do Futebol 2003: Discussão sobre os desafios e o futuro do futebol

  • 1. Associação de Futebol de Santarém Congresso do Futebol 2003 Santarém, 21 e 22 de Junho de 2003 Santarém Corinthia Hotel
  • 2. FICHA TÉCNICA TÍTULO Congresso do Futebol 2003 TEXTOS Alexandre Figueiredo RECOLHA DE INFORMAÇÃO Alexandre Figueiredo Nuno Neto Susana Sousa COORDENAÇÃO EDITORIAL E GRAFISMO Alexandre Figueiredo REVISÃO DE TEXTOS Alexandre Casaca Ferreira FOTOGRAFIAS LOGOTIPO CONGRESSO DO FUTEBOL Filipe Batista EDIÇÃO Associação de Futebol de Santarém TIRAGEM 1.000 Exemplares IMPRESSÃO E ACABAMENTOS Normagrafe – Santarém DEPÓSITO LEGAL 203619/03
  • 4.
  • 5.
  • 6. MENSAGEM DO PRESIDENTE DO CONGRESSO DO FUTEBOL 2003 No contexto actual a capacidade organizativa em realizar iniciativas que contribuam para o desenvolvimento desportivo, desta região e não só, constituem mais uma das apostas da Associação de Futebol de Santarém. Com este evento é nossa intenção poder discutir e encontrar soluções que de algum modo possam enriquecer a reestruturação desportiva, temas sempre discutidos, mas que tardam em ser colocados na prática. Este parece-nos o momento oportuno, já que o adiamento destas soluções poderá originar a degradação desportiva muito receada e já sentida ao nível do futebol amador. Com os conhecimentos do excelente grupo de prelectores que nos honram com os seus conhecimentos, cuja colaboração desde já agradecemos, com o interesse manifestado por todos os congressistas, a Associação de Futebol de Santarém, que hoje inicia as festividades dos seus 80 anos, espera dar um valioso contributo para a melhoria da prática desportiva neste novo século. A todos os convidados, congressistas, prelectores e aos que tornaram pos- sível mais esta iniciativa, o nosso reconhecimento. O Presidente da Associação de Futebol de Santarém Rui Manuel Carreira Manhoso
  • 7. COMISSÃO DE HONRA DO CONGRESSO DO FUTEBOL 2003 Secretário de Estado da Juventude e do Desporto Dr. Hermínio José Loureiro Gonçalves Presidente do Instituto Nacional do Desporto Dr. José Manuel Constantino Presidente da Federação Portuguesa de Futebol Dr. Gilberto Parca Madaíl Governador Civil do Distrito de Santarém Dr. Mário da Silva Coutinho Albuquerque Presidente da Associação de Futebol de Santarém Sr. Rui Manuel Carreira Manhoso Presidente da Associação de Municípios da Lezíria do Tejo Dr. José Sousa Gomes Presidente da Associação de Municípios do Médio Tejo Dr. António Paiva
  • 8.
  • 9. O FUTEBOL DO FUTURO, SEUS DESAFIOS E PERSECTIVA
  • 10.
  • 11. CARLOS QUEIROZ Carlos Queirós Técnico Principal do Real Madrid Carlos Queirós, o actual técnico principal da equipa de futebol profissio- nal do Real Madrid, pautou a sua intervenção no Congresso do Futebol 2003, por uma abordagem estrutural ao fenómeno futebolístico. Citando Raynus Mitchell “os desafios do futuro são mais fáceis de traba- lhar, quando todos trabalham em harmonia”, Carlos Queirós salientou a importância fundamental e basilar de três vectores/”pipelines” que deve- rão ter como objectivo comum, trabalhar em conjunto no desenvolvi- mento do futebol. Na perspectiva de Carlos Queirós, existem, portanto, três vectores que constituem a “coluna vertebral” do futebol, sendo os dois últimos os mais importantes e, simultaneamente, aqueles onde as deficiências e os proble- mas são verificados com maior acuidade, são eles: - Técnico - Administrativo - Directivo Da harmonia existente na relação entre estes três pilares estruturantes dependerá grande parte do sucesso de qualquer iniciativa, sendo certo que se torna imprescindível a existência de uma ideia de base, sólida e que seja, igualmente capaz de agregar e unir as pessoas em torno do pro- jecto, assim como servir de pólo aglutinador de esforços no alcançar dos objectivos pretendidos. No fundo, a ideia para a qual remete o discurso de Carlos Queirós, tem que ver com a necessidade de identificar de um modo claro qual o ponto de partida, isto é, a situação inicial, e, do mesmo modo, qual a situação
  • 12. final que se pretende atingir, ou seja, os objectivos da acção/projecto. Fundamental e incontornável no êxito dessa iniciativa, a existência de uma liderança forte e credível, capaz também de mobilizar e motivar todos os diversos públicos envolvidos. Em suma, terão que existir ideias, visão estratégica e liderança, em que as pessoas acreditem e nas quais se revejam. A Federação Portuguesa de Futebol deve aqui desempenhar um papel primordial, motivando todas as partes, assumindo-se como o motor impulsionador do futebol em Portugal criando, de igual modo, ligações estreitas entre os clubes e colectividades. A exposição de Carlos Queirós, não ignorou, todavia a abordagem a algu- mas das principais enfermidades de que padece o futebol português, dei- xando algumas críticas às estruturas dirigentes nacionais. “Mais do que alterar mentalidade, é preciso mudar os homens”, afirmou, numa clara alusão aos dirigentes existentes e aos poderes instituídos. “Inviabilizámos candidaturas como a de Artur Jorge e Guilherme Aguiar e acabou-se numa lista única, constituída à base de amizades, compadrios e interesses e que foi eleita sem que se conheçam quaisquer propostas, ou sequer o que pensam do futebol português”. Carlos Queirós lembrou ainda que “os problemas do futebol português de hoje são os mesmos de há 20 anos atrás. Já então existia falta de campos e de bolas para os miúdos treinarem e salários em atraso nas equipas. Continuo, infelizmente, ainda hoje a ler notícias idênticas. O problema não é continuarmos a ter as mesmas dificuldades de falta de recursos financeiros, mas sim insistirmos em abordar esses constrangimentos do mesmo modo”. Também a planificação geográfica (ou, neste caso a ausência da mesma), da Fase Final do Campeonato de Futebol 2004 que terá lugar entre nós, mereceu do professor alguns reparos, nomeadamente a distribuição alta-
  • 13. mente assimétrica dos dez estádios pelo território nacional. Neste particular, Carlos Queirós apresentou o exemplo da malha de está- dios que constitui a rede Leiria, Coimbra, Aveiro, porquanto estamos em presença de infra-estruturas com capacidade para 30.000 espectadores, mas que apenas registam em termos médios menos de um terço dessa capacidade instalada, situação agravada ainda mais pela reduzida distân- cia geográfica, na ordem dos 100/120km. entre estas três cidades Euro. O facto de o interior do país e a Região Autónoma da Madeira, ou mesmo o Sul (abaixo de Lisboa apenas foi contemplado o complexo desportivo de Faro-Loulé), terem sido por completo negligenciados neste processo são factores que mereceram também o reparo de Carlos Queirós que, todavia, ressalvou os doze meses que ainda distam do início da prova e que podem ser aproveitados no sentido de “ainda se corrigir o que se puder”.
  • 14. JOSÉ GUILHERME AGUIAR Data de Nascimento: 01 de Setembro de 1952 Naturalidade: Vila Nova de Gaia Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciatura em Direito. Principais Actividades: Advogado. Presidente do Conselho de Administração da Gaianima, EM. Presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo – Vila Nova de Gaia. Actividades Desempenhadas: Director Executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Membro da Comissão de Futebol Profissional da UEFA. Membro do Grupo Jurídico UEFA/FIFA – Comissão Europeia. Membro da Comissão Regulamentação da Lei de Bases do Sistema Des- portivo. Vice-Presidente do Futebol Clube do Porto.
  • 15. Integrado no painel da sessão inaugural do Congresso do Futebol 2003, José Guilherme Aguiar, ex-director executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, fez na sua comunicação revelações surpreendentes, algumas delas mesmo polémicas. Guilherme Aguiar começou por salientar que ao nível das infra-estruturas desportivas e, de um modo mais particular, daquelas que se destinam à prática do futebol subsistem actualmente em Portugal muitas carências e insuficiências. Aliás, para o orador, a crise que hoje se vive no futebol é resultante da falta de um projecto estruturado e de uma política global e concertada para a modalidade. Com efeito, desde a excessiva concentração das infra-estruturas despor- tivas no litoral do pais aliada a uma muito deficiente ligação entre o des- porto escolar e a sua vertente federada constitui uma das maiores, se não a maior dificuldade para o desenvolvimento desportivo em Portugal. Relativamente ao Euro 2004, José Guilherme Aguiar manifestou e par- tilhou com os presentes as suas preocupações quanto ao destino e ren- tabilização da maioria dos dez estádios propositadamente construídos ou reabilitados para o evento, o qual, constituindo embora um aconteci- mento da maior relevância desportiva e social do país, se esgotará no dia seguinte à disputa da final se a dinâmica que actualmente se verifica não vier a ser continuada e, sobretudo, constituir semente para o renascer do espectáculo futebolístico. O orador transmitiu o seu receio de que alguns desses estádios possam vir a servir apenas de excelentes palcos para concertos musicais ou outros espectáculos, dado o notório afastamento do público nos jogos de futebol e, ainda mais, dos estádios onde eles ser verificam. Como exemplo refe- riu que a média dos espectadores presentes nos estádios que acolhem a Superliga, com excepção dos “três grandes” raramente é superior a duas mil pessoas.
  • 16. Por outro lado, lamentou a existência de parques desportivos sobredi- mensionados face à procura de praticantes, acrescida dos elevados custos de manutenção daí decorrentes. Como exemplo, apontou o complexo desportivo de Melgaço, cujo custo ultrapassou os dez milhões de euros e se destinam a uma população que não ultrapassa os quinze mil habitantes e a um universo de utilizadores de muito poucas centenas. Esta perspectiva acabou por corroborar as opiniões de Carlos Queiroz quando se referiu à falta de planeamento na distribuição de equipamentos e concentração das equipas desportivas, maioritariamente no litoral norte do território nacional. Já durante o período de intervenções do público, Guilherme Aguiar, con- trariou o princípio de que a fase final do Euro 2004 fora atribuída a Por- tugal porque este pais apresentou um projecto, prevendo a utilização de dez estádios para o evento. Guilherme Aguiar defendeu que o Euro 2004 só foi atribuído a Portugal devido ao desaparecimento súbito e inesperado da candidatura austro- húngara motivado pela prisão do Presidente da Federação Húngara, dei- xando apenas como concorrente a candidatura espanhola que nunca mereceu o apoio e a preferência por parte da UEFA. Mais adiante José Guilherme Aguiar manifestou a opinião de que o Euro 2004 pudesse vir a ser o último grande acontecimento futebolístico a ser jogado em Estádio com relva natural. Segundo informou a própria UEFA já decidiu que a partir da época 2004/2005 os jogos da Liga dos Campe- ões se possam vir a realizar em campos de relva sintética. Aliás, segundo contou, a própria UEFA disponibilizou-se a custear a instalação em Por- tugal de seis pisos sintéticos para a disputa de jogos da segunda Liga desde que fosse aprovada regulamentação adequada. Porém, “o futebol profissional rejeitou a proposta”. O orador defende que devido à qualidade actual e notória evolução pisos
  • 17. de relva sintética, esta seria a opção correcta a tomar pelas autarquias na construção/investimento em estruturas desportivas, tendo em contas os incomensuravelmente inferiores custos de manutenção decorrentes da opção por este tipo de solução.
