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“Oficinas de Produção de Textos II” - 2010

             GÊNERO RESUMO ACADÊMICO: CONFIGURAÇÃO E FUNCIONAMENTO


                                                       Andréa Lourdes Ribeiro – Doutoranda UFMG


Resumo
               O resumo é uma das atividades mais pedidas pelos professores universitários. No entanto, há
muitas dúvidas quanto a sua produção tanto por parte dos docentes quanto dos discentes. Isso porque,
conforme RIBEIRO (2003), esse gênero encontra-se em construção no imaginário de sua comunidade
discursiva. Assim o objetivo desse trabalho é descrever a configuração e o funcionamento do resumo como
atividade acadêmica, o resumo acadêmico. Para tal será preciso traçar primeiro um panorama dos diferentes
resumos que circulam no contexto acadêmico para em seguida aprofundar o conhecimento sobre a produção
desse gênero. Para realizar esse estudo contarei com as contribuições da teoria dos gêneros do discurso de
BAKHTIN (1992), retomada por BRONCKART (1999); da heterogeneidade enunciativa proposta por
AUTHIER-REVUZ (1982), da Teoria da Enunciação revista por CHARAUDEAU (1983) e dos estudos
sobre as atividades de retextualização de MARCUSCHI (2001),.


Introdução
Muitos professores universitários solicitam a seus alunos atividades de resumo com o propósito não só de
integrá-lo nas práticas discursivas do meio acadêmico mas também de oferecer-lhe a apropriação de
conceitos necessários à sua formação. Apesar disso, o gênero resumo não possui uma uniformidade
conceitual e terminológica por parte dos professores e também dos alunos.
Situando o gênero numa perspectiva sócio-interacionista, é possível compreender que a sua produção
envolve duas ações de linguagem distintas e complementares: uma atividade de leitura e compreensão do
texto-fonte (doravante TF) seguida de uma atividade de escrita.
  A produção de um resumo acadêmico é um tipo específico de retextualização que deve considerar as
condições de produção, recepção e circulação do TF assim como os da própria retextualização, tal como
afirma MATÊNCIO (2003, p.9) “a ação de resumir pressupõe selecionar macroproposições, relacioná-las
em função dos propósitos atribuídos ao autor do texto-base ou dos propósitos de uma nova proposição.”
Também para produzir um resumo acadêmico é preciso conhecer a configuração e o funcionamento desse
gênero, objetivo dessa pesquisa.

  Para realizar esse objetivo serão analisados cento e vinte resumos acadêmicos coletados em situação real
de uso1. A investigação fará um levantamento das estratégias usadas para configurar o resumo acadêmico
através da observação da macroestrutura do corpus essa análise permitirá também traçar um panorama geral
do funcionamento discursivo desse gênero na prática acadêmica.
     1
          Os resumos em referência foram produzidos como atividade avaliativa da disciplina Introdução aos Estudos
         Lingüísticos ministrada pela professora Costa Val, no 2o. semestre de 2002, na FALE/UFMG.
“Oficinas de Produção de Textos II” - 2010



      1. Noção teórica de gênero textual


   A comunicação humana é realizada através de formas textuais concretas presentes empiricamente
no cotidiano tais como receita culinária, telefonema, carta, romance, manuais de instrução, bula de
remédio, lista telefônica, outdoor, etc. Essas formas são denominadas de gêneros. De acordo com
BAKHTIN (1979) “os gêneros são padrões comunicativos socialmente utilizados, que funcionam
como uma espécie de modelo comunicativo global que representa um conhecimento social localizado
em situações concretas”
      Embora os gêneros sejam definidos como “formas mais ou menos estáveis de enunciados” (cf.
BAKHTIN, 1992, p.279), os textos pertencentes a eles podem apresentar-se bastante heterogêneos
com relação aos tipos textuais2 que comportam. Assim para definir um gênero é preciso considerar os
papéis de seus enunciadores e receptores, as funções e objetivos do evento comunicativo e o modelo
estrutural através do qual o gênero se realiza lingüicamente.
   Por serem os gêneros meios sócio-historicamente construídos para realizar objetivos comunicativos, a
apropriação dos gêneros torna-se um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas
atividades comunicativas humanas (cf. BRONCKART, 1999, p.103).




      2. Gênero resumo – algumas definições


   Prática acadêmica cada vez mais difundida no ensino superior, o gênero resumo, no entanto
enfrenta na universidade uma confusão conceitual e terminológica tanto por parte dos docentes como
dos discentes.
   Essa pesquisa procurou primeiro identificar a perspectiva de resumo encontrada em livros de
metodologia científica que têm como função orientar os universitários quanto ao uso de algumas
normas na elaboração de trabalhos acadêmicos. Um dos autores pesquisados, SALVADOR
(1978:17-19), ao discutir métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica, define o gênero como uma
apresentação concisa e freqüentemente seletiva do texto de um artigo, obra ou outro documento,
pondo em relevo os elementos de maior interesse e importância. Com relação aos objetivos, o autor
classifica o resumo em três categorias, relacionadas ao tipo de informação que divulgam: (i) resumo
informativo, que contém todas as informações apresentadas no DF, dispensando assim a leitura desse;

