1. Santana do Ipanema-AL, 1917
Autor desconhecido
Temporada
- Dobrado -
Edição: F. Ventura
Fonte: Acervo Piranhas-Pão de Açúcar
Supervisão: Billy Magno
2018
2. PROJETO EDIÇÃO DE PARTITURAS
Temporada (Dobrado)
Autor desconhecido
Edição e Editoração Musical
Flávio Ventura
Revisão, Pesquisa e Consultoria
Billy Magno
Textos
Billy Magno e Flávio Ventura
Capa
Flávio Ventura
Fotografia
Santana do Ipanema (1917)
[Anônimo]
Partitura Original
Acervo de Pão de Açúcar-AL
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TEMPORADA — (Capim, 1920)
Por Billy Magno
Restaurado a partir das antigas partes originais encontradas no arquivo da
Sociedade Musical Guarany, da cidade de Pão de Açúcar/AL, o dobrado Temporada foi
muito executado, sobretudo nos anos 70 e 80 do século passado, nas procissões que a
banda acompanhava sob a regência do maestro Afrânio Menezes Silva (Pão de Açúcar,
03/01/1936 - 08/12/1991), o saudoso Bubu. Esse dobrado teria sido composto na
cidade de Capim, atual Olivença, conforme dá a entender o que está grafado nas cópias
originais, e teve três copistas: P. Abreu (que escreveu as partes de 1. Clarinete, 2.
clarinete, sax soprano, piston, barítono e bombardino) e Jovino Azevedo (requinta e
flautim mi bemol, 1. trombone, 2. trombone, 1. trompa mi bemol, 2. trompa mi bemol
e helicon – espécie de tuba em mi bemol muito usada na época) que copiaram as partes
em 18 de junho de 1920, e ainda Américo Castro Barbosa, que copiou a parte de
baixo (tuba) em si bemol já em 7 de agosto de 1920, provável data em que o dobrado
chegou à cidade de Pão de Açúcar.
Segundo o músico pesquisador Flávio Ventura (1978), Jovino Azevedo teve
posição de destaque nas bandas daquela região e foi maestro da Filarmônica
Santanense, também chamada "Aratanha", criada em 1922 para os festejos do
centenário da Independência. Na banda rival, chamada "Carapeba", atuava, nessa
mesma época, Pedro de Abreu. É provável que seja o mesmo "P. Abreu" que também
assina as cópias do dobrado Temporada.
Sobre o terceiro copista, Américo Castro Barbosa nasceu em Pão de Açúcar em
03 de dezembro de 1903. Era irmão caçula de Manoel Victorino Filho, o Mestre Nozinho
(Neópolis/SE, 17/10/1895 – Maceió/AL, 18/04/1960), e tocava clarinete na banda
União e Perseverança de Pão de Açúcar (atual Sociedade Musical Guarany), onde
tinha o irmão como maestro. Ele começou a carreira ainda nos primeiros anos na
década de 1910. Já estava na banda em 1917, conforme atesta uma fotografia do
mesmo ano. Na década seguinte vai para Maceió e mantém sua própria orquestra, a
Jazz Band A. Castro, que tem ao trombone o muito jovem e futuro maestro da banda
do 20.º BC, Manoel Capitulino de Castro, que virá ser o famoso maestro Passinha (Pão
de Açúcar/AL, 11/10/1908 - Maceió, 03/06/1993).
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No final dos anos 1930, [Américo] ruma para o Rio de Janeiro, então capital da
república, onde faz parte da orquestra do maestro Fon-Fon (Otaviano Assis Romeiro —
n. Santa Luzia do Norte/AL, 31/01/1908 – Atenas/GR, 10/08/1951), como
contrabaixista, tocava também violino, excursionando com ela pela Argentina em 1941
e Uruguai (Montevidéu), em 1953. Deixou registrado em disco o "Corridinho n. 100" e
o choro "Aguenta a mão" em 1946. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1967.
Do dobrado Temporada, houve também revisões feitas pelo maestro Bubu (em
1972 e 1980, quando foi acrescentada a parte de sax alto) e por mim, em maio de
1997, quando foram acrescentadas as partes de 3. clarinete, 3. piston, 3. trombone,
3. trompa, sax tenor, sax barítono e percussão. Este dobrado também é muito popular
na cidade de Piranhas, para onde foi levado pelo maestro Afrânio (Bubu) em 1989
quando este assumiu os trabalhos na Escola de Música Mestre Elísio José de Souza
(atual Filarmônica Mestre Elísio), refundada em fevereiro daquele ano.
Nesta nova edição, feita por Flávio Ventura e supervisionada por mim, foram
eliminados erros e incoerências harmônicas que perduravam há quase 100 anos e
foram negligenciados nas revisões anteriores; foram revisadas as partes acrescentadas
em 1997 que não faziam parte da orquestração original de 1920 e outras, como sax
alto, que foi acrescentada em 1980, e 1. Piston, foram finalmente reescritas
respeitando sempre a estrutura original da antiga orquestração.
Ainda não nos foi possível descobrir a autoria deste dobrado assim como de tantos
outros da mesma época. Assim sendo, estamos abertos a qualquer informação e
cooperação com outras bandas de música do estado e do Brasil sobre esta e outras
obras que nos leve a saber a sua verdadeira autoria para que se lance luz para as novas
gerações sobre o que foi a música na região do Baixo São Francisco e no Estado de
Alagoas.