  • 18. FERNANDO SEARA Data de Nascimento: Naturalidade: Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciatura em Direito. Principais Actividades: Presidente da Câmara Municipal de Sintra. Vice-Presidente da Junta Metropolitana de Lisboa. Actividades Desempenhadas: Presidente do Conselho Superior de Desporto. Membro do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol. Presidente Adjunto da Associação de Futebol de Lisboa.
  • 19. Fernando Seara, na altura Presidente do Conselho Superior de Desporto, funções que acumulou com a Presidência da Câmara Municipal de Sintra foi, a par com Carlos Queirós um dos intervenientes mais críticos, quanto ao actual momento do dirigismo desportivo português. A sua reflexão funcionou como que uma síntese, mas também um com- plemento, de duas intervenções que o antecederam, sem contudo deixar de apresentar a sua visão pessoal em relação aos dirigentes e às estruturas que gerem o futebol português. Fernando Seara abordou a problemática da organização das estruturas directivas e dos delicados equilíbrios e jogos de poder que se estabele- cem. Estes jogos de poderes, para os quais remeteu o discurso de Fernando Seara, estão directamente relacionados com a organização e com o poder interno (clubes e associações), com o delicado e nem sempre pacífico equilíbrio de poderes entre a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes de Futebol Profissional, e também com a questão financeira e nela o valor dos direitos de transmissão televisiva dos jogos de futebol, situação que mereceu aliás da sua parte o seguinte comentário: “Alguém acredita que nos próximos dois anos iremos ter jogos em canal aberto todos os fins-de-semana? Eu não!”. Foram também os poderes instituídos que, na opinião do orador, impedi- ram que o projecto que Carlos Queirós (e que visava a redução do número de clubes) apresentou para o futebol profissional português pudesse ser efectivamente implementado. Nesta perspectiva, Fernando Seara deixou em Santarém as sementes para uma futura discussão e debate acerca do poder, no sentido de se introdu- zir uma efectiva regulação e distribuição de poderes, com vista à modifi- cação e modernização das actuais estruturas dirigentes, adoptando-se um novo figurino organizativo, com “áreas de poder” bem definidas, a saber:
  • 20. poder sindical, poder desportivo, poder empresarial. Defende o orador que é necessário e urgente uma profunda reformula- ção das estruturas desportivas, incluindo associações e ligas nacionais. Segundo o próprio, nos últimos dez anos pouco se alterou neste particu- lar. E, face ao contexto actual, Fernando Seara não consegue perspectivar grandes alterações no panorama desportivo nacional nos próximos dezoito meses, uma vez que o futebol português, devido ao Euro 2004 subiu às nuvens e por lá se manterá nos próximos tempos. Só após este evento e depois de se “voltar a descer à Terra”, e com a progressiva e constante diminuição de receitas, o aumento da fiscalização e à medida que os mecanismos de licenciamento da UEFA se vão fazendo sentir de forma mais incisiva, poderemos esperar por um novo quadro ao nível da organização do futebol português. E, conclui, lançando o repto para que após o regresso à Terra do futebol português, se volte a reunir o Congresso do Futebol…
  • 21. MODERADOR DO PAINEL RUI Manuel Carreira MANHOSO Data de Nascimento: 07 de Julho 1942 Naturalidade: Santarém Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: 2º Ciclo do Ensino Básico. Principais Actividades: Presidente da Associação de Futebol Santarém desde Outubro de 1987. Vice-Presidente do Conselho Fiscal dos Bombeiros Voluntários de San- tarém. Actividades Desempenhadas: Chefe de Serviços Administrativos. Presidente da Direcção da União Desportiva de Santarém durante 4 anos. Secretário-Geral da Associação de Futebol de Santarém entre Janeiro de 1982 e Outubro de 1987. Membro da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Santarém durante 6 anos. Membro da Direcção do Centro Paroquial Pró-Infância de Santarém, durante 2 anos. Vogal do Departamento de Futebol da União Desportiva de Santarém durante 4 anos. Assessor da Câmara Municipal de Santarém para o Desporto. Director do Grupo de Futebol dos Empregados do Comércio durante 2 anos. Integrou a Junta de Freguesia de Marvila durante 4 anos. Exerceu funções nas Comissões da Feira Nacional de Agricultura.
  • 22.
  • 23. DIRIGENTES, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DOS CLUBES
  • 24. HORÁCIO ANTUNES Data de Nascimento: 05 de Março de 1946 Naturalidade: Covilhã Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Professor do Ensino Básico. Principais Actividades: Presidente da Associação de Futebol de Coimbra. Actividades Desempenhadas: Coordenador do Desporto Escolar. Treinador de Futebol. Presidente da Direcção do C.D. Lousanense. Presidente da Câmara Municipal da Lousã, 1982-1999. Governador Civil de Coimbra 1999-2002.
  • 25. Horácio Antunes principiou a sua intervenção no Congresso do Futebol 2003 apresentando uma tese em que defendeu a imperiosa necessidade de se proceder a uma profunda reformulação/reestruturação dos quadros competitivos do futebol em Portugal. No âmbito das modificações equacionadas por Horácio Antunes, des- taca-se, a alteração da Lei de Bases do Sistema Desportivo, uma situação que terá que, forçosamente, passar pelo Ministro que tutela o desporto. Neste quadro, torna-se ainda importante proceder à criação de um regime jurídico que regule o funcionamento/actividade das associações de pro- moção do desporto, neste caso concreto, aquelas que visam o fomentar do futebol. Outra área abordada pelo representante da Associação de Futebol de Coimbra, diz respeito à necessidade de “profissionalizar mais e melhor os clubes desportivos em Portugal”. Só concretizando uma efectiva pro- fissionalização destas entidades será possível assegurar a continuidade e viabilidade destes projectos desportivos, face ao avolumar de dificulda- des e desafios que quotidianamente se colocam aos dirigentes e, restantes agentes desportivos, em sentido mais amplo. Nas palavras de Horácio Antunes, a profissionalização das estruturas des- portivas, nomeada e concretamente as dos clubes é imprescindível, no sentido de poderem ser obviadas situações que começam a ser recorren- tes, e que têm a ver com a falência dos mesmos, (como são o caso, a título meramente exemplificativo, do Farense e do Campomaiorense), situa- ções directamente decorrentes das dificuldades financeiras que os clubes atravessam, e que, na perspectiva deste palestrante, constituem um pro- blema deveras preocupante. Para que este tipo de situações negativas para o futebol possam ser erra- dicadas, urge partir para um novo modelo organizativo das Associações e Clubes a nível distrital até como forma de resposta a uma maior e
  • 26. mais incisiva fiscalização que se tem vindo a verificar junto dos clubes da 3ª Divisão e dos campeonatos regionais, com vista à resolução dos problemas identificados ao nível das irregularidades detectadas com as contribuições obrigatórias para a Segurança Social e no respeitante ao pagamento de impostos.
  • 27.
  • 28. José Luís Rodrigues JACINTO Data de Nascimento: 29 de Dezembro de 1958 Naturalidade: Torres Novas Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas. Principais Actividades: Adm. das Empresas Pec Tejo, SA; Matsel, SA; Cultura de Sabores, SA. Director da Caixa de Crédito Agrícola do Ribatejo Norte, C.R.L.. Presidente da Assembleia-Geral do C.A. Riachense; Club Fundo do Centro e Sociedade Columbófila de Riachos. Actividades Desempenhadas: Treinador das equipas jovens do Clube Atlético Riachense. Director do C.A.R.. Jogador de Futebol (Atlético Club Portugal, U.D. Leiria, U.D. Santa- rém, C.D. Fátima e C.A. Riachense). Presidente da Assembleia-Geral Columbófila do Distrito de Santarém. Outras Informações Relevantes: Curso de Treinadores de Futebol da A.F. de Santarém. Campeão Nacional de Fundo da Fed. Portuguesa de Columbofilia. Ex-Atleta Federado das modalidades de Futebol e Ténis. Atleta Federado na Federação Portuguesa de Columbofilia.
  • 29. José Luís Jacinto abriu a sua intervenção afirmando que, “o futebol é uma organização e, nada mais”. Nesta óptica, o orador deixou claro que uma correcta abordagem da área de gestão é primordial em qualquer organização desportiva. As suas fun- ções passam essencialmente pela planificação de toda a actividade da entidade, pelo controle dessa mesma actividade, pela organização formal e estrutural da entidade e pela direcção de todas as acções do clube. Numa abordagem ao fenómeno desportivo que se pode classificar de mais teórica e formal, José Luís Jacinto, explicou ainda que é necessário proceder à definição dos vários níveis de gestão que, de acordo com a sua opinião, são, fundamentalmente, três: institucional, intermédio, ope- racional. Se, no primeiro caso, estamos perante um nível de gestão que se ocupa da direcção e gerência global e total do clube, definindo objec- tivos e acções formais, no terceiro nível já nos encontramos perante uma acção de gestão que pode ser considerada mais próxima da gestão de “terreno”. Absolutamente necessário na elaboração de qualquer plano de gestão, a definição clara da missão central da entidade, os objectivos a que se propõe mas, essencialmente, o tipo de estratégia a ser utilizada no sentido de concretizar a missão, assim como os objectivos. Analisando mais detalhadamente cada um destes aspectos, cumpre escla- recer que, ao nível da missão o clube/entidade deverá ser capaz de comu- nicar e transmitir a sua imagem, esclarecendo e justificando a razão de ser da sua existência, qual a finalidade a que se destina, que serviço(s) presta, quais os mercados e região a que se dirige, no fundo e, estabele- cendo aqui de alguma forma um paralelismo com a linguagem teórica do Marketing, temos que, o clube deve, face ao mercado em que se insere, publicitar o seu posicionamento, os targets aos quais se dirige e, vender/ promover junto destes o seu produto, bem, ou benefício.
  • 30. Ao nível da definição de objectivos, José Luís Jacinto, estabeleceu como fundamental o traçar de objectivos realisticamente atingíveis, até porque, como o próprio esclarece, “um clube não pode fazer tudo ao mesmo tempo”. Necessária é também a definição de uma hierarquia de objec- tivos segundo prioridades e graus de importância para a actividade do clube. Os objectivos definidos deverão ainda ter em linha de conta a sua consis- tência e adequação face à realidade existente, assim como serem alvo de uma calendarização no tempo, o que possibilita a atempada detecção de eventuais desvios face ao delineado e abre caminho aos devidos reajus- tamentos, no sentido de uma permanente avaliação de se a actividade do clube se encontra ou não, em conformidade com o previamente progra- mado. José Luís Jacinto, na análise que efectuou às estruturas do futebol, iden- tificou ainda os clubes de acordo com a sua tipologia, caracterizando-se cada um deles em função da sua missão.Deste modo, são três, os prin- cipais tipos de entidades desportivas que podemos encontrar, de acordo com a sua organização/estrutura formal e objectivos, a saber: a) generalista. Regra geral, representa uma determinada localidade e visa a satisfação dos associados e população local; b) formação. Têm por finalidade a formação de recursos humanos para o futebol, nas suas variadas vertentes/níveis. Ao nível do produto (jogadores), do quadro (técnicos e massagistas). Os seus objectivos passam por um processo continuado de formação de jogadores e, simul- taneamente pela melhoria do quadro técnico existente. A estratégia deste tipo de organizações/entidades visam, essencialmente, a constituição de escolas de futebol ou de protocolos com as estruturas escolares locais e por um processo de qualificação geográfica. c) Espectáculo/alto rendimento. Este tipo de entidades estão voca-
  • 31. cionadas para outras áreas que não exclusivamente a desportiva. Dota- das de uma forte organização e estruturas profissionais este tipo de clubes procura explorar todas as oportunidades extra-desportivas, nome- adamente, e com maior incidência as componentes comercial, de marke- ting e merchandising. A sua missão é traduzida em espectadores e na exposição/reconhecimento mediático da marca que operam junto dos potenciais targets. Os seus objectivos visam o aspecto lucrativo, o aumento da quota de mercado, a remuneração do capital de mercado. A forma de actuação (estratégia) deste tipo de entidades dotadas de organização e estruturas empresariais, é diversificada e polivalente, tendendo a adaptar-se cons- tantemente mediante o feed-back/estímulos recebidos por parte dos diver- sos públicos com que interage. O modo de se relacionarem com os seus sócios/accionistas é directamente decorrente do tipo de estrutura interna da organização/instituição. Quanto à estrutura os clubes podem ainda classificar-se segundo a ordem anteriormente identificada: Os clubes de formação são, geralmente, constituídos por três órgãos: assembleia-geral, conselho fiscal e direcção, da qual estão dependentes os departamentos de comunicação e marketing, de prospecção, técnico, desportivo, pedagógico, de futebol internacional, de formação de outros agentes desportivos, etc.. Os clubes de alto rendimento, são constituídos numa estrutura descen- dente que parte do clube fundador e se divide numa SGPS profissiona- lizada à qual compete a gestão da SAD, do departamento de formação, das estruturas comerciais e de todas as outras estruturas empresariais que lhe estão agregadas. A assembleia-geral, o conselho fiscal e a direcção completam o grupo de órgãos directivos da entidade.
