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Guilherme Bergmann Borges Vieira
                     (Organizador)




        Logística e
Distribuição Física
                               INTERNACIONAL
TEORIA E PESQUISAS




                São Paulo
                  2006
Copyright © 2006
Coordenadora: Yone Silva Pontes
Diagramação: Alzira Cabral, Luiz Fernando Romeu e Nilza Ohe
Ilustração de capa: Tami Arita Akabane
Revisão: Setsuko Araki
Impressão e acabamento: Graphic Express




               Dados     Internacionais de Catalogação na Publicação            (CIP)
                         (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

                         Logística e   distribuição física internacional :
                            teoria e   pesquisas / Guilherme Bergmann Borges
                            Vieira ,   (organizador) . -- São Paulo : Lex
                            Editora,   2006.


                            Vários autores.
                            ISBN 85-87364-97-9


                            1. Comércio exterior 2. Distribuição física de
                         bens 3. Expedição de bens 4. Logística (Organização)
                         I. Vieira, Guilherme Bergmann Borges.




               06-1690                                        CDD-382.0687

                             Índices para catálogo sistemático:
                         1. Logística e distribuição física
                               internacional : Administração : Comércio
                               exterior   382.0687




                                                 2006
                      Proibida a reprodução total ou parcial.
                 Os infratores serão processados na forma da lei.


    Edições Aduaneiras Ltda.                                       LEX Editora S.A.
Tel.: 11 3120 3030 – Fax: 11 3159 5044                  Tel.: 11 2126 6000 – Fax: 11 2126 6001
         DDG: 0800 70 777 70                                       DDG: 0800 11 0122
e-mail: aduaneiras@aduaneiras.com.br                             e-mail: lex@lex.com.br

              Rua da Consolação, 77 – CEP 01301-000 – São Paulo
Autores


Prof. M.Sc. Guilherme Bergmann Borges Vieira (Organizador)
        Mestre em Gestão Portuária e Transporte Intermodal pelo
        Icade – Instituto de Administración y Dirección de Empresas
        da Universidad Pontificia Comillas de Madrid; Bacharel em
        Administração – Habilitação Comércio Exterior pela Universi-
        dade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos; Professor da Uni-
        versidade de Caxias do Sul – UCS, das Faculdades Rio-Gran-
        denses – FARGS e do Centro Universitário Ritter dos Reis –
        Uniritter em nível de graduação e pós-graduação. Autor dos
        livros Transporte Internacional de Cargas e Regulamentação
        no Comércio Internacional: aspectos contratuais e implica-
        ções práticas, editados pela Aduaneiras; Instrutor de cursos na
        área de comércio exterior em colaboração com diversas
        instituições nacionais e internacionais; Consultor de comércio
        internacional e logística.
Prof. Dr. Carlos Honorato Schuch Santos
        Doutor em Engenharia de Produção pela UFSC (Universidade
        Federal de Santa Catarina) e Mestre em Administração pelo
        PPGA/UFRGS (Programa de Pós-Graduação em Administra-
        ção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Professor
        da UCS (Universidade de Caxias do Sul), da UNISC (Univer-
        sidade de Santa Cruz do Sul) e da UERGS (Universidade
        Estadual do Rio Grande do Sul) em programas de graduação e
        pós-graduação.
Prof. M.Sc. Gabriel Sperandio Milan
        Doutor em Engenharia de Produção na área de Sistemas de
        Qualidade e Meste em Engenharia de Produção na área de
4             Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

        Qualidade e Gerência de Serviços pelo PPGEP/UFRGS (Pro-
        grama de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Uni-
        versidade Federal do Rio Grande do Sul). Coordenador de
        cursos de pós-graduação: Especialização em Administração
        Estratégica de Serviços e MBA em Gestão Estratégica da
        Produção da UCS (Universidade de Caxias do Sul) e em Ma-
        rketing Estratégico do CESF (Centro de Ensino Superior Ce-
        necista de Farroupilha). Coordenador Pedagógico de cursos de
        pós-graduação: Especialização em Gestão da Produção e Ges-
        tão Empresarial do CESF. Professor da UCS e do CESF em
        programas de graduação e pós-graduação. Consultor nas áreas
        de estratégia e mercado.
Prof. M.Sc. Luciano Madruga Ludwig
        Mestre em Agronegócios pelo CEPAN/UFRGS – Centro de
        Estudos e Pesquisas em Agronegócios – com ênfase em gestão
        de cadeias de suprimentos e canais de distribuição; graduado
        em Engenharia Agrícola pela Universidade Luterana do Brasil.
        Professor das disciplinas de Logística Internacional e Estraté-
        gia Organizacional para os cursos de Administração de Empre-
        sas e Comércio Exterior da Univates e das Faculdades Rio-
        Grandenses. Pesquisador de clusters, cadeias produtivas e sis-
        temas de distribuição. Experiência em otimização de processos
        internos e externos e em desenvolvimento de projetos agroin-
        dustriais e de irrigação no Centro-Oeste do Brasil.
Profa. M.Sc. Magda Medianeira Reginato Bassanesi
        Mestre em Engenharia de Produção pela UFSM (Universidade
        Federal de Santa Maria) e graduada em Administração pela
        UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Professora da
        UCS (Universidade de Caxias do Sul) em programas de gra-
        duação. Pesquisadora nas áreas de Estratégia de Produção e
        Logística.
Profa. M.Sc. Margareth Rodrigues de Carvalho Borella
        Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio
        Grande do Sul; Doutoranda em Administração pela Universi-
        dade Federal do Rio Grande do Sul; graduada em Engenharia
        Química pela Universidade de Caxias do Sul; Professora da
        Universidade de Caxias do Sul junto ao Departamento de
Autores                                                             5

          Administração; Pesquisadora da Universidade de Caxias do
          Sul sobre sistema logístico; Congressista no Enanpad 2000 e
          no Enanpad 2004 com publicação nos Anais dos respectivos
          eventos; Coordenadora do MBA em Logística Empresarial da
          Universidade de Caxias do Sul.
Prof. Dr. Antônio Domingos Padula
        Doutor em Administração pela Université de Sciences Sociales
        de Grenoble, U.GRENOBLE II, França; Graduado em Enge-
        nharia Mecânica pela Escola de Engenharia de São José dos
        Campos, EEI, Brasil; Professor do Programa de Pós-graduação
        em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do
        Sul (PPGA/UFRGS).
Ana Paula Ferro Moreira
       Graduada em Administração com Habilitação em Comércio
       Exterior pelas Faculdades Rio-Grandenses – FARGS; Coorde-
       nadora de Planejamento de Produção – Ipiranga Petroquímica
       S.A.
Jéssica Lacorte
         Graduada em Administração – Habilitação Comércio Exterior
         pelas Faculdades Rio-Grandenses – FARGS e Gerente do De-
         partamento de Carga Aérea Internacional do Centro Logístico
         Eichenberg & Transeich.
Sergio Luis Alves Rodrigues
        Mestrando em Estratégia Organizacional pela Unisinos (Uni-
        versidade do Vale do Rio dos Sinos); Bacharel em Administra-
        ção – Habilitação Comércio Exterior pela FARGS (Faculdades
        Rio-Grandenses); Gerente Corporativo da Craft Multimodal;
        Profissional com 15 anos de experiência na área de transporte
        marítimo internacional; Palestrante nas principais universida-
        des do Rio Grande do Sul; Autor de diversos artigos publicados
        na área de logística internacional.
6   Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas
Prefácio


          Quando convidado pelo professor M.Sc. Guilherme Bergmann
Borges Vieira a prefaciar esta obra, imediatamente e de bom grado
aceitei tal deferência, motivado por dois fatores que, obrigatoriamente,
ligam-me a ela de forma muito especial. O primeiro, e sem dúvida o
mais importante, é a admiração que nutro tanto pelo organizador, pro-
fessor competente e com meritório reconhecimento junto ao corpo
discente do curso de Administração – Habilitação em Comércio Exterior
da Universidade de Caxias do Sul, bem como pelos demais profissionais
convidados, todos pesquisadores com conhecimento e competência
ilibados na área da logística estratégica, alguns também colaboradores
nas disciplinas do curso anteriormente referendado. A segunda razão, e
sem dúvida também importante, é o fato de que convidar um professor
da área mercadológica para prefaciar um livro com abordagem logística
é permitir-lhe lembrar a própria origem desta filosofia, cujo apare-
cimento remete ao final do século XIX, focada principalmente na
resolução de problemas relacionados com as atividades de distribuição
de produtos oriundos da produção em massa nos mercados.