      2
          Essa pesquisa entende tipos textuais como constructos teóricos historica e lingüisticamente definidos
“Oficinas de Produção de Textos II” - 2010

(ii) resumo indicativo, que não dispensa a leitura do texto, uma vez que apenas descreve a natureza, a
forma e o propósito do escrito; (iii) resumo crítico, também chamado de resenha crítica, que formula
julgamento sobre o trabalho que é resumido.
   Já MEDEIROS (1991:61) em consonância com a norma NBR 60283 também define o resumo como
uma apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto. Diferentemente do autor citado,
Medeiros avança ao esclarecer para seu leitor não só a finalidade do resumo - apresentar com
fidelidade as idéias do texto (...), visando fornecer elementos que dispensem a consulta do texto
original (p.61) - mas também comentários sobre o estilo - assegurar ao leitor que o texto foi
entendido e convertido a uma linguagem própria (p.64) - e sobre as técnicas para elaborar o resumo
que são de ordem estrutural, tais como: o uso da referência bibliográfica, a progressão das idéias
apresentadas, a correlação entre as partes (grifos meus).
          Pelo que se pode ver, Essas definições de cunho estruturalista ocupam-se apenas em definir o
gênero sem contudo orientar seus leitores para o processo de produção. Dessa maneira rever o conceito
do resumo no interior da Teoria da Enunciação torna-se fundamental para compreender esse gênero
como uma ação de linguagem..




      3. Revendo o conceito de resumo


             Ao pesquisar sobre as práticas de linguagem nos gêneros escolares, SCHNEUWLY e DOLZ
   (1999)4 revelam que a cultura do sistema escolar define o resumo como uma representação reduzida
   do texto que será resumido, sendo o problema de escrita reduzido a um simples ato de
   transcodificação da compreensão do texto (p.14).
             Pensando o gênero resumo como resultante de uma ação comunicativa, esses autores
   enfatizam que a escola não considera o gênero resumo como uma “transmissão” de um discurso
   existente em função de um novo receptor e outro objetivo. A escola também não percebe essa
   prática como um exercício de retextualização 5 que deixa traços lingüísticos específicos no texto
   (p.14).
             Enfocando o gênero resumo a partir do seu contexto de produção, MACHADO (2002),
   adotando as categorias do interacionismo sócio-discursivo de BRONCKART (1999), acredita que a
   análise do contexto de produção de um texto é um auxiliar poderoso na classificação desse como
   pertencente ou não a um determinado gênero. Da mesma maneira que BRONCKART (1999), a

      3
          De acordo com as normas da ABNT
      4
          Esses autores concentram seus estudos no nível fundamental de ensino do sistema escolar francês.
      5
          o termo retextualização é adotado nessa pesquisa como
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autora define o contexto de produção como constituído pelas representações interiorizadas pelos
agentes sobre o local e o momento da produção, sobre o emissor e o receptor considerados do ponto
de vista físico e de seu papel social, sobre a instituição social onde se dá a interação e sobre o
objetivo ou efeito que o produtor quer atingir em relação ao seu destinatário.
         Essas são algumas das pesquisas que tentam (re)definir o gênero resumo considerando-o
tanto como exercício de leitura como de produção de escrita, atividades para as quais estão
implícitas duas situações de ação de linguagem distintas.


   4. Diferentes resumos nas práticas acadêmicas


             Na prática acadêmica a ação de resumir recobre diferentes realidades, apresentando por
   isso diferentes macroestruturas. MATÊNCIO (2003, p.8) ao empreender um estudo do resumo
   como atividade de retextualização nas práticas acadêmicas descreve algumas das formas do
   resumo definidas de acordo com a função que exercem: (i) resumos envolvidos no processo de
   elaboração de pesquisa que têm a função de mapear um campo de estudo integrando a discussão
   do estado da arte; (ii) resumos colocados geralmente antes de um texto científico (artigos,
   dissertações, teses) que têm a função de apresentar e descrever o modo de realização do trabalho
   ao qual se refere, os résumés ou abstracts.
          Ainda de acordo com a autora, o primeiro tipo de resumo “implica num alto grau de
   subordinação” ao TF já que permite ao leitor recuperar as macroproposições desse. Já os
   résumés ou abstracts não se preocupam em descrever a estrutura do TF, mas o modo de
   realização do trabalho científico. Para            ela (p.9) esses diferentes resumos poderiam ser
   entendidos como estando num continuum que vai dos que se aproximam mais do TF até aqueles
   que apenas se referem brevemente a ele.
          Embora não considerados por MATÊNCIO (2003), há os resumos que encerram capítulos
   ou seqüências de informação em livros de divulgação científica6. Esses resumos têm a função de
   finalizar a reflexão de um determinado tema, além de agrupar e ressaltar as macroproposições da
   parte resumida. Esses resumos também implicam num alto grau de subordinação com o TF.
        É nesse contexto que se insere um outro tipo de resumo: o resumo acadêmico. Esse subtipo
   têm a função de integrar o aluno nas práticas discursivas do meio acadêmico (cf. MATÊNCIO,
   2003), além de oferecer-lhe a apropriação dos conceitos necessários à sua formação, quanto ao
   professor, esse gênero serve como instrumento de avaliação que lhe permite garantir a leitura,
   verificar e avaliar a compreensão do aluno sobre o TF.