  • 32. VASCO APARÍCIO Data de Nascimento: 28 de Março de 1956 Naturalidade: Alcanena Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciatura em Economia (ISE). MBA em Gestão Estratégica. Principais Actividades: Director Financeiro da Peltéci – Manufacturas de Pele e Tecidos, SA. Administrador da Constantino e Mota, SA. Presidente dos Conselho Fiscal da AUSTRA (Associação de Utentes do Sistema de Tratamentos de Águas Residuais de Alcanena). Presidente do Conselho Fiscal do CTIC (Centro Tecnológico das Indús- trias do Couro). Presidente da Direcção da APIC (Associação Portuguesa das Indús- trias de Curtumes). Presidente da Direcção do Grupo Desportivo e Recreativo de Mon- santo. Actividades Desempenhadas: Professor do Ensino Secundário. Presidente do Conselho de Administração do CTIC.
  • 33. Na comunicação que apresentou à plateia assistente do Congresso do Futebol 2003, Vasco Aparício, presidente do Grupo Desportivo e Recre- ativo de Monsanto, lançou três temas para reflexão. A primeira problemática tem que ver com a crise que se vive presente- mente nos grupos desportivos distritais e que é essencialmente decorrente de um modelo de organização dos clubes caduco e decadente, situação que conduz a um preocupante e, potencialmente, letal afastamento dos sócios da vida desportiva dos clubes, e que explica igualmente a pro- funda letargia que se vive ao nível da reformulação das estruturas despor- tivas. Neste particular, Vasco Aparício, é apologista de uma profunda mudança de mentalidades que possa conduzir nos clubes a uma adaptação à reali- dade e aos desafios que hoje o mercado e a sociedade civil, em sentido amplo, colocam às estruturas desportivas. Só um processo de evolução de mentalidade e atitudes poderá desenca- dear o re-aproximar entre sócios e clubes, situação sobre a qual repousa grande parte da sustentabilidade e futura viabilidade destes últimos. Essencial neste particular, segundo a perspectiva apresentada por Vasco Aparício, a profissionalização destas estruturas, o que implica maiores e mais estreitos apoios por parte dos organismos públicos locais, nomea- damente por meio do auxílio e colaboração de especialistas e detentores de formação qualificada específica para a manutenção de equipamentos desportivos e para a exploração de outra tipologia de oportunidades que, existem por exemplo no quadro das Câmaras Municipais mas que, por falta de condições financeiras, não poderão existir nunca nos clubes des- portivos de âmbito local. A segunda temática explorada por Vasco Aparício na sua apresentação, tem que ver com as relações entre clubes e associações. Neste particular, o orador entende como imprescindível a necessidade de existir um maior
  • 34. diálogo e nível de colaboração entre os dirigentes dos diversos clubes e entre estes e as associações que os representam, nomeadamente ao nível da informação acerca de apoios e incentivos às entidades desportivas, entre outros tipos de relações/parcerias que poderiam ser desenvolvidas e exploradas com inegáveis benefícios para todas as partes envolvidas. Por último, o terceiro problema identificado pelo presidente do Grupo Desportivo e Recreativo de Monsanto está directamente relacionado com as dificuldades com que os clubes amadores se debatem no seu quoti- diano desportivo. Vasco Aparício alertou uma vez mais para o crescimento dos clubes, e para a tendência das colectividades viverem perpetuamente acima das suas reais possibilidades. O direito à formação desportiva, fundamentalmente pelas inúmeras fun- ções socais e pedagógicas que lhe é inerente constitui outra das ideias defendidas pelo prelector. Vasco Aparício defendeu ainda a criação/definição de limites jurídicos e um melhor enquadramento legal da actividade dos clubes amadores, quando efectivamente o são, assim como salientou o carácter urgente da resolução dos problemas fiscais dos clubes.
  • 35.
  • 36. JOÃO Carlos SIMÕES DE MORAIS Idade: 41 anos. Estado Civil: Casado. Tem três filhos. Habilitações Literárias: Licenciatura em Direito (1992). Pós-Graduação em Direito Desportivo (1998). Pós Graduação em Direito e Economia do Desporto (2001). Programa Avançado de Management Desportivo (2003). Principais Actividades: Advogado e Empresário. Vice-Presidente da Assembleia-Geral da Associação de Futebol de Lisboa. Conselheiro Municipal de Segurança de Oeiras. Conselheiro Municipal de Educação de Oeiras. Presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Real Sport Clube. Comissão Executiva das Associações Distritais e Regionais de Futebol. Actividades Desempenhadas: Membro da Direcção da Associação de Futebol de Lisboa (2000-2003). Membro do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Lisboa (1994-2000). Membro da Comissão de Reformulação dos Quadros Competitivos de Futebol Sénior (2001). Membro da Comissão de Revisão dos Regulamentos de Arbitragem (2001).
  • 37. Outras Acções Relevantes: Elaboração do Regulamento do Árbitro Jovem. Elaboração do Projecto de Revisão do Regulamento de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol. Prelector nas Jornadas Nacionais de Treinadores e Agentes Desportivos (2001). Participação no Simpósio “O Desporto e o Mercado de Emprego: Bene- fícios Sócias e Económicos” (2002). Participação no Simpósio “Jornadas de Direito do Desporto” (2002). Organização do 1º Encontro de Dirigentes Desportivos da Associação de Futebol de Lisboa (2002). Redactor do Relatório de Fiscalidade no Futebol Amador (2002). Prelector no Seminário sobre “Fiscalidade no Desporto” (2002). Redactor do Projecto de Reformulação dos Quadros Competitivos e Revisão das Leis Desportivas (2003). Prelector nas Jornadas Nacionais de Treinadores e Agentes Desportivos (2003). Prelector do Congresso do Futebol (2003). Participação no Simpósio da Confederação do Desporto de Portugal (2003).
  • 38. A comunicação do representante da Associação de Futebol de Lisboa, João Morais, incidiu sobretudo na apresentação de um novo modelo/ estrutura para o clube/actividade desportiva em sentido amplo, embora, neste caso, devidamente enquadrado no contexto específico do futebol. A tese defendida por João Morais assenta em 4 premissas base: a) reformulação dos quadros competitivos b) reforma legislativa c) actuais problemas vividos pelos clubes distritais d) novo modelo de clube No respeitante à primeira ideia, o prelector entende que a necessária reformulação dos quadros competitivos que urge concretizar deve partir de uma iniciativa conjunta da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga de Clubes de Futebol Profissional, contando, naturalmente, com a cola- boração e auxílio do Conselho Superior de Desporto. Esta é uma condição indispensável para uma real melhoria da prática futebolística em Portugal e, sobretudo, dos níveis competitivos das nossas provas oficiais, factor que tem merecido críticas de alguns sectores liga- dos ao desporto, e que é geralmente apontado como sendo um dos facto- res que, provavelmente, mais contribuiu para o divórcio que se verificou entre o público e o fenómeno desportivo, com todas as consequências/ efeitos conhecidos, sendo a notória e acentuada quebra de receitas aquela que suscita junto dos agentes desportivos maiores sinais de fundada preocupação/apreensão. A reforma legislativa, a par com a medida acima abordada, constitui outros dos pilares fundamentais na revolução que é necessário operar nas estruturas do futebol português, com vista à sua modernização, à sua maior competitividade, o que permitirá, numa fase posterior, a recupera- ção do público e por inerência, de receitas.
  • 39. Neste particular, João Morais, entende como imprescindível a reformula- ção da Lei de Bases do Sistema Desportivo e, paralelamente a revisão do Regime Jurídico das Federações. Ao nível dos actuais problemas/dificuldades vividas pelos clubes distri- tais, João Morais, destaca três: dívidas fiscais, dívidas à Segurança Social e algum descontrolo por parte dos clubes ao nível da gestão de remune- rações e da massa salarial auferidos pelos seus quadros de atletas. A concluir a sua intervenção, o representante da Associação de Futebol de Lisboa, apresentou a sua doutrina quanto a um novo modelo de clube que será necessário construir e que, na sua perspectiva, deverá assentar nu binómio de cooperação/responsabilização entre o Estado e os próprios clubes. Ao primeiro, caberia estimular o associativismo, promover um acom- panhamento equilibrado dos clubes, proceder a uma reforma legislativa adequada ao contexto e realidades existentes e, por último, participar financeiramente na viabilização destas entidades com funções social- mente meritórias, intervindo, contudo, eficazmente, quando assim se impusesse e não optando pelo habitual distanciamento e primando pela auto-desresponsabilização. Aos clubes, neste novo enquadramento das estruturas desportivas cabe- riam as tarefas de reformulação organizativa interna, a adequação, defini- ção e adequado dimensionamento da sua estrutura, promoção de acções de captação de dirigentes mas, também, uma definição de objectivos rea- lista e consentânea relativamente à missão e às disponibilidades e possi- bilidades do clube.
  • 40. ALEXANDRE José C. CASACA FERREIRA Data de Nascimento: 15 de Abril de 1948 Naturalidade: Santarém Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Frequência do Curso de Gestão de Empresas - ISCTE. Principais Actividades: Presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Paraque- dismo. Vice-Presidente da Associação de Futebol de Santarém. Sócio Gerente de uma empresa de Desportos de Aventura. Actividades Desempenhadas: Várias relacionadas com as funções de Oficial Superior das Forças Armadas. Director do Clube de Paraquedismo Nacional “Os Boinas Verdes” - 14 anos. Outras Acções Relevantes: Possui o Curso de Oficial Superior do Instituto de Altos Estudos da Força Aérea.
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  • 42.
  • 44.