         Inúmeros são os fatos na história que demonstram a importân-
cia da logística no sucesso ou no fracasso de operações estratégicas.
Isso nos leva a considerações importantes que relacionam a atividade à
própria história da humanidade, como componente fundamental em
todas as suas realizações. A logística situa-se no coração de qualquer
organização e é, para ela, atividade vital quando se avalia sua sobrevi-
vência. Uma empresa deve aprender a posicionar-se e buscar melhor
fornecimento em seus mercados. Em um contexto caracterizado por
mudanças bruscas, principalmente aquelas que se referem à competiti-
vidade, atender de forma adequada tanto ao cliente interno como externo,
8              Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

gera a transformação necessária para uma maior performance da orga-
nização em seu contexto ambiental.
          O livro Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria
e Pesquisas, do professor M.Sc. Guilherme Bergmann Borges Vieira,
destaca-se neste aspecto. Preenche um espaço importante, consistindo
literatura fundamental em todas as bibliotecas dos profissionais da área,
bem como ferramenta de consulta obrigatória nas atividades de ensino,
pesquisa e extensão.
                           Prof. M.Sc. Nelson Vinicius Lopes Branchi
               Diretor do Centro de Ciências Contábeis, Econômicas e
                    Administrativas da Universidade de Caxias do Sul
Sumário


Autores ........................................................................................        3

Prefácio ........................................................................................       7

O Futuro da Atividade Logística...................................................                     11
     Carlos Honorato Schuch Santos
     Magda Medianeira Reginato Bassanesi

Fatores Determinantes na Contratação do Prestador de Serviços
Logísticos de Carga Aérea Internacional e Tendências para o
Setor ..............................................................................................   25
      Guilherme Bergmann Borges Vieira
      Jéssica Lacorte
      Carlos Honorato Schuch Santos

Diferenciação por Serviços e Posicionamento Competitivo.........                                       71
      Gabriel Sperandio Milan

O Nível de Serviço de um Consolidador de Cargas Marítimas pela
Ótica dos Usuários ........................................................................            97
      Guilherme Bergmann Borges Vieira
      Sergio Luis Alves Rodrigues

A Terceirização das Operações Logísticas na Ipiranga Petroquí-
mica: Uma Abordagem Teórico-Empírica.................................... 121
      Guilherme Bergmann Borges Vieira
      Ana Paula Ferro Moreira
      Carlos Honorato Schuch Santos
10                  Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

Relacionamentos em Cadeias de Suprimentos .............................. 173
     Luciano Madruga Ludwig

Elementos e Mecanismos do Suprimento JIT e do Atendimento
JIT de Duas Empresas Líderes do Segmento de Autopeças de
Caxias do Sul-RS........................................................................... 203
     Margareth Rodrigues de Carvalho Borella
     Antônio Domingos Padula
O Futuro
                                     da Atividade Logística



                                      Carlos Honorato Schuch Santos
                                        Universidade de Caxias do Sul
                                Magda Medianeira Reginato Bassanesi
                                       Universidade de Caxias do Sul

Resumo
         O novo cenário que envolve as relações empresa-mercado,
após a década de 90, fez com que a logística se transformasse em uma
potente ferramenta estratégica. O presente capítulo analisa os cinco
principais aspectos que têm ampliado e tornado mais complexas as
atividades logísticas:
         i) a globalização;
         ii) o produto organizacional;
         iii) a logística reversa;
         iv) a gestão da informação; e
         v) os canais flexíveis de distribuição.
         Devido a esses fatores, a logística, hoje, é muito mais do que a
simples ampliação das operações tradicionais, tais como transporte,
armazenagem e distribuição. E quem souber explorar os novos horizon-
tes da atividade logística poderá “sair na frente” e usá-la como uma
poderosa arma de competitividade.

1.       Introdução
        Durante longo tempo, mais ou menos de 1910 até 1970, as
organizações formularam e implementaram suas estratégias operacio-
12            Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

nais com foco na “oferta”. A demanda reprimida, especialmente durante
e imediatamente após as duas grandes guerras do século XX, funciona-
va como sustentação teórica para os responsáveis pelas estratégias
organizacionais. A lógica de funcionamento das empresas, dessa forma,
era: “produzir volume maior, pois demanda existe!”. Durante esse
mesmo período, consolidou-se a idéia, entre esses estrategistas, de que
“a oferta cria a sua própria demanda”.

         Os anos 80 marcaram o início de uma nova era, em que as
“verdades” do período anterior foram postas em cheque. O principal
fato, que não só abalou essas verdades, mas também terminou com a
hegemonia do sistema norte-americano de fabricação, foi o aparecimen-
to, para o mundo, do Sistema Toyota de Produção (STP). Em um
determinado momento, carros japoneses estavam sendo vendidos em
solo americano, depois de atravessarem o Pacífico, com uma “qualidade
intrínseca” maior e um “preço de venda” menor. Era a conseqüência de
uma nova forma de produzir: o STP.

         O aparecimento do STP para o mundo não teria tido um “efeito
devastador” tão grande se a posição das empresas em relação ao merca-
do continuasse a ser de “conforto”, em função da demanda reprimida.
Acontece, no entanto, que, paralelamente ao surgimento do STP, o
mercado começou a dar sinais de esgotamento da sua demanda reprimi-
da. Com isso, os consumidores começaram a dispor de uma maior
variedade de produtos e puderam “começar a escolher”. Não era mais
suficiente apenas “produzir”. Precisava-se “produzir bem”, pois o con-
sumidor não estava apenas “comprando”, e sim “escolhendo para com-
prar”. Essa nova relação empresa-mercado não só acabou com as “anti-
gas verdades”, como também impulsionou as empresas no sentido de
buscarem novas estratégias.

         No final do século XX, foi possível observar que, para muitas
empresas, as técnicas e os novos conceitos introduzidos na área de
operações e logística pelo STP eram insuficientes para sustentar as suas
próprias posições competitivas, pois as “variáveis influenciadoras” es-
tavam cada vez mais mutáveis e essa mudança acontecendo a uma
velocidade cada vez maior.
O Futuro da Atividade Logística                                       13

         Para se entender as novas verdades da relação empresa-merca-
do, bem como as novas tendências que está assumindo a logística nesse
cenário, é fundamental que se pense, no mínimo, em cinco pontos:

         a) a globalização;

         b) o produto organizacional;

         c) a logística reversa;

         d) a gestão da informação; e

         e) os canais flexíveis de distribuição.

2.       A Globalização

          No final dos anos 80 e início dos anos 90 um importante
elemento passou a fazer parte do cenário empresarial: a globalização
dos mercados. Com ela, foram abandonadas definitivamente as “estra-
tégias de oferta” típicas e características da era fordista, onde a prio-
ridade de produção era a maximização do uso dos recursos. Em seu
lugar, as empresas, de uma maneira geral, começaram a desenhar suas
estratégias operacionais com o que se pode definir como sendo “estra-
tégias de demanda” (Kash, 2002).

         A estratégia de demanda inverteu a origem do processo do iní-
cio da fabricação (componentes ou matéria-prima) para o final do
mesmo (consumo final). A oferta não tinha mais força para criar a sua
própria demanda. Era necessário que a produção (o que fazer e como
fazer) fosse ajustada aos desejos e necessidades do consumidor final,
sendo este o agente que define a produção. A primeira pergunta passou
a ser: “O que os consumidores querem consumir?” E, a partir dela, a
produção passou a moldar a estrutura tanto de produtos como de pro-
cessos.

         A mudança do ponto de partida do processo produtivo para o
consumidor final produziu mudanças profundas na estrutura do “pro-
cesso”, fragmentando a produção e tornando a logística uma ferramenta
estratégica de fundamental importância.
14             Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

         O conceito de logística é muito antigo. Alguns grandes heróis
da história antiga, especialmente Gengis Khan e Alexandre, o Grande,
foram grandes estrategistas logísticos. O exército, desde Alexandre, já
usava os movimentos de tropas e dos corpos de apoio como forma de
alcançar as vitórias – e, muitas vezes, sem precisar lutar. Napoleão
dominou a Europa a partir da combinação de duas estratégias:

         a) a substituição dos exércitos mercenários por exércitos na-
            cionais; e

         b) a movimentação rápida e eficiente de tropas que era possí-
            vel em função de uma “preparação” logística adequada.

         Embora essa palavra, logística, não apareça nos clássicos, o
conceito já era bem conhecido.