   6
        Ver se KATO, M. No mundo da escrita (p.30, 40) e CHIAVENATO, I. Teoria geral da Administração (p.47,84)
       são textos científicos ou de divulgação científica?
“Oficinas de Produção de Textos II” - 2010

       A produção de um resumo acadêmico compreende igualmente uma atividade de leitura e
outra posterior de escrita. Para produzir o resumo acadêmico primeiro é necessário que o aluno
compreenda o TF, uma vez que resumir “pressupõe selecionar macroproposições, relacioná-las
em função dos propósitos atribuídos ao autor do texto-base ou dos propósitos de uma nova
proposição.” (MATÊNCIO:2003, p.9). A atividade de escrita de um RA envolve a elaboração de
um novo texto, isto é, uma retextualização. Por isso não basta apenas compreender e selecionar
as macroproposições do TF, para produzir um resumo acadêmico é preciso também conhecer a
configuração e o funcionamento discursivo desse gênero.


5. Configuração do gênero resumo acadêmico


   A elaboração de resumo é uma das propostas didáticas mais freqüentes do meio acadêmico.
Ao transformar um texto em um outro, o resumo acadêmico, o aluno realiza uma retextualização
(cf. MARCUSCHI 2001), ou seja, empreende uma série de operações textuais-discursivas na
transformação de um texto em outro. Para o autor (p.46), a retextualização não é um apenas
processo mecânico, ela “envolve operações complexas que interferem tanto no código como no
sentido”. Assim retextualizar envolve tanto as relações entre os gêneros e textos –
intertextualidade – quanto relações entre discursos – a interdiscursividade.
   Para realizarem a atividade de resumir com sucesso, os alunos precisam considerar os papéis
de seus enunciadores e receptores, as funções e objetivos do evento comunicativo e o modelo
estrutural através do qual o gênero se realiza lingüisticamente, produzindo assim resumos
coerentes, coesos, que mantenham o princípio de equivalência semântico-pragmática com o TF e
que estejam de acordo com as especificidades desse gênero.
       Mas quais são as particularidades do resumo acadêmico?
       O primeiro aspecto observado no corpus são as estratégias empregadas na produção do
gênero resumo acadêmico:


Gráfico 1: Estratégias de produção do resumo acadêmico



                                                             copiaram

                     25%
                                              35%            parafrasearam

                                                             copiaram e
                   18%                                       parafrasearam
                                    22%                      resumiram
“Oficinas de Produção de Textos II” - 2010



       A estratégia mais utilizada foi a de “copiar e colar” trechos considerados relevantes do
TF. A estratégia de resumir foi a segunda mais usada, embora a maioria desses textos ofereçam
problemas de coerência, coesão e fidelidade às proposições do TF.
       Outro aspecto observado na configuração macroestrutural do corpus é a ancoraragem
textual-discursiva do resumo acadêmico ao TF. Essa ancoragem é responsável por indicar no
resumo acadêmico a “dependência” que esse tem com o TF que o origina:


Gráfico 2: Estratégias de referência ao TF

                                                          sem referência

                            2%                            título
                                 2%
                   31%
                                                          título alterado

                    5%                       60%          título e referência
                                                          bibliográfica
                                                          expressões disc.
                                                          Relatado




       Como se viu, para a maioria dos produtores é suficiente sinalizar com o título a referência
ao TF. Tal decisão encontra respaldo na situação de produção do resumo acadêmico que
acreditam por estar compartilhada com a professora dispensa a referência ao TF. Já uma pequena
percentagem dos alunos demonstra a inserção nas práticas acadêmicas ao marcar a relação com o
TF através da referência bibliográfica.
    A falta de identificação do TF gera como conseqüência para o gênero resumo acadêmico
uma descaracterização de seu funcionamento discursivo como veremos a seguir.


6. Funcionamento discursivo do gênero resumo acadêmico


       Preocupada em enfatizar a dimensão enunciativa da produção textual, AUTHIER-
REVUZ (1982) entende que todo discurso é constituído de outros, fenômeno que a autora
denomina heterogeneidade. Ainda segundo a autora, há dois tipos de heterogeneidade: a
constitutiva e a mostrada. A constitutiva remete aos processos reais de formação de um discurso,
que constitui-se pela apropriação de outros. A heterogeneidade mostrada tem a função de
evidenciar esses outros discursos, de forma marcada, através do uso de recursos lingüísticos tais
“Oficinas de Produção de Textos II” - 2010

