1. .E4in·mmt¥~.i~,6~·jDI~~4·1I. ~_
cura, que ocorre au'aves de sse autoconhecimento. Atualmente, 0
exercicio da PsicanaIise ocorre de muitas outras formas. au seja, e
usada como base para psicoterapias, aconselhamento, orientar,;ao;
{;aplicada no trabalho com grupos, instituic;:oes. A Psicamllise tam-
bem e urn instrumento importante para a analise e compreensao
de fenomenos sociais relevantes: as novas formas de sofrimento psi-
"Se fosse preciso conc~i1trar numa palavra a descoberta freu- quico, 0 excesso de individualismo no mundo contemporaneo, a
diana, Essa palavra s'eria incontestavelmente inconsciente"l. exacerbac;:ao da violencia ete.
Compreender a Psicanalise significa
percorrer novamente 0 trajeto pessoal de
Freud, desde a origem dessa ciencia e du-
rante grande parte de seu desenvolvimen-
to. A relac;:ao entre autor e obra lorna-se
mais significativa quando descobrimos que
S~GMUND FREUD grande parte de sua produc;:z.o foj baseada
em experiencias pessoais, transcritas COln
As tcorias cientiJicas surgem influenci;;;das pelas condic;:oes eta riQ'ol em varias de suas obra~, como A inter-
vida sod::..!, J~OS seus aspectos economicos, politicos, cllltuJ.-iis ete. jJ1';WCiio dos sfJ'ih.Js e A jJsicojJGtologia da vida
Sao produtos histOl'ic0' Gi;ldos ?or homens concretos, qL:~ vi';em cotidia l7a, den t IT outras.
o seu tempo e contribuem ou aIter<J11J,adicalmeEte, 0 dese1l' olvi-
r f
mento do conhecimento. Compreender a Psicanalise significa.
tambem, percorrer, 110 [livel pessoal, a ex,
Freud ousou Sigmund Freud (1856-1939) foi urn medico vienease que aI-
colocar as periencia inaugural dl" Freud e buscar
terol!, radicalmente, 0 modo de pensar a vida psiquica. Sua contri- "descobrir" as regioes obscuras da vida pSl-
fantasias, os
sonhos, os buic;:ao e companiveI a de Karl Marx na compreensao dos proces- quica, vencendo 2.S resistencias interiofes,
esquecimentos, sos hist6ricos e sociais. Freud omOl! coiocar os "precessos misteric- pais se eIa foi realizada por Freud,
a inierioridade 50S" do psiguismc, suas "regioes obscuras", isto e, as fantasias, os so-
do homem, nhos, os esquecimcntos, a interioridade do homem, como lJfoblc- "naa e uma aquisir,;ao definitiva da hlJmani-
cOlOleprohlemas c:ade, m<Jste,n que ser realizada de novo
cienE'icos
mas cientifict)s. A imcstig,H,:ao sistematica desses problemas levou
Freud ; cria<;;aoda PsicamiIise. par cada pacientc e par cada psicanalista"2
Sigmund ·FreucJ
o tenno psicanalise e usado para sc referir a umateoria, a urn - ° fundado1: da
metodo de investiga<,:ao e a uma pratica profissional. E~qu'a~t() teo- Psicam3J.ise.
ria, caracteriza-se pOl' urn can junto de conhecimentos sistematiza- A GESTlCAO DA PS~ANALISE
dos sabre 0 funcionamento da vida psfquica. Freud publicou uma
extensa obra, durante toda a sua vida, relatando suas descobertas e Freud formou-se em Medicina na Universidade de Viena, em
formulando leis gerais sobre a estrutura e 0 funcionamento da psi- 1881, e especializou-se em Psiquiatria. Trabalhou algum tempe em
que humana. A Psican;ilise, enquanto metodo de illvestiga~ao, ca- urn laborat6rio de Fisiologia e deu aulas de Neuropatologia no ins-
racteriza-se pelo metoda interpretative, que busca 0 significado tituto onde trabalhava. Par dificuldades financeiras, nao pode de-
oculto do,quilo que e manifesto pOl' meio de ac;:oese palavras ou pe- dicar-se integralmente a vida academic a e de pesquisador. Come-
las produc;:oes imaginarias, como os sonhos, os delirios, as associa- c;:ou, entao, a clinical', atendendo pessoas acometidas de "proble-
c;:oeslivres, os atos falhos. A pratica profissional refere-se a forma mas nervosos". Obteve, ao final da residencia medica, uma bolsa de
de tratamento - a Amilise - que busca 0 autoconhecimento ou a estudo para Paris, onde trabalhou com Jean Charcot, psiquiatra
frances que tratava as histerias com hipnose. Em 1886, retornou a
2. Viena e voltou a clinicar, e seu principal instrumento de trabalho A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
na elimina<;ao dos sintomas dos disturbios nervosos passou a ser a
sugestao hipn6tica~. "Qual poderia scr a causa de as pacientes esquecerem tantos
Em Viena, 0 contato de Freud com Josef Breuel~ medico e fa/tos de sua vida interior e exterior...?"", perguntava-se Freud.
cientista, tall1bem foi importante pal'a a continuidade das invc-stiga- o esquecido era sempre alga penaso para a individua, e era
<;oes. Nesse sentido, 0 caso de uma paciente de Breuer foi signifi- exatamente pOl' isso que havia sido esquecido e 0 penoso n3.o signi-
cativo. Ana O. ",presentava um conjunto de sintomas que a fazia so·· ficava, necessariamente, sempre algo ruim, mas podia se referir a
frer: paralisia com contratura muscular, inibi;;:oes e dificuldades de alga born que se perdcra au que fora intensamente desejado. Quan-
pensarnento. Esses sintomas tiveram origem na epoca em que ela do Freud abandonou as perguntas no trabalho t.erapeutico com os
r i' Estas ideias e
~sent1nianlos foram cuidara do pai enfermo. No periodo em que cumprira essa tareh, pacientes e os deixou dar livre curso as suas ideias, observou ~ue,
t,,:,-c; feprimidos e ela havia tido pensamelltos e afetos que se referiam a um desejo de muitas vezes, eles ficavam embara<;ados, envergonhados com algu-
~s~tstituidos pelos que a pai morresse. Estas ideias e sentimentos foram reprimidos e mas ideias ou imagens que Ihes ocorriarli .. A esta for<;a psiquica que
( "0" sintomas.