         Foi na 2ª Guerra Mundial, no entanto, que o conceito moderno
de logística ganhou suas formas definitivas. O exemplo mais eloqüente
da importância da estratégia logística na decisão de um conflito foi o
que aconteceu no norte da África na 2ª Guerra Mundial. A imbatível
“Divisão Panzer” só foi derrotada quando os aliados conseguiram “cor-
tar o combustível” para os tanques alemães.

         Ainda mais recentemente, no conflito do Kuwait, os exércitos
americanos mostraram mais uma vez para o mundo que o que decide um
conflito é a estratégia logística de abastecimento das “linhas de frente”.
E na recente Guerra do Iraque (2003-2004), a invasão americana “de-
morou” meio ano, pois estava sendo preparada a “logística da guerra”.

         Para as empresas, a situação não é diferente. A fragmentação
da produção que transformou, por exemplo, as “fábricas” de veículos
em “montadoras”, fez emergir a necessidade da estratégia logística. O
acirramento da competição, conseqüência do novo consumidor final,
mais exigente e com maior disponibilidade de informação, fez com que
as empresas, ou melhor, as cadeias produtivas buscassem reestruturar
seus fluxos produtivos de forma cada vez mais eficiente. Não basta
produzir um bom produto, é preciso, além disso, produzir de forma
rápida, customizada e com custos competitivos. Para isso, é preciso
O Futuro da Atividade Logística                                     15

definir canais de produção eficazes e gerir os fluxos ou, em outras
palavras, é preciso que a cadeia tenha uma estratégia logística.

         A globalização dos mercados, por muitos combatida e até
chamada de “estranha ditadura” (Forrester, 2001), é, sem dúvida, irre-
versível e inevitável (Gilpin, 2004; Barnet e Cavanagh, 1994). Com ela,
a arena competitiva foi ampliada e as empresas precisaram começar a
“fazer melhor” o que já estavam fazendo, para que se mantivessem
competitivas. Acontece que as “melhorias internas” (sistemas de produ-
ção mais enxutos, reengenharia de processos, melhoria contínua…) já
tinham otimizado os processos produtivos internos, criando, inclusive,
uma certa ociosidade que foi chamada de “ociosidade estratégica”, pois
servia para “criar barreiras para os novos entrantes” (Porter, 1989) e
para rápidas adaptações às exigências do mercado.

         Esses mercados, com a globalização, passam por contínuas
transformações geradas por mudanças nas expectativas dos clientes ou
por novos conceitos oriundos de questões culturais criadas e desenvol-
vidas em regiões geográficas específicas. Com elas surgem, paralela-
mente, novas restrições e novas realidades que exigem “novas soluções”
para os fluxos de abastecimento das unidades de produção. Essa lógica
pode ser estendida até o consumidor final, fazendo com que, muitas
vezes, a estratégia do fluxo seja mais decisiva para a competição do que
a própria estratégia de produção.

          O “fazer melhor” se deslocou para a cadeia de suprimentos
(supply chain) em que as empresas estão inseridas. Com isso, não só a
preocupação com a logística, mas a estratégia logística ganhou espaço
quando da formatação das estratégias corporativas. A partir dos “exube-
rantes anos 90” (Stiglitz, 2003), os gestores das organizações precisa-
ram desenvolver “habilidades políticas” não só para gerenciar a cadeia
como para encontrar um lugar apropriado dentro das mesmas. Foi
preciso desenvolver a habilidade de “olhar para fora dos muros organi-
zacionais”, de entender o ambiente (e a cadeia) onde a empresa está
inserida e de desenvolver estratégias conjuntas com as demais organiza-
ções que fazem parte da cadeia. Nesse contexto, termos como “arranjos
produtivos”, clusters, entre outros, começaram a ser incluídos nas aná-
lises e planejamentos setoriais.
16             Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

         A complexidade das relações externas foi esgotando o poder
de explicação do conceito de “cadeia” (conjunto de elos ligados de
forma linear) e hoje já se fala em “rede” (Bovet e Martha, 2001). Com
isso, a arquitetura logística pode ser melhor mapeada e entendida.
Paralelamente, os estrategistas organizacionais começaram a desenvol-
ver estratégias logísticas cada vez mais eficazes (para fazer frente à
concorrência) e cada vez mais complexas (com ligações em todas as
direções e com uma diversidade maior de parceiros).
         Tem-se, portanto, que a globalização dos exuberantes anos 90
produziu modificações estruturais nas estratégias empresariais e a estra-
tégia logística apareceu “com muita força” e como condição necessária
de competitividade.

3.      O Produto Organizacional
         Durante o período fordista, que se esgotou na década de 70-80
como referência hegemônica para organizar a produção, as empresas
tinham sua atuação claramente definida entre produto (quando era
tangível) e serviço (quando era intangível). Esta não só era uma separa-
ção operacional muito adequada para a época, como era uma forma de
agrupar “coisas diferentes em lugares diferentes”. Até hoje, alguns
resquícios dessa forma de pensar podem ser encontrados. Por exemplo:
alguns cursos de MBA são lançados com objetivo de estudar apenas
“produto” ou apenas “serviço”.
         Acontece que a estrutura e a dinâmica da competição muda-
ram! Ninguém mais sobrevive se apenas “produzir um bom produto”.
Hoje, os produtos tangíveis precisam ter uma “embalagem” de serviços.
De nada adianta produzir uma geladeira com funções e desempenho
maravilhosos se essa geladeira demorar dois meses para ir da loja ou
fábrica até o consumidor final ou, ainda, se não houver uma rede que
garanta a assistência técnica desse produto em caso de problemas
técnicos e de funcionamento. O consumidor não só está muito mais
informado sobre o que existe no mercado hoje, como está cada vez
menos paciente: ele quer o produto funcionando (e bem!) na mesma
hora em que o compra, o que obriga as empresas a ampliarem a
embalagem de seus serviços.
O Futuro da Atividade Logística                                          17

         Por outro lado, as organizações, ou melhor, as cadeias produti-
vas (“redes”), não podem se dar ao luxo de ficar esperando o consumi-
dor com o produto estocado. A diversificação da produção, desenvolvi-
da para customizar os produtos, faz que aquele produto que o consumi-
dor deseja, no caso a geladeira, seja quase único e quase feito por
encomenda. Essa customização da produção dificulta e até impossibilita
a atividade de estocagem.
          Se é preciso entregar com rapidez, mas não se pode estocar,
como fazer? A resposta é: estratégia logística. Dornier et al. (2000, p. 41)
destacam que a “logística – gestão de fluxos – é primeiramente um
fornecedor de serviços”, sendo que o planejamento, a coordenação e o
controle existentes entre todas as partes envolvidas nas operações e na
logística dos materiais e das informações são o que permite a realização
do serviço esperado pelo cliente. É possível, nesse sentido, utilizar a lo-
gística como uma ferramenta para agregar valor aos produtos tangíveis.
          A estratégia logística, que envolve montar uma estrutura ro-
busta e desenvolver uma dinâmica eficaz, passou a ser tão importante
para o produto tangível (no caso: a geladeira) que o serviço logístico
deixou de ser uma função organizacional e passou a se constituir na
“embalagem” dos produtos tangíveis, conferindo diferenciação e com-
petitividade aos mesmos.
         Os produtos tangíveis, dessa forma, passaram, após os anos 90,
a contar, além do seu valor utilidade, com o valor tempo, o valor
localização e o valor confiabilidade conferidos pelos serviços logísticos
a eles associados. A criação de uma estratégia logística que ofereça
rapidez de entrega (valor tempo), que disponibilize o produto no local
certo (valor localização) e que entregue o produto nas condições prome-
tidas (prazo, qualidade, entre outros) cria confiabilidade e produz um
diferencial entre concorrentes, cada vez mais parecidos em relação aos
recursos de produção (matérias-primas, equipamentos e mão-de-obra).

4.       Logística Reversa
         As estratégias competitivas utilizadas pelas empresas, hoje,
passam invariavelmente pela questão diferenciação da concorrência, o
que é algo característico do momento mercadológico, em que a oferta
18             Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

agregada dos produtos é muito superior às suas demandas. A necessida-
de de encontrar uma posição única no mercado por meio de um produto
único, com serviços únicos a ele associados, bem como a preocupação
com os resíduos organizacionais, motivada pela busca de uma imagem
de responsabilidade social e ambiental da empresa e do seu produto, fez
com que surgisse a preocupação com a Logística Reversa (LR).

         Leite (2003, p.16) define a Logística Reversa como “a área da
Logística Empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as infor-
mações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e
de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio
dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas
naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporati-
va, entre outros”. O autor faz uma diferenciação entre duas grandes
áreas de atuação da LR:

         a) a Logística Reversa de Pós-Venda; e

         b) a Logística Reversa de Pós-Consumo.