como aspas, travessões, parênteses e outros que indiquem citação, metadiscursos, etc., ou de
forma não-marcada, a qual pode ser inferida de figuras tais como a metáfora, a ironia, do
emprego de estratégias discursivas como perguntas retóricas, pastiches, paródias, ou de
pressupostos.
          Em estudo posterior, AUTHIER-REVUZ (1998) caracteriza o funcionamento discursivo
de alguns textos do gênero de divulgação científica, inscritos num conjunto que compreende o
resumo. Para a autora, a ação comunicativa desses gêneros apoia-se num trabalho que envolve
uma ação comunicativa anterior de leitura e interpretação do TF, e outra na qual se segue um
processo de produção de um novo texto, a retextualização, que emprega as estratégias próprias
do discurso relatado. Tal processo de produção caracteriza o gênero resumo como uma
modalidade muito particular, que estabelece no texto produzido a menção da enunciação do TF e
a da sua própria enunciação, colocando-o face a face com o TF, no entanto, ressalta AUTHIER-
REVUZ (1998:110), em uma posição distanciada que é incompatível com a idéia de cópia. Esses
dois atos comunicativos caracterizam a dupla estrutura enunciativa inerente ao resumo.
          Para entendermos         essa dupla estrutura enunciativa              recorro   aos estudos       de
CHARAUDEAU (1983). O autor considera todo ato de linguagem como resultante da
combinação de dois componentes: o verbal7 e o situacional8. Esse processo de troca linguageira é
regido por um Contrato de Comunicação que se realiza em dois níveis: o nível situacional ou
espaço externo e o nível comunicacional ou espaço interno das trocas linguageiras. No espaço
externo se encontram: (i) o sujeito comunicante EUc, parceiro que tem a iniciativa do processo
de produção, dotado de uma identidade e de um estatuto, e (ii) o sujeito interpretante TUi,
igualmente dotado de identidade e estatuto é o responsável pelo processo de interpretação. No
espaço interno se encontram os seres de fala da enunciação do dizer: (i) o sujeito enunciador
EUe que se dirige a um (ii) sujeito destinatário TUd. Esses últimos, seres de fala, assumem
diferentes papéis, que lhes são atribuídos por EUc e TUi parceiros do ato de linguagem em
função de sua relação contratual.
          O quadro 01 representa a superposição dos dois Contratos de comunicação envolvidos na
produção do resumo acadêmico: o Contrato1 retrata o TF e o Contrato2, o produto da
retextualização.


Quadro 01


                                   Contrato de comunicação2
7
    O verbal é entendido na teoria de CHARAUDEAU como a língua
8
     O situacional na mesma teoria refere-se ao material psicossocial que determina e define o comportamento dos
    seres enunciadores considerados então como atores sociais e sujeitos-comunicativos interpretantes.
“Oficinas de Produção de Textos II” - 2010

                          Nível situacional2      → Espaço externo
                              Nível discursivo2 → Espaço interno


                                      Contrato de comunicação1
                                    Nível situacional1 → Espaço externo


                                     Nível discursivo → Esp. interno

   EUc2         EUe2      EUc1       EUe2 EUe1 ←→ TUd1 TUd2              TUi1   TUd2   EUc2




       Através dele é possível vislumbrar a dupla encenação discursiva inerente ao resumo, ou
seja, a presença de mais de um sujeito enunciador o que evidencia a pluralidade enunciativa da
qual o gênero resumo acadêmico é produto.
          Essa pluralidade pode encontrar-se marcada ou não lingüisticamente nos resumos
acadêmicos, o que será investigado em outra oportunidade.


7. Conclusões


       A análise do corpus analisados permitiu-me verificar que a maioria dos alunos construiu
resumos que são uma minituarização do TF utilizando para tal a estratégia de cópia/colagem de
proposições que consideraram “significativas”. O uso predominante dessa estratégia no faz
aventar duas hipóteses: a primeira é que esses produtores repetem ipsis verbis o TF por
atribuírem ao discurso científico um caráter de verdade absoluta e a segunda por desconhecerem
como abordar as informações lidas.
       Apenas uma percentagem pequena utilizou a referência bibliográfica, muitas vezes
incompleta, para marcar a ancoragem discursiva. A marcação da referência ao TF através do
emprego do título foi a estratégia mais empregada no corpus.. Esse “apagamento” gera
conseqüências pragmáticas para o resumo acadêmico que perde a “dependência” que esse tem
com o TF que o origina, eleva o leitor a tomar o aluno-produtor como responsável pelas
proposições enunciadas.
       O emprego de estratégias variadas e em proporções diferentes, a não marcação da
ancoragem discursiva na produção do resumo acadêmico demonstra que os seus produtores não
“Oficinas de Produção de Textos II” - 2010

dominam o saber fazer dessa prática discursiva inserida no domínio científico, sendo por isso
necessário aprofundar essa pesquisa na busca de mais elementos que permitam traçar um quadro
mais completo da configuração e do funcionamento discursivo do gênero resumo acadêmico.


8. Bibliografia
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline.1982. Hétérogénéité montrée et hétérogénéité constitutive:
élements pour une approche de l’autre dans le discours. DRLAV 26, p.

__________. Palavras incertas: as não- coincidências do dizer. Campinas: Unicamp.
BAKHTIN, Mikhail. 1929. Marxismo e filosofia da linguagem. Sp:Hucitec Annablume. 1992.

BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo
sócio-discursivo. Trad. Anna Rachel Machado, Pericles Cunha. SP:EDUC, 1999
CHARAUDEAU, Patrick.1983.Langage et discours: élements de sémiolinguistique. Paris:
Hachette.

MACHADO, Anna Rachel.2002. Revisitando o conceito de resumos. In: Dionisio, Angela Paiva
org. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, p.138-150.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. 2001. Da fala para a escrita: atividades de retextualização.
SP:Cortez.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,
resenhas.SP:Atlas, 1991.
MATÊNCIO, Ma. de Lourdes Meirelles. Atividades de (re)textualização em práticas
acadêmicas: um estudo do resumo. 2003 (no prelo)
RIBEIRO, Andréa Lourdes. Resumo acadêmico: um gênero constituído ou em construção?.
2003 (no prelo)
SALVADOR, Ângelo Domingos. 1978. Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica. Porto
Alegre: Sulina.