São Paulo, fevereiro de 2018
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Da tradição santanense: Temporada
Flávio Ventura
Em 1918, Capim, atual município alagoano de Olivença — na época parte do
território de Santana do Ipanema —, tem organizada uma pequena banda de música
com 15 instrumentos pertencentes aos próprios integrantes músicos, entre os quais,
Amabílio1 e Miguel Bulhões2, Jonas Aragão3, Pedrinho Preto e Jovino Azevedo4.
Desde 1914, existia em Santana uma banda denominada Carapeba.
Notório foi o sucesso da banda da povoação Capim quando convidada para se
apresentar na sede do município, em 1920.
Em 1922, sob a regência de Jovino Azevedo, é criada (com músicos também
selecionados entre os componentes da banda de Capim) a Filarmônica Santanense,
popularmente conhecida por “Aratanha”. Ambas, Aratanha e Carapeba coexistem com
algum ranço de rivalidade e cessam atividades, respectivamente, em 1924 e 1926.
Só 9 anos depois remanescentes das duas bandas são reunidos, sob regência do
maestro Abílio Mendonça (Floresta do Navio/PE, 02/06/1879 - Pão de Açúcar,
30/12/1963)5, para formarem a Santa Cecília, logo após dirigida por Miguel Bulhões e,
nos anos 1940, pelo jovem maestro José Ricardo Sobrinho, morto em consequências
trágicas no carnaval de 1947, aos 28 anos.
Dessa tradição musical santanense sobreviveu-nos um dobrado, preservado no
acervo da cidade de Pão de Açúcar (núcleo catalisador da atividade musical nesta parte
do Baixo São Francisco) e na Mestre Elísio pela consequente atividade de mestres dessa
cidade em Piranhas.
1
Amabílio Bulhões seguirá carreira de militar músico no Rio de Janeiro.
2
Miguel Bulhões será maestro da Banda Santa Cecília, criada na década de 1930.
3
Jonas Aragão se destacará nacionalmente, indo viver profissionalmente no Peru, onde faleceu.
4
Apelidado Jovino “Sebança”.
5
Natural de Floresta do Navio, Pernambuco, maestro Abílio Mendonça dirige bandas nas cidades de Neópolis/SE, Santana do Ipanema e Pão de
Açúcar.
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De autoria desconhecida, o dobrado Temporada resiste em cópias de P. Abreu
e Jovino Azevedo datadas de junho de 1920, produzidas na povoação de Capim. Entre
elas há ainda, da mesma época, uma cópia de parte para baixo sib feita em Pão de
Açúcar por Américo Castro (1903-1967)6.
No início dos anos 1990 com cópias e adaptações de Mestre Bubu7 e cerca de 10
anos depois, data da última cópia renovada, foi regularmente praticado pela banda de
Piranhas.
Este ano, no que seria o centenário da banda de Capim, apresentamos a primeira
edição do dobrado Temporada. Edição recentemente revisada por Billy Magno8 que
em maio de 1997 já o havia revisto e ampliado.
Fontes:
● http://www.maltanet.com.br/santanadoipanema/noticia.php?id=13578
● www.aquiacontece.com.br/artigo/wilson-lucena/01/11/2009/a-terra-onde-todo-mundo-e-
musico/136
● http://opontodosmusicos.blogspot.com.br/search/label/Jonas%20Aragão
● http://abcdasalagoas.com.br/verbetes.php
● LUCENA, Wilson José Lisboa. Tocando Música e Tradição — A Banda de Música em Alagoas.
Maceió: Editora Viva, 2016. Vol.1, p. 306.
6
Um dos irmãos músicos de mestre Nozinho (Manoel Vitorino Filho, 1895-1960), Américo, clarinete e violino, viria a ser contrabaixista da
orquestra de Fon-Fon, no Rio de Janeiro.
7
Afrânio Menezes Silva (1936-1991), maestro da Filarmônica Mestre Elísio no período 1989-1991.
8
BILLY MAGNO nome artístico de Williams Magno Barbosa Fialho (Pão de Açúcar-AL 05/07/1978). Músico multi-instrumentista e arranjador.
Na adolescência, foi estudar orquestração e regência em Salvador (BA). Iniciou na profissão em 1984 e teve como professores Paulo Henrique
Lima Brandão (teoria), Petrúcio Ramos de Souza (orquestração e regência), Maria Mercedes Ribeiro Gomes (piano) e Edvaldo Gomes
(contraponto), tendo ainda participado de Master Class de arranjo com Cristóvão Bastos, harmonia com Nelson Faria e trilha sonora com David
Tygel. Dedicou-se, ao longo do tempo, à causa da música instrumental na qual tem atuado com mais frequência, trabalhando no Brasil e na
Europa. Em junho de 2004, passa a viver em São Paulo. (Fonte: http://abcdasalagoas.com.br/verbetes.php)
7. Editado por F. Ventura em Fev/2018 Piranhas/AL
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INSTRUMENTAÇÃO:
Flautim
Requinta Eb
1º Clarinete Bb
2º Clarinete Bb
3º Clarinete Bb
Sax Soprano Bb
Sax Alto Eb
Sax Tenor Bb
Sax Barítono Eb
1º Trompete Bb
2º Trompete Bb
3º Trompete Bb
1ª Trompa Eb
2ª Trompa Eb
3ª Trompa Eb
1º Trombone
2º Trombone
3º Trombone
Barítono Bb
Bombardino
Baixo Eb
Baixo Bb
Caixa
Pratos e Bumbo
- Dobrado -
(Autor desconhecido)
*Capim: atual cidade de Olivença/AL (https://pt.wikipedia.org/wiki/Olivença_(Alagoas))
Dos manuscritos originais de P. Abreu e Jovino Azevedo, em Capim* (1920)
Revisão: Billy Magno (05/1997)
Temporada
Partitura completa