         A Logística Reversa de Pós-Venda é a área da logística que,
especificamente, “se ocupa do equacionamento e operacionalização do
fluxo físico e das informações logísticas correspondentes aos bens de
pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que, por diferentes motivos,
retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que se
constituem de uma parte dos canais reversos pelos quais fluem esses
produtos”. Já a Logística Reversa de Pós-Consumo é denominada como
a área de atuação da Logística Reversa que “equaciona e operacionaliza
o fluxo físico e as informações correspondentes aos bens de pós-consu-
mo descartados pela sociedade em geral e que retornam ao ciclo de
negócios ou ao ciclo produtivo através de canais de distribuição reversos
específicos”. Os bens de pós-consumo são definidos como sendo aque-
les que chegaram ao final de sua vida útil, os bens usados que ainda têm
possibilidade de utilização e os resíduos industriais de uma forma geral.
Esses bens fluem pelos canais reversos de reuso, desmanche e recicla-
gem até a destinação final (Figura 1).
O Futuro da Atividade Logística                                   19

               Figura 1: Logística Reversa na Cadeia Produtiva




Fonte: Os autores.

         A LR, além de uma estratégia de bom relacionamento com o
mercado, pode significar “ganhos extras” para as empresas. São
incontestáveis as vantagens econômicas do uso de materiais de retorno
em alguns segmentos, como, por exemplo, nas empresas brasileiras que
utilizam o alumínio como matéria-prima na fabricação de embalagens
20            Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

para bebidas. Hoje são recolhidas mais de 85% das latas de alumínio
usadas, sendo processadas a um custo quatro vezes menor do que a
partir do minério. Além desse exemplo clássico, pode ser apontado
também o caso das montadoras de automóveis européias que, depois de
ações de adequação às leis da região quanto à disposição dos automó-
veis após sua vida útil, têm tido lucro com o reaproveitamento dos
materiais reciclados e com a venda de peças usadas. Esses materiais são
obtidos por um fluxo reverso estruturado a partir de ações conjuntas en-
tre empresas concorrentes. Os casos aqui apresentados atestam que, nas
empresas, as questões que envolvem a responsabilidade socioambiental
podem deixar de ser vistas como “problemas”, para passarem a ser
tratadas como uma fonte de incremento de receitas, via redução do
custo das matérias-primas ou acréscimo de novos negócios.
         Para que isso aconteça, entretanto, é necessário estruturar um
ciclo reverso dos produtos e muitas empresas ainda não se deram conta
de que, para implantar com sucesso a LR e “ganhar mais dinheiro”,
precisam buscar estratégias diferentes do isolacionismo. Se uma empre-
sa não possui volume suficiente de fluxo reverso que justifique a mon-
tagem de uma estrutura reversa, por que não estabelece uma aliança
estratégica com outras empresas (inclusive concorrentes) para isso,
como fizeram as montadoras européias? Concorrente não é inimigo,
podendo ser parceiro em uma atividade isolada, criando, com isso, uma
vantagem para ambos em relação ao resto do mundo (mundo este bem
globalizado e bem articulado).

5.      Gestão da Informação
        O processo logístico da era fordista contemplava dois fluxos:
        a) o fluxo direto de produtos que se tornavam matéria-prima
           para o elo seguinte;
        b) fluxo de ativos monetários que se deslocavam em sentido
           inverso em relação aos produtos.
        Com o passar do tempo, o poder dentro da cadeia foi se
deslocando do produtor primário (fazenda) para os elos mais próximos
do consumidor (indústria, varejo e, por fim, ponto-de-venda final). Esse
deslocamento de poder é explicado em função da proximidade daquele
O Futuro da Atividade Logística                                        21

que toma a decisão da compra: o consumidor final. É claro que existem
situações em que esse poder continua concentrado na origem da cadeia,
como é o caso da construção civil, em que as cimenteiras e siderúrgicas
continuam ditando o funcionamento do conjunto. De maneira geral, no
entanto, esse não é o caso.

          O poder sofreu forte mudança na cadeia produtiva com o
advento do fluxo de informações, deslocando-se do produtor primário
para o consumidor final. Em outras palavras, os fatores que possibilita-
ram o deslocamento do poder na cadeia (ou na rede) foram, basicamen-
te, a posse e o gerenciamento da informação.

          Com o fim da hegemonia fordista e o aparecimento de formas
rápidas e eletrônicas de distribuir dados e informações, o fluxo logístico,
que era basicamente composto por dois fluxos (físico e financeiro),
ganhou mais um elemento: o fluxo informacional. Não que ele não
existisse em épocas anteriores; o que acontecia é que a sua importância
era marginal em relação aos dois anteriores e os gestores pouco se
preocuparam com ele. Com o fluxo informacional, o processo logístico
ganhou um novo espaço dentro das organizações e passou, muitas
vezes, a ser a questão mais importante para gerenciar. Com isso, a
logística, que incorporou o fluxo informacional ao processo produtivo,
tornou-se fundamental no deslocamento de poder dentro da cadeia
produtiva.

          O fluxo informacional, diferentemente dos dois fluxos anterio-
res (físico e financeiro), não possui apenas um sentido. Na cadeia
logística, a informação precisa fluir com igual velocidade e densidade
de informações tanto no sentido direto (fornecedor – produtos – consu-
midor) como no sentido contrário. Tanto isso é verdade que muitas
empresas monitoram e reorientam suas estratégias corporativas usando
ferramentas do tipo CRM (Customer Relationship Management). O
CRM, inclusive, tem sido usado para gerenciamento de parcerias: “à
medida que a economia da era da Internet evolui em complexidade e pe-
netra cada vez mais na assim chamada Velha Economia, a necessidade
de administrar as parcerias cresce de importância” (Greenberg, 2001,
p. 181).
22              Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

         Ora, com a inserção do fluxo informacional no processo, a
logística passa a ser vista como estratégica. Paralelamente, a idéia de
“cadeia” pode ser ampliada e, quando a arquitetura dos fluxos forma
uma “rede”, o que acontece é que a informação passa a ser o elemento
mais importante da estratégia logística.
         Tem-se, portanto, que a nova arquitetura dos fluxos logísticos
fez com que a gestão da informação no processo logístico passasse a ser
estratégica: quem gerencia o fluxo informacional detém o poder da
cadeia ou rede logística.
                         Figura 2: Fluxos Logísticos




Fonte: Os autores.

6.        Canais Flexíveis de Distribuição
        Abandonando a idéia rígida de cadeia, pode-se pensar em
desenhar uma estratégia logística que contemple diferentes fornecedo-
res com competências diferenciadas, no mesmo estágio do processo de
produção. Com isso, pode-se flexibilizar não só o processo logístico
como o próprio produto final que é conseqüência dele.
         Canais flexíveis são aqueles que não precisam “necessaria-
mente” passar por um ponto predeterminado. Canais flexíveis podem
ser desenhados com a intenção de customizar o produto do canal. Desse
modo, os canais flexíveis são aqueles que podem assumir diferentes
formas quando sobrepostos em uma “rede” de relacionamentos organi-
zacionais.
O Futuro da Atividade Logística                                      23

         Quando o canal estiver apoiado em uma eficiente estrutura
informacional e em uma estrutura de alianças estratégicas sólidas entre
diferentes empresas, se um consumidor final desejar um produto com
especificação fora do padrão (por exemplo, um banco de couro em um
carro popular), pode-se ativar um fornecedor pré-selecionado (que faça
parte da rede) para que esse elemento do produto final seja incorporado
sem que o consumidor precise “esperar mais” em função disso.
         Quando essa customização deixa de ser um caso isolado e
passa a fazer parte da rotina das empresas que fazem parte da rede, tem-
se uma arquitetura flexível dos canais de distribuição.

7.       Conclusão
         A globalização; a nova forma de definir o produto organizacio-
nal das empresas; a logística considerada como uma embalagem, com o
objetivo de alavancar a competitividade do produto e da empresa; a
necessidade de incorporação da logística reversa no conjunto de proces-
sos operativos das empresas; a emergência da informação e a necessida-
de da sua gestão; e, finalmente, o aparecimento dos canais de distri-
buição flexíveis ao longo do processo de fabricação são motivos mais do
que suficientes para que a logística passe a ser um elemento fundamen-
tal na montagem e implementação das estratégias organizacionais.
        Portanto, a logística hoje é muito mais do que a ampliação do
conhecido “faço frete”. E mais do que transporte; é mais do que gestão
de materiais e mais do que ferramenta de apoio ao marketing e à
produção. A logística é tudo isso ao mesmo tempo e ainda é uma arma
poderosa de competitividade para quem souber usá-la!