;.<._,~~.',,"
substituidcs pelos sintomas. se opunha a tarnal' consciente, a revelar um pensamento, Freud de-
Em seu estado de viglli<i, Ana O. nao era capaz de indicar a nominou resistencia. E charnou de repressiio a processo psiquico
origem de seus sin tomas, mas, sob a efeito da hipnose, relatava a que visa eneotrir, fazer desaparecer do. canscicncia, uma idCia au re-
origem de cada urn deles, que estavam ligados a vivencias anterio- presenta<;ao insuportav~l e dolorosa que esta na odgem do sintoma.
res da paCiellt':::, relaciolladas ('(lJfl 0 epis6dio cia J()e;~ca do pai. Estes contel1d('s pS;fJuico~ "Jocillizam-se" no inconsciente.
Com a remetDora<;:2.o dcsias cena~ e ViVCrlCi83. os sinlornas dl':sapa·, T:ris de~cf)henas
reciam. Este desapa;-ecimento nao ocolTia de forma "magica", mas
"(...) eonstituirCima base piincipai do. cornpreensao d35 neuroses ... de! ao metoda
devido a libera<;ao das reacoes emotivas associadas ao evento trau-
e impuseram uma modifica<;:aodo traoaiho terapeutico. Seu obje- de investigagao
matico - a doen(,:a do pai, 0 desejo inconsciente da morte do pai e cura resultanle
tivo (...) era descobrir as repressoes e suprinli-Ias atraves de um
enfermo. o nome de
juizo que aceitasse au conclenasse definitivamente a exclufdo psicamilise.
Breuer denominoll metoda catarti.co a tratamer>.t0 que possi- pela repressao. Considerando este novo estado de coisas, dei ao
Esla Iibera9ao
,d& afelos ieva a bilita a libera<;ao de afetos e emo<;oes ligadas a acontecimentos metoda de investiga<;:ao cura resliitante 0 nome de psicamilise
e
.,'.elimina~ao dos traumaticos que nao puderam ~er expressos na acasiao da vivencia em substitui<;:iJ.o de cat<irtico"6.
0.0
sinlomas. desagradavel ou dolorosa. Esta libera<;ao de afetos leva a elimina-
<;ao dos sintomas.
Freud, em sua Autobiogmfia, afirma que desde a i111Cio sua
de
A PRIMEIRA TEORIA
pratica medica llsara a hipnose, nao s6 com objetivos de sugestao,
mas tambem para outer a hist6ria da origem dos sintomas. Poste-
~Q~~~.AESTRUTURA DO~~AI!_~_~t1Q
.. ~iQUICO
~
riormente, pas sou a utilizar a metoda catartico e,
Em 1900, no livro A interpretar;iio dos snnhos, Freud apresenta a
"aos poucos, foi modificando a tecnica de Breuer: abandonou a primeira coneep<;ao sobre a estrutura e 0 funcionamento da perso-
hipnose, porque nem todos os pacienles se prestavam a ~er hip- ~alidade. Essa teoria refere-se a existencia de tres sistemas au ins-
notizados; desenvolveu a tecnica de 'concentra<;:ao', na qual a re- tancias pSlquicas: inconsciente, pre-consciente e consciente.
memora<;:aosistematica er<t feita par meio da conversa<;:ao nor- • 0 inconsciente exprime 0 "conjunto dos conteudos nao presen-
mal; e par fim, acatando a sugestao (de uma jovem) an6nima, tes no campo atual da consciencia"7. E constituido par conteudos
abandon au as perguntas - e com elas a dire<;:aoda sessao - reprimidos, que nao tern acesso aos sistemas pre-conscien-
para se confiar pOI'completo a fala desordenada do paciente"4. tel conscicnte, pela a<;ao de censuras internas. Estes conteudos
3.0 medico induz 0 paciente a urn estado alterado da consciencia e, nesta condic;:ao,inves-
5. S. Freud. Autobiografia. In: Dbras camp/etas. Ensayos XCVIII AL CCIII. Madri, Biblioteca
tiga a ou as conex6es entre condutas e/ou entre fatos e condutas que podem tel' determi-
nado 0 surgimento de um sintoma. a medico tambem introduz novas ideias (a sugestao) Nueva. 1. III. p. 2773 (Trecho trad. autores).
que podem, pelo menos temporariamente, provocar 0 desaparecimento do sintoma. 6.ld. ibid. p. 2774.