  • 45. JOSÉ MARINHO É difícil falar sobre a relação dos jornalistas com o futebol, uma vez que vivemos um período crítico. Paralelamente, este é, também, o país dos blackouts, quando a informação de que a Comunicação Social faz eco não é consentânea com os interesses pontuais de cada clube. Outro factor que não deve ser negligenciado, e que foi referido por José Marinho, é a propensão/tendência que os treinadores portugueses têm para ser servirem da comunicação social como arma propagandística. Perante o cenário traçado por José Marinho, impõe-se a questão: qual o distanciamento crítico que um jornalista deve ter com as suas fontes? Não há uma fronteira muito nítida entre a informação e a manipulação, uma vez que as informações que são passadas, não passam, na maioria dos casos de pura manipulação/propaganda. Simultaneamente, o orador esclarece que “o pior inimigo do jornalismo é a imaginação dos próprios jornalistas, porque há uma necessidade de informar e por vezes deparamos com barreiras que necessitam de ser ultrapassadas”. “O futebol é uma indústria”, reconhece José Marinho e, como tal, “para mim é difícil adaptar-me a este novo mundo que os clubes inventaram. Chegámos à situação perversa que a dada altura imaginação substitui a informação”. As relações entre a comunicação social e os clubes de futebol não são transparentes, não existe, por exemplo, uma corrente constante de fluxos comunicacionais sérios e isentos. As relações que se estabelecem são, não raras vezes, mais pessoais do que propriamente profissionais ou institucionais. Estas são relações muito complexas porque os clubes não conhecem quais limites até onde podem chegar, isto é, desconhecem o tipo de informação que podem veicular. A reflexão de José Marinho parece aqui aludir, ainda que, de forma implícita, a um tipo de situações que, por
  • 46. vezes, são aproveitadas por profissionais e órgãos de comunicação social pouco escrupulosos que, no sentido de se adiantarem à concorrência esquecem os deveres éticos e deontológicos a que estão estatutariamente vinculados.
  • 47. JOSÉ MANUEL DELGADO José Manuel Delgado começou por, baseado na sua própria experiência pessoal, revelar que dispõe de um benefício acrescido sobre jornalistas e dirigentes. “Tenho a vantagem de ter estado em ambos os lados, tenho a noção do dirigismo e do seu perigo”. Mas o editor executivo do jornal desportivo “A Bola”, fez também notar que a “Comunicação social ligada ao desporto é diferente de todas as outras”, pois, como faz questão de frisar, “nada se compara com as pes- soas que são movidas por paixões e emoções estratégicas”, situações que são a regra e marcam o quotidiano dos agentes desportivos. Numa lógica de mercado comunicacional desportivo, em que “os jornais desportivos dedicam 75% ao futebol, têm de identificar o que é essencial e o que é acessório”. Os jogadores são, neste contexto, um “produto” bastante procurado por força do seu protagonismo/projecção mediática. Esta preponderância do desportista sobre os demais intervenientes/ agentes desportivos nas solicitações de que são alvo por parte dos jor- nalistas, não implica necessariamente que os dirigentes não tenham o seu peso ou espaço próprio no contexto da imprensa desportiva. Toda- via, as pessoas (públicos) não pagam para os ver, mas sim aos jogadores pois são eles quem, por direito próprio e na qualidade de protagonistas/ intérpretes do desporto-rei deverão ter o privilégio de estar nas páginas dos jornais, “tudo isto a bem do futebol”. Igualmente importante numa realidade presente em que pontifica a impe- riosa necessidade dos clubes necessitarem de realizar receitas, tem que ver com a qualidade e as condições do espectáculo oferecido. Para que possa existir una evolução positiva no volume de receitas o espectáculo futebolístico terá que se nivelar por padrões de qualidade superiores. No fundo, para que se possam realizar maiores receitas terá que se motivar os públicos, isto é, as pessoas têm que querer assistir aos jogos e esse é
  • 48. um factor directamente decorrente e indissociável de uma boa prática de futebol. “Parece-me que é fundamental que os dirigentes metam na cabeça que têm de vender um bom espectáculo. A realidade do país diz-nos que não é necessário existirem 18 clubes na primeira liga, 10 chegavam”, defende José Manuel Delgado. “Não há interesse no nosso campeonato e, os jornais não podem ir a reboque dos clubes, pois estes confundem informação com propaganda, a única coisa que, na realidade, nos dão. Enquanto que os jornais têm o direito de serem imparciais os clubes têm o dever de ser parciais. Os jornais não devem, nem têm de inventar e construir notícias ou aconteci- mentos. Não vale a pena enganar os leitores”, sustenta o editor executivo de “A Bola”, deixando algumas críticas veladas no seu discurso à actual organização e relações entre Clubes e Comunicação Social. A intervenção de José Manuel Delgado deixou ainda entender algum des- contentamento face à tipologia de informação emitida pelos clubes para os órgãos de imprensa, que caracterizou como sendo de índole propagan- dística e, alguma posterior falta de sentido crítico da parte destes últimos na organização e veiculação dessa informação sob a forma de notícias e acontecimentos para os públicos, apenas porque “vende”. Outra das ideias deixadas para reflexão pela intervenção do orador foi a relação que pode ser estabelecida entre os sucessos desportivos e as vendas. Neste particular, há muito para evoluir nos contactos entre os clubes e os jornais. Poder-se-ia chegar a soluções interessantes a este nível mas isso será sempre a pior forma pois, seguindo a lógica actual esse tipo de iniciativas só será expectável quando os clubes estiverem com a corda no pescoço. Em jeito de conclusão e seguindo a mesma linha de intervenção da gene- ralidade dos prelectores convidados pela Associação de Futebol de San-
  • 49. tarém para o Congresso do Futebol 2003, José Manuel Delgado, destacou a revolução no modo abordagem aos problemas e nas políticas directi- vas que terão necessariamente de se verificar, afirmando que, “quanto ao jornal “A Bola” vai trabalhar para que haja uma evolução de mentalida- des”.
  • 50. VALTER Mateiro da Graça MADUREIRA Idade: 22 anos Naturalidade: Almeirim Estado Civil: Solteiro Habilitações Literárias: Estudante Universitário. Principais Actividades: Director de Desporto do Grupo RCA-Ribatejo (Rádio Ribatejo e Rádio Bonfim). Colunista do Jornal “O Remate”. Editor de Desporto do Jornal “O Almeirinense”. Colaborador do Jornal “Record”. Actividades Desempenhadas: Percurso Radiofónico iniciado aos 12 anos. Director de Desporto desde os 17 anos. Colaborador do Jornal “O Ribatejo”. Outras Informações Relevantes: Praticante de Andebol durante 10 anos. Paixão pelo jornalismo, em particular pela Rádio. Várias acções de formação e reciclagem pelo CENJOR.
  • 51. A realidade que Valter Madureira, coordenador de Desporto do Grupo RCA-Ribatejo, trouxe ao Congresso do Futebol é substancialmente dife- rente das perspectivas anteriormente abordadas, até porque a área de intervenção e acção da imprensa regional desportiva, além de operar numa escala infinitamente mais restrita do que os primeiros –o próprio conceito, organização, estrutura e públicos-alvo não são iguais, diverge em muito da actividade da comunicação social especializada nos assun- tos desportivos de âmbito nacional/internacional. Desde logo, como explicou Valter Madureira, a crise latente na imprensa regional tem-se vindo a agravar de modo progressivo. “Mas, estou con- victo de que podemos mudar isso” garantiu ainda o prelector. Os problemas identificados pelo coordenador de desporto do Grupo RCA- Ribatejo não se circunscrevem unicamente aos dirigentes despor- tivos pois, como o próprio adianta, a nível distrital, são frequentes, por exemplo, a intervenção e a ingerência do poder político nas actividades desportivas. “O ideal será conseguirmos fazer um trabalho idêntico ao desenvolvido pelos grandes meios de comunicação social. Temos, porém, de tomar consciência que não podemos trabalhar da mesma maneira que as rádios e os meios de âmbito nacional, visto os recursos humanos, técnicos e financeiros serem vincadamente diferentes”. Este tipo de constrangimentos à acção do jornalista desportivo regional, assim como a própria estrutura dos meios de informação regionais, levam não só ao desenvolvimento de um fenómeno propagandístico ainda mais acentuado do que nos casos anteriormente analisados mas, também, a que por vezes sejam os dirigentes a beneficiar da promoção pública con- ferida (mesmo que de forma não premeditada) pelos órgãos informativos e não os clubes ou os atletas como sucederia numa situação ideal. Segundo Valter Madureira a imprensa regional tem responsabilidades
  • 52. acrescidas no processo de mudança de mentalidade e evolução da cul- tura desportiva. Contudo essa situação não se verifica porque, segundo o mesmo explica “não temos comentadores habilitados para tal”. Na ver- dade, são muitos os “profissionais”/colaboradores que podem ser encon- trados no exercício das funções de jornalista ou repórter com ligações pessoais muito estreitas com as estruturas dos clubes que acompanham, relações que fomentam a promiscuidade e nada contribuem para a credi- bilização das estruturas desportivas. Outra lacuna importante a este nível e que pode ser explicada pela insu- ficiência de recursos financeiros dos órgãos de comunicação social, tem que ver com a escassez de profissionais do jornalismo e da comunicação com formação específica nesta área, o que, por inerência abre as portas aos “carolas” que acompanham os acontecimentos por amor à camisola, ainda que as suas competências pessoais para o exercício da actividade não sejam as mais desejáveis. Em jeito de conclusão, Valter Madureira deixou ainda alguns recados. “Lanço um desafio que é juntarmo-nos e unir o sistema desportivo. Defendo um projecto de união harmoniosa entre a imprensa e os agentes do futebol. Temos potencialidades humanas na nossa região para imple- mentar uma iniciativa deste género. Precisamos é de unir esforços e tra- balhar para tal!”, defende.
  • 53.
  • 54. ANTÓNIO Luís Santa Rita F. MAGALHÃES Idade: 40 anos Naturalidade: Lisboa Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: 12º Ano de Escolaridade. Principais Actividades: Director-Adjunto do Record. Actividades Desempenhadas: Editor da Secção de Desporto do Correio da Manhã. Chefe de Redacção em A Bola. Outras Informações Relevantes: Inicio da carreira em 1983 no Off-Side. Segue-se a Gazeta dos Despor- tos, Correio da Manhã, A Bola e Record.
  • 55. António Magalhães, director adjunto do jornal desportivo “Record”, começou por lançar algumas críticas aos clubes de futebol e à forma como estes gerem a sua actividade e a projecção mediática da mesma. Na perspectiva do jornalista, “os clubes não têm sabido vender o seu pro- duto, nem sabem utilizar os media como parceiros de negócio”. O marasmo em que se tem vivido neste domínio, assim como a perver- são por parte da maioria das instituições futebolísticas nacionais da figura do assessor de imprensa/director de comunicação, mereceram também os reparos de António Magalhães, porquanto no segundo caso, pese embora a criação de figuras que deveriam mediar a relação clubes/comunicação social, a verdade é que não raras vezes, a acção destes agentes é pautada pela sonegação e filtragem de informação e não pela facultação da mesma aos jornalistas. “Os clubes pouco têm investido em matéria de relações com a comu- nicação social. A sua preocupação consiste em não passar informação. Criou-se a figura do assessor de imprensa, mas não existe nos clubes uma efectiva e voluntária politica de comunicação”, sustentou o director- adjunto do “Record”. Ainda assim António Magalhães transporta para a classe dos profissio- nais da comunicação algumas das responsabilidades pelo actual estado do jornalismo desportivo. Segundo defendeu, devido aos inúmeros cons- trangimentos colocados pelos clubes e respectivos dirigentes no acesso dos jornalistas aos jogadores de futebol, estes sim, os verdadeiros artis- tas, o espectáculo acaba por ser promovido por uma necessidade de pro- tagonismo latente em alguns dos nossos dirigentes, cuja incontinência verbal alimenta diariamente a polémica e monopoliza as manchetes dos jornais desportivos. Estes factores acabam por conduzir a uma perversão, porquanto a promoção da modalidade, ao invés de se fazer por meio dos atletas, faz-se à custa da perpetuação de polémicas entre dirigentes.