Bibliografia
BARNET, Richard e CAVANAGH, John. Global Dream. New York:
  Simon and Schuster, 1994.
BOVET, David e MARTHA, Joseph. Rede de Valor. São Paulo: Negócio
  Editora, 2001.
DORNIER, Philippe-Pierre; ERNST, Ricardo; FENDER, Michel;
  KOUVELIS, Panos. Logística e Operações Globais. Textos e Casos.
  São Paulo: Atlas, 2000.
24            Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas

FORRESTER, Viviane. Uma Estranha Ditadura. São Paulo: Unesp,
  2001.
GILPIN, Robert. O Desafio do Capitalismo Global. Rio de Janeiro:
  Record, 2004.
GREENBERG, Paul. CRM. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
KASH, Rick. A Nova Ordem do Mercado. Rio de Janeiro: Campus,
  2002.
LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competiti-
  vidade. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de janeiro: Campus,
  1999.
STIGLITZ, Joseph. Os Exuberantes Anos Noventa. São Paulo: Cia. das
  Letras, 2003.

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  • 1. Guilherme Bergmann Borges Vieira (Organizador) Logística e Distribuição Física INTERNACIONAL TEORIA E PESQUISAS São Paulo 2006
  • 2. Copyright © 2006 Coordenadora: Yone Silva Pontes Diagramação: Alzira Cabral, Luiz Fernando Romeu e Nilza Ohe Ilustração de capa: Tami Arita Akabane Revisão: Setsuko Araki Impressão e acabamento: Graphic Express Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Logística e distribuição física internacional : teoria e pesquisas / Guilherme Bergmann Borges Vieira , (organizador) . -- São Paulo : Lex Editora, 2006. Vários autores. ISBN 85-87364-97-9 1. Comércio exterior 2. Distribuição física de bens 3. Expedição de bens 4. Logística (Organização) I. Vieira, Guilherme Bergmann Borges. 06-1690 CDD-382.0687 Índices para catálogo sistemático: 1. Logística e distribuição física internacional : Administração : Comércio exterior 382.0687 2006 Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Edições Aduaneiras Ltda. LEX Editora S.A. Tel.: 11 3120 3030 – Fax: 11 3159 5044 Tel.: 11 2126 6000 – Fax: 11 2126 6001 DDG: 0800 70 777 70 DDG: 0800 11 0122 e-mail: aduaneiras@aduaneiras.com.br e-mail: lex@lex.com.br Rua da Consolação, 77 – CEP 01301-000 – São Paulo
  • 3. Autores Prof. M.Sc. Guilherme Bergmann Borges Vieira (Organizador) Mestre em Gestão Portuária e Transporte Intermodal pelo Icade – Instituto de Administración y Dirección de Empresas da Universidad Pontificia Comillas de Madrid; Bacharel em Administração – Habilitação Comércio Exterior pela Universi- dade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos; Professor da Uni- versidade de Caxias do Sul – UCS, das Faculdades Rio-Gran- denses – FARGS e do Centro Universitário Ritter dos Reis – Uniritter em nível de graduação e pós-graduação. Autor dos livros Transporte Internacional de Cargas e Regulamentação no Comércio Internacional: aspectos contratuais e implica- ções práticas, editados pela Aduaneiras; Instrutor de cursos na área de comércio exterior em colaboração com diversas instituições nacionais e internacionais; Consultor de comércio internacional e logística. Prof. Dr. Carlos Honorato Schuch Santos Doutor em Engenharia de Produção pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e Mestre em Administração pelo PPGA/UFRGS (Programa de Pós-Graduação em Administra- ção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Professor da UCS (Universidade de Caxias do Sul), da UNISC (Univer- sidade de Santa Cruz do Sul) e da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul) em programas de graduação e pós-graduação. Prof. M.Sc. Gabriel Sperandio Milan Doutor em Engenharia de Produção na área de Sistemas de Qualidade e Meste em Engenharia de Produção na área de
  • 4. 4 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas Qualidade e Gerência de Serviços pelo PPGEP/UFRGS (Pro- grama de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Uni- versidade Federal do Rio Grande do Sul). Coordenador de cursos de pós-graduação: Especialização em Administração Estratégica de Serviços e MBA em Gestão Estratégica da Produção da UCS (Universidade de Caxias do Sul) e em Ma- rketing Estratégico do CESF (Centro de Ensino Superior Ce- necista de Farroupilha). Coordenador Pedagógico de cursos de pós-graduação: Especialização em Gestão da Produção e Ges- tão Empresarial do CESF. Professor da UCS e do CESF em programas de graduação e pós-graduação. Consultor nas áreas de estratégia e mercado. Prof. M.Sc. Luciano Madruga Ludwig Mestre em Agronegócios pelo CEPAN/UFRGS – Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios – com ênfase em gestão de cadeias de suprimentos e canais de distribuição; graduado em Engenharia Agrícola pela Universidade Luterana do Brasil. Professor das disciplinas de Logística Internacional e Estraté- gia Organizacional para os cursos de Administração de Empre- sas e Comércio Exterior da Univates e das Faculdades Rio- Grandenses. Pesquisador de clusters, cadeias produtivas e sis- temas de distribuição. Experiência em otimização de processos internos e externos e em desenvolvimento de projetos agroin- dustriais e de irrigação no Centro-Oeste do Brasil. Profa. M.Sc. Magda Medianeira Reginato Bassanesi Mestre em Engenharia de Produção pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e graduada em Administração pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Professora da UCS (Universidade de Caxias do Sul) em programas de gra- duação. Pesquisadora nas áreas de Estratégia de Produção e Logística. Profa. M.Sc. Margareth Rodrigues de Carvalho Borella Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Doutoranda em Administração pela Universi- dade Federal do Rio Grande do Sul; graduada em Engenharia Química pela Universidade de Caxias do Sul; Professora da Universidade de Caxias do Sul junto ao Departamento de
  • 5. Autores 5 Administração; Pesquisadora da Universidade de Caxias do Sul sobre sistema logístico; Congressista no Enanpad 2000 e no Enanpad 2004 com publicação nos Anais dos respectivos eventos; Coordenadora do MBA em Logística Empresarial da Universidade de Caxias do Sul. Prof. Dr. Antônio Domingos Padula Doutor em Administração pela Université de Sciences Sociales de Grenoble, U.GRENOBLE II, França; Graduado em Enge- nharia Mecânica pela Escola de Engenharia de São José dos Campos, EEI, Brasil; Professor do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGA/UFRGS). Ana Paula Ferro Moreira Graduada em Administração com Habilitação em Comércio Exterior pelas Faculdades Rio-Grandenses – FARGS; Coorde- nadora de Planejamento de Produção – Ipiranga Petroquímica S.A. Jéssica Lacorte Graduada em Administração – Habilitação Comércio Exterior pelas Faculdades Rio-Grandenses – FARGS e Gerente do De- partamento de Carga Aérea Internacional do Centro Logístico Eichenberg & Transeich. Sergio Luis Alves Rodrigues Mestrando em Estratégia Organizacional pela Unisinos (Uni- versidade do Vale do Rio dos Sinos); Bacharel em Administra- ção – Habilitação Comércio Exterior pela FARGS (Faculdades Rio-Grandenses); Gerente Corporativo da Craft Multimodal; Profissional com 15 anos de experiência na área de transporte marítimo internacional; Palestrante nas principais universida- des do Rio Grande do Sul; Autor de diversos artigos publicados na área de logística internacional.
  • 6. 6 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas
  • 7. Prefácio Quando convidado pelo professor M.Sc. Guilherme Bergmann Borges Vieira a prefaciar esta obra, imediatamente e de bom grado aceitei tal deferência, motivado por dois fatores que, obrigatoriamente, ligam-me a ela de forma muito especial. O primeiro, e sem dúvida o mais importante, é a admiração que nutro tanto pelo organizador, pro- fessor competente e com meritório reconhecimento junto ao corpo discente do curso de Administração – Habilitação em Comércio Exterior da Universidade de Caxias do Sul, bem como pelos demais profissionais convidados, todos pesquisadores com conhecimento e competência ilibados na área da logística estratégica, alguns também colaboradores nas disciplinas do curso anteriormente referendado. A segunda razão, e sem dúvida também importante, é o fato de que convidar um professor da área mercadológica para prefaciar um livro com abordagem logística é permitir-lhe lembrar a própria origem desta filosofia, cujo apare- cimento remete ao final do século XIX, focada principalmente na resolução de problemas relacionados com as atividades de distribuição de produtos oriundos da produção em massa nos mercados. Inúmeros são os fatos na história que demonstram a importân- cia da logística no sucesso ou no fracasso de operações estratégicas. Isso nos leva a considerações importantes que relacionam a atividade à própria história da humanidade, como componente fundamental em todas as suas realizações. A logística situa-se no coração de qualquer organização e é, para ela, atividade vital quando se avalia sua sobrevi- vência. Uma empresa deve aprender a posicionar-se e buscar melhor fornecimento em seus mercados. Em um contexto caracterizado por mudanças bruscas, principalmente aquelas que se referem à competiti- vidade, atender de forma adequada tanto ao cliente interno como externo,