4. R. Mezan. On, cit. n !i? 7. J. Laplanche e J.-B. Pantalis. Op. cit. p. 306.
3. IE J·t1iffih6i1t1-
podem tel' sido conscientes, em algum momento, e tel' sido repri- No processo de desenvolvimento psicossexual, 0 indivfduo,
midos, isto e, "foram" para 0 inconsciente, ou podem ser genui- noS primeiros tempos de vida, tern a flin<;:aOsexual ligada a sobre- o beb~i
namente inconscientes. 0 inconsciente e um sistema do aparelho vivencia, e, pOl'tanto, 0 prazer e encontrado no proprio corpo. 0 demcmstra.;
psfquico r'~gido pOl' leis proprias de funcionamento. Par exem- corpo e erotizado, isto e, as excita<;:6es sexuais estao localizadas em que a boca e
umazona de
plo, e atemporal, nao existem as no<;:oesde passado e prescnte. pa,tes do corpo, e ha lim desenvolvimento progressivo que levou prazer.
o pre-consdente refere-se ao sistema onde pennanecem aqudes Freud a postular as fases do desenvo!vinwn-
conteudos acessfveis a cODsciellcia. E aquilo que nao esta na con5- to sexual em: fase oral (a !.ona de erotiza<;:ao
ciencia, neste momento, e no momento seguinte pode estar. e a boea), fase anal (3 zona de erotiza<;:ao e
o consciente e 0 sistema do aparelho psfquico que recebe ao o anus), fase fiiJica (a zona de erotiza<;:ao e 0
mesmo tempo 3S informa<;:(Jes do mundo exterior e as do mun- orgao sexuai); em seguida vem urn perfodo
do interior. Na consciencia, destaca-se 0 fenomcl1u da percep- de latencia, que se prolonga ate a puberda-
.;:ao,p:'incipalmente a percep<;:ao do mundo extcrior, a 2ten<;:ao, 0 de e se caraCleriza pOl' Llma diminui<;:ao das
raciocfnio. atividades sexuais, isto e, ha um "inter-valo"
na cvolu<;:ao da sexualidade. E, finalmente,
na puberdade e atingida :l ultima fase, isto
e, a fase genital, quando 0 ob.ieto de erotiza-
<;:2.0 de dt:sejo Hao est2. rnai, n:..>
ou proprio
Freud, en suas ir,vcstiga<;:(Jcsna pLhic2. cllnica solJI'f: as causas carpo, mas em tun obje~o externe ao indi·f-
e 0 funcion"lne~1tO (b~;1cur,)ses, descolJriu que ,l maiaria de pen,
l clue - (J outro. Alguns 2ut0ce3 dC!1uminam
samentm e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordelll se- este Dellodo exdusivamente como genital,
xual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivfduus, isto e, incluindo 0 perfodo falico nas organiza<;:6es
que na vida infantil estavam as experiencias de caniter traumatico, pre-genitais, enquanto outros autores deno-
reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais, minam 0 perfodo falico de organiza<;:ao ge-
e confirma,a-se, desta forma, que as ocorrencids deste periode d" ni1.al infantil.
vida deixam marcas profundas na estrutura<;:ao da peSS0<L desco- As No decorre) dessas fases, varios processos e ocorrencias suce- No complexo de
bertas colocam a sexualiclade no centro da vida psfquica, e e postu- dem-st=:.Desses eventos, destaca-se 0 complexo de Edipo, pois e em Edipo, a mae e 0
lada a cxistencia da sexualidade infanti!. Estas afirma.;:oes tiveram torEO dele que ocone a estrutlira<;:ao da personalidade do indivf- objeto de desejo
do msnino, eo'
profulldas repercussoes na sociedade puritana da epoca, pela con· duo. Acontece entre 3 e 5 anos, durante a fase falica. No complexo pai e 0 rival que
cep<;:aovigente da infflllcia como "inocente". de Edipo, a mae e 0 objeto de desejo do menino, e 0 pai e 0 rival impede seu
Os principais aspectos destas descobertas san: que impede seu acesso ao objeto desejado. Ele procma entao ser 0 acesso ao objeto
pai para "tel''' a mae, escolhendo-o como modelo de comportamen- uesejado.
• A fun<;:aosexual existe desde 0 principio da vida, logo apos 0 nas-
Quino. Toda Ma-
cimento, e nao so a partir da puberdade como afirmavam as to, passando a internalizar as regras e as norm3.S sociais representa-
falda. Sao Paulo,
ideias doniinantes. dcts e impostas pela autoridade paterna. Posteriormente, pOI' medo Martins Fontes,
• 0 perfodo de desenvolvimento da sexualidade e longo e com ple- da perda do amor de pai, "desiste" da mae, isto e, a mae e "troca- 1991. p. 263.
xo ate chegar a sexualidade adulta, onde as fun<;:oesde reprodu-
<;:ao de obten<;:ao do prazer podem estar associadas, tanto no ho-
e
mem como na mulher. Esta afirma<;:aocontrariava as ideias predo-
~::)
L . ..oP--'
'11~r ':~."
I
minantes de que a sexo estava associado, exclusivamente, a repro-
I
du<;:ao.
• A libido, nas palavras de Freud, e "a energia dos instintos sexuais
e so deles"8.
4. ~a" pela.r~queza do mundo social e cultural, e 0 garoto pode, en- cessos psfquicos encobertos que determinam sua forma<;:ao. Os
tao: partIClpar ~o m~llldo social, pois tem suas regras basicas inter- sintomas de Ana O. eram a paraJisia e os disturbios do pensamen-
nahzadas atraves da Identificac;:ao com 0 pai. Este processo tambem to; hoje, 0 sintoma da colega da sala de aula e rccusar-se a comer.
?corr.e cor~ as menin.as, send? invertidas as figuras de desejo e de
Identlficac;:ao Freud fala em Edipo feminino.
A SEGUNDA TEORCADO APARELHO PSiQUICO
-_._-- _ ..._-~-----------------------
Entre 1920 e 192~, Freud remode!a a teoria do apare1ho psi-
qui co e introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se
Antes de prosseguirmos urn pouco mais acerca das descober-
aos tres sistemas da personalidade.