  • 56. MARCO DOMINGOS Marco Domingos, jornalista da publicação regional “Bancada”, começou por deixar um apelo, em jeito do justo reconhecimento que é necessário fazer-se de todos os agentes que intervêm na base do sistema desportivo e que, na maioria dos casos, trabalham em função de um “amor à cami- sola”, no sentido de uma motivação contínua deste tipo de intervenientes: “esta gente que vive do futebol regional precisa também de ser reconhe- cida nos media locais. O trabalho de formação é muito importante, é preciso apostar nas pessoas que trabalham directamente com o futebol”, sublinhou o orador. Marco Domingos, reconhece, de igual modo, o carácter ainda embrio- nário no respeitante às relações que se estabelecem entre os órgãos de comunicação de âmbito local e regional e os clubes/associações despor- tivas. “Ainda estamos a dar o primeiro passo na comunicação regional e no seu contacto com os clubes”. A imprensa regional é, na perspectiva do jornalista da “Bancada”, “o retrato fiel do que é o futebol regional. O futebol regional necessita de levar uma volta. No entanto o exemplo tem de vir de cima.” Os dirigentes da Associação de Futebol de Santa- rém têm de ter coragem de tomas decisões e de as levar até ao fim”, justi- fica, referindo-se à urgência que existe em repensar todas as estruturas do futebol, alterar comportamentos e concretizar uma efectiva mudança de mentalidades, face aos novos desafios que se colocam quotidianamente. “A imprensa regional também precisa de voz”, defende o prelector. “Pre- cisamos uns dos outros”, explica, sustentando que devem ser estabe- lecidas parcerias e desenvolvidas sinergias entre os diversos agentes desportivos, fundamentalmente os que estão ligados ao futebol, no sen- tido de se encontrarem soluções úteis e que permitam defender o espec- táculo das dificuldades que continuamente vão surgindo. E, conclui, formulando um desejo: “Espero que o nosso futebol distrital tenha equipas sólidas no futuro”, disse.
  • 57. MODERADOR DO PAINEL JOÃO PAULO NARCISO Data de Nascimento: 29 de Abril de 1966 (37 anos) Naturalidade: Santarém Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: 12º Ano. Principais Actividades: Director do jornal “Correio do Ribatejo”. Actividades Desempenhadas: Funcionário Público durante 4 anos. Como Jornalista: Rádio Piranha. Rádio Pernes. Correspondente do jornal “Público” durante 5 anos. Correspondente do jornal “O Jogo” durante 4 anos.
  • 58.
  • 59. TREINADORES EO DESENVOLVIMENTO DO JOGO
  • 60. CARLOS SILVA Data de Nascimento: 23 de Abril de 1954 Naturalidade: Lisboa Estado Civil: Divorciado Habilitações Literárias: Curso Geral de Mecânica. Principais Actividades: Técnico de Manutenção de Aeronaves. Seleccionador Nacional de Futsal Feminino. Treinador do Grupo Cultural e Desportivo Del Negro. Actividades Desempenhadas: Jogador de Futebol (S.L. Benfica e Estrela da Amadora). Assessor do Gabinete Técnico da Associação de Futebol de Lisboa. Treinador da Selecção de Futsal da Associação de Futebol de Lisboa. Outras Informações Relevantes: 4 Títulos nacionais de seniores femininos. 7 Títulos distritais de seniores femininos – A.F. Lisboa. 4 Títulos distritais juniores femininos – A.F. Lisboa. 1 Título distrital de juvenis masculinos – A.F. Lisboa. 1 Título distrital de iniciados masculinos – A.F. Lisboa. 5 Taças Femininos – A.F. Lisboa.
  • 61. A intervenção de Carlos Silva, seleccionador Nacional de Futsal, no Con- gresso do Futebol 2003, justifica-se pela necessidade de não esquecer uma modalidade que, nascida do futebol tradicional, se poderá afirmar no futuro como uma das práticas desportivas mais atractivas e que, simulta- neamente, poderá congregar maiores apoios e cativar maiores volumes de públicos devido às condições especiais que lhe estão associadas. De notar ainda que o Futsal é uma modalidade que se encontra ainda a dar os primeiros passos no nosso país e onde os custos de actividade são moderados, por força de gastos inferiores com instalações e infra- estruturas que decorrem das especificidades características desta variante do tradicional futebol de 11. Verifica-se ainda que o Futsal foi a modalidade desportiva que nos últi- mos anos mais cresceu em Portugal beneficiando, naturalmente, da con- dição de desporto novidade, facto que, não deverá, contudo, deixar de constituir motivo de reflexão e de regozijo pelos níveis de desenvol- vimento alcançados, havendo já quem, inclusive perspective o Futsal, como o grande desporto de massas do século XXI. Na reflexão partilhada com os restantes participantes nos trabalhos do Congresso do Futebol 2003, Carlos Silva defendeu que aos treinadores de Futsal cabe também a tarefa de contribuir no processo evolutivo da modalidade. Todavia, o seleccionador nacional de Futsal, acrescentou também que deveria existir um maior esforço na tentativa de compreensão do Futsal e na transmissão de alguns conhecimentos próprios desta modalidade para o futebol de 11, sinergias que poderiam também resultar interessantes para ambas as modalidades. Carlos Silva sustentou, igualmente, a tese de crise associada ao Futsal devido, essencialmente, à escassez de espectadores, situação que é, para- doxalmente, motivada pelo reduzido interesse suscitado por uma moda-
  • 62. lidade que constitui novidade e com as consequentes dificuldades de penetração num mercado desportivo onde o futebol de 11 é “rei e senhor”. As equipas femininas poderiam, na perspectiva do orador, ajudar no pro- cesso de implementação e consolidação do Futsal no contexto desportivo português. O seleccionador nacional de Futsal entende ainda que, por ser uma moda- lidade com relativamente pouco tempo de actividade não existe ainda uma efectiva consolidação ao nível dos métodos de trabalho nesta prática. O treinador deve, por isso, ser capaz de se adaptar muito mais rapida- mente às transformações e evoluções que vão acontecendo face aos seus homólogos do futebol de 11, onde os métodos de trabalho já estão muito mais consolidados e explorados. No fundo, a ideia veiculada no discurso de Carlos Silva é a de que o Futsal vive ainda de alguma imaturidade característica da sua juven- tude estrutural, o que necessariamente implica um maior esforço de adaptabilidade/sensibilidade dos treinadores e responsáveis técnicos para se ajustarem a novas metodologias de trabalho e treino que surgem cons- tantemente, por oposição aos do futebol de 11, onde já (quase) tudo foi inventado. Também o mito acerca de um pretenso excesso de treinadores de Futsal foi de alguma forma desmontado por Carlos Silva que explicou que essa ocorrência apenas se verifica ao nível das equipas de topo. O técnico é ainda defensor de um processo de aprendizagem dos treina- dores de Futsal que compreenda todos os escalões de formação, pois, apenas deste modo, será possível transmitir gestos técnicos, para que a qualidade técnica e adaptação seja, posteriormente, notada ao nível dos escalões competitivos mais altos. Por último, o seleccionador nacional de Futsal defendeu ainda a existên- cia e a disponibilização de maiores incentivos para a criação de equipas
  • 63. de Futsal feminino visto a elevada qualidade técnica destas atletas, o que poderia servir também de plataforma de desenvolvimento e lançamento da modalidade no sentido de uma maior promoção e visibilidade desta variante do tradicional futebol de 11.
  • 64. NUNO Miguel Minderico Ferreira PRESUME Data de Nascimento: Naturalidade: Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciatura em Educação Física e Desporto – Opção Futebol, pela Universidade Lusófona. Curso de Nível III da Federação Portuguesa de Futebol. Principais Actividades: Professor Requisitado pela Câmara Municipal do Cartaxo, exercendo as funções de Técnico Superior de Desporto. Treinador de Futebol. Actividades Desempenhadas: Professor do Quadro de Nomeação Definitiva na Escola Secundária de Tábua – CAE de Coimbra. Formador do Curso de Nível II, promovido pela Associação de Futebol de Santarém no ano de 2003. Outras Informações Relevantes: Coordenador do Futebol Juvenil do Sport Lisboa e Cartaxo nas épocas de 1994/1995, 1995/1996, 1996/1997 e 1999/2000. Treinador Principal do Sport Lisboa e Cartaxo nas épocas de 1995/1996, 1996/1997 e 2000/2001.
  • 65. Treinador Principal da Associação Desportiva do Carregado na época de 1997/1998. Treinador Principal da União Desportiva de Santarém na época de 1998/1999. Treinador Principal do Clube Atlético Riachense na época de 2001/2002. Treinador Principal do Centro Desportivo de Fátima nas épocas 2000/2001 e 2002/2003.
  • 66. A comunicação preparada por Nuno Presume que, na época transacta orientou a equipa de futebol profissional do Desportivo de Fátima, para a plateia participante no Congresso do Futebol 2003, versou sobre a carac- terização do futebol e do jogo e, de um modo mais particular acerca da evolução do treino e da evolução do treinador. O técnico de futebol começou por apresentar de forma genérica as principais características do futebol actual, nomeadamente, as elevadas implicações sociais, culturais e económicas, o enormíssimo impacto e dimensão dos interesses em “jogo”, os conflitos e pressões que neste âmbito se geram e a imperiosa necessidade que decorre da rentabiliza- ção de todos os produtos do futebol (clube, equipa, técnicos, jogadores, etc.). De um modo mais aproximado, Nuno Presume, referiu-se ainda aos diversos constrangimentos que hoje ocorrem no planeamento desportivo, sobretudo o reduzido período preparatório por oposição a um período competitivo mais longo, (com exigências competitivas elevadas, onde a manutenção de um rendimento elevado e constante se irá prolongar por toda a época), o processo de treino e de jogo que deverá ser mantido orientado visando o desenvolvimento e trabalho das diversas componen- tes do jogador: técnico-táctica e cognitiva. Após esta contextualização inicial, Nuno Presume debruçou-se mais especificamente sobre as características de jogo no âmbito do futebol de alta competição, mormente ao nível das exigências de jogo e relati- vamente ao esforço. No respeitante ao primeiro tópico, o técnico refe- riu-se aos conceitos de superioridade numérica, à maior polivalência dos jogadores e ao mais elevado índice de participação nas tarefas de ataque/ defesa que lhes são exigidas, no sentido de ser obtida uma maior pressão do e sobre o adversário em diferentes zonas do terreno de jogo. Para que estas premissas possam ser objectivamente cumpridas, as tarefas indi-
  • 67. viduais e colectivas terão de ser definidas antecipadamente, atendendo também a ritmos de jogo cada vez mais elevados e variados. Quanto aos desafios que se colocam ao nível do esforço, Nuno Presume, destacou o aumento do número de intervenções, um maior número de deslocamentos e intensidades máximas e sub-máximas, a redução do tempo e espaço para pensar e executar as tarefas, a importância da dis- puta de bola em zonas determinantes, e o número crescente deste tipo de “lances” em situação de confronto directo com o adversário. Outra temática a merecer a reflexão de Nuno Presume, diz respeito à pla- nificação do processo de treino, onde foram abordadas duas variantes dis- tintas. Uma primeira, a convencional, que visa uma actividade de treino diri- gindo e orientando os estímulos a aspectos muito particulares e isolados. Esta forma de planificação caracteriza-se ainda pela simplificação dos diversos factores de rendimento (tácticos, técnicos, físicos, psicológicos e complementares), pela preponderância dos aspectos físicos sobre os demais, pela importância do período preparatório para toda a época des- portiva, pela sua orientação para a criação de “picos” de forma (com base nos efeitos retardados das cargas), pelo seu carácter pouco específico, pela sua abordagem analítica da recuperação do atleta, associada à carga e quantidade do treino. Ao nível das vantagens e desvantagens, destacam-se, do lado dos aspec- tos positivos uma mais fácil direcção das cargas de treino a capacidades isoladas, a melhor determinação das cargas, e o fácil controlo daí decor- rente. Como aspectos negativos destacam-se as melhorias verificadas que acontecem isoladamente e fora do contexto, a dificuldade em garantir a adequação do plano aos objectivos pretendidos, o facto de ser mais irreal e, consequentemente, mais monótono. A segunda forma de planificação identificada por Nuno Presume, a tác-
  • 68. tica, consiste em, partindo da competição treinar os factores que determi- nam a sua eficiência. Na perspectiva táctica as periodizações e planificações devem convergir para o modelo de jogo adaptado e o modelo de jogo da equipa deve ser tomado como referência para a construção do exercício de treino. O prin- cípio da especificidade, a integração dos factores isolados e a aquisição de um nível de alta forma desportiva associada ao desempenho e qua- lidade, são outros dos elementos característicos desta filosofia de plani- ficação de treino. As principais vantagens são, sobretudo, a sua maior especificidade e realismo, o ser mais diversificado e, por inerência, mais motivador para o atleta. Destacam-se, como desvantagens a difícil direc- ção a alguns factores, a menor definição das cargas e também a maior dificuldade de controlo dos diversos aspectos do treino. A concluir a sua apresentação, Nuno Presume, reflectiu acerca das prin- cipais qualidades que um bom treinador de futebol deverá reunir, por oposição ao treinador/ditador prepotente e detentor da verdade absoluta. Para o orador o treinador deverá dominar os conhecimentos e técnicas de intervenção nas mais variadas áreas (desde a metodologia do treino à dinâmica de grupos), deverá aderir a um processo de formação con- tínua assumindo a relatividade do conhecimento e o carácter evolutivo do mesmo, deverá adquirir a sensibilidade necessária à compreensão da especificidade de cada realidade, identificando os factores condicionan- tes e sendo capaz de encontrar as soluções mais apropriadas a cada con- texto situacional específico. Uma sólida formação humana e desportiva, assim como uma elevada capacidade organizativa e de gestão, são outras qualidades consideradas fundamentais pelo técnico. A intervenção de Nuno Presume fechou com uma citação do treinador do momento, José Mourinho, que terá em determinada situação afirmado que “o jogador português não gosta de treinar, ...mal!”.