SCHNEUWLY, Bernard & DOLZ, Joaquim. 1999. Os gêneros escolares: das práticas de
linguagem aos objetos de ensino. In: Revista Brasileira de Educação, nº 11, p.5-16.

SEVERINO, Antônio Joaquim. 1986. Metodologia do trabalho científico. SP: Cortez, 14º
edição.

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Como fazer resumos

  • 1. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 GÊNERO RESUMO ACADÊMICO: CONFIGURAÇÃO E FUNCIONAMENTO Andréa Lourdes Ribeiro – Doutoranda UFMG Resumo O resumo é uma das atividades mais pedidas pelos professores universitários. No entanto, há muitas dúvidas quanto a sua produção tanto por parte dos docentes quanto dos discentes. Isso porque, conforme RIBEIRO (2003), esse gênero encontra-se em construção no imaginário de sua comunidade discursiva. Assim o objetivo desse trabalho é descrever a configuração e o funcionamento do resumo como atividade acadêmica, o resumo acadêmico. Para tal será preciso traçar primeiro um panorama dos diferentes resumos que circulam no contexto acadêmico para em seguida aprofundar o conhecimento sobre a produção desse gênero. Para realizar esse estudo contarei com as contribuições da teoria dos gêneros do discurso de BAKHTIN (1992), retomada por BRONCKART (1999); da heterogeneidade enunciativa proposta por AUTHIER-REVUZ (1982), da Teoria da Enunciação revista por CHARAUDEAU (1983) e dos estudos sobre as atividades de retextualização de MARCUSCHI (2001),. Introdução Muitos professores universitários solicitam a seus alunos atividades de resumo com o propósito não só de integrá-lo nas práticas discursivas do meio acadêmico mas também de oferecer-lhe a apropriação de conceitos necessários à sua formação. Apesar disso, o gênero resumo não possui uma uniformidade conceitual e terminológica por parte dos professores e também dos alunos. Situando o gênero numa perspectiva sócio-interacionista, é possível compreender que a sua produção envolve duas ações de linguagem distintas e complementares: uma atividade de leitura e compreensão do texto-fonte (doravante TF) seguida de uma atividade de escrita. A produção de um resumo acadêmico é um tipo específico de retextualização que deve considerar as condições de produção, recepção e circulação do TF assim como os da própria retextualização, tal como afirma MATÊNCIO (2003, p.9) “a ação de resumir pressupõe selecionar macroproposições, relacioná-las em função dos propósitos atribuídos ao autor do texto-base ou dos propósitos de uma nova proposição.” Também para produzir um resumo acadêmico é preciso conhecer a configuração e o funcionamento desse gênero, objetivo dessa pesquisa. Para realizar esse objetivo serão analisados cento e vinte resumos acadêmicos coletados em situação real de uso1. A investigação fará um levantamento das estratégias usadas para configurar o resumo acadêmico através da observação da macroestrutura do corpus essa análise permitirá também traçar um panorama geral do funcionamento discursivo desse gênero na prática acadêmica. 1 Os resumos em referência foram produzidos como atividade avaliativa da disciplina Introdução aos Estudos Lingüísticos ministrada pela professora Costa Val, no 2o. semestre de 2002, na FALE/UFMG.
  • 2. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 1. Noção teórica de gênero textual A comunicação humana é realizada através de formas textuais concretas presentes empiricamente no cotidiano tais como receita culinária, telefonema, carta, romance, manuais de instrução, bula de remédio, lista telefônica, outdoor, etc. Essas formas são denominadas de gêneros. De acordo com BAKHTIN (1979) “os gêneros são padrões comunicativos socialmente utilizados, que funcionam como uma espécie de modelo comunicativo global que representa um conhecimento social localizado em situações concretas” Embora os gêneros sejam definidos como “formas mais ou menos estáveis de enunciados” (cf. BAKHTIN, 1992, p.279), os textos pertencentes a eles podem apresentar-se bastante heterogêneos com relação aos tipos textuais2 que comportam. Assim para definir um gênero é preciso considerar os papéis de seus enunciadores e receptores, as funções e objetivos do evento comunicativo e o modelo estrutural através do qual o gênero se realiza lingüicamente. Por serem os gêneros meios sócio-historicamente construídos para realizar objetivos comunicativos, a apropriação dos gêneros torna-se um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas (cf. BRONCKART, 1999, p.103). 2. Gênero resumo – algumas definições Prática acadêmica cada vez mais difundida no ensino superior, o gênero resumo, no entanto enfrenta na universidade uma confusão conceitual e terminológica tanto por parte dos docentes como dos discentes. Essa pesquisa procurou primeiro identificar a perspectiva de resumo encontrada em livros de metodologia científica que têm como função orientar os universitários quanto ao uso de algumas normas na elaboração de trabalhos acadêmicos. Um dos autores pesquisados, SALVADOR (1978:17-19), ao discutir métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica, define o gênero como uma apresentação concisa e freqüentemente seletiva do texto de um artigo, obra ou outro documento, pondo em relevo os elementos de maior interesse e importância. Com relação aos objetivos, o autor classifica o resumo em três categorias, relacionadas ao tipo de informação que divulgam: (i) resumo informativo, que contém todas as informações apresentadas no DF, dispensando assim a leitura desse; 2 Essa pesquisa entende tipos textuais como constructos teóricos historica e lingüisticamente definidos
