Este documento resume uma lenda urbana sobre detergentes cancerígenos, explicando que os sais de sulfato de sódio e éter de sulfato de sódio (componentes comuns de produtos de limpeza e cosméticos) são moléculas tensioativas seguras derivadas do ácido láurico presente em óleos vegetais e leite, e não são cancerígenos como a lenda afirmava. O documento também discute outras lendas urbanas sobre aditivos alimentares.
Más de Odexlar | Odexpool - Fabrica e Representação de Produtos Químicos de Higiene,Limpeza . Tratamento de Águas e Piscinas ,Acessórios e Serviços. (20)
1. Lendas urbanas: detergentes cancerígenos
O n t e m r e c e b i u m a m e n s a g e m c o m a s s u n t o «A L E R T A
i mportante » que abri por o remetente se r uma pessoa conhec ida. Li
por alto a mensagem, um chorrilho de sandices que tinha circulado
n os Estados Unidos em 1998 e q ue versava sobre o «Lauril Su lfato
d e S ó d i o », s u p o s t a m e n t e «u m a s u b s t â n c i a a l t a m e n t e c a n c e r i g e n a .
( 1 c a s o e m 3 a d q u i r e ) ».
A adaptação nacional desta lenda urbana, aparentemente
i n i c i a d a p o r v e n d e d o r e s d e p r o d u t o s «a l t e r n a t i v o s » o u «1 0 0 %
naturais», c onse guia a proe za de ser a in da mais cre tina que a
versão original e por isso ne m pensei mais no assunto uma vez que
pensei que apena s os er ros de port uguês fossem suficien tes pa ra
não enganar ninguém. Erro meu: a minha caixa de correio está
inu nda da com pe did os de esc larecimento so bre a dita me nsa gem,
alguns, tal como aconteceu à Sofia, de familiares. Li de novo o
«Alerta» inicial, que numa leitura mais atenta revelou disparates
que escaparam à leitura na diagonal.
Como todas as «b oas» le nda s
u rbana s, esta inicia va-se com um
argumento de autoridade: a cretinice
que se seguia era supostamente da
autoria da (inexistente) Faculdade de
Ciê ncias de Lisb oa. O alerta indica va
q ue os le itore s «De vem procura r o
nome do composto em inglês: Sodium
Laureth Sulfate» aparentemente
p orque quem o escreve u é tão
ignorante que confundiu o lauril éter
sulfato de sódio (SLES) com lauril ou
dodecil sulfato de sódio (SLS ou
SDS), o primeiro muito utilizado em
cosmética, o segundo mais utilizado
em produtos de limpeza (e em
la boratórios de investigaçã o, há pelo
menos uns três frascos de SDS no
meu).
2. R e z a a m e n s a g e m q u e «E s t a s u b s t â n c i a f a z p a r t e d a
composição da maioria dos champôs pois os fabricantes utilizam-na
por ela produzir muita espuma a baixo custo. No entanto o LSS é
u sado para la var chão de ofic inas (é um de sengordu rante )».
Estes sais produzem muita espuma porque são moléculas
tensioactivas, isto é, baixam a tensão superficial da água. São
igualmente moléculas anfifílicas e estas espécies agregam-se em
água formando micelas, com as cabeças hidrofílicas para fora e as
caudas hidrofóbicas no interior, como se tivéssemos gotas de
gasolina dispersas em água. Assim, gorduras e outras substâncias
que não sejam solúveis ou miscíveis com a água são dissolvidas no
interior das micelas. Soluções de deterge ntes, qualque r dete rge nte,
são bons desengordurantes e é normalmente para esse fim que as
u tilizamos, seja em detergente da ro upa ou d o chão, shampoo o u
gel de banho.
Ambos os detergentes (biodegradáveis) são derivados do
ácido láuric o, um ácido gordo saturado que se e ncontra em vá rios
ó leos ve getais - é o principal co nstituin te d o óleo de coco, cerca de
50% -, e no leite humano (onde constitui cerca de 6% da gordura
total). A sua toxicidade é baixissima embora possa ser irritante
para membranas mucosas (não convém muito esguichar óleo de
coco para os olhos e o mesmo acontece com a espuma obtida com
estes sais).
Há uns anos recebi outro pedido de esclarecimento em relação
a um composto igualmente identificado como muito cance rígeno.
Nessa altura o «vilã o» e ra um a ditivo a limentar, o E3 30, que nã o
passa do ácido cítrico presente em inúmeras frutas, citrinos e, por
exemplo, maçãs. Algumas das pessoas que esclareci não ficaram
convencida s à p rimeira porq ue teima va m que embora o E33 0 e o
ácido cítrico do limão fossem uma e a mesma molécula, a primeira
e ra um «químico » e o sumo de limã o era um p rodu to natural.
Para além de não acreditarem nos disparates que todos
recebemos por correio electrónico, tal como no caso do esqualeno,
esperemos que cada vez mais pessoas se apercebam que o prefixo
b io o u o 100 % natural no nome de um c omposto q uímico não lhe
altera as propriedades. A perigosidade quer do SLES quer do SDS
não aumenta drasticamente pelo facto de serem obtidos por
transfo rmação química de óle os ve getais. Podem irrita r peles mais
se nsíveis por serem bons detergentes, isto é, removerem
eficientemente a camada de óleo da pele, mas não são tóxicos
muito menos canceríge no s!
Fonte: Blog De Rerum Natura
Data: Fe ve reiro 2 008
Au tor: Palmira F. da Silva