  • 69.
  • 70. AGOSTINHO Vieira de OLIVEIRA Data de Nascimento: 05 de Fevereiro de 1947 Naturalidade: Póvoa de Lanhoso - Braga Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciatura (Faculdade de Letras – Porto) Principais Actividades: Treinador Adjunto da Selecção Nacional A. Actividades Desempenhadas: Seleccionador Nacional (todos os escalões). Seleccionador Nacional Interino (2002-2003).
  • 71. A comunicação/reflexão trazida por Agostinho Oliveira aos participantes do Congresso do Futebol foi essencialmente marcada pela exploração e análise de questões téorico-práticas do futebol e foi estruturada numa lin- guagem essencialmente técnica e dirigida a este tipo de profissionais que, no fundo, constituíam a maioria da plateia presente.i Na parte introdutória da sua exposição o ex-seleccionador nacional de futebol abordou um pouco superficialmente o trabalho desenvolvido pelos diversos profissionais ao serviço do Departamento Técnico da Federação Portuguesa de Futebol, o que resultou numa notória evolução do futebol formativo nacional, o que se reflecte não só no êxito que as nossas selecções dos escalões jovens têm alcançado (recorde-se a título meramente indicativo as recentes prestações das selecções de Sub-17 Sub-19 nos respectivos Campeonatos Europeus), mas que pode ser igual- mente aferido pela presença de inúmeros jogadores portugueses nos prin- cipais clubes dos mais competitivos campeonatos da Europa. Agostinho Oliveira reportou-se à estrutura/modelo de jogo das selecções, nas suas diversas vertentes, e a forma como “historicamente” o mesmo evoluiu, apresentando o diagnóstico das várias possibilidades, a análise e opção por uma determinada solução e, por último a implementação da técnica clássica do 4x3x3. O ex-seleccionador lembrou ainda a importância da correcta e clara defi- nição dos pontos-chave da estrutura de uma equipa em fase adaptativa, nomeadamente através da articulação dos vários sectores/elementos e também por meio dos sistemas de compensações. Ao nível das articulações possíveis, Agostinho Oliveira, expôs combina- ções e várias soluções possíveis, desde aquela que compreende 1 ou 3 avançados, ou uma outra montada em torno de 2, tendo também concreti- zado uma abordagem/caracterização dos jogadores em relação aos posi- cionamentos base de cada articulação.
  • 72. Por último, no que concerne aos aspectos acima discutidos, Agostinho Oliveira salientou a necessidade de fixar e cimentar a estrutura/modelo de jogo, através dos processos e sessões de treino. A modelação/planificação das sessões de treino em função da estrutura da equipa (seja esta em 4x3x3 ou em 3x4x3, sistemas que Agostinho Oli- veira descreveu com algum pormenor, assim como os movimentos e fun- ções que cada atleta deverá desempenhar em cada função), foi também uma temática explorada pelo técnico. Neste particular, Agostinho Oli- veira, concretizou uma abordagem ao conceito de sistematização das acções de base do treino e o modo como estas se poderão reflectir pos- teriormente no jogo, destacando a importância dos trabalhos inter-secto- riais, a primazia que deve ser conferida ao trabalho nas alas, a mobilidade atacante que deverá ser conseguida, a polivalência de todos os atletas que deverão jogar de forma semelhante e continuada de área a área e, sobre- tudo, o desenvolvimento/exploração de esquemas e metodologias de tra- balho que dêem prazer/alegria, estimulem e motivem os jogadores para o desempenho igual tanto nas acções ofensivas como nas tarefas defensi- vas. A fechar, Agostinho Oliveira, deixou aquelas que na sua perspectiva constituirão os principais elementos técnico-tácticos do futebol e do atleta de amanhã: 1 – reagir rapidamente à tentativa de reequilíbrio defensivo do adversá- rio; 2 – jogar (através do passe) em profundidade, isto é, recorrer ao passe como forma de encontrar e criar espaços onde se possa jogar; 3 – o jogador que dá profundidade ao jogo deverá ser rápido e desequili- brador; 4 – como enfrentar a pressão do adversário (o anti-pressing); 5 – a importância do talento individual e a criatividade do atleta;
  • 73. 6 – a qualidade paciência/espera de uma equipa para levar a efeito acções de desequilíbrios colectivos fortes; 7 – a capacidade de reacção colectiva da equipa às diversas incidências particulares do jogo; 8 – a definição e implementação de tácticas responsáveis e flexíveis; 9 – a importância dos duelos 1x1; 10 – as características dos atacantes de amanhã – rapidez, dinamismo, capacidade de drible, movimentados e tacticamente fortes/evoluídos;
  • 74.
  • 76. LUÍS Manuel Blanco Rocha GUILHERME Data de Nascimento: 31 de Julho de 1955 Naturalidade: Bombarral Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Curso Industrial de Montador Electricista. Principais Actividades: Bancário. Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Actividades Desempenhadas: Bancário. Árbitro de Futebol. Dirigente do Núcleo de Árbitros de Loures. Secretário e Presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Árbi- tros de Futebol (2 mandatos). Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
  • 77. A participação do Presidente do Conselho de Arbitragem da Liga Portu- guesa de Futebol Profissional (LPFP) ficou marcada pelas críticas endos- sadas aos dirigentes desportivos, uma vez que, como Luís Guilherme afirmou, “a arbitragem anda ao sabor das vontades dos dirigentes”. Além do mais, como refere ainda o orador, “os debates de fundo não têm grande receptividade junto dos dirigentes por que o seu impacto mediá- tico é quase nulo”. Luís Guilherme defendeu ainda a criação, com carácter urgente, do Plano Estratégico para a Arbitragem, e uma maior articulação entre o desporto escolar, o desporto federado e a arbitragem, uma vez que, a este nível, nada existe. Outra ideia defendida pelo prelector que aceitou o desafio da Associa- ção de Futebol de Santarém para colaborar nesta iniciativa de reflexão acerca dos problemas que afectam o futebol português é a de que “deve- mos pegar nos modelos de organização de outros países que funcionam e transportá-los, devidamente adaptados, para a nossa própria realidade. Outra situação que mereceu o oportuno reparo de Luís Guilherme foi apenas em Julho de 2002 se ter conseguido aprovar e inscrever nos regu- lamentos da Federação Portuguesa de Futebol, um diploma referente à arbitragem onde se prevê que os jovens possam ser jogadores e árbitros de futebol em simultâneo, embora, com a condicionante de não poderem arbitrar jogos da categoria na qual estão inscritos na qualidade de atle- tas. Luís Guilherme defende a existência de um único Conselho de Arbitra- gem, com 3 secções diferentes: uma primeira destinada ao futebol de âmbito nacional, a segunda dedicada ao futebol profissional e uma ter- ceira dirigida ao futebol de formação. Outra das ideias lançadas pelo orador diz respeito à notória falta de lide- rança que existe no sector da arbitragem, o que provoca que os juízes
  • 78. não se reconheçam ou mesmo revejam nos seus líderes, até porque, como o próprio fez questão de afirmar, “somos confrontados com dirigentes que nada percebem de arbitragem e que, muitas vezes confessam estar no cargo não para ensinar e transmitir a sua experiência, como de resto deveria acontecer numa situação normal, antes sim, para aprender”, o que segundo Luís Guilherme constitui um sério handicap. Ao nível do futebol profissional, na Liga de Clubes e, fruto de uma maior independência do sector da arbitragem das restantes estruturas face à existente no seio da Federação Portuguesa de Futebol, assim como, também, de uma estrutura organizativa mais ligeira, o Conselho de Arbi- tragem tem funcionado melhor. A concluir, Luís Guilherme deixou para reflexão a ideia de que é pre- ciso que a arbitragem do futebol profissional e não profissional sejam encaradas de forma diferente, ainda que, o regulamento deva ser, na pers- pectiva enunciada pelo Presidente do Conselho de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, um único.
  • 79. ARNALDO MARQUES DA SILVA A primeira ideia lançada por Arnaldo Marques da Silva para debate pela plateia presente nos trabalhos do segundo dia do Congresso do Futebol 2003 é ilustrativa da linha seguida pela sua comunicação: “a indisciplina existe é nos regulamentos”. O Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol é contrário à existência de dois regulamentos/instrumentos dis- tintos para ajuizar acerca da disciplina. No entender deste orador não é de excluir na existência de dois órgãos. Contudo, defende, o regulamento deverá ser um só e único. Paralelamente, Arnaldo Marques na Silva é defensor de uma estrutura em que o Conselho de Disciplina deveria ser dividido em 3 departamentos com atribuições distintas no juízo de casos de disciplina necessariamente diversos e decorrentes de contextos desportivos e competitivos divergen- tes, a saber: um orientado para o futebol profissional, outro voltado para o futebol amador ou não profissional, e um terceiro a quem caberia a res- ponsabilidade de se pronunciar e julgar as ocorrências relacionadas com o Futsal. Enquanto não for colocada em prática a solução considerada como a mais realista e ideal pelo orador, e que consiste na existência de um único regulamento de disciplina, Arnaldo Marques da Silva entende que, existindo regulamentos diferentes, deveriam verificar-se reuniões perió- dicas entre os Conselhos de Disciplina da LPFP e da FPF, no sentido de poderem ser obviados casos que persistentemente grassam no futebol português, e que são directamente decorrentes de alguma promiscuidade causada pela existência de dois regulamentos que depois criam situações polémicas e confusas, como os casos Leça, Sá Pinto, Capucho e Dani, apontadas pelo orador a título meramente exemplificativo e ilustrativo de que é necessário rever procedimentos e uniformizar modos de actuação.
