1. Análise Crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas
Escolares
Tudo o que sei é ela que me ensina.
O que saberei, o que não saberei nunca,
Está na biblioteca em verde murmúrio
De flauta-percalina eternamente.
Carlos Drumond de Andrade
“Biblioteca Verde”
O MODELO ENQUANTO INSTRUMENTO PEDAGÓGICOE DE
MELHORIA.CONCEITOS IMPILICADOS
O modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares surge como
um documento que visa ser um “instrumento pedagógico e de
melhoria contínua que permita...avaliar o trabalho da biblioteca
escolar...as áreas de sucesso e aquelas que...requerem maior
investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão das
práticas”, sendo, portanto, orientador da qualidade do trabalho a
desenvolver na BE.
A importância do referido modelo nas escolas é reconhecida, pois
permite identificar as prioridades para a melhoria, apontando um
caminho e mostrando o que se pretende da biblioteca escolar.
Os conceitos ou ideias-chave implícitos na construção e aplicação
deste modelo são a “noção de valor”, que se prende com os
resultados que contribuem para a concretização dos objectivos da
escola onde se insere a BE; a “melhoria contínua” , que leva a reflectir
sobre a mudança/melhoria que a BE provocou no processo ensino
aprendizagem e no desenvolvimento de competências para a
2. aprendizagem ao longo da vida , e, ainda, a “necessidade de fazer a
Auto-Avaliação”, pois só através da reflexão inerente a este processo,
encontrando pontos fortes e pontos fracos, se conseguirão as mudanças
concretas que se pretendem.
PERTINÊNCIA DA EXISTÊNCIA DE UM MODELO DE
AVALIAÇÃO PARA AS BIBLIOTECAS ESCOLARES
Durante muito tempo, a avaliação das actividades de uma
biblioteca resumia-se a um relatório final, suportado por questionários
que, muitas vezes, identificavam factores quantitativos do serviço
realizado: número de empréstimos, de visitas e de recursos físicos e
humanos e verbas atribuídas e gastas. Faltava, no entanto, encontrar
um modelo comum de actuação que permitisse, nas escolas, fazer a
avaliação do trabalho realizado pelas BE’s.
A ideia de que as Bibliotecas Escolares contribuem de forma
significativa para a melhoria do processo ensino/aprendizagem e para o
sucesso educativo está amplamente difundida internacionalmente e
começa, agora, a ser aceite no nosso país.
Assim, a pertinência de um modelo de auto-avaliação prende-se
com vários aspectos, pois ele passa a permitir avaliar a actual qualidade
e a eficácia da biblioteca escolar; permite apontar um caminho a seguir;
desenvolver esforços para o implementar; estabelecer metas a atingir
por todas as escolas e por todos os coordenadores de bibliotecas;
orientar a criação de uma planificação estratégica, de modo a satisfazer
mais alunos e professores; identificar pontos fortes e pontos fracos, de
forma a determinar as prioridades das melhorias a implementar e apoiar,
de forma mais eficaz, o ensino e a aprendizagem; mostrar as evidências
do valor da biblioteca, do trabalho do coordenador e dos resultados
obtidos.
3. ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL E FUNCIONAL.
ADEQUAÇÃO E CONSTRANGIMENTOS
O Modelo de Auto-Avaliação adopta uma aproximação à realidade
por etapas que, tendo em conta o contexto interno e externo da BE,
devem conduzir o professor bibliotecário a seleccionar o domínio a ser
objecto de aplicação dos instrumentos. A organização estrutural do
modelo integra as diferentes funções que são atribuídas a uma
Biblioteca Escolar e organiza-se em quatro domínios:
♦ O domínio A: Apoio ao Desenvolvimento Curricular
compreende dois subdomínios: A.1. Articulação da BE com as
estruturas pedagógicas e A. 2. Desenvolvimento da literacia da
informação;
♦ O domínio B refere-se à Leitura e literacias;
♦ O domínio C prende-se com os Projectos, Parcerias e
Actividades Livres e de Abertura à Comunidade e compreende os
subdomínios: C 1. Apoio a actividades livres, de natureza extra
curricular e C2. Projectos e parcerias.