  • 8. 8 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas gera a transformação necessária para uma maior performance da orga- nização em seu contexto ambiental. O livro Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas, do professor M.Sc. Guilherme Bergmann Borges Vieira, destaca-se neste aspecto. Preenche um espaço importante, consistindo literatura fundamental em todas as bibliotecas dos profissionais da área, bem como ferramenta de consulta obrigatória nas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Prof. M.Sc. Nelson Vinicius Lopes Branchi Diretor do Centro de Ciências Contábeis, Econômicas e Administrativas da Universidade de Caxias do Sul
  • 9. Sumário Autores ........................................................................................ 3 Prefácio ........................................................................................ 7 O Futuro da Atividade Logística................................................... 11 Carlos Honorato Schuch Santos Magda Medianeira Reginato Bassanesi Fatores Determinantes na Contratação do Prestador de Serviços Logísticos de Carga Aérea Internacional e Tendências para o Setor .............................................................................................. 25 Guilherme Bergmann Borges Vieira Jéssica Lacorte Carlos Honorato Schuch Santos Diferenciação por Serviços e Posicionamento Competitivo......... 71 Gabriel Sperandio Milan O Nível de Serviço de um Consolidador de Cargas Marítimas pela Ótica dos Usuários ........................................................................ 97 Guilherme Bergmann Borges Vieira Sergio Luis Alves Rodrigues A Terceirização das Operações Logísticas na Ipiranga Petroquí- mica: Uma Abordagem Teórico-Empírica.................................... 121 Guilherme Bergmann Borges Vieira Ana Paula Ferro Moreira Carlos Honorato Schuch Santos
  • 10. 10 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas Relacionamentos em Cadeias de Suprimentos .............................. 173 Luciano Madruga Ludwig Elementos e Mecanismos do Suprimento JIT e do Atendimento JIT de Duas Empresas Líderes do Segmento de Autopeças de Caxias do Sul-RS........................................................................... 203 Margareth Rodrigues de Carvalho Borella Antônio Domingos Padula
  • 11. O Futuro da Atividade Logística Carlos Honorato Schuch Santos Universidade de Caxias do Sul Magda Medianeira Reginato Bassanesi Universidade de Caxias do Sul Resumo O novo cenário que envolve as relações empresa-mercado, após a década de 90, fez com que a logística se transformasse em uma potente ferramenta estratégica. O presente capítulo analisa os cinco principais aspectos que têm ampliado e tornado mais complexas as atividades logísticas: i) a globalização; ii) o produto organizacional; iii) a logística reversa; iv) a gestão da informação; e v) os canais flexíveis de distribuição. Devido a esses fatores, a logística, hoje, é muito mais do que a simples ampliação das operações tradicionais, tais como transporte, armazenagem e distribuição. E quem souber explorar os novos horizon- tes da atividade logística poderá “sair na frente” e usá-la como uma poderosa arma de competitividade. 1. Introdução Durante longo tempo, mais ou menos de 1910 até 1970, as organizações formularam e implementaram suas estratégias operacio-
  • 12. 12 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas nais com foco na “oferta”. A demanda reprimida, especialmente durante e imediatamente após as duas grandes guerras do século XX, funciona- va como sustentação teórica para os responsáveis pelas estratégias organizacionais. A lógica de funcionamento das empresas, dessa forma, era: “produzir volume maior, pois demanda existe!”. Durante esse mesmo período, consolidou-se a idéia, entre esses estrategistas, de que “a oferta cria a sua própria demanda”. Os anos 80 marcaram o início de uma nova era, em que as “verdades” do período anterior foram postas em cheque. O principal fato, que não só abalou essas verdades, mas também terminou com a hegemonia do sistema norte-americano de fabricação, foi o aparecimen- to, para o mundo, do Sistema Toyota de Produção (STP). Em um determinado momento, carros japoneses estavam sendo vendidos em solo americano, depois de atravessarem o Pacífico, com uma “qualidade intrínseca” maior e um “preço de venda” menor. Era a conseqüência de uma nova forma de produzir: o STP. O aparecimento do STP para o mundo não teria tido um “efeito devastador” tão grande se a posição das empresas em relação ao merca- do continuasse a ser de “conforto”, em função da demanda reprimida. Acontece, no entanto, que, paralelamente ao surgimento do STP, o mercado começou a dar sinais de esgotamento da sua demanda reprimi- da. Com isso, os consumidores começaram a dispor de uma maior variedade de produtos e puderam “começar a escolher”. Não era mais suficiente apenas “produzir”. Precisava-se “produzir bem”, pois o con- sumidor não estava apenas “comprando”, e sim “escolhendo para com- prar”. Essa nova relação empresa-mercado não só acabou com as “anti- gas verdades”, como também impulsionou as empresas no sentido de buscarem novas estratégias. No final do século XX, foi possível observar que, para muitas empresas, as técnicas e os novos conceitos introduzidos na área de operações e logística pelo STP eram insuficientes para sustentar as suas próprias posições competitivas, pois as “variáveis influenciadoras” es- tavam cada vez mais mutáveis e essa mudança acontecendo a uma velocidade cada vez maior.
  • 13. O Futuro da Atividade Logística 13 Para se entender as novas verdades da relação empresa-merca- do, bem como as novas tendências que está assumindo a logística nesse cenário, é fundamental que se pense, no mínimo, em cinco pontos: a) a globalização; b) o produto organizacional; c) a logística reversa; d) a gestão da informação; e e) os canais flexíveis de distribuição. 2. A Globalização No final dos anos 80 e início dos anos 90 um importante elemento passou a fazer parte do cenário empresarial: a globalização dos mercados. Com ela, foram abandonadas definitivamente as “estra- tégias de oferta” típicas e características da era fordista, onde a prio- ridade de produção era a maximização do uso dos recursos. Em seu lugar, as empresas, de uma maneira geral, começaram a desenhar suas estratégias operacionais com o que se pode definir como sendo “estra- tégias de demanda” (Kash, 2002). A estratégia de demanda inverteu a origem do processo do iní- cio da fabricação (componentes ou matéria-prima) para o final do mesmo (consumo final). A oferta não tinha mais força para criar a sua própria demanda. Era necessário que a produção (o que fazer e como fazer) fosse ajustada aos desejos e necessidades do consumidor final, sendo este o agente que define a produção. A primeira pergunta passou a ser: “O que os consumidores querem consumir?” E, a partir dela, a produção passou a moldar a estrutura tanto de produtos como de pro- cessos. A mudança do ponto de partida do processo produtivo para o consumidor final produziu mudanças profundas na estrutura do “pro- cesso”, fragmentando a produção e tornando a logística uma ferramenta estratégica de fundamental importância.
  • 14. 14 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas O conceito de logística é muito antigo. Alguns grandes heróis da história antiga, especialmente Gengis Khan e Alexandre, o Grande, foram grandes estrategistas logísticos. O exército, desde Alexandre, já usava os movimentos de tropas e dos corpos de apoio como forma de alcançar as vitórias – e, muitas vezes, sem precisar lutar. Napoleão dominou a Europa a partir da combinação de duas estratégias: a) a substituição dos exércitos mercenários por exércitos na- cionais; e b) a movimentação rápida e eficiente de tropas que era possí- vel em função de uma “preparação” logística adequada. Embora essa palavra, logística, não apareça nos clássicos, o conceito já era bem conhecido. Foi na 2ª Guerra Mundial, no entanto, que o conceito moderno de logística ganhou suas formas definitivas. O exemplo mais eloqüente da importância da estratégia logística na decisão de um conflito foi o que aconteceu no norte da África na 2ª Guerra Mundial. A imbatível “Divisão Panzer” só foi derrotada quando os aliados conseguiram “cor- tar o combustível” para os tanques alemães. Ainda mais recentemente, no conflito do Kuwait, os exércitos americanos mostraram mais uma vez para o mundo que o que decide um conflito é a estratégia logística de abastecimento das “linhas de frente”. E na recente Guerra do Iraque (2003-2004), a invasão americana “de- morou” meio ano, pois estava sendo preparada a “logística da guerra”. Para as empresas, a situação não é diferente. A fragmentação da produção que transformou, por exemplo, as “fábricas” de veículos em “montadoras”, fez emergir a necessidade da estratégia logística. O acirramento da competição, conseqüência do novo consumidor final, mais exigente e com maior disponibilidade de informação, fez com que as empresas, ou melhor, as cadeias produtivas buscassem reestruturar seus fluxos produtivos de forma cada vez mais eficiente. Não basta produzir um bom produto, é preciso, além disso, produzir de forma rápida, customizada e com custos competitivos. Para isso, é preciso