  • 80. ORLANDO Filipe da Silva MENDES Data de Nascimento: 07 de Setembro de 1959 Naturalidade: Santarém Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciatura em Direito Principais Actividades: Advogado. Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de San- tarém. Membro da Comissão de Arbitragem da Federação Portuguesa de Fute- bol. Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Associação Forense de Santarém. Presidente da Mesa da Assembleia-Geral de várias Instituições do con- celho de Santarém. Actividades Desempenhadas: Membro do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Fute- bol. Praticou futebol federado durante onze (11) épocas).
  • 81. O Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de Santarém começou por defender na exposição apresentada a necessidade de uma maior e mais real autonomia para o sector da disciplina, até porque, como o próprio afirmou, “se os regulamentos existentes não per- mitem uma disciplina efectiva então, há que os repensar”. Na perspectiva apresentada por Orlando Mendes, a disciplina ou, em muitas ocasiões, a falta dela, dependem de algumas condições essen- ciais e basilares. O factor individual é, desde logo, o principal. Todavia, a inserção do jogador no contexto do clube, as situações concretas aos níveis social e económico associadas ao meio ao qual o intérprete está agregado e, por fim, a falta de formação pessoal e individual dos interve- nientes, foram outros dos factores que Orlando Mendes apresentou como fulcrais, no sentido de uma maior disciplina. Estabelecendo um paralelismo em que é recuperado um dos clichés/ chavões mais conhecidos de Octávio Machado (“Trabalho, trabalho, tra- balho!”), Orlando Mendes diz que “é preciso formar, formar, formar!”. Na sua comunicação, o dirigente da Associação de Futebol de Santarém deixou ainda três linhas de força quanto à temática em epígrafe que orga- nizou em: o dirigismo e a disciplina, fair-play e formação das camadas jovens, e os agentes externos ao espectáculo. No que ao primeiro item lançado diz respeito, Orlando Mendes, entende que grande parte dos episódios de indisciplina que grassam no futebol português se devem a uma grave lacuna existente ao nível das estruturas desportivas nacionais, comum a todas as modalidades desportivas, e que consiste na falta de órgãos/entidades orientados para a formação especí- fica de dirigentes desportivos. “Muitas vezes os presidentes dos clubes de menor dimensão são indivíduos que durante toda a sua vida pessoal e profissional se habituaram a vencer e superar todos os obstáculos que se lhes apresentam e, ao chegar aos clubes tentam incutir nestas organi-
  • 82. zações o mesmo espírito vencedor”. O problema aqui reside, segundo a visão de Orlando Mendes, “no facto de se querer ganhar a qualquer custo e não olhando a meios para atingir os fins”. Na opinião do Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de Santarém, falta a cultura do fair-play no futebol português. E, recuperando o exemplo anterior, questiona o orador “se essas pessoas/ dirigentes desportivos desenvolveram este tipo de cultura e espírito como é que, partindo destes pressupostos, podem formar e incutir as noções básicas de fair-play nos atletas das camadas jovens? Não existindo dirigentes com formação própria e específica, adequada ao contexto particular e restrito do fenómeno desportivo, o espírito que irá ser adquirido pelo praticante dos escalões de formação será o mesmo”, concluiu. A segunda reflexão proposta por Orlando Mendes diz respeito ao fair- play e formação que deverá existir nas camadas jovens. Os dirigentes terão que forçosamente incutir nestes praticantes o espírito de lealdade, deverão fazer notar às crianças e adolescentes que os outros são colegas, deverão insistir no respeito pelo adversário como tal e numa conduta de efectivo fair-play. Outra questão importante neste aspecto é o respeito pelo árbitro e o res- guardo que deverá imperar, ainda que perante um juízo grosseiramente errado, decoro esse e contenção que deverão começar nos comportamen- tos evidenciados pelos próprios dirigentes desportivos. Condição “si ne qua non” para um comportamento disciplinar e de fair- play exemplares e que prime pela máxima lisura é o respeito e o decoro por todos os agentes desportivos e não só, que intervêm no espectáculo/ fenómeno futebolístico. O último tópico avançado por Orlando Mendes prende-se com a influ- ência dos agentes externos ao jogo, mas cujo comportamento poderá
  • 83. influenciar decisivamente o desenrolar da acção no interior das “quatro linhas”. Os espectadores têm, neste particular, um papel preponderante no desem- penho e estado de psicológico de árbitros, treinadores, jogadores e demais intervenientes, e, não raras vezes o seu comportamento e postura pouco próprias resultam na subversão do espírito e da qualidade do espectáculo e decorrem do desconhecimento das regras elementares do jogo. Também por esta razão, na ideia/proposta de reflexão com que Orlando Mendes concluiu a sua intervenção, o orador referiu a necessidade da realização de mais iniciativas e acções que visem a discussão e promo- vam a divulgação das leis e regulamentos do futebol junto de todos os agentes sejam eles internos, ou externos.
  • 84. ANDRÉ Miguel Furtado Alves GRALHA Data de Nascimento: 06 de Maio de 1976 Naturalidade: Vila Nova da Barquinha Estado Civil: Solteiro Habilitações Literárias: 12º ano de escolaridade (incompleto). Principais Actividades: Árbitro de Futebol. Presidente Adjunto do Núcleo de Árbitros Ribatejo Norte. Actividades Desempenhadas: Árbitro do Inatel (épocas de 1990 a 1992). Árbitro Estagiário (época de 1992/1993). Árbitro da 2ª Categoria Distrital (época de 1993/1994). Árbitro da 1ª Categoria Distrital (épocas de 1995 a 1999). Árbitro da 3ª Categoria Nacional (época de 1999/2000). Árbitro da 2ª Categoria Nacional (épocas de 2000 a 2003). Árbitro da 1º Categoria Nacional (época de 2003/2004). Outras Informações Relevantes: Participação em várias acções de formação de árbitros de Futebol. Participação no Torneio Lopes da Silva organizado pela FPF. Participação no Torneio Regional Inter-Associações Sub-15 2002. Participação no XIVº Encontro de Núcleos de Árbitros de Futebol em Almada, em 2002. Participação no Torneio Internacional de Futebol do Vale do Tejo.
  • 85. A reflexão do recém promovido árbitro, André Gralha, à primeira cate- goria da actividade principiou por uma abordagem contextual e muito pessoal à infinita teia de encruzilhadas e decisões que um jovem tem que tomar no seu percurso desportivo e, mais concretamente, naquelas que respeitam à opção entre a carreira de futebolista e a da arbitragem. “Começa-se por se jogar futebol, porque gostamos de jogar futebol. Porém, por volta dos dezoito anos há a necessidade de se optar pela car- reira de futebolista ou abraçar o percurso da arbitragem”, explica o pró- prio. André Gralha é da opinião que pouco ou nada se tem feito no intuito de motivar e sensibilizar os jovens para a prática desta actividade. E, prossegue, questionando também as recentes modificações introduzi- das nas competições de escolas e que consistiu na passagem do futebol de 11 para o futebol de 7, porquanto entende que esta não foi uma alteração positiva para a arbitragem uma vez que não dá a oportunidade aos jovens árbitros (estagiários) de terem consigo um colega mais experiente que os possa auxiliar e orientar na condução do jogo e no solucionamento das incidências mais polémicas e problemáticas que eventualmente possam surgir. André Gralha mostrou-se por isso favorável a um sistema que possibilite e promova a integração dos jovens noutras equipas de arbitragem com o objectivo de os motivar e de lhes permitir a aquisição de experiência e à-vontade em termos de direcção de partidas de futebol. Os núcleos de arbitragem são, de acordo com o testemunho do juiz os principais responsáveis no processo formativo dos jovens árbitros, desempenhando, neste particular um papel fulcral e central na aprendiza- gem e motivação destes principiantes. Neste contexto e, no sentido de conseguir motivar de uma forma mais eficaz os futuros árbitros, o núcleo ao qual André Gralha pertence (Riba-
  • 86. tejo-Norte), criou um impresso/formulário que se destina a aferir o grau de evolução e progressos registados pelo árbitro, apenas com intuitos formativos e meramente pedagógicos, que desempenha uma acção com- plementar aos instrumentos comuns de avaliação. Nas palavras do pró- prio orador, “esta é uma forma de motivar os árbitros, porque avalia e dá aos jovens a oportunidade de terem uma ideia da sua apresentação, com- portamento e desempenho global”, percepcionando deste modo que são acompanhados num processo extra-avaliação e isso, porque contraria a ideia de abandono e de desinteresse que é comum verificar-se, é positivo e motivador, porque o jovem sente que as pessoas se interessam. Outra das questões que mereceu a reflexão oportuna do recém promovido juiz, prende-se com a cada vez mais notória e crónica escassez de árbi- tros. “Neste momento, é possível um árbitro chegar ao final da tarde de Domingo, depois de ter apitado cinco jogos. Tendo presente que existem muitos de nós que são, simultaneamente, estudantes universitários e que em muitos casos estão fora de casa toda a semana, este tipo de situações deixa pouco espaço e tempo para a vida pessoal de cada um, o que pode conduzir ao abandono da actividade em virtude de se terem que efectuar escolhas, facto que, poderá conduzir à perda de potenciais futuros bons valores”, explica André Gralha. A reflexão do árbitro não se circunscreveu, todavia, apenas a estas temá- ticas. Apesar de reconhecer a utilidade e validade dos apoios existentes para a aquisição de equipamentos, mormente por meio de um protocolo existente entre a Federação Portuguesa de Futebol e a marca oficial for- necedora dos equipamentos para árbitros (que cede a título gratuito um equipamento aos novos árbitros), André Gralha, refere que este apoio é, por vezes, manifestamente insuficiente atendendo às condições sócio- económicas de alguns jovens árbitros que não lhes permitem o investi- mento em equipamentos desportivos.
  • 87. O orador convidado pelo Congresso do Futebol para reflectir acerca das questões directamente relacionadas com a arbitragem, sugeriu ainda a realização pontual de sessões de esclarecimento promovidas pela Asso- ciação de Futebol de Santarém e/ou outras entidades/estruturas organi- zativas competentes nesta matéria, junto dos órgãos de Comunicação Social, no sentido de formar e sensibilizar estes profissionais para que a crítica/avaliação do trabalho do árbitro seja construtiva e não destrutiva, como habitualmente sucede. A concluir a sua reflexão, André Gralha, lembrou também o papel impor- tante que os técnicos/treinadores poderão desempenhar junto dos seus jogadores motivando-os e alertando-os para a necessidade de reduzir o número de faltas, a bem da qualidade do espectáculo. “Porém, aquilo a que se assiste é que os treinadores estão mais preocupados com os resul- tados finais dos jogos e não tanto com o espectáculo em si ou os índices qualitativos do mesmo”, salientou.
  • 88. FRANCISCO António Maia JERÓNIMO Data de Nascimento: 05 de Junho de 1954 Naturalidade: Torres Novas Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Engenheiro Civil. Principais Actividades: Director do Departamento de Obras Municipais da Câmara Municipal de Santarém. Consultor Técnico na avaliação de imóveis para a Banca. Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Água (APDA). Actividades Desempenhadas: Membro da Comissão Organizadora (Fundador) do Festival Nacional de Gastronomia de Santarém. Sócio-Gerente da TRIVIL - Engenheiros Associados, Lda. Outras Informações Relevantes: Membro da Direcção da Associação de Futebol de Santarém. Presidente do Conselho Fiscal do Círculo Cultural Scalabitano. Sócio-Fundador da Casa da Europa do Ribatejo.
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  • 90.