~as fundame~tais de Freud, e necessario esclarecer alguns concei-
to: que.pelmrtem compleender os dados e informac;:6t's colocados o id constitui 0 reservatorio da energia psiquica, e onde se
a~e aqm, de Un! m~do dinarnico c semconsidera-Ios processos me- "localizam" as puJsoes: a de ida e a de morte. As caracterfsticas
C~l1ICOS co_mpanlmentadcs.
e Alem disso, estes aspectos tambem atribufdas ao sistema inconsciente, na primeira teoria, sao, nesta
saG postula.;,:oes de F,eL~d, ~ sell conhecimento e fundam~ntal para teoria, atribuidas 0.0 id. E regido pelo principia do prazer.
se compreender a contmmdade do descllvolvjmento de sua teoria. o ego e 0 sistema qlle <':stabelece 0 equilfbrio entre as exigen- ... introduz os
1. No pTOcesso [t'T8.peutico e de postulac;:ao tcarica, Freud inicial- cias do id, as exigencias da realidade e as "o~dens" do supcrego. conceitos de id,
Procuro. "dar COl11o." dos intercsses da pessoa. E regido pelo princi- ego e superegc
n:~nte, entendia q~Ie tudas as cenas rcI~tadas p.=]os paci~ntcs ti-
pia de. rcalidade, que, CG!1l principio do prazcr, rege 0 funciono.-
0 para referir -SG aos
nnar.rl,lh~fato. ocorriclo. Po,sU':riol')llclite, dCSCOD,'iu
que poderiam Ires siBtCnlaS da
tel' SI~CIm~gll1ad<is,lJIas CODIa mesilla fon;:a e conseqLlencias de meilte' pslqc!ico. ~ LUll reguladol, no. medida em que alrero. 0 prin-
personalidade,
um~ sltua<,;aoreal. Aqllilo que, para 0 individuo, assume valol' de cipio do praz,er para buscar a satisfac;:ao considcrando as condi<;:oes
reahd~de e a realidade psiquica. E e isso 0 que importa, mesmo objetivas da realiclade. Neste sentido, a busca do prazer pode ser
que nao co,responda a realidade objetiva. substituida pelo evitamento do desprazer. As fun<;:oes basicas do
2. ~ funcionarnento psfquico e concebido a partir de tres DOntOSde ego sao: percep<,;ao, memoria, sentimentos, pensamento.
VIsta: ~, economico (exi,ste uma quantidade de energi; que "ali- C superego origina-se com 0 complexo de Edipo, a partir da
menta ~s processos pSlquicos), 0 topico (0 aparelho psiquico e internaIizac;:ao das proibic;:6es, dos Iimites e do. autoridade. A moral,
constltmdo de um numero de sisterl1as que sao diferenciados os ideais sao fun<,;oes do superego. 0 conteudo do superego refere-
quanto a,sua natureza c modo de funcion8.me:1tO, 0 q~le permite se a exigencias sociais e culturais.
co.l1SI?era-locomo "!ugal" psfquico) eo dimimico (no interior do Para compreender a constitui<.:ao clesta instancia - 0 superego
pSlqmsmo eXist~:n for<,;cts ue en tram em conflito e estao, penna-
q -- e necessario introduzir a ideia de sentimento de culpa. Neste es-
nentemente, atrvas. A origem dessas for<,;as e a pulsao). Com- tada, 0 indivfduo sen[e-se culpado pOI' alguma coisa errada que fez
preender os processos e fen6mcnos psiquicos e considerar os tres - 0 que parece obvio - ou que nao fez e desejou tel' feito, alguma
pontos de vista simultaneamente. coisa considerada ma pelo ego mas nao, necessariamente, perigosa
ErOl , 8 puls§o 3. A puls~o rcfere-se a um estado de tensao que busca, atraves de ou prejudicial; pode, pelo comrario, tel' sido muito desejada. POI'
de vida. ~1l8tos e um o b,JC a supressao deste estado. Eros e a pulsao de vida e
to, que, elltao, C considerada ma? Porque alguem importante para ele,
UIIlllo de morte.
abra.?ge as pulsoes sexuais e as de autoconserva<;:ao. Tanatos e a como 0 pai, por exemplo, po de puni-lo por isso. E a principal pun i-
pu!sao de m~rte, po de ser autodestrutiva ou estar dirigida para <;:aoe a perda do am or e do cuidado desta figura de autoridade.
~~ra e sc mal1lfes:ar como plllsao agressiva ou destrutiva. Portanto, pOl' medo dessa perda, deve-se evitar fazer ou desejar
4. Smtoma, na teona psicanalftica, e uma prodU<;:ao- quer seja um fazer a coisa ma; mas, 0 desejo continua e, pOI' isso, existe a culpa.
comportamento, quer seja um pensamento - resultante de urn Uma mudan<,;a importante acontece quando esta autoridade
conflito psfquico entre 0 desejo e os mecanismos de defesa. 0 sin- externa e illternalizada peIo individuo. Ninguem mais precisa lhe
toma, ao mesmo tempo que sinaliza, busca encobrir um conflito dizer "nao". E como se ele "ouvisse" esta proibi<;:ao dentro de si.
s:ubstitu.ir a sa.tisfa~ao ~o des:j? Ele e ou pode ser 0 ponto de par~ Agora, nao importa mais a a<;:aopara sentir-se culpado: 0 pensa-
uda da ll1vestlgac;:aopSlcanal1tIca na tentativa de descobrir os pro- mento, () desejo de fazer algo mau se encarregam disso. E nao ha
5. ••
1 ~·Jj~·P~~~lf!·~li~t~lI~~'l~~
•• --- __ JEII
como esconder de si mcsmo esse dcsejo peJo proibido. Com isso, 0 uma palavra ou uma das linhas nao estivesse impressa, e isto im- o reealque e
mal-estar instala-se elefinitivamente no interior do individuo. A fun- pedisse a compreensao cIa frase au cIesse outro sentido ao que o mais radical
<;;aode autoridade sob}-c 0 individuo ser;l realizada permanente- es~a esuito. UIl) exemplo e quando entendemos uma proibi<;;ao dos mecanismos
mente pelo superego. E importante lembrar aqui que, para a l'sica- como pennissao porque nao "ouvimos" 0 "nao". 0 recalgue, ao de defesa.