  • 15. O Futuro da Atividade Logística 15 definir canais de produção eficazes e gerir os fluxos ou, em outras palavras, é preciso que a cadeia tenha uma estratégia logística. A globalização dos mercados, por muitos combatida e até chamada de “estranha ditadura” (Forrester, 2001), é, sem dúvida, irre- versível e inevitável (Gilpin, 2004; Barnet e Cavanagh, 1994). Com ela, a arena competitiva foi ampliada e as empresas precisaram começar a “fazer melhor” o que já estavam fazendo, para que se mantivessem competitivas. Acontece que as “melhorias internas” (sistemas de produ- ção mais enxutos, reengenharia de processos, melhoria contínua…) já tinham otimizado os processos produtivos internos, criando, inclusive, uma certa ociosidade que foi chamada de “ociosidade estratégica”, pois servia para “criar barreiras para os novos entrantes” (Porter, 1989) e para rápidas adaptações às exigências do mercado. Esses mercados, com a globalização, passam por contínuas transformações geradas por mudanças nas expectativas dos clientes ou por novos conceitos oriundos de questões culturais criadas e desenvol- vidas em regiões geográficas específicas. Com elas surgem, paralela- mente, novas restrições e novas realidades que exigem “novas soluções” para os fluxos de abastecimento das unidades de produção. Essa lógica pode ser estendida até o consumidor final, fazendo com que, muitas vezes, a estratégia do fluxo seja mais decisiva para a competição do que a própria estratégia de produção. O “fazer melhor” se deslocou para a cadeia de suprimentos (supply chain) em que as empresas estão inseridas. Com isso, não só a preocupação com a logística, mas a estratégia logística ganhou espaço quando da formatação das estratégias corporativas. A partir dos “exube- rantes anos 90” (Stiglitz, 2003), os gestores das organizações precisa- ram desenvolver “habilidades políticas” não só para gerenciar a cadeia como para encontrar um lugar apropriado dentro das mesmas. Foi preciso desenvolver a habilidade de “olhar para fora dos muros organi- zacionais”, de entender o ambiente (e a cadeia) onde a empresa está inserida e de desenvolver estratégias conjuntas com as demais organiza- ções que fazem parte da cadeia. Nesse contexto, termos como “arranjos produtivos”, clusters, entre outros, começaram a ser incluídos nas aná- lises e planejamentos setoriais.
  • 16. 16 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas A complexidade das relações externas foi esgotando o poder de explicação do conceito de “cadeia” (conjunto de elos ligados de forma linear) e hoje já se fala em “rede” (Bovet e Martha, 2001). Com isso, a arquitetura logística pode ser melhor mapeada e entendida. Paralelamente, os estrategistas organizacionais começaram a desenvol- ver estratégias logísticas cada vez mais eficazes (para fazer frente à concorrência) e cada vez mais complexas (com ligações em todas as direções e com uma diversidade maior de parceiros). Tem-se, portanto, que a globalização dos exuberantes anos 90 produziu modificações estruturais nas estratégias empresariais e a estra- tégia logística apareceu “com muita força” e como condição necessária de competitividade. 3. O Produto Organizacional Durante o período fordista, que se esgotou na década de 70-80 como referência hegemônica para organizar a produção, as empresas tinham sua atuação claramente definida entre produto (quando era tangível) e serviço (quando era intangível). Esta não só era uma separa- ção operacional muito adequada para a época, como era uma forma de agrupar “coisas diferentes em lugares diferentes”. Até hoje, alguns resquícios dessa forma de pensar podem ser encontrados. Por exemplo: alguns cursos de MBA são lançados com objetivo de estudar apenas “produto” ou apenas “serviço”. Acontece que a estrutura e a dinâmica da competição muda- ram! Ninguém mais sobrevive se apenas “produzir um bom produto”. Hoje, os produtos tangíveis precisam ter uma “embalagem” de serviços. De nada adianta produzir uma geladeira com funções e desempenho maravilhosos se essa geladeira demorar dois meses para ir da loja ou fábrica até o consumidor final ou, ainda, se não houver uma rede que garanta a assistência técnica desse produto em caso de problemas técnicos e de funcionamento. O consumidor não só está muito mais informado sobre o que existe no mercado hoje, como está cada vez menos paciente: ele quer o produto funcionando (e bem!) na mesma hora em que o compra, o que obriga as empresas a ampliarem a embalagem de seus serviços.
  • 17. O Futuro da Atividade Logística 17 Por outro lado, as organizações, ou melhor, as cadeias produti- vas (“redes”), não podem se dar ao luxo de ficar esperando o consumi- dor com o produto estocado. A diversificação da produção, desenvolvi- da para customizar os produtos, faz que aquele produto que o consumi- dor deseja, no caso a geladeira, seja quase único e quase feito por encomenda. Essa customização da produção dificulta e até impossibilita a atividade de estocagem. Se é preciso entregar com rapidez, mas não se pode estocar, como fazer? A resposta é: estratégia logística. Dornier et al. (2000, p. 41) destacam que a “logística – gestão de fluxos – é primeiramente um fornecedor de serviços”, sendo que o planejamento, a coordenação e o controle existentes entre todas as partes envolvidas nas operações e na logística dos materiais e das informações são o que permite a realização do serviço esperado pelo cliente. É possível, nesse sentido, utilizar a lo- gística como uma ferramenta para agregar valor aos produtos tangíveis. A estratégia logística, que envolve montar uma estrutura ro- busta e desenvolver uma dinâmica eficaz, passou a ser tão importante para o produto tangível (no caso: a geladeira) que o serviço logístico deixou de ser uma função organizacional e passou a se constituir na “embalagem” dos produtos tangíveis, conferindo diferenciação e com- petitividade aos mesmos. Os produtos tangíveis, dessa forma, passaram, após os anos 90, a contar, além do seu valor utilidade, com o valor tempo, o valor localização e o valor confiabilidade conferidos pelos serviços logísticos a eles associados. A criação de uma estratégia logística que ofereça rapidez de entrega (valor tempo), que disponibilize o produto no local certo (valor localização) e que entregue o produto nas condições prome- tidas (prazo, qualidade, entre outros) cria confiabilidade e produz um diferencial entre concorrentes, cada vez mais parecidos em relação aos recursos de produção (matérias-primas, equipamentos e mão-de-obra). 4. Logística Reversa As estratégias competitivas utilizadas pelas empresas, hoje, passam invariavelmente pela questão diferenciação da concorrência, o que é algo característico do momento mercadológico, em que a oferta
  • 18. 18 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas agregada dos produtos é muito superior às suas demandas. A necessida- de de encontrar uma posição única no mercado por meio de um produto único, com serviços únicos a ele associados, bem como a preocupação com os resíduos organizacionais, motivada pela busca de uma imagem de responsabilidade social e ambiental da empresa e do seu produto, fez com que surgisse a preocupação com a Logística Reversa (LR). Leite (2003, p.16) define a Logística Reversa como “a área da Logística Empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as infor- mações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporati- va, entre outros”. O autor faz uma diferenciação entre duas grandes áreas de atuação da LR: a) a Logística Reversa de Pós-Venda; e b) a Logística Reversa de Pós-Consumo. A Logística Reversa de Pós-Venda é a área da logística que, especificamente, “se ocupa do equacionamento e operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes aos bens de pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que, por diferentes motivos, retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que se constituem de uma parte dos canais reversos pelos quais fluem esses produtos”. Já a Logística Reversa de Pós-Consumo é denominada como a área de atuação da Logística Reversa que “equaciona e operacionaliza o fluxo físico e as informações correspondentes aos bens de pós-consu- mo descartados pela sociedade em geral e que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo através de canais de distribuição reversos específicos”. Os bens de pós-consumo são definidos como sendo aque- les que chegaram ao final de sua vida útil, os bens usados que ainda têm possibilidade de utilização e os resíduos industriais de uma forma geral. Esses bens fluem pelos canais reversos de reuso, desmanche e recicla- gem até a destinação final (Figura 1).