  • 91. AS AUTARQUIAS E OS CLUBES
  • 92. José Joaquim Gameiro de SOUSA GOMES Data de Nascimento: 24 de Outubro de 1940 Naturalidade: Almeirim Estado Civil: Casado. Tem duas filhas. Habilitações Literárias: Bacharelato em Contabilidade e Administração. Principais Actividades: Presidente da Câmara Municipal de Almeirim. Presidente do Conselho de Administração da AMLT. Presidente do Conselho de Administração da RESIURB. Presidente do Conselho de Administração da ALDESP. Actividades Desempenhadas: Chefe dos Serviços Administrativos de uma empresa. Professor entre 1974 e 1989. Vereador da Câmara Municipal de Almeirim entre 1976 e 1985. Deputado Municipal na Assembleia Municipal de Almeirim entre 1986 e 1989. Dirigente do União Futebol Clube de Almeirim. Presidente do União Futebol Clube de Almeirim durante três anos. Presidente da Direcção do Hóquei Clube “Os Tigres” de Almeirim. Outras Informações Relevantes: Foi candidato a Deputado por Santarém por duas vezes.
  • 93. José Sousa Gomes, Presidente da Associação de Municípios da Lezíria do Tejo, começou por salientar as diferenças de relacionamento que exis- tem entre os clubes desportivos e as Câmaras Municipais, atribuindo essas diferenças à dimensão do próprio clube/entidade. Enquanto que no caso dos clubes de maior dimensão o distanciamento que se verifica é mais notório e o relacionamento existente é mais do foro institucional, não só pelo carácter altamente profissional de algumas destas institui- ções, como também devido à própria estrutura orgânica e burocrática destes, no caso dos clubes mais pequenos a proximidade com as autar- quias é muito maior e o contacto é permanente. José Sousa Gomes reforçou também a ideia de que os dirigentes deverão ser cautelosos, criteriosos e altamente selectivos quanto aos investimen- tos que realizam nos clubes, embora reconheça que muitas vezes esses investimentos resultam em virtude do esforço e da total entrega dos diri- gentes à causa. O Presidente da AMLT defendeu ainda que os clubes substituem as autarquias na promoção da actividade desportiva, uma atitude salutar e de saudar e que, por seu lado, as autarquias não só apoiam os clubes das mais variadas formas, como apostam fortemente na subsidiação das camadas jovens.
  • 94. ANTÓNIO PAIVA António Paiva, Presidente em exercício da Associação de Municípios do Médio Tejo, destacou por seu lado a necessidade de concretizar uma efectiva e transparente distinção entre equipamentos desportivos das autarquias (públicos) e aqueles que são propriedade dos clubes (não- públicos), no sentido de obviar situações e relações pouco claras ou promíscuas na gestão/exploração deste tipo de infra-estruturas que são, naturalmente, pouco desejáveis. Neste âmbito, António Paiva entende que cada clube deveria apostar em soluções próprias na criação de complexos desportivos para a promoção do desporto e para a concretização dos seus projectos desportivos. Por outro lado, sustenta o presidente da AMMT que, na sequência das premissas atrás estabelecidas, clubes e autarquias deveriam posterior- mente concretizar um pacto/compromisso que regulasse e estabelecesse as condições de gestão e utilização destes equipamentos. A este nível, António Paiva, referiu-se ainda à necessidade da formação dos jovens ser ministrada por técnicos qualificados, o que levanta problemas acrescidos e que consiste na inevitabilidade dessa formação ter que ser suportada em termos financeiros pelos pais dos beneficiários. Outra das ideias avançadas pelo presidente da AMMT e colocadas à dis- cussão junto dos participantes no Congresso do Futebol 2003 prende-se com a exploração de acordos e parcerias entre os clubes de interior e os grandes clubes, no sentido de poderem ser aproveitados com maior rigor os recursos investidos. No actual quadro, não existe retorno dos investimentos realizados nos escalões de formação. As dificuldades e constrangimentos que se colo- cam à actividade dos dirigentes, pois são sacrificados e muitas vezes injustiçados em nome do “amor à camisola”, deveriam ser também alvo de alguma descompressão/alívio. Por último e a concluir a sua comunicação, António Paiva, sustentou
  • 95. ainda a necessidade de existência de mais sócios interessados e partici- pativos relativamente à gestão dos clubes a que pertencem, isto é, terá que existir uma re-aproximação dos sócios relativamente aos seus clubes, re-aproximar esse que passará, necessariamente, por um maior grau de envolvimento e motivação destes para todo o quotidiano da instituição desportiva.
  • 96. MODERADOR DO PAINEL JOSÉ MIGUEL Correia NORAS Nasceu na freguesia de Póvoa da Isenta (em 1956) e iniciou a sua vida profissional como funcionário da Estação Zootécnica Nacional (EZN) onde, aliás, seu pai já trabalhava. Em 1983, recebeu o “diploma de honra de colaborador excepcional”, por proposta do Professor Vaz Portugal. Sempre como trabalhador-estu- dante, concluiu o Curso Superior de Gestão de Empresas. Foi técnico de contas nas horas livres. Tem especial paixão pela História e gosto pela Numismática. Mercê dos trabalhos publicados nesta área, foi admitido nas Sociedades Numismáticas de Portugal, de Espanha e do Brasil e dis- tinguido como membro extraordinário da A|P|H (Associação de Profes- sores de História). Em 1989 foi eleito primeiro vereador da Câmara Municipal de Santa- rém e quatro anos mais tarde ganhou as eleições para a presidência da mesma autarquia, com o melhor resultado político de sempre neste con- celho. Em 1997, repetiu a maioria absoluta alcançada em 1993. Exerceu, ainda, as funções de Presidente da Assembleia Distrital de San- tarém, de Deputado da Assembleia da República e de Presidente do Movimento dos Municípios para a Paz, Ambiente e Cooperação. Hoje, acumula a liderança da Assembleia Municipal de Santarém com as funções de Director-Geral da revista Centros Históricos. É membro do Conselho Geral da Comissão Nacional da UNESCO e da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas. Simultaneamente, presta consultadoria a diferentes instituições empresariais e culturais. Os resultados do trabalho da equipa que liderou durante oito anos, enquanto presidente da Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico, valeram-lhe o título de membro honorário desta asso- ciação nacional e a respectiva “Medalha de Mérito” (deliberação de 3
  • 97. de Maio de 2002). Realizou numerosas missões culturais, no país e no estrangeiro, aprofun- dando, designadamente, o intercâmbio entre Portugal e o Brasil. Parti- cipou em diferentes acções promovidas pela UNESCO e pelo Conselho da Europa sobre Património Cultural. O Presidente da República Portuguesa, Doutor Jorge Sampaio, atribuiu- lhe, em 1997, a Ordem do Infante D. Henrique, enquanto que a Socie- dade Brasileira de Heráldica lhe outorgou (em 2000) a Grã-Cruz do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral. O Presidente da República Federativa do Brasil, Professor Doutor Fernando Henrique Cardoso, distinguiu-o, em 2002, com a Ordem de Rio Branco.
  • 98.
  • 100. LUÍS FILIPE Santana JÚLIO Idade: 38 anos Naturalidade: Santarém Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciado em Educação Física e Desporto. Mestre em Psicologia do Desporto. Principais Actividades: Realização de Tese de Mestrado em Treino de Alto Rendimento. Aluno do 2º Ano da Licenciatura em Psicologia da Faculdade de Psico- logia da Universidade de Lisboa. Orientador de Estágio Universitário. Actividades Desempenhadas: Professor de Educação Física e Desporto no Ensino Secundário. Orientador de Estágio Pedagógico da Licenciatura em Educação Física. Coordenador Técnico da Associação de Futebol de Santarém. Prelector do Curso de Formação de Agentes Desportivos.
  • 101. O enquadramento competitivo como factor de desenvolvimento dos jovens jogadores de futebol foi a problemática destacada por Luís Filipe Júlio, à data Coordenador Técnico da Associação de Futebol de Santa- rém, na comunicação que apresentou à plateia de assistentes do Con- gresso do Futebol 2003. Com base nas interacções entre o jogador, a família, o clube e a escola, Luís Filipe Júlio partiu em seguida para uma abordagem e reflexão acerca do contributo da Associação de Futebol de Santarém para a evo- lução do futebol juvenil distrital, traduzido na reformulação dos quadros competitivos, levada a efeito no início da pretérita época desportiva (2002/2003). A implementação de um modelo que considera duas fases competitivas com uma fase inicial curta, que origina posteriormente um campeonato efectivo mais longo com a distribuição das equipas por dois níveis com- petitivos diferentes, (A e B), foi a solução encontrada. Com estas alte- rações estruturais foi possível evoluir para um verdadeiro equilíbrio competitivo entre os jovens jogadores e equipas ultrapassando as conhe- cidas limitações dos modelos que consideram apenas um nível competi- tivo (grave desequilíbrio de capacidades) ou a existência de duas divisões (onde a competitividade é artificial). As vantagens decorrentes da adopção deste modelo organizacional esten- dem-se ainda ao prolongamento do período competitivo e à consagração do princípio da proximidade geográfica a par da adaptação do jogo às idades dos jogadores, com a introdução do futebol de sete no escalão de infantis. As conclusões que se podem retirar desta reestruturação levada a efeito pelo Gabinete Técnico da Associação de Futebol de Santarém são por isso extremamente positivas, uma vez que, com base na inscrição e par- ticipação voluntária dos clubes foi também possível aumentar o número
  • 102. de clubes em todos os escalões etários: de 39 para 55 nos Infantis; de 32 para 37 nos iniciados; de 28 para 32 nos Juvenis e de 24 nos Juniores. Luís Filipe Júlio prosseguiu, destacando a originalidade deste modelo e da reestruturação efectuada, que é absolutamente pioneira no contexto do nosso país, colocando a Associação de Futebol de Santarém na primeira linha de uma moderna perspectiva de desenvolvimento dos jovens joga- dores de futebol. É por isso, com satisfação que se confirmaram as pers- pectivas optimistas da Associação de Futebol de Santarém e dos Clubes que aprovaram em Assembleia Geral, por unanimidade e em boa hora este modelo competitivo. Luís Filipe Júlio terminou, abordando sumariamente algumas limitações e aspectos críticos encontrados, de onde se destacam: a existência de campeonatos demasiadamente longos para as equipas com recursos mais limitados que têm dificuldade em manter as suas equipas em actividade durante muito tempo, um agudizar das dificuldades que derivam da cró- nica escassez de árbitros e, a perversão do modelo competitivo levada a cabo por alguns clubes que possuem mais do que uma equipa no mesmo escalão, com a utilização das equipas A em competições inicialmente dis- putas pelas equipas B, no sentido de se alcançarem melhores resultados o que provocou uma alteração da verdade desportiva e alguns desequilí- brios competitivos nas fases finais de apuramento do campeão. Será, assim imprescindível uma maior atenção e vigilância da Associa- ção de Futebol de Santarém para estas limitações de forma a promover os necessários ajustes e alterações futuras neste modelo competitivo do futebol juvenil, garantido o seu efectivo e original papel de base no desenvolvimento dos jovens jogadores de futebol.
  • 103.
  • 104. JOSÉ VASQUES Data de Nascimento: 02 de Agosto de 1963 Naturalidade: Mirandela Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: Licenciatura em Educação Física. Discente do Mestrado de Treino de Alto Rendimento. Principais Actividades: Professor efectivo da Escola 2,3 José – Cartaxo. Treinador do Abrantes Futebol Clube. Professor da Universidade Lusófona – Futebol – 1º ano. Actividades Desempenhadas: Coordenador Técnico Distrital da Associação de Futebol de Santarém. Treinador Adjunto na Segunda Liga – Académico de Viseu. Treinador Principal no C. D. Torres Novas, C. D. Fátima, C. Oriental (2ª Divisão B). Prelector da cadeira Técnico-Táctica – 1º e 2º níveis – Cursos de Trei- nadores.