  • 3. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 (ii) resumo indicativo, que não dispensa a leitura do texto, uma vez que apenas descreve a natureza, a forma e o propósito do escrito; (iii) resumo crítico, também chamado de resenha crítica, que formula julgamento sobre o trabalho que é resumido. Já MEDEIROS (1991:61) em consonância com a norma NBR 60283 também define o resumo como uma apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto. Diferentemente do autor citado, Medeiros avança ao esclarecer para seu leitor não só a finalidade do resumo - apresentar com fidelidade as idéias do texto (...), visando fornecer elementos que dispensem a consulta do texto original (p.61) - mas também comentários sobre o estilo - assegurar ao leitor que o texto foi entendido e convertido a uma linguagem própria (p.64) - e sobre as técnicas para elaborar o resumo que são de ordem estrutural, tais como: o uso da referência bibliográfica, a progressão das idéias apresentadas, a correlação entre as partes (grifos meus). Pelo que se pode ver, Essas definições de cunho estruturalista ocupam-se apenas em definir o gênero sem contudo orientar seus leitores para o processo de produção. Dessa maneira rever o conceito do resumo no interior da Teoria da Enunciação torna-se fundamental para compreender esse gênero como uma ação de linguagem.. 3. Revendo o conceito de resumo Ao pesquisar sobre as práticas de linguagem nos gêneros escolares, SCHNEUWLY e DOLZ (1999)4 revelam que a cultura do sistema escolar define o resumo como uma representação reduzida do texto que será resumido, sendo o problema de escrita reduzido a um simples ato de transcodificação da compreensão do texto (p.14). Pensando o gênero resumo como resultante de uma ação comunicativa, esses autores enfatizam que a escola não considera o gênero resumo como uma “transmissão” de um discurso existente em função de um novo receptor e outro objetivo. A escola também não percebe essa prática como um exercício de retextualização 5 que deixa traços lingüísticos específicos no texto (p.14). Enfocando o gênero resumo a partir do seu contexto de produção, MACHADO (2002), adotando as categorias do interacionismo sócio-discursivo de BRONCKART (1999), acredita que a análise do contexto de produção de um texto é um auxiliar poderoso na classificação desse como pertencente ou não a um determinado gênero. Da mesma maneira que BRONCKART (1999), a 3 De acordo com as normas da ABNT 4 Esses autores concentram seus estudos no nível fundamental de ensino do sistema escolar francês. 5 o termo retextualização é adotado nessa pesquisa como
  • 4. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 autora define o contexto de produção como constituído pelas representações interiorizadas pelos agentes sobre o local e o momento da produção, sobre o emissor e o receptor considerados do ponto de vista físico e de seu papel social, sobre a instituição social onde se dá a interação e sobre o objetivo ou efeito que o produtor quer atingir em relação ao seu destinatário. Essas são algumas das pesquisas que tentam (re)definir o gênero resumo considerando-o tanto como exercício de leitura como de produção de escrita, atividades para as quais estão implícitas duas situações de ação de linguagem distintas. 4. Diferentes resumos nas práticas acadêmicas Na prática acadêmica a ação de resumir recobre diferentes realidades, apresentando por isso diferentes macroestruturas. MATÊNCIO (2003, p.8) ao empreender um estudo do resumo como atividade de retextualização nas práticas acadêmicas descreve algumas das formas do resumo definidas de acordo com a função que exercem: (i) resumos envolvidos no processo de elaboração de pesquisa que têm a função de mapear um campo de estudo integrando a discussão do estado da arte; (ii) resumos colocados geralmente antes de um texto científico (artigos, dissertações, teses) que têm a função de apresentar e descrever o modo de realização do trabalho ao qual se refere, os résumés ou abstracts. Ainda de acordo com a autora, o primeiro tipo de resumo “implica num alto grau de subordinação” ao TF já que permite ao leitor recuperar as macroproposições desse. Já os résumés ou abstracts não se preocupam em descrever a estrutura do TF, mas o modo de realização do trabalho científico. Para ela (p.9) esses diferentes resumos poderiam ser entendidos como estando num continuum que vai dos que se aproximam mais do TF até aqueles que apenas se referem brevemente a ele. Embora não considerados por MATÊNCIO (2003), há os resumos que encerram capítulos ou seqüências de informação em livros de divulgação científica6. Esses resumos têm a função de finalizar a reflexão de um determinado tema, além de agrupar e ressaltar as macroproposições da parte resumida. Esses resumos também implicam num alto grau de subordinação com o TF. É nesse contexto que se insere um outro tipo de resumo: o resumo acadêmico. Esse subtipo têm a função de integrar o aluno nas práticas discursivas do meio acadêmico (cf. MATÊNCIO, 2003), além de oferecer-lhe a apropriação dos conceitos necessários à sua formação, quanto ao professor, esse gênero serve como instrumento de avaliação que lhe permite garantir a leitura, verificar e avaliar a compreensão do aluno sobre o TF. 6 Ver se KATO, M. No mundo da escrita (p.30, 40) e CHIAVENATO, I. Teoria geral da Administração (p.47,84) são textos científicos ou de divulgação científica?