  • 19. O Futuro da Atividade Logística 19 Figura 1: Logística Reversa na Cadeia Produtiva Fonte: Os autores. A LR, além de uma estratégia de bom relacionamento com o mercado, pode significar “ganhos extras” para as empresas. São incontestáveis as vantagens econômicas do uso de materiais de retorno em alguns segmentos, como, por exemplo, nas empresas brasileiras que utilizam o alumínio como matéria-prima na fabricação de embalagens
  • 20. 20 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas para bebidas. Hoje são recolhidas mais de 85% das latas de alumínio usadas, sendo processadas a um custo quatro vezes menor do que a partir do minério. Além desse exemplo clássico, pode ser apontado também o caso das montadoras de automóveis européias que, depois de ações de adequação às leis da região quanto à disposição dos automó- veis após sua vida útil, têm tido lucro com o reaproveitamento dos materiais reciclados e com a venda de peças usadas. Esses materiais são obtidos por um fluxo reverso estruturado a partir de ações conjuntas en- tre empresas concorrentes. Os casos aqui apresentados atestam que, nas empresas, as questões que envolvem a responsabilidade socioambiental podem deixar de ser vistas como “problemas”, para passarem a ser tratadas como uma fonte de incremento de receitas, via redução do custo das matérias-primas ou acréscimo de novos negócios. Para que isso aconteça, entretanto, é necessário estruturar um ciclo reverso dos produtos e muitas empresas ainda não se deram conta de que, para implantar com sucesso a LR e “ganhar mais dinheiro”, precisam buscar estratégias diferentes do isolacionismo. Se uma empre- sa não possui volume suficiente de fluxo reverso que justifique a mon- tagem de uma estrutura reversa, por que não estabelece uma aliança estratégica com outras empresas (inclusive concorrentes) para isso, como fizeram as montadoras européias? Concorrente não é inimigo, podendo ser parceiro em uma atividade isolada, criando, com isso, uma vantagem para ambos em relação ao resto do mundo (mundo este bem globalizado e bem articulado). 5. Gestão da Informação O processo logístico da era fordista contemplava dois fluxos: a) o fluxo direto de produtos que se tornavam matéria-prima para o elo seguinte; b) fluxo de ativos monetários que se deslocavam em sentido inverso em relação aos produtos. Com o passar do tempo, o poder dentro da cadeia foi se deslocando do produtor primário (fazenda) para os elos mais próximos do consumidor (indústria, varejo e, por fim, ponto-de-venda final). Esse deslocamento de poder é explicado em função da proximidade daquele
  • 21. O Futuro da Atividade Logística 21 que toma a decisão da compra: o consumidor final. É claro que existem situações em que esse poder continua concentrado na origem da cadeia, como é o caso da construção civil, em que as cimenteiras e siderúrgicas continuam ditando o funcionamento do conjunto. De maneira geral, no entanto, esse não é o caso. O poder sofreu forte mudança na cadeia produtiva com o advento do fluxo de informações, deslocando-se do produtor primário para o consumidor final. Em outras palavras, os fatores que possibilita- ram o deslocamento do poder na cadeia (ou na rede) foram, basicamen- te, a posse e o gerenciamento da informação. Com o fim da hegemonia fordista e o aparecimento de formas rápidas e eletrônicas de distribuir dados e informações, o fluxo logístico, que era basicamente composto por dois fluxos (físico e financeiro), ganhou mais um elemento: o fluxo informacional. Não que ele não existisse em épocas anteriores; o que acontecia é que a sua importância era marginal em relação aos dois anteriores e os gestores pouco se preocuparam com ele. Com o fluxo informacional, o processo logístico ganhou um novo espaço dentro das organizações e passou, muitas vezes, a ser a questão mais importante para gerenciar. Com isso, a logística, que incorporou o fluxo informacional ao processo produtivo, tornou-se fundamental no deslocamento de poder dentro da cadeia produtiva. O fluxo informacional, diferentemente dos dois fluxos anterio- res (físico e financeiro), não possui apenas um sentido. Na cadeia logística, a informação precisa fluir com igual velocidade e densidade de informações tanto no sentido direto (fornecedor – produtos – consu- midor) como no sentido contrário. Tanto isso é verdade que muitas empresas monitoram e reorientam suas estratégias corporativas usando ferramentas do tipo CRM (Customer Relationship Management). O CRM, inclusive, tem sido usado para gerenciamento de parcerias: “à medida que a economia da era da Internet evolui em complexidade e pe- netra cada vez mais na assim chamada Velha Economia, a necessidade de administrar as parcerias cresce de importância” (Greenberg, 2001, p. 181).
  • 22. 22 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas Ora, com a inserção do fluxo informacional no processo, a logística passa a ser vista como estratégica. Paralelamente, a idéia de “cadeia” pode ser ampliada e, quando a arquitetura dos fluxos forma uma “rede”, o que acontece é que a informação passa a ser o elemento mais importante da estratégia logística. Tem-se, portanto, que a nova arquitetura dos fluxos logísticos fez com que a gestão da informação no processo logístico passasse a ser estratégica: quem gerencia o fluxo informacional detém o poder da cadeia ou rede logística. Figura 2: Fluxos Logísticos Fonte: Os autores. 6. Canais Flexíveis de Distribuição Abandonando a idéia rígida de cadeia, pode-se pensar em desenhar uma estratégia logística que contemple diferentes fornecedo- res com competências diferenciadas, no mesmo estágio do processo de produção. Com isso, pode-se flexibilizar não só o processo logístico como o próprio produto final que é conseqüência dele. Canais flexíveis são aqueles que não precisam “necessaria- mente” passar por um ponto predeterminado. Canais flexíveis podem ser desenhados com a intenção de customizar o produto do canal. Desse modo, os canais flexíveis são aqueles que podem assumir diferentes formas quando sobrepostos em uma “rede” de relacionamentos organi- zacionais.
  • 23. O Futuro da Atividade Logística 23 Quando o canal estiver apoiado em uma eficiente estrutura informacional e em uma estrutura de alianças estratégicas sólidas entre diferentes empresas, se um consumidor final desejar um produto com especificação fora do padrão (por exemplo, um banco de couro em um carro popular), pode-se ativar um fornecedor pré-selecionado (que faça parte da rede) para que esse elemento do produto final seja incorporado sem que o consumidor precise “esperar mais” em função disso. Quando essa customização deixa de ser um caso isolado e passa a fazer parte da rotina das empresas que fazem parte da rede, tem- se uma arquitetura flexível dos canais de distribuição. 7. Conclusão A globalização; a nova forma de definir o produto organizacio- nal das empresas; a logística considerada como uma embalagem, com o objetivo de alavancar a competitividade do produto e da empresa; a necessidade de incorporação da logística reversa no conjunto de proces- sos operativos das empresas; a emergência da informação e a necessida- de da sua gestão; e, finalmente, o aparecimento dos canais de distri- buição flexíveis ao longo do processo de fabricação são motivos mais do que suficientes para que a logística passe a ser um elemento fundamen- tal na montagem e implementação das estratégias organizacionais. Portanto, a logística hoje é muito mais do que a ampliação do conhecido “faço frete”. E mais do que transporte; é mais do que gestão de materiais e mais do que ferramenta de apoio ao marketing e à produção. A logística é tudo isso ao mesmo tempo e ainda é uma arma poderosa de competitividade para quem souber usá-la! Bibliografia BARNET, Richard e CAVANAGH, John. Global Dream. New York: Simon and Schuster, 1994. BOVET, David e MARTHA, Joseph. Rede de Valor. São Paulo: Negócio Editora, 2001. DORNIER, Philippe-Pierre; ERNST, Ricardo; FENDER, Michel; KOUVELIS, Panos. Logística e Operações Globais. Textos e Casos. São Paulo: Atlas, 2000.
  • 24. 24 Logística e Distribuição Física Internacional: Teoria e Pesquisas FORRESTER, Viviane. Uma Estranha Ditadura. São Paulo: Unesp, 2001. GILPIN, Robert. O Desafio do Capitalismo Global. Rio de Janeiro: Record, 2004. GREENBERG, Paul. CRM. Rio de Janeiro: Campus, 2001. KASH, Rick. A Nova Ordem do Mercado. Rio de Janeiro: Campus, 2002. LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competiti- vidade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de janeiro: Campus, 1999. STIGLITZ, Joseph. Os Exuberantes Anos Noventa. São Paulo: Cia. das Letras, 2003.