♦ O domínio D refere-se à Gestão da Biblioteca, com os
subdomínios: D.1.Articulação da BE com a escola; D.2.Condições
humanas e materiais para a prestação de serviços e D.3. Gestão da
colecção.
“O ciclo de avaliação completa-se ao fim de quatro anos e deve
permitir uma visão holística e global da BE.”
Este parece-me ser um modelo exigente, mas adequado aos
objectivos que se propõe atingir. Quanto aos constrangimentos, é-me
difícil fazer uma análise crítica uma vez que a Biblioteca que coordeno, a
Biblioteca Escolar do Agrupamento Vertical de Escolas de Lordelo,
apenas entrou na Rede de Bibliotecas Escolares no ano lectivo de
4. 2008/2009 (1º ano como biblioteca integrada) e, como tal, este modelo
ainda não foi posto em prática na minha escola .
INTEGRAÇÃO/ APLICAÇÃO À REALIDADE DA ESCOLA
Sendo este ano, pela primeira vez Professora Bibliotecária a
tempo inteiro, ainda não tenho uma opinião muito concreta sobre a
implementação deste modelo.
Sem descurar aspectos fundamentais como os referenciados pelos
vários estudos internacionais relativos à avaliação das BE’S, considero
que este processo de auto-avaliação deve fazer-se de forma integral, ou
seja, tendo em consideração os aspectos de gestão dos recursos, mas
também os aspectos relacionados com o impacto no processo
ensino/aprendizagem. Deve ser um processo abrangente, tendo em
consideração a escola no seu todo, o Plano Anual de Actividades e as
metas e os objectivos constantes no Projecto Educativo de
Agrupamento.
Assim, concordo, “O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas
Escolares enquadra-se na estratégia global de desenvolvimento
das bibliotecas escolares portuguesas...”.
COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR BIBLIOTECÁRIO E
ESTRATÉGIAS IMPLICADAS NA SUA APLICAÇÃO
“O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização.
A obtenção da melhoria contínua da qualidade exige que a organização
esteja preparada para a aprendizagem contínua. Pressupõe a motivação
individual dos seus membros e a liderança forte do professor
coordenador, que tem de mobilizar a escola para a necessidade e
implementação do processo avaliativo.”
5. Importa, portanto, salientar que o professor bibliotecário deverá
ser, acima de tudo, um profissional especializado (julgo ser isso que
pretende a portaria nº756/2009 de 14 de Julho). Deverá assumir um
papel de liderança neste processo de avaliação da Biblioteca Escolar,
de modo a que todos reconheçam a importância da biblioteca na
melhoria dos resultados escolares. Assim, Tem que ser capaz de:
♦ “Pensar estrategicamente;
♦ Gerir estrategicamente, de acordo com as prioridades da escola
e para o sucesso;
♦ Promover uma cultura de avaliação;
♦ Comunicar permanentemente. Articular prioridades.”
Concluindo, o professor bibliotecário deverá ter a capacidade, a
motivação e a determinação de se tornar indispensável para o
funcionamento da escola, de acordo com os objectivos inerentes a este
projecto de mudança que começa agora a alicerçar-se:
“The school librarian can run his or her program in collaboration
with classroom teachers, reading specialists, and other educators,
exciting students about books and media, as well as providing easy
access to rich book and media collections. As a reading advocate,
school librarians fulfill the teacher and instructional partnership
expectations of Information Power.”
BIBLIOGRAFIA
Texto da Sessão;
Modelo de Auto-Avaliação;
“This Man Wants To Change Your Job” ficheiro
A Formanda: Susana Ramalhete dos Santos Ladeira Martins