  • 5. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 A produção de um resumo acadêmico compreende igualmente uma atividade de leitura e outra posterior de escrita. Para produzir o resumo acadêmico primeiro é necessário que o aluno compreenda o TF, uma vez que resumir “pressupõe selecionar macroproposições, relacioná-las em função dos propósitos atribuídos ao autor do texto-base ou dos propósitos de uma nova proposição.” (MATÊNCIO:2003, p.9). A atividade de escrita de um RA envolve a elaboração de um novo texto, isto é, uma retextualização. Por isso não basta apenas compreender e selecionar as macroproposições do TF, para produzir um resumo acadêmico é preciso também conhecer a configuração e o funcionamento discursivo desse gênero. 5. Configuração do gênero resumo acadêmico A elaboração de resumo é uma das propostas didáticas mais freqüentes do meio acadêmico. Ao transformar um texto em um outro, o resumo acadêmico, o aluno realiza uma retextualização (cf. MARCUSCHI 2001), ou seja, empreende uma série de operações textuais-discursivas na transformação de um texto em outro. Para o autor (p.46), a retextualização não é um apenas processo mecânico, ela “envolve operações complexas que interferem tanto no código como no sentido”. Assim retextualizar envolve tanto as relações entre os gêneros e textos – intertextualidade – quanto relações entre discursos – a interdiscursividade. Para realizarem a atividade de resumir com sucesso, os alunos precisam considerar os papéis de seus enunciadores e receptores, as funções e objetivos do evento comunicativo e o modelo estrutural através do qual o gênero se realiza lingüisticamente, produzindo assim resumos coerentes, coesos, que mantenham o princípio de equivalência semântico-pragmática com o TF e que estejam de acordo com as especificidades desse gênero. Mas quais são as particularidades do resumo acadêmico? O primeiro aspecto observado no corpus são as estratégias empregadas na produção do gênero resumo acadêmico: Gráfico 1: Estratégias de produção do resumo acadêmico copiaram 25% 35% parafrasearam copiaram e 18% parafrasearam 22% resumiram
  • 6. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 A estratégia mais utilizada foi a de “copiar e colar” trechos considerados relevantes do TF. A estratégia de resumir foi a segunda mais usada, embora a maioria desses textos ofereçam problemas de coerência, coesão e fidelidade às proposições do TF. Outro aspecto observado na configuração macroestrutural do corpus é a ancoraragem textual-discursiva do resumo acadêmico ao TF. Essa ancoragem é responsável por indicar no resumo acadêmico a “dependência” que esse tem com o TF que o origina: Gráfico 2: Estratégias de referência ao TF sem referência 2% título 2% 31% título alterado 5% 60% título e referência bibliográfica expressões disc. Relatado Como se viu, para a maioria dos produtores é suficiente sinalizar com o título a referência ao TF. Tal decisão encontra respaldo na situação de produção do resumo acadêmico que acreditam por estar compartilhada com a professora dispensa a referência ao TF. Já uma pequena percentagem dos alunos demonstra a inserção nas práticas acadêmicas ao marcar a relação com o TF através da referência bibliográfica. A falta de identificação do TF gera como conseqüência para o gênero resumo acadêmico uma descaracterização de seu funcionamento discursivo como veremos a seguir. 6. Funcionamento discursivo do gênero resumo acadêmico Preocupada em enfatizar a dimensão enunciativa da produção textual, AUTHIER- REVUZ (1982) entende que todo discurso é constituído de outros, fenômeno que a autora denomina heterogeneidade. Ainda segundo a autora, há dois tipos de heterogeneidade: a constitutiva e a mostrada. A constitutiva remete aos processos reais de formação de um discurso, que constitui-se pela apropriação de outros. A heterogeneidade mostrada tem a função de evidenciar esses outros discursos, de forma marcada, através do uso de recursos lingüísticos tais
  • 7. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 como aspas, travessões, parênteses e outros que indiquem citação, metadiscursos, etc., ou de forma não-marcada, a qual pode ser inferida de figuras tais como a metáfora, a ironia, do emprego de estratégias discursivas como perguntas retóricas, pastiches, paródias, ou de pressupostos. Em estudo posterior, AUTHIER-REVUZ (1998) caracteriza o funcionamento discursivo de alguns textos do gênero de divulgação científica, inscritos num conjunto que compreende o resumo. Para a autora, a ação comunicativa desses gêneros apoia-se num trabalho que envolve uma ação comunicativa anterior de leitura e interpretação do TF, e outra na qual se segue um processo de produção de um novo texto, a retextualização, que emprega as estratégias próprias do discurso relatado. Tal processo de produção caracteriza o gênero resumo como uma modalidade muito particular, que estabelece no texto produzido a menção da enunciação do TF e a da sua