nalise,? sentimc!1t() de culpa origina-se na passagem pelo Com ple- suprimir a percep<;;ao do que esta acontecendo, e omais radical
xo de Edipo. dos mecanismos de defesa. Os demais refcrem-se 2. deformat;:oes
o ego e, posterionncnte, 0 superego san diferencia<;;oes dl) id, da realidade.
o que demo!1stra uma inte-dependencia entre esses tres sistemas, • Forma(ao reativa: 0 ego procm-a afastar 0 desejo que vai em de-
retirando a idcia de sistemas separados. 0 id refere-se ao il1cons- terminada dire<;;ao, e, para isto, 0 individuo adota uma atitude
ciente, mas 0 ego e a superego tem, tambem, aspcctGs au "partes" oposta <t este desejo. Um bom exempJo sao as atitudes exageradas
inconscientes. - ternura excessiva, superprote<;;ao - que escondem 0 seu opos-
E importante consider'll' que estes sistem;ls nao existcm en- to, no caso, um desejo agressivo intenso. AqLlilo que aparece (a
quanto uma estrutura vazia, mas sio sel1lpre habitados pelo con- atitude) ViS2esconder do proprio individuo suas verda<iciras mo-
junto de experiencias pessoals e particulares de cada um, que se tiva<;;oes(0 desejo), para preserva-Io de urna descoberta acerca de
comtitui como sujeito em sua rela<;:ao com 0 amra e em determi- si mesmo que p'oderia ser bastante delorosa. E 0 caso cia mie que
nadas circunslancias sociais. Isto s;gniuca que, para cOIT'.prt'ender superprotege a filho, do qual tem muita raiva porque atribui a ele
alguem, e necess<irio resgatar sua historia pessoal, que est;) Iigada? muitas <ie suas dificuldades pessoais. Para muitas des!as maes,
his/oria de sens gmros (' el;}sociedade em que live. po de set' aterrador admitir essa agressividade em re13ao ao mho.
• Rcgi'essao: a illdividuo rctorna a elapas anterjo~cs de sell descn-
vohimento; e uma passagem para modos de expressao mais pri-
OS MECANISMOS mitivos. Um exemplo eo cia pessoa que enflenta silua=oes diffceis
D~ DEf~S~" OU.1t.. ~E.A~JD~pEC()MQEI.A NA9..E com bastante pondera<;;ao e, ao vel' uma barata, sobe na mesa, aos
berros. Com certeza, nao e s6 a b<trata que ela ve na b<~rata.
A percep<:ao <It:l1ll acoll[ccimCll(o. do mUlldn cxtcrllo ou do • Projec;:ao: e uma conflucncia de distor<;;oes do mundo extcrno e
ill11lldo illlerJlO, pock ~er algo llllilo COlls1rallgcc!or, do!oroso, de- interno. 0 individuo localiza (pr'Jjeta) alga cle si no mundo ex-
soq-,anizac!oL ]'.lra cvitar ('sIc cIeSprJler, a pessoa "dcforma" ou su- terno e nao percebe aquilo que foi projetacIo como algo seu que
prime a realidadc -- dcixa de registr<u percep<;;oes extern.as, afasta considera indesejavel. E um mecanismo de usa frequenlc e obser-
dCkrn:inados cOlllct:iclos psiquicos, interfere no pcns<mH~ilta. vavel na vida cotidiana. Urn exemplv e 0 jo'-'em que critica os co-
legas po:' serem extremamente competitivos e nao se d3 conta de
Sao varios os mecanislllos que 0 incIividua poele llSal para rea-
que tambem 0 e, as vezes ate mais que os colegas.
lizar esta defarma<;;ao cia realidade, chamados de mecanismos de
• Racionaliza(ao: 0 in-
defesa. Sao processos realizados peIo ego e san inconscientes, isto
dividuo constr6i uma
e, ocorrem indepenrlentemente da vontade do individuo. argumenta<;;ao inte-
e
;••defesa a e
Para Freud, defesa <topera<;;ao pela qual a ego exclui da cons- lectualmente convin-
jperayaopela den cia os conteudos incIesejaveis. protegcndo, desta forma, 0 apare-
~{) ego exelui Iho psiquico. 0 ego - uma instancia a servi<;:ocIa re;J.lidade extern a
cente e aceitavel, que
Ii,Cohsei~rieia justifica os estados
eudos . e sede dos processos defensivos - mobiliza estes mecanismos, que
;,~~:'
"deformaclos" da cons-
';ve/55 suprimem ou dissimulam a percep<;;ao do perigo interno, em fun<;;ao ciencia. Isto e, uma
"'~ ",~-;;."l
de perigos reais ou imagimlrios localizados no mundo exterior. defesa que justifica as
Estes mecanismos sao: outras. Portanto, na
• Recalque: 0 individuo "nao ve", "nao ouve" G que ocorre. Existe a racionaliza<;;ao, 0 ego
slJ,-pressaode uma parte da reaIidade. Este aspecto que nao e per- coIoca a razao a senoi-
"cebido peIo individuo faz parte de um todo e, ao ficar invisivel, al- C;:O do irracional e uti-
tera, deforma 0 sentido do todo. E como se, ao ler esta pagina. liza para isto 0 mate-
6. 1.1~1~·,n4!4!~*~·I~&~·jDI~~4-II. -l1Ell
rial fornecido pel a cultura, ou mesmo pelo saber cientiJico. Dois psiquiatra e psicanaJista D. W. Winnicott, cujos programas radio-
exemplos: 0 pudor excessivo (forma~ao reativa), justificado com fonicos transmitidos na Europa, durante a Segunda Guerra Mun- 1 .. ,. "" 'I
argumentos morais; e as justificativas ideologicas para os impulsos dial, orientavam os pais na cria~ao dos filhos, ou a contribui~ao i9,~'9f;r:@~!JJ9>
. _. t . humane assume
destrutivos que eclodem na guerra, no preconceito e na dl'fesa da de Ana Freu d para a Eauca~ao e, malS recentenleIlte, as con n- in'lmeras
pena de morte. bui~oes de Fr<::.n~oise Dolto e Maud Mannoni para 0 trabalho express6es.
Alem dcstes mecanismos de dcfcsa do ego, existem eutros: com o'iani;;as e adolescentes em insti- r
denega<;ao, identifica~3.o, isolamemo, anulai;;ao retroativa, inversao tuic;:oes - hospit2is, crecht::s, abrigos.
e retorno sobre si mesmo. Todos n6s os utilizamos em nossa vida Atualmente, e inclusive no Brasil,
cotidiana, isto e, defonnamos a rea!idade para nos defender de pe- os psicanalistas estao debatendo 0 alcan-
rigos internos ou externos, reais ou imaginarios. 0 usa destes me- ce social do. pratica clinica visando tor··
canismos nao e, em ;,i, patol6gico, ('ontuclo distorce a realiclade, e na-la accsslvel J amplos setores da socie-
s6 0 seu desvendamcnto pode nos fazer superar essa falsa conscien- dade. Eles t2.tnbcrn estao voltanos para a
cia, ou melhor, ver a realidade como ela c. pesquisa e produi;;ao de conhecimentos
que possam ser uteis na compreensao
de fenomenos sociais graves, como (l au-
mento do cnvoJvimento do adolescentc
PSICANALISE: APLICA~OES com a crirniuulidac1c, a surgimcnto de
E_ CQNTaJJ~UIs;O~SJ_9...Q.~
.. ,'"_''_'~_'_''' n,was (c.ntigCls;» {urmas de ,,,[riment·:)
produ7;idas pelo modr; de e;..:istencia no
A caraClerfstica eS"i~llciai do trabalho psic<,nalftico e 0 d(~cj- mundo COlltemPOraneo -- as drogadi-
framento do inconsciente e a integrar;3o de seus conteudos na ~oes, a anorexia, (i sindrome do panico,
consciencia. Isto porque sao estes conteudos desconhecidos e in- a excessiva medicaliza~ao do sofrimen-
conscientes que determinal11, em grande parte, a conduta dos ho- to, a sexualiza(ao da infancia. Enfim,
mens e dos grupos - as dificuldades p,u'a viver, 0 mal-estar, 0 so- eles procuram compreender os novos
frimento. ' modes de subjetiva<;:3.o e de existir, as OGRITO. DE EDVARD MU;,CF
A !inalidade A finalidade deste trabalho investigativo e 0 :mtoconhecimen· novas expressoes que 0 sofrimento psiquico assume. A partir des- ...ospsicanalistas
e
trabalho0 to, que possibilita !idar com 0 sofrimcnto, criar mecanismos de su-
deste ta compreensao e de suas observa~oes, os psicanalistas tentam lentam cnar
autoconhecimento pera~ao cl2Sdificuldades, dos conflitos e dos submctinlentos em di- criar modalidanes de interven~ao no social que visam superar 0 modalidades .
de
decadair.dividuo, interven9ao
no
re~ao a vma produ~:'io humana mais autonoma, criativa e gratifi- mal-estar na civiliza~ao.
dosgrupos, das socialquevisam
cante de cada individuo, do~ grupos, das i;,stitUl~oes. Alias, 0 pr6prio Freud, ern varias de suas obras - 0 mal-estar superarmal-estar
0
institui90es.
Nesta tarefa, muitas vezes bastante desejada pelo paciente, e na civilizar;iio, Reflexoes para 0 tempo de guerra e morte - coloca ques- nacivilizayao.
necessario que 0 psicanalista ajude a desmontar, pacientemcnte, as toes sociais, e ainda atuais, como objeto de reflexi'i.o, ou seja, nos
resistencias inconscientes que obstaculir.am a passagem des con- faz pensar ever 0 que mais nos incomoda: a possibilidade constan-
teudos inconscientes para a consciencia. te de dissocia~ao dos vinculos sociais.
A representa~ao social (a ideia) da Psicanalisc aincl<l e bastan- o nH~todo psicanalftico usado para desvendar 0 real, com- Cadapalavra,'
te estereotipada em nosso rneio. Associamos a Psicanalise com 0 preender 0 sintoma individual ou social e suas determina~oes, e ocada simbolo"i;,'
diva, com 0 trabalho de consult6rio excessivamente longo e s6 pas- interpretativo. No caso da analise individual, 0 material de traba- tern Sig~ificp.p~
urn
sivel para as pessoas de alto poder aquisitivo. Esta ideia correspon- lho do ana!ista sao os sonhos, as associac;:oes livres, os atos falhos P~r!iGHi~riJlii.w~:7
deu, durante muito tempo, a pratica nesta area que se restringia, (os esquecimentos, as substitui~oes de palavras etc.). Em cada umcadilin~tYN~g~,~:n
exclusivamente, ao consultorio. desses caminhos de acesso ao inconsciente, 0 que vale e a hist6ria
Contudo, hi varias decadas e possivel constatar a contribui- pessoal. Cada palavra, cada simbolo tern urn significado particular
.;ao da Psicanalise e dos psicanalistas em varias areas da saude para cada individuo, 0 qual s6 pode ser apreendido a partir de sua
mental. Historicamente, e importante lembrar a contribuic;:ao do hist6ria, que e absolutamente unica e singular.
7. POl' isso e que se diz que, a cada nova situa(ao, realiza-se no-
1. Quais os tres usos do termo Psicanalise? .. .... . ..
vamente a experiencia inaugurada pOl' Freud, no inicio do secu]o
2. Quais saG as praticas de Freud que antecederam a for!i;~,I.a<;:aocJ~;;~
20 - a experiencia de tentar descobrir as regioes obscuras da vida
ria psicanalftica? .-"
psfquica.
3. Quais foram as descobertas fin~is;9~:~~?fi2~r~~~'~"i~~ri.;~~~;;
;·····r.alise?···......... •. "
. ""-""";;"'.",';')':""';''''''/ """'. . ....
4. Como se caracteriz~ a primeirateoriasoor:.:aestrlturad? apar:!h.o
, quiso? ..' ..... . ..
"" "";;co;;';'·;;'·'" >'e'"
Que significa haver 0 inconsciente? Em primeirolugar (...) uma certa .5~ q~~ Freydd~ss?briUdeimport.ante~()br'~i~sexu31,d~d~~"
0
forma de descobr:r sentidos, tfpica da interpretayao psicanalitica. Ou seja,
tendo descoberto uma especie de ordem nas emoc;:i5es das pessoas, os 6. Comose caractel izam asfasesdo desenvolvlmento sexuaL
~~~. psicanalistas afirmam que M um lugar hipotetico don de eias provem. E 7. Caracterize 0 complexo de Edipo.
~ como se supusessemos que existe um lugar na mente dEtspessoas que
funciona a seme/hanc;:ada interpretac;:aoque fazemos; s6 que ao contrano: 8.0 que e realidade psfquica? . ..... .., .. "
la se cifra 0 que aqui deciframos. 9. Como se caracteriiam os modelos econ6mico,toplcO e
Veja os sonhos, por exemplo. Dormindo, produzimos estranhas histories, que parecem funcionamento psfquico?
fazer sentido, sem que saibamos qual. Chegamos a pensar que nos ailur.ciam a futuro, sim-
10. Como se caractei'iza a pulsao?
plesmente porque parecem ar.uncia algo, querer comunicar algum sentido. Freud, tratando
dos sonhos, partia do principio de que eles diziam alga e COtTI bastante sentido. Nao, porem, 0 11.0 Que e si ntoma?
, 'I ,. '(
futuro. Det::idiu interpreta-Ios. Sua teeniea inlerpretEttlv"t era mais au mer,os assim. TOin8Vaas 12. Como se caracteriza a scgunda teoria do apare! 10 pSlqUiCO. .
varias partes dE' um sonho, sou ou alheio. e 1aziacom que 0 sonhador asso.:;iasse idaias e lem- 13, Como 5e caracterize. 0 metodo de investiga~5.o da Psicanalise? E apra-
branQas a cada uma delas. Foi possivel descobrir 2ssirn que os sOrlhos diziam respeito, Gin
parte, aos acontecimentos do dia anterior, embora se relacionassem tambem com modos de tica terapeutica? .
ser lnfantis do sujeito. 14. Qual a func;ao e como operam os mecanismos de defesa do ego?
Igualmente, ele descobriu algumas regras da 16gicadas emoc;;oesque produz os sonhos. 15. Qual a contribui<;:ao social da Psicanalise?
Vejamos as mais conhecidas. Corn frequencia, uma figura que aparece nos sonhos, uma res-
soa, uma situayao, representa varias fig/Has fundidas, significR isso e aqujlo ao masmo tempo.
Chama-se este processo condensac;:ao,e ele explica 0 porque de qualquer interpretag3.o ser
sempre muito mais extensa do que 0 sonho interpretado. Outro processo, chamado desloca-
mento, e 0 de dar 0 sonho uma importancia emocional maior a certos elementos que, quando
da interpretac;:ao,se reve/arao secundarios, negando-se aqueles que se mostrarao realmente
irnportantes. Um detalhezinho do sonho aparece, na /nterpretac;:ao,como 0 elo fundamental.
Digamos que 0 sonho, como um estudante desatento, coloca erradamente 0 acanto to- 1. Ouais ~ao os ensinamentos que a interpretac;ao dos sonhos n.os proYlcia?
e
nico (emocional, claro), c:riando um drama diverse do que deveria nc:rrar; como se dissesse
Utilizem 0 texto complementar como referenda para essa d!scussao. .
Esquilo por esquilo ... Um terceiro processc>de formac;:aodo sOilho consiste em que tudo e re-
presentado por meio de simb%s e, um quarto, reside na forma final do sonho que, ao contra- 2. Com os subsfdiosd~ texto, justifiquem a epfgrafe do c~pftulo: "Se fos-
rio da interpretagao, nao e uma hist6ria contada com palavras, porem uma cena visual. (...) se preciso concentrar numa ~alavra ~ des;obertafreudlana, essa pala-,
Do conjunto de assoeiay6es que partem do sonho, 0 interprete retira um sentido que Ihe
, fraseria.incot1~estavelmente I~conscle~te:.':,' " ..•..
parece razoavel. Para Freud, e para n6s, todo sonho e uma tentativa de realizacao do desejo. (...)
Sera tudo apenas um brinquedo, uma charada que se inventa para resolver? Nao, por 3.Disc~ta.ni"'3f;~~·~>iO~que Joactdiz d.e Pedro'cliz .mais de.~oao do que d~ •
certo (...). Pedro".' .,' '.:' "., .'. ., ,. ..
. Apenas voce deve compreender que 0 inconsciente psicanalitico nao e uma coisa ern- . . 4 P~s(f~is~~e:di~ctit~'';';t~xios' de'p~rt~nali;ta~ 'c~j~~ ~bj~tosd: analise:
'no'fundo da cabeca dos homens, uma fonte de motivos que explicam 0 que de outra for- c".' "',,.'" ,,,,,,.,,:;v,'j";;-.Jc"f ,0'''- '*y~or:to~iaf~""atu~is'''5fI'faibs 'i13'C{5tidiano.·
h>~"',;'~~:~}¥r?!~~r1~
:.
Estes' H~xto?t
·'·.pouco razoav~1- como 0 medo de baratas ou a necessidadede autopunigao. In-
e'~~o,nome que se da a um sistema 16gico que, por necessidade te6rica, supomos
'h~mente das pessoas, sem no entanto afirmar que, em si mesmo, seja assim ou
b'scitbemospela interpretagao.
". ."'.. .,garis~ '.,. •.........'c·";·, i: '~. .
; c
Fabio Herrmann. 0 que e Psicanalise. Sao Paulo, t:'," "::;ljt~>,;"
Abril Culfural/Brasiliense, 1984. (Colegao Primeiros Passos, 12) p. 33-6. ". -,';-;/:'>:,~,
'
8. Charles Brenner (5. ed. Rio de Janeiro, Ima-
Para 0 aluno go, 1987), e bastante utilizado pelos ini-
o livro de Fabio ciantes no estudo da Psicandlise e fornece
Herrmann, 0 que e uma visao ampla dos fundamentos des sa
PsicanaJise (Sdo Paulo, teoria.
Abril Cultural/Brasilien Pal'a consultas especfficas sobre a tcr-
se, 1984. Colec;ao Pri- minologia psicanalitica, bem como as dife-
meiros Passos), e um livro introdutorio aas rentes formas de conceituar 0 mesma reno-
principais conceitos da Psicanalise. A lin- menD ou processo na teoria de S. Freud,
guagem e faci! e atraente. Renata Mezan existe 0 iivro de J. Laplanche e J.-B. Pantalis,
em seu livro Sigmund Freud, serie Encanto VocabuJario da PsicanaJise (Saa Paulo, Mar-
Radical (Sao Paulo, Brasiliense, 1982), situa tins Fontes, s. d.). Este e um livro bastante
historicamente 0 aparecimento da Psicana- conceituado pelo rigor e exatidao das con-
lise, os dados biograficos de Freud e os con- cepcoes freudianas
ceitos fundamentais da teoria. E uma boa
refcorencia para se iniciar um estudo da Psi-
canalise.
As lenct(>nci,ls ieoric(-',s apresentadas nos capftulm: 3, 4 e r) -
Para 0 professor
.;.••••
J1'I~c;·~@ Freud,. ah~m d,~al- Beh<::vjo!ismo, Gesf(dt e PSiGJ:12.lise, respcctivamellie -- cOJJstintl-
W'id-I'''·C
,A,s obras campletas de SigmuI1d iftll:itM?',,§>' ma. Dire<;:ao John ram-se em mauizes do desenvolvimen to da cier~ci2. psicol6gica,
Freud estao editadas no Brasil pela editara Huston (EUA, 1962) propiciando 0 surgimento de inumeras abordagens da Psicologia
Imago, Rio de JClneiro. Nela estaa contidas o fiime mos- conternpOfanea.
sua Autobiografia (historico das descaber- tra 0 irofciodos tra- Do Behaviorismo, pOl' exemplo, surgiram as abordagens do
t::l<; o autor) e as Cinco conferencias (ex-
d balhos de Freud Behaviorismo Radical (B. F. Skinner) e do Behavicrismo Cognitivis-
posit;:ao sistematica e introdut6~ja da teo~ia em Viena, enfocando sua teoria sobre inter- ta (A. Banclura c, atualmente, K. Hawton e A. Beck).
psicanalftica). preta<;.ao dos sonhos. Mostra tarnbem a re- A Gestalt (do ponto de vista de uma teoria com bases psicofi-
o livro NOf;oes basicas de PsicaniiJi- jeic;ao da CC'munidade medica 3S suas siol6gicas) praticamente desapareceu. No entanto, a tradi.;:ao filo-
se: introdUt;ao a Psicofogia psicanaiitica, de ideids. s6fica que a fundamenta - a Fenornenologia - avan<;.:ou pGf urn
carninho diferente, buscando a cornpreensac do ser no munclo e,
de certa maneira, associou-se ao campo da Psicologia Existencialis-
ta. Hoje, essa venente da Psicologia discute as bases da consciencia
atraves dos ensinarnentos de Jean Paul Sartre. Outra vertente da
FenornenoJogia faz essa discussao atraves do Existencialisrno de
Martin HeiddeO'er ' desenvolvendo
o
urna proffcua corrente denorni-
_
nada Dasein Analise, que tern no psiquiatra suf<;.:o Medard Boss.
urna das figuras rnais destacadas. Outra corrente derivada da Ges-
talt e que segue urn carninho diferente do tra<;.:ado pela Fenorneno-
logia, e a da Gestalt Terapia. Fundada por Pearls, esta corrente tra-
1. Este capitulo contou com a contribui9ao de professores da equipe de Psicologia S6cio-
Hist6rica da Faculdade de Psicologia da PUC-SP e, em especial, da prof" Maria da Gra-
9a M. Gor,9alves.