própria enunciação, colocando-o face a face com o TF, no entanto, ressalta AUTHIER- REVUZ (1998:110), em uma posição distanciada que é incompatível com a idéia de cópia. Esses dois atos comunicativos caracterizam a dupla estrutura enunciativa inerente ao resumo. Para entendermos essa dupla estrutura enunciativa recorro aos estudos de CHARAUDEAU (1983). O autor considera todo ato de linguagem como resultante da combinação de dois componentes: o verbal7 e o situacional8. Esse processo de troca linguageira é regido por um Contrato de Comunicação que se realiza em dois níveis: o nível situacional ou espaço externo e o nível comunicacional ou espaço interno das trocas linguageiras. No espaço externo se encontram: (i) o sujeito comunicante EUc, parceiro que tem a iniciativa do processo de produção, dotado de uma identidade e de um estatuto, e (ii) o sujeito interpretante TUi, igualmente dotado de identidade e estatuto é o responsável pelo processo de interpretação. No espaço interno se encontram os seres de fala da enunciação do dizer: (i) o sujeito enunciador EUe que se dirige a um (ii) sujeito destinatário TUd. Esses últimos, seres de fala, assumem diferentes papéis, que lhes são atribuídos por EUc e TUi parceiros do ato de linguagem em função de sua relação contratual. O quadro 01 representa a superposição dos dois Contratos de comunicação envolvidos na produção do resumo acadêmico: o Contrato1 retrata o TF e o Contrato2, o produto da retextualização. Quadro 01 Contrato de comunicação2 7 O verbal é entendido na teoria de CHARAUDEAU como a língua 8 O situacional na mesma teoria refere-se ao material psicossocial que determina e define o comportamento dos seres enunciadores considerados então como atores sociais e sujeitos-comunicativos interpretantes.
  • 8. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 Nível situacional2 → Espaço externo Nível discursivo2 → Espaço interno Contrato de comunicação1 Nível situacional1 → Espaço externo Nível discursivo → Esp. interno EUc2 EUe2 EUc1 EUe2 EUe1 ←→ TUd1 TUd2 TUi1 TUd2 EUc2 Através dele é possível vislumbrar a dupla encenação discursiva inerente ao resumo, ou seja, a presença de mais de um sujeito enunciador o que evidencia a pluralidade enunciativa da qual o gênero resumo acadêmico é produto. Essa pluralidade pode encontrar-se marcada ou não lingüisticamente nos resumos acadêmicos, o que será investigado em outra oportunidade. 7. Conclusões A análise do corpus analisados permitiu-me verificar que a maioria dos alunos construiu resumos que são uma minituarização do TF utilizando para tal a estratégia de cópia/colagem de proposições que consideraram “significativas”. O uso predominante dessa estratégia no faz aventar duas hipóteses: a primeira é que esses produtores repetem ipsis verbis o TF por atribuírem ao discurso científico um caráter de verdade absoluta e a segunda por desconhecerem como abordar as informações lidas. Apenas uma percentagem pequena utilizou a referência bibliográfica, muitas vezes incompleta, para marcar a ancoragem discursiva. A marcação da referência ao TF através do emprego do título foi a estratégia mais empregada no corpus.. Esse “apagamento” gera conseqüências pragmáticas para o resumo acadêmico que perde a “dependência” que esse tem com o TF que o origina, eleva o leitor a tomar o aluno-produtor como responsável pelas proposições enunciadas. O emprego de estratégias variadas e em proporções diferentes, a não marcação da ancoragem discursiva na produção do resumo acadêmico demonstra que os seus produtores não
  • 9. “Oficinas de Produção de Textos II” - 2010 dominam o saber fazer dessa prática discursiva inserida no domínio científico, sendo por isso necessário aprofundar essa pesquisa na busca de mais elementos que permitam traçar um quadro mais completo da configuração e do funcionamento discursivo do gênero resumo acadêmico. 8. Bibliografia AUTHIER-REVUZ, Jacqueline.1982. Hétérogénéité montrée et hétérogénéité constitutive: élements pour une approche de l’autre dans le discours. DRLAV 26, p. __________. Palavras incertas: as não- coincidências do dizer. Campinas: Unicamp. BAKHTIN, Mikhail. 1929. Marxismo e filosofia da linguagem. Sp:Hucitec Annablume. 1992. BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. Trad. Anna Rachel Machado, Pericles Cunha. SP:EDUC, 1999 CHARAUDEAU, Patrick.1983.Langage et discours: élements de sémiolinguistique. Paris: Hachette. MACHADO, Anna Rachel.2002. Revisitando o conceito de resumos. In: Dionisio, Angela Paiva org. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, p.138-150. MARCUSCHI, Luiz Antônio. 2001. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. SP:Cortez. MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas.SP:Atlas, 1991. MATÊNCIO, Ma. de Lourdes Meirelles. Atividades de (re)textualização em práticas acadêmicas: um estudo do resumo. 2003 (no prelo) RIBEIRO, Andréa Lourdes. Resumo acadêmico: um gênero constituído ou em construção?. 2003 (no prelo) SALVADOR, Ângelo Domingos. 1978. Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica. Porto Alegre: Sulina. SCHNEUWLY, Bernard & DOLZ, Joaquim. 1999. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino. In: Revista Brasileira de Educação, nº 11, p.5-16. SEVERINO, Antônio Joaquim. 1986. Metodologia do trabalho científico. SP: Cortez